sexta-feira, abril 29, 2005

O Folclore, O Comércio E A Ciência Lado A Lado Na Comunicação Social

Feiras da Saúde. Coimbra. Tecnologias da saúde, brincar aos médicos, fazer diagnósticos displicentemente. Fomentar a ansiedade e depressão, para depois "parangonar" que se consomem muitos antidepressivos. Investigação sobre a influência do ruído ao nivel das células humanas e pulmões. Células estaminais. Guarda, compra, vende e troca.

Só que floclore ouve-se várias vezes e a ciência passa apenas uma vez e às 15 horas de Domingo.

Mas às 20 horas fiquei a saber que numa aldeia perdida da Eslovénia se fabricam sapatos ....

terça-feira, abril 26, 2005

Visícula!? Oh Senhores Jornalistas…

… de tanto trabalhar para as classes mais desfavorecidas (para ser politicamente correcto) já a vossa linguagem se confunde com a do povo.

Visícula”!? “Escuzou-se”!?.
Oh Meu Deus! Já não chegam os dislates científicos. Agora são os dislates na nossa querida Língua Mãe.

E a notícia também mudou, como o vento: agora já não são 4 mortes 4, em 4 anos 4, mas 3 mortes 3, em 2 anos 2!

Senhor jornalista (que não assinou o artigo!) fique a saber que vesícula ambulacrária é uma das vesículas existentes na base dos pés ambulacrários dos equinodermes. Percebeu? Não. Está no dicionário. Se não fosse a sua asneira eu também não sabia que existia uma vesícula ambulacrária.

Mas a vesícula que nos interessa é a vesícula biliar.

Mas o senhor jornalista do SAPO/SIC pespegou o que ouviu: VISÍCULA ... e assim enganou milhares de leitores.
Que sorte as notícias não colocarem a nossa vida em perigo, senão veja lá quantos não teriam morrido já…

E para os intelectuais que procuram o esclarecimento científico, sempre digo que todas as doenças têm aquilo a que nós, os médicos, chamamos diagnóstico diferencial: e no caso de muitos doentes com suspeita de enfarte agudo do miocárdio, o diagnóstico diferencial da dor é feito com algumas doenças da vesícula, como colecistites, litíases biliares com cólicas ou outras patologias do foro biliar ou digestivo.

Vem nos nossos livros, não é invenção minha.

Acordar Ao Som Da Música "Negligência Médica"

Está nos tops.

Até a TSF me acorda com a "caxa": 4 mortes 4, 4 mulheres 4, em 4 anos 4.

Isto é: a "negligência médica" agora é por grosso e retroactiva. Para a TSF, com uma reportagem e uma jornalista fazem 4 notícias 4.
"No poupar é que está o ganho", lá diz o nosso povo.

Não me pronuncio sobre se houve ou não negligência ou erro porque não tenho qualquer dado: apenas uma dor numa perna, um enfarte, uma provável peritonite e um feto morto "in-utero".

Pronuncio-me sobre os métodos. Agora entrevista-se o senhor presidente da câmara sobre as 4 mortes 4, 4 mulheres 4, em 4 anos 4.

Acreditem que me custa falar na morte.
Há 4 famílias de luto, a comunicação social explora desbragadamente estes sentimentos. Subiu-se de nível e entrevista-se, agora, o presidente da Câmara sobre se há ou não negligência médica.

Como o caso parece muito grave eu proponho ao senhor presidente que, até esclarecimento total se tomem as seguintes medidas:

1) encerramento imediato do Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto até conclusão do inquérito e como medida preventiva.

2) impedimeto de todo o corpo clínico do referido centro de saúde de exercer quaquer acto médico até esclarecimento total, por um período nunca inferior a três anos.

3) aproveitar este período de três anos para facultar cursos, simpósios, congressos, jornadas credíveis aos médicos.

4) pagar de imediato e sem necessidade de receita médica, a cada habitante de Cabeceiras "uma restonância magnestética", "um taco ao corpo todo", "análises a tudo", "um antibiótico forte preventivo contra tudo" e "uma ida ao hospital de Braga, Guimarães ou Penafiel para todos os doentes que mostrem interesse nisso".

5) iniciar rapidamente a substituição de todos os médicos do referido Centro de Saúde por homeopatas, osteopatas, acupunctores, especialistas em musicoterapia e azinoterapia, florais de Bach, médicos tradicionais da China e África. As vagas restantes podem ser preenchidas pelas bruxas, endireitas e meninos-santos da região.

6) Ao fim destes três anos reformar compulsivamente a totalidade dos médicos do Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto com o ordenado integral.

7) Propor à Ordem dos Médicos, por indicação da Inspeção-Geral de Saúde e da Associação da Imprensa Diária a proibição do exercício de Medicina a todos os médicos licenciados entre 1910 e 2005.

8) Alargar o "acto médico" a todas as pessoas que provem não serem médicos.

Com estas medidas irradiava-se a praga devastadora de negligência médica em Portugal e ninguém mais morreria no País.

sábado, abril 23, 2005

Bragança vs Póvoa de Varzim: As Duas Faces Da Mesma Moeda

Image hosted by Photobucket.com O "aneurisma dissecante da aorta intrapericárdica com tamponamento" que originou a morte de uma mulher jovem em Bragança (na foto um aneurisma dissecante extra-pericárdico) e a amiba da Póvoa (em baixo) que se introduziu numa criança provocando uma meningite e posteriormente a morte.

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A moeda é a condição raríssima destas duas situações.
Em relação à primeira, se um aneurisma já é pouco frequente, a sua dissecção ainda mais rara é, e se associarmos a situação aguda, intrapericárdica e numa jovem mulher, tornam-na presumo, talvêz tão rara como a da amiba (cerca de 100 casos descritos) . Segundo esta revista canadiana (aqui) a incidência desta patologia "in North America is about 5 to 10 cases per million people annually".
E o mais importante: "Incidence figures are generally based on autopsy studies. Unfortunately, TAD [thoracic aneurysm dissection] continues to be underdiagnosed before death."

Lá como cá.

Mas então que razões encontrou a Inspecção-Geral de Saúde para pronuncionar dois médicos em Bragança por negligência médica? Isto a notícia não esclarece e portanto também não me pronuncio sobre a eventual negligência. Aos jornalistas pespegantes (que pespegam, que não investigam porque não interessa.) também não interessa esclarecer. Só pespegar o que ouvem ou o que se vende. São pagos para isso. Coitados.

Mas interrogo-me: queixar-se-ia a paciente de uma dor lancinante, excruciante, "worst pain ever". Pelo que a jornalista do Público descreve não. Mas refere que a doente esteve internada três dias. É sinal de que os médicos queriam esclarecer a situação.

As doenças não trazem uma etiqueta com o seu nome pespegado. É preciso suspeitar delas. E a suspeita é em função de muitos factores e da prevalência dessas mesmas doenças.

Segundo o artigo científico referenciado, "typical TAD patients are 60 to 65 years old, have a history of hypertension, and are twice as likely to be men as women.", que como se pode ver eram sobreponíveis com as situações apresentadas em Bragança aos médicos.

Tenho mesmo uma curiosidade enorme em saber o que descortinou a IGS de negligente na actuação dos médicos ...
Queria louvar a atitude do delegado do Ministério Público ao ter arquivado o processo. Mas o facto de ter cedido às pressões dos media, dos advogados, da Inspecção-Geral de Saúde entristece-me.
A indepêndencia judicial falhou ...

E a amiba?

A amiba, talvez porque tenha um nome simpático foi mediática, apesar de ser assassina. Os médicos foram entrevistados na TV, deram entrevistas para os jornais, mas o paciente acabou por falecer.
Tenho a certeza que o diagnóstico não foi feito no primeiro dia da ida à urgência.

Se para a doença rara de Bragança há negligência, para a doença rara da Póvoa tem que haver uma medalha por serviços relevantes à causa da Ciência em Portugal. Talvez no próximo 10 de Junho sejam condecorados os médicos da Póvoa que descobriram a amiba e os juristas da IGS que descobriram o vírus da negligência médica num caso de "aneurisma dissecante da aorta intrapericárdica com tamponamento".

Para terminar: afirma o marido da infausta jovem de 23 anos ao Público, (obviamente que já apareceu nas televisões e jornais): "Eu tenho um filho que na altura tinha apenas três anos. Mais tarde, quando começar a fazer mais perguntas, quero ter respostas para lhe dar e quero que saiba que o pai fez tudo para esclarecer as circunstâncias da morte da mãe".

Ainda não sabe?
Então eu volto a dizer: a sua esposa faleceu de um aneurisma dissecante da aorta intrapericárdica com tamponamento cardíaco.

Espero que este filho goste sempre do pai e que mais tarde reveja os minutos de fama que a morte da mãe deu ao seu pai, guardados com muito carinho numa fita VHS ou em DVD.
E um recado à jornalista Ana Fragoso: não sei o que quer dizer "intrapericatória".
Presumo que quereria dizer intrapericárdica.
A palavra pericatória, com ou sem intra não encontrei em lado nenhum.


E é o Público um jornal de referência...

Eu Bem Avisei: "Os Médicos Podem Ser As Próximas Vítimas"

Quem o afirma não sou eu!

É um reconhecido jornalista e analista político, Dr Carlos Magno referido no jornal Tempo Medicina pelo jornalista Manuel Morato.


"Depois dos políticos e juízes, a prática já antiga nos Estados Unidos de processar médicos está a chegar a Portugal, e vai acontecer «de forma profissional, basta que alguém defina que esse é o alvo e decida o politicamente»".

"os médicos vão ser a próxima vítima do sistema mediático".

"Depois dos políticos e dos juristas, agora vêm os médicos, porque há uma desconfiança instalada», além de «um défice de contacto verbal e físico directo». E lança um desafio: «Da mesma maneira que há paradigmas no jornalismo, é preciso reinventar palavras que estimulem, inovem e alertem, porque as palavras estão gastas".

"As questões da saúde devem ser postas ao nível da ciência e da técnica, porque enquanto a linguagem da saúde está a perder força, a linguagem da tecnologia ganha espaço".

"Como sublinhou o Dr. Carlos Magno, hoje é muito difícil convencer a família de quem morreu num hospital de que não houve negligência. É que o «escândalo, quando não existe, inventa-se», explicou o comentador, que falou também das «imagens manipuláveis» da morte nos campos de futebol, argumentando como duas conhecidas citações: «”À velocidade da luz ninguém possui um corpo”». «As imagens não têm cheiro; portanto, temos que recuperar, através da palavra, o cheiro da imagem, porque isso de se dizer que “uma imagem vale mais do que mil palavras” é uma falácia».

"Para o analista político, também no sector das Saúde a imagem da racionalidade está a morrer na sociedade contemporânea. Por exemplo, como frisou, o discurso de alerta para o diagnóstico precoce tornou-se «absolutamente inócuo»: «Para reciclar a relação da Medicina com o cidadão, é preciso reciclar também a linguagem da saúde», reafirmou."

sábado, abril 16, 2005

Usem A Lupa, Não Esqueçam!

No seguimento do post anterior ... outros erros, outras negligências, sem julgamentos.

E não é muito difícil encontrá-los.

Com uma lupa aparecem em qualquer jornal.

Na mesma página do DN de hoje pode ler-se (usem a lupa, não esqueçam!):

"Amostras de vírus desaparecidas

... amostras do vírus potencialmente mortal, H2N2, enviadas, por erro, pelos EUA a mais de 3 700 laboratórios em 18 países."

Sobre o incêndio num hotel de Paris:

"... segundo as autoridades, o hotel foi objecto de um controlo ao sistema de prevenção de incêndios há menos de um mês. Na altura, os peritos concluiram que o edifício de seis andares cumpria as normas de segurança."

Erros, Negligências E Julgamentos; Outros Erros, Outras Negligências, Sem Julgamentos

Os jornais têm tido matéria farta estes dias sobre casos de julgamentos de médicos.

Ainda bem. É sinal de que a culpa não vai morrer solteira.

São médicos especialistas hospitalares. Ortopedistas, otorrinolaringologistas, anatomo-patologistas, radiologistas, cirurgiões e ginecologistas.
Todas elas muito requisitadas na medicina privada.
Talvez por isso a visibilidade mediática.

Num caso, ortopedistas e otorrinolaringologistas, especialidades bem cotadas na área privada, mas pelos vistos talvez não dando para todos, alguns dos meus colegas, para além do pagamento do SNS, incentivaram o pagamento particular em instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Não é erro médico, nem negligência. É um mero caso de polícia.

Noutro caso, uma médica anatomo-patologista está ou foi condenada por negligência médica. De facto trata-se de um caso de negligência médica grosseira, pois essa médica mandou usar uma ampola de um medicamento (relaxante muscular) que lhe foi oferecido em Cuba e incluído na mala médica da seguradora.
É negligência médica grosseira, utilizar um medicamento desconhecido com tamanha facilidade. Talvez um paracetamol IM ou um opióide tivesse resolvido o problema.~

Mas a companhia de seguros, na minha óptica não se livra de responsabilidades: quem a mandou contratar uma médica anatomopatologista, isto é uma médica habituada a espreitar por um microscópio células doentes e saudáveis, sem prática clínica, chefiar uns serviços clínicos de uma companhia?
Seria muito mais aconselhado um médico com prática clínica habitual, quer generalista, quer hospitalar.

Mas este caso, para mim pecou pelas afirmações da juíza, que demonstrou não ter tido um juízo (raciocínio) independente, confessando indirectamente a pressão da comunicação social.

Este é um caso de negligência grosseira.

O último caso que envolve meia dúzia de médicos, radiologistas, cirurgiões e ginecologistas é um evidente caso de erro médico, até detectado pelos próprios durante o seu percurso, relacionado com erro de localização de determinada lesão maligna. Mas os peritos, que por certo o Tribunal ouvirá, melhor esclarecerão.

Este é um caso de erro médico, também passível de indemnização e até julgamento, mas será sempre um erro de localização.

Sintomático é que o JN encimou todos os casos durante vários dias, com o mesmo título: MÉDICOS ACUSADOS DE NEGLIGÊNCIA MÉDICA.

Tá a ver, cara amiga jornalista Ivone Marques, tenho ou não tenho razão de que vocês pespegam tudo sem qualquer rigor jornalístico ou científico?

quinta-feira, abril 14, 2005

31 De Maio - Dia Mundial Sem Tabaco

Para comemorar este dia da OMS, FJV desfez-se dos seus charutos particulares e fez-mos chegar aqui, ao meu posto de trabalho, cumprindo uma velha promessa:

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terça-feira, abril 12, 2005

No Rescaldo Das Conversas Com A Sogra

No rescaldo das conversas com a sogra, segundo o Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) nos países desenvolvidos o grau de adesão às terapêuticas crónicas será de cerca de 50% e ainda inferior nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.

Em relação ao aviamento das prescrições, 6 a 20% dos doentes não aviam as receitas e dos que aviam, 30 a 50% não cumprem o esquema proposto, omitindo doses.

As explicações são muitas, desde as económicas até à iliteracia científica de muitos doentes.

Mas (evidentemente) o estudo da Associação Nacional de Farmácias realizado a uma centena de utentes de farmácias da zona centro concluiu que a culpa era do médico quando os doentes não cumpriam as terapêuticas.

Só não disseram que, esse dinheiro não foi para o lixo (para o lixo foram os medicamentos). Foram directamente para os lucros das farmácias. E os farmacêuticos bem podiam ajudar a melhorar a adesão à terapêutica, não se limitando a vender os medicamentos, mas explicando a necessidade fundamental de cumprir a terapêutica do médico.

Mas quantos farão isso, se consideram os médicos seus inimigos? (vide qualquer intervenção do Sr Dr João Cordeiro).

domingo, abril 10, 2005

Quem Diria Que Poderia Acontecer?

"Segundo explicou ao DN fonte oficial do Infarmed, as fiscalizações "fazem parte da actividade normal e quotidiana" desta entidade e os resultados obtidos não traduzem qualquer indicador preocupante. Entre as irregularidades detectadas nas farmácias contam-se a venda de medicamentos fora do prazo legal e a ausência do nome dos requerentes em receitas de estupefacientes e psicotrópicos (como o multifenidato, a buprenorfina e a morfina)."


Isto é, foram aviados medicamentos fora de prazo e receitas sem identificação ...

O PÚBLICO Viajou A Convite Da ... Grunenthal

A Grunenthal é um laboratório médico.
É um laboratório com muitos interesses em vários tipos de analgésicos.
Analgésicos usados em cuidados paliativos.
O PÚBLICO foi convidado pela Grunenthal "ao congresso da Associação Europeia para os Cuidados Paliativos a decorrer na cidade alemã de Aachen".
E para que não haja dúvida escreve no fim:
"O PÚBLICO viajou a convite da Grunenthal."
A minha única dúvida é sobre a iniciativa: de quem foi a iniciativa do convite?

Conversas Com A Sogra ... Paradigmáticas De Conversas Com A Ciência

Título estranho, depois de o reler!

Mas são estes pequeno momentos que por vezes infirmam os postulados científicos.

O Domingo primaveril era convidativo a um almoço intimista, um bom naco de carne assada acompanhado por espumante Murganheira tinto de 1999.

Como sempre nos jantares com médicos e sogras, as doenças destas fazem sempre parte dos assuntos a discutir. Com a televisão a ajudar e a orientar o fluir dos pensamentos, falou-se de doenças e do médico santo que a curou e do médico excomungado que a não curou.

Palavra puxa palavra confessa que apenas faz metade da posologia que, quer o seu pneumologista, quer o seu médico de família a aconselham para a sua doença crónica.

Exclamei reflexa e subitamente:

- "Pois é. Aí está a explicação para as exacerbações nocturnas da sua doença!"
- "Você tem as exacerbações e eu as preocupações!"
- "Isso não se faz!", repliquei.
E acrescentei, sabendo que assistiu de manhã pela televisão à missa dominical:
- "Alguma vez reduziu as penitências do senhor padre?"
- "Ai, isso não!"
O que a Ciência nos diz através de inúmeros estudos é que os doentes portadores de doenças crónicas não cumprem as normas terapêuticas prescritas numa alta percentagem, apenas porque assumem que não é preciso. Que se sentem bem! Que a doença já era! Que não é necessário prevenir as exacerbações! E etc, etc, etc.
Mas o médico é que paga sempre... quando as coisas correm mal!

sexta-feira, abril 08, 2005

As Ondas de Solidariedade E A Imprensa

Esta notícia d' O Comércio do Porto assinada pela "nossa" leitora jornalista Ivone Marques (que muito se chateou comigo uns posts atrás!), bem escrita, descreve uma onda de solidariedade, provavelmente de sua iniciativa, que gerou um movimento de pessoas anónimas para doação e colheita de medula óssea pelo Centro de Histocompatibilidade do Norte.

O Povo é, quase por definição, solidário com o próximo.
Estas ondas apenas precisam de visibilidade para se transformarem em maremotos benignos, e aí a imprensa (e os jornalistas) têm um papel fundamental.

A recolha de medula óssea, mesmo que não se encontre um dador que sirva ao pequeno Tiago, é sempre positiva, não só porque aumenta a base de dados de dadores disponíveis e indentificáveis, mas também porque, com as colheitas efectuadas, outros Tiagos que não tiveram a visibilidade deste, poderão ser ajudados.

Mas esta notícia, exemplarmente correcta, fez-me lembrar outras.

Outras notícias, com outras correntes, onde despudoradamente foram explorados os nobres sentimentos de solidariedade do povo português.

E essas correntes surgem baseadas em falsos pressupostos científicos e ampliadas pelos media, porque, muitas vezes, aos media apenas... lá vou eu dizer mal dos jornais, do lucro, da iliteracia.

Não. Fico por aqui e parabéns Ivone Marques.

quinta-feira, abril 07, 2005

Sob A Sotaina, Perdão, Sob A Bata-Branca Esconde-se O Assédio

O assédio, qualquer assédio, é condenável. Por ser condenável, deixei a Inspecção-Geral da Saúde trabalhar e concluir que o médico foi "assediador" e que houve assediadas que se sentiram invadidas na sua intimidade e legitimamente protestaram.
Nada contra, tudo a favor.
Punir quem prevarica.
Julgar nos locais próprios.

Por essa razão não era minha intenção escrever qualquer linha sobre este assunto. Até que um colega leitor me enviou uma cópia da página do Correio da Manhã com um artigo pespegado por um jornalista pespegador.
Um Alexandre, de Évora, especializado em excitações.

Médicos e padres têm muito em comum, para além de assistirem a confissões, do sigilo, de perdoarem/curarem e até nas penitências: a dos padres sempre é mais barata do que aquelas ordenadas pelos médicos, mas cuja despesa fica na farmácia e na indústria farmacêutica. E para além de serem notícia quando assediam, têm também em comum o vestuário que pudicamente os cobre ou encobre.

Pudicamente, porque agora serão necessárias umas novas protecções para que o assédio não cresça sob essas vestes diabólicas.

O porno-jornalista do Correio da Manhã descobriu na sua investigação playboyniana que algumas doentes (talvez a loira da foto) notavam por baixo da sotaina do médico a prova de que estavam a ser assedidas.

Olhando para a minha bata-branca e para o meu assédio, (mesmo depois de ingerir duas pastilhas de viagra e de folhear mais umas porno-reportagens do porno-jornalista) fico triste, não noto que o meu assédio seja suficiente para bata se elevar!

Perguntei a uma enfermeira do lado de lá da enfermaria: "Senhora enfermeira, nota algum assédio por baixo da minha bata?"
Ao que me respondeu: "Não. Não noto nada! Mesmo nada. A sua bata está na mesma posição desde que a vestiu".

De lágrimas nos olhos, repito: "Mas não nota mesmo nada? Nem um cadechinho"

- "Pronto, fui enganado! Quem me mandou comprar o Viagra pela internet"

Fiquei descolhoado como se diz na minha terra.

Mas depois de interrogar a Loira-Oxigenada-De-Costas descubro que o assédio do dr X de Elvas é ainda maior que o do Frota, podendo assim ocupar os seus tempos livres da reforma a r

segunda-feira, abril 04, 2005

Eu Juro Que Ouvi

Uma jornalista da TSF (correspondente?) a falar na "pouco esclarecida morte do Papa".

Por outro lado, a Igreja que condena a eutanásia, permitiu que o Papa morresse devido à eutanásia passiva, ao não ser transferido para um hospital.

sexta-feira, abril 01, 2005

Últimas Notícias Sobre A Intrigante Agonia Papal

Este blogue tem conhecimento de que um grupo de jornalistas portugueses especializados em explorar os sentimentos das vítimas de "negligência médica", já se encontra a caminho da Cidade do Vaticano para investigar um hipotético caso de negligência médica, pois segundo as suas fontes, as primeiras notícias referiam-se a uma infecção urinária e segundo as senhoras Cristete, Suzete e Elizabete, habituais assessoras científicas deste grupo de jornalistas, NINGUÉM MORRE DE INFECÇÕES URINÁRIAS, pois as próprias são portadoras de colibacilo crónico, automedicadas com as florentinas e nunca morreram.


Um segundo grupo tentará entrevistar os familiares mais próximos do Papa.
Uma hipotética esposa clandestina, uns filhos ocultos, os avós provavelmente ainda vivos, mesmo os pais polacos.

O chefe de redacção já comunicou que sem familiares, a investigação da hipotética provável presumida negligência médica suspeita não avançará.


Eu sei que o Sumo Pontífice lhes perdoará, como me perdoará este post.

Mil Desculpas À S. Alves...

O catálogo apresentado no post anterior é da Senhora Dona Serrano, conhecida por ter vendido a sua gravidez a um banco...