sábado, setembro 24, 2005

Uma Resposta II

Questiona o colega o título do blog. Não é o primeiro. Mas é o primeiro médico a fazê-lo.

De certeza que concorda comigo: a iliteracia científica nas outras profissões intelectuais, em muitos casos é escandalosa. Há juízes, jornalistas, escritores, advogados e muitas outras profissões cuja cultura geral sobre a Ciência e em particular sobre a medicina ultrapassa negativamente todas as barreiras.

Por outro lado há médicos que são excelentes escritores, linguistas, artistas, que "aguentam" tertúlias com especialistas das áreas das Letras e das Artes. Infelizmente o inverso não é verdade.

Isto para clarificar duas minhas afirmações. (Que aliás ao longo dos dois anos de actividade do blog, várias vezes referi. É só ir pesquisar no arquivo.)

A primeira: o título.

Eu não quero ter a presunção de ensinar nada a ninguém. Mas julgo ter a obrigação como especialista de uma área das Ciências em explicar dúvidas que alguém possa ter.
E o colega acredite, que alguns jornalistas me escrevem! Assim como outros me odeiam...

A segunda: o facto de me considerar um não-intelectual.

Não tenho dúvidas de que a profissão médica é uma profissão intelectual. Apenas quero transmitir que não sou intelectual das Letras & Artes, não tenho capacidade para discutir literatura, linguística, arte e por aí fora.

Sou médico. Escrevo e falo do que sei. Do que aprendi e do que vou aprendendo.

Tento corrigir o que está errado de acordo com o actual estadio do desenvolvimento da Ciência.

Mas sei que não detemos a verdade absoluto...

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro MEMI:
Acompanho com alguma regularidade (na medida das minhas disponibilidades) o seu blog, que até achei interessante, não na sua vertente pedagógica, ma sim na diversidade de artigos e ideias escritas por um profissional de saúde, neste caso médico. É sempre curioso ver este tipo de opiniões. Mas houve sempre uma ideia presente no seu blog, que infelizmente foi sempre muito repetida: o médico sabe, o médico faz, o médico tem, o médico manda, o médico dispõe, o médico legisla... o médico. Não querendo retirar o mérito a si, autor, nem à classe médica, penso que ainda está enraizada uma ideia que felizmente já não é alimentada por todos e começa a mudar nas mentalidades, que o médico é o epicentro. Lembro-me de um artigo escrito na revista visão, intitulado "os donos dos hospitais", que relatava a quotidiano dos enfermeiros nos hospitais...lembro-me também que na revista seguinte logo veio uma médica a público no espaço "correio do leitor", que convém nunca esquecer "que a última palavra e decisão é sempre do médico"! Claro! Não podia passar em branco sem uma resposta!
Como enfermeiro, conheço o prisma do profissional de saúde e identifico-me com muitas das suas opiniões e até reivindicações. Outras não. Gostei até de ver, há uns posts atrás, um excerto que aludia às ditas horas extraordinárias pagas aos médicos (não quis deixar passar esta em branco), que de facto são muito justas, especialmente quando pagas ao nível do índice mais elevado em regime de exclusividade... Lembro-me de uma greve num hospital do norte, em que os médicos nem receberam as suas quantias desejas e foram "aconselhados" a não ser grevistas nesse contexto. Felicito-o mais uma vez.

Enf M Lopes

Anónimo disse...

Exmo MEMI

Não ligue, já o fez em demasia, a críticas que se possam fazer a coisas tão insignificantes quanto a "presunção" do nome do blog.

Não ligue também, não vale a pena, a críticas quanto à "presunção" dos médicos. Digo isso sem presunção, mas tão só porque nem vale a pena, não se mudam preconceitos tão enraizados quanto esse (da "presunção" dos médicos).

Pelo menos enquanto forem os médicos os que melhores têm que ser nos liceus, e cujas prestações nas avaliações antes de entrarem nas universidades se destaquem das dos demais cursos, que por sua vez são igualmente os mais difíceis de concluir. Pelo menos enquanto for o médico o "culpado" de tudo o que (de mau) se passa no SNS. Pelo menos enquanto o médico não se deixar tratar como um funcionário indiferenciado mais ou menos tecnocrático e a reger-se por critérios mais ou menos economicistas, e continuar a prezar pela saúde dos seus doentes acima de todo e qualquer outro critério.

Enquanto for assim, somos "presunçosos". A bem do doente.

É a presunção de se saber do "metier"; a presunção de se denunciar quem não sabe nada do "metier" e se aproveita dos desfavorecidos de saúde; a presunção de se saber do lado que se está, que é o lado do doente, para com ele ir até onde for possível no combate à doença.

Há "presunções" que são necessárias....

Alfredo Vieira

Ampop disse...

Tenho o prazer de acompanhar este blog há mais de um ano. E não, não é presunção, mas sim frontalidade.
Mesmo que por vezes não concorde com o seu ponto de vista, no geral, este blog tem sido uma referência. Mas presunção!? Não me parece.

Anónimo disse...

Os "doutores" espanhoís também não ligaram à presunção... quando olharam para o umbigo havia 5o mil no desemprego! Aqui (em relação às médias de entrada na faculdade, ao protagonismo nos exames...) muita coisa está directamente relacionada com os numerus clausus, pois em vez de mil vagas, se houvesse 2000 ou 3000 vagas, a média final não seria 18 valores. Em Espanha facilmente se tem acesso com média de 15 valores. Mas denote que a maior parte dos médicos no activo não precisaram de tudo isto. Fizeram o velhinho exame de admissão e inscreveram-se. Mas gozam um pouco a "fama" que os mais novos trazem. Em relação a serem os alunos mais inteligentes... nem vale a pena comemtar! Trabalho com um médico que demorou 18 anos a terminar o curso! A título de curiosidade, houveram este anos escolas de enfermagem que o último aluno entrou com média de 17,7... a escassas décimas de medicina... e não vamos comparar o número de vagas de ambos os cursos!. Em relação a tudo o resto... eu gosto deste blog, e o que disse foi um pequeno pormenor... até sou fã (excepto da presunção)!

Enf M Lopes

Anónimo disse...

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