terça-feira, novembro 29, 2005

Como Pensa Um Médico Quando Olha Para Si...

Agora que se tem falado na prescrição de fármacos por outros técnicos da saúde e depois de ter lido o documento original em inglês concordo com a generalidade das situações apresentadas. Isto é, a prescrição por enfermeiros e farmacêuticos deve até ser incentivada desde que obedeça a protocolos médicos bem definidos.

Porque raio é que a prescrição de vacinas deve ser um acto médico? Na prática já não o é.

Um enfermeiro ou farmacêutico pode e deve prescrever as vacinas do Programa Nacional de Vacinação (PNV).
Estão protocoladas as indicações, as contraindicações, as complicações e o seu tratamento.

Apenas têm que estar preparados para a sua administração. Neste exemplo a única coisa que muda é o autor da prescrição, porque a administração jé é da competência de um enfermeiro

Mas para saber como pensa um médico, leia este artigo científico publicado em 1998 na revista da AMB - Associação Médica Brasileira.

domingo, novembro 27, 2005

Vai Ser Lindo...

Particular atenção ao negrito.


"Nurses to prescribe drugs in the UK


UK’s Secretary of State for Health Patricia Hewitt announced .../..., nurses and pharmacists will acquire broad drug prescribing rights. Nurses and pharmacists will be able to attend an extra training course giving them permission to prescribe almost every licensed medicine for any medical condition - with the exception of controlled drugs. Nurses will become eligible to go through training three years after qualifying, and a recommendation from their employer will be required in order to take this course.

Patricia Hewitt said: "By expanding traditional prescribing roles, patients can more easily access the medicines they need from an increased number of highly trained health professionals.” And she continued "This is another step towards a truly patient-led NHS, giving patients the power to choose where and by whom they are treated."


This announcement raised concern within the British Medical Association. Dr James Johnson, Chairman of the BMA, said: “We need to meet urgently with the Secretary of State to clarify the conditions under which other professions can prescribe. It is difficult to see how healthcare professionals who are not trained to diagnose disease can safely prescribe appropriate treatment. The BMA will be seeking assurances from the government that patient safety will not be compromised by these changes.”"

quarta-feira, novembro 23, 2005

É Caricato ... Mas Foi Uma Decisão Clínica

Está aqui a história toda.

A médica foi prudente, e foi uma decisão tomada em benefício do doente, que muitas vezes não merecem estes cuidados, pois mesmo assim o Correio da Manhã angariou uma notícia e a dona Maria Imaginária, amanhã já poderá ser famosa!

"Operação cancelada no bloco" - aqui a caricatura.

José Carlos Campos - aqui o jornalista dos grandes casos.

Maria Imaginário - a protagonista.

As incorrecções -

"... viu ser cancelada a intervenção urgente para extracção do útero e ovários, devido a hemorragias frequentes, que esperava há seis meses." - se esperava há seis meses, embora necessária, não era urgente.

"A médica que iria operá-la decidiu, “no último momento”, não o fazer." - eis a cena: de bisturi em punho, coçou uma borbulha e disse: "Dah, não vou com a tua cara!"

“Olhou para mim e disse que eu não era sua doente e que não conhecia o meu processo, poria isso não me ia operar”, - médica competente e cautelosa.

“A doente, além de não ter assinado o termo de responsabilidade, é de risco: tem 49 anos, pesa 96 quilos e deveria ter deixado de tomar a pílula. Havia, por isso, risco de tromboembolismo”. - pois é, quis sexo até à última...

"A doente nega ter sido informada pelo seu médico para parar de tomar a pílula." - não ouvimos o médico, mas o facto da doente não assinar o consentimento e o termo de responsabilidade, levanta-me dúvidas.

"A intervenção foi adiada para segunda-feira." - onde se demonstra que não era urgente, como refere o jornalista.

terça-feira, novembro 22, 2005

100 000

É apenas um número.

Mas para quem, numa noite de insónias depois de ler o extinto Aviz e o Abrupto, decidiu fazer uma experiência com um blogue para tentar explicar, esclarecer (nunca com veleidades de ensinar nada a ninguém) coisas da Medicina, habitualmente tão mal tratada, não por má fé, mas apenas por iliteracia científica, não esperava estar aqui a assinalar dois anos e meio depois os 100 mil visitantes.

domingo, novembro 20, 2005

Paz Na Estrada

Hoje assinala-se o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.

(Fotografia que circula na Internet.)

Nenhum médico é insensível à chegada de cadáveres à urgência vítimas de acidentes na estrada. Do trabalho em serviços de urgência, as imagens que guardo na memória com uma nitidez notável, nestes mais de 20 anos de profissão, são de cadáveres vítimas de acidentes na estrada.

sábado, novembro 19, 2005

Dramas: O Pénis, A Apneia E A Falta De Afecto

"Dramas" de um dia de consultas no consultório particular, pois como nem todos ganham como o Manuel Antunes, têm que abrir o consultório ao sábado para trabalhar.

1) Jovem de 29 anos, solteiro, ar deprimido, queixas vagas, que no final da consulta e de depois de esta ser conduzida para que "expiasse" as sua preocupações, lá me vai dizendo que tem um problema que lhe custa falar. Fala e refere que tem um pénis muito pequeno e que depois de uma relação sexual falhada, interiorizou que o seu pénis era muito pequeno e incapaz de ter relações. Após observação: pénis normalíssimo, apto para qualquer uso. Mais de 15 anos com esta ideia errada a martelar na cabeça!


2) Homem de meia idade, que telefona a solicitar uma consulta. Digo que sim, mas nunca mais aparece. Conclusão: adormeceu ao volante da sua viatura, após a ter estacionado na avenida junto ao consultório. Dirijo-me ao seu automóvel, acordo-o e pergunto: sr x, você sabe que tem apneia do sono, não tem usado o seu aparelho para dormir? Não doutor, devolvi-o porque a xxxx (subsistema de saúde) não comparticipa e não tenho dinheiro para pagar previamente e ser reembolsado posteriormente. Devolvi-o.


3) Mulher de 65 anos, telefona para uma consulta com o marido, de 85 anos, referindo queixas vagas e típicas da terceira idade. Aparecem os três, marido, mulher e filha única. A consulta vai-se desenrolando, e a conclusão começa a ser óbvia: a filha mora do outro lado da rua e visita os pais com uma regularidade irregular: "Sabe a minha filha é muito despegada, só nos visita quando a chamamos para vir ao médico", afirma a senhora enquanto filha vai buscar o automóvel...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Como Funciona Um Cirurgião

O Luís explica...

Hmmm...Reparei agora que o senhor mencionou que há listas de espera que os médicos não cumprem.

Ora, esta afirmação é completamente desprovida de sentido.

1- os cirurgiões operam durante o seu período de trabalho.

2- Há um nº de cirurgia predestinado para cada dia (consoante o tempo previsto para a realização de cada uma), mas como as cirurgias podem sofrer complicações, o tempo destinado para as cirurgias pode aumentar...O que impossibilita, por vezes, a realização das restantes cirurgias programadas, porque estas seriam fora do horário de trabalho (e percebam, se o horário de trabalho é 7 horas, às vezes poderia passar para 10-12h)...Aí não teriam de pagar só horas extra aos médicos, mas sim a todo o pessoal implicado:- médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal de apoio do próprio bloco- médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal de apoio das salas de recobro...(ora, o sr. já começa aqui a perceber a complexidade de uma coisa que parece tão singela como uma operação)!!

3- Imaginemos que há uma capacidade para a realização de 15 cirurgias por dia...Obviamente que se as necessidades de cirurgias aumentam à razão de 20 ou 30 por dia...Vai haver alguém que não pode ser operado! Esta pessoa terá obrigatoriamente de ficar à espera... Então, os candidatos na lista de espera são organizados por prioridade relativa às implicações da cirurgia na manutenção do seu estado de saúde... É por isso que as hérnias inguinais, por exemplo, são muitas vezes relegadas para último plano e atrasadas, ficando muito tempo à espera, porque não representam uma urgência como por exemplo um cancro recém-diagnosticado...

4- Nalguns hospitais, não se realizam mais cirurgias, porque não há nº de blocos e logística inerente suficiente para aumentar a produção! E porquê? Porque construir e manter um bloco operatório é extremamente caro...

5- Noutros hospitais não se realizam porque não há nº de camas suficiente para acolher as pessoas no dia anterior, de modo a poderem ser preparadas para a cirurgia! E também não se podem planear e libertar camas automaticamente, porque não há tempo fixo para dar alta a um doente, pois podem surgir complicações... Há que deixar sempre um espaço morto no serviço para eventualidades...Ora, como pode perceber, uma afirmação tão simples não se adequa nada à verdadeira realidade da medicina... Pode ser aplicada à física ou matemática, mas não à medicina...Não é porque os médicos querem que há listas de espera... É porque há muitas cirurgias para realizar, e o orçamento português, com a qualidade da medicina que é praticada em Portugal, não pode pagar um aumento da produtividade para resolver o problema definitivamente!!!! pode atenuar, mas não resolver... Mesmo que os médicos estivessem a preço de saldo!!

Só para lhe dar uma ideia de um horário de bloco, para perceber como os cirurgiões não trabalham:

1) equipe: 2 cirurgiões + enfermeira instrumentista + enfermeira auxiliar + anestesista + auxiliar de anestesia + enfermeira circulante (7 profissionais - 1 sala operatória)

08h: hepatectomia parcial (duração 4h) risco elevado;
12h: colecistectomia laparoscópica (duração 1h);
13h: almoço
14h: gastrectomia parcial (3h) risco elevado

E como pode ver, 8 horas de trabalho, 7 profissionais mais o pessoal do recobro e da limpeza, 1 sala de operações, e 3 míseras cirurgias... Isto, se decorrer sem complicações...

Que preguiça e que falta de produtividade...

Incrível! III (O Ministro Enganou-se)

Segundo o jornal virtual do SIM - Sindicato Independente dos Médicos o Ministro da Saúde enganou-se ao contar os médicos oftalmologistas do Hospital dos Capuchos.

O comunicado:

"OS FANTASMAS DO MINISTRO DA SAÚDE

Ciclicamente, e com frequente mau gosto, o Senhor Ministro da Saúde culpa tudo e todos, principalmente os médicos, pelos males do Serviço Nacional de Saúde. Com estrondo e ofensa, apontou o exemplo dos 59 oftalmologistas do Hospital dos Capuchos, cujo número elevado, nas suas palavras, “é uma vergonha nacional”, para criticar “as carapaças jurídicas”, alimentadas pelos sindicatos, que impedem a actuação ministerial.


Enganou-se quanto aos oftalmologistas do Hospital dos Capuchos, pois são 24, têm péssimas condições de trabalho, não têm listas de espera cirúrgicas e viram o seu bom-nome injustamente atingido.

Enganou-se quanto aos sindicatos, pois não são estes que abrem e fecham hospitais, que os constroem por critério político e onde não fazem falta, que abrem e fecham serviços, que abrem e fecham urgências, que programam os recursos humanos e a sua distribuição por especialidades e carreiras ou que fazem Leis.

Recordemos o Senhor Ministro, agora publicamente após esta ofensa, que reunimos no passado dia 20 de Julho, por nossa insistência, onde, mais uma vez perante um titular da pasta da Saúde, nos propusemos colaborar na gestão dos recursos humanos, no encerramento de urgências excedentárias, na reorganização de serviços, principalmente nas grandes cidades, com a consequente mobilidade dos médicos e no cumprimento da Lei, com a possibilidade de médicos da carreira hospitalar fazerem consultadoria nos Centros de Saúde.

A tudo o Senhor Ministro se escusou invocando a proximidade da refrega eleitoral autárquica e não querer afrontar os autarcas. Recordemos ainda o Senhor Ministro da Saúde que volvidos 3 anos de empresarialização de mais de 30 hospitais, ainda não é possível termos um Acordo Colectivo de Trabalho para os médicos nestes hospitais, por exclusiva culpa dos gabinetes ministeriais.

É em si próprio, como Ministro da Saúde, e nos dirigentes do Ministério da Saúde que de si dependem, que o Senhor Ministro deve encontrar os seus fantasmas.Não são os médicos nem os sindicatos que justificam inércia, incapacidade e erros políticos no planeamento dos recursos humanos."

Incrível! II

Segundo o Ministro da Saúde há 59 oftalmologistas no Hospital dos Capuchos, em Lisboa.

Como diz o Ministro, é uma «vergonha nacional» esta disparidade, desde que o Ministro não tenha contado com os internos da especialidade. Vergonha que eu corroboro, embora assaque as culpas ao sucessivos ministros e governos que permitiram a existência dessas vagas. Condenar os sindicatos e um pretenso corporativismo, é falso.

Qualquer médico do SNS só pode trabalhar onde houver vagas definidas pelo Ministério da Saúde e não pelos sindicatos.

Disse ainda o Ministro que «Há uma carapaça jurídica que impede a administração e o Governo de actuar directamente nesta matéria e que é alimentada pelos movimentos sindicais, pelos profissionais e pelos interesses corporativos», acrescentou e faltou à verdade.

Repito: quem determina as vagas nos hospitais é o próprio Ministério da Saúde e mais ninguém.

Se a lei estipula as vagas, eles podem ser ocupadas legalmente ...

Embora a minha Kolega Katia Guerreiro, incrivelmente, esteve quase a conseguir uma vaga apenas porque é fadista.
Mais uma caso para investigação jornalística, já a que a dita kolega é mandatária do candidato Kavaco, que se assume como incorruptível.

E para quem nos acusa, foi a "corporação" Ordem dos Médicos que impediu essa cunha...

Incrível!

"Comissão denuncia existência de professores universitários com falsos diplomas", Público."
"... alertou para a existência de professores a leccionar no ensino superior com falsos diplomas académicos, comprados a empresas norte-americanas.
"São empresas que se dedicam a vender diplomas e compradores não faltam. E essas empresas utilizam designações muito semelhantes às de instituições dignas de crédito".
"Contactado pelo JN, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior recusou-se a
comentar as revelações feitas por Paulo Zagalo e Melo e afirmou ficar à espera das denúncias para agir em conformidade
."

quinta-feira, novembro 10, 2005

Ansiedade

A ansiedade é a culpada de muitas idas a serviços de urgência "atolhados" de uns e outros, sendo os outros os que realmente necessitam de cuidados médicos.
Um médico com prática mal começa a ouvir as queixas de um doente, racionalmente (utilizando um raciocínio hipotético-dedutivo) vai-se inclinando para o diagnóstico de crise de ansiedade.

Muitas queixas de doentes, começam aqui.

No blog a psicóloga, a Cláudia Morais, num post intitulado ataque cardíaco ou ataque de pânico explica em linguagem muito acessível o que se sente numa crise de ansiedade ou ataque de pânico.

(Cantinho do marialva: clicar no seu profile, aqui.)

terça-feira, novembro 08, 2005

Porque Alguns Nos Criticam Com Tanto "Ódio"?

A culpa não é deles!

É do desenvolvimento social (valores) desfasado do desenvolvimento tecnológico. E neste pormenor, os valores do social à frente das descobertas da técnica

Neste post do blogue Cobre & Canela está tudo explicado numa linguagem acessível. Aconselho a sua leitura a médicos e não médicos.

Um excerto:

"... me parecem prender-se basicamente com o problema do paternalismo/divinização da medicina, efeito secundário da evolução científica e tecnológica que acredito não ter sido desejado nem por médicos nem por pacientes, mas que é uma realidade, a qual, para bem de todos, deve ser combatida.

Se recuarmos no tempo, encontramos uma realidade diferente: os médicos eram respeitados, mas não eram divinizados. Eram vistos como alguém que aliviava, não como alguém que salvava. Os milagres pertenciam ao foro da religião, e em caso de doença, o médico era o amigo que dava a mão, que aliviava a dor física, mas era ao padre e a Deus (não interessa qual) que se pedia o milagre da cura e da salvação.

Com a evolução tecnológica e do conhecimento científico ao nível do funcionamento do organismo humano, os médicos passaram a curar e a salvar para além de aliviar. E deu-se o processo de transferência dos supostos poderes divinos de Deus para o médico.

Existe hoje o mito de que a ciência médica está muito mais avançada do que na realidade está, de que os meios auxiliares de diagnostico são capazes de diagnosticar tudo sem margem de erro e que as intervenções médicas, hoje apoiadas por ferramentas e equipamentos sofisticados são 100% eficazes e eficientes.

Tudo mito, tudo ilusão"!

domingo, novembro 06, 2005

Paixão, Amor e Sexo*

Frases retiradas do Diário de Coimbra, de 6 de Novembro, num artigo assinado por Ana Margalho, sobre as XXIII Jornadas de Estudos de Reprodução:

"Todo o amor tem um principio, uma continuidade e um fim, nem que este final signifique o início de um novo amor."

"O amor à primeira vista só pode ser sexo."

"... as pessoas procuram uma relação especial, mais do que um companheiro especial."

"Vivemos no tempo da «monogamia seriada». Mais do que mantermos um amor para o resto da vida, somos fiéis a «um amor de cada vez»."

"«O casamento dura enquanto há amor», logo, «a falta dele é razão suficiente para o divórcio» e para encontrar outra pessoa para amar."

"«Não nos podemos esquecer que, quando escolhemos uma mulher ou um homem, desprezamos um bilião de outras mulheres ou de homens."

"Allen Gomes não acredita muito no conceito de almas gémeas. «Parecem amores combinados por computador»."

"... homens e mulheres têm tendência natural em atrair-se por homens e mulheres enigmáticas e a paixão ou o amor têm tendência a desvanecer-se sempre que o outro passa a ser uma pessoa conhecida."

"A maioria das pessoas falar de amor e tem medo de falar de sexo."

"O homem, quando casa, perde uma das suas grandes virtudes: a sedução."

"Quando casa, é como se tomasse posse e, a partir daí, a sua sexualidade deixa de estar associada à sedução, mas à sua própria satisfação."

"Cada vez mais as pessoas que recorrem a sites de Internet para conhecer novas pessoas ... As pessoas não estão totalmente satisfeitas com as suas escolhas. Procuram algo que não encontram. Já não é a pessoa especial, é a relação especial. Neste momento a relação é mais importante do que a pessoa."

* Título de um livro de Francisco Allen Gomes, psiquiatra e sexólogo.

sábado, novembro 05, 2005

Números

MALÁRIA – parasita – Plasmodium – picada de mosquitos do género Anopheles.
Conhecida desde 1880 – 2.400 milhões de pessoas vivem em zonas de risco, 300 milhões de casos novos – 1 milhão de mortes anualmente. – 90% destas mortes ocorrem crianças.

TUBERCULOSE – bactéria – Mycobacterium tuberculosis – 1.900 milhões de pessoas no mundo estão infectadas.

PARASITOSE INTESTINAL – parasitas – 1.400 milhões de pessoas infectadas.

SIDA – vírus – VIH – 40 milhões de casos em todo o mundo

GRIPE AVIÁRIA – vírus – influenza H5N1 – 250 pessoas infectadas – 70 mortes.

Últimos 20 anos – nenhum fármaco novo contra a malária e a tuberculose.
Últimos 20 anos – 20 fármacos activos para o VIH.

sexta-feira, novembro 04, 2005

"Erro médico inevitável na Medicina de hoje"

Afirma João Lobo Antunes num encontro organizado pela Associação Portuguesa de Seguradoras.

Alguns excertos de uma notícia publicada no jornal Tempo Medicina:

"... as exigências hoje impostas à Medicina tornam inevitável a ocorrência de erros. No entanto, os médicos têm muita dificuldade em lidar com as suas falhas."

"Segundo Lobo Antunes, a discussão do erro médico é essencial e inevitável."

"Em qualquer profissão, há dois segredos muito mal guardados, um é o erro e o outro é o conflito de interesses"

"Enquanto trabalhou nos Estados Unidos o neurocirurgião foi alvo de quatro processos, três dos quais sem mérito. No entanto, estas experiências serviram-lhe para perceber que os médicos não podem continuar a achar que conseguem resolver este tipo de problemas sozinhos"

"Vários estudos têm provado que este é «um problema real» e também que, ao contrário do que se pensa, a maior parte dos erros ocorrem em procedimentos simples, pelo que, muitas vezes, são evitáveis."

"..., que usa há vários anos modelos de segurança. Segundo o professor, a área médica que já o fez, a Anestesiologia, verificou melhorias significativas, como exemplificou – em 1980 havia uma morte por dez mil anestesias, hoje há uma morte por 300 mil anestesias. A adopção de guidelines, a estandardização dos procedimentos e a existência de uma liderança são factores de sucesso essenciais, que a Anestesiologia adoptou e que outras áreas devem também seguir, acredita o neurocirurgião".

"O fenómeno do erro é também o resultado da mudança dos tempos — dantes a Medicina era «simples, ineficaz e inócua», hoje é «complexa, eficaz e potencialmente perigosa».

"este é o preço do progresso que não se pode iludir".

"Ao contrário do que se chegou a pensar em determinada altura, a incerteza na prática médica não desapareceu e, aliás, nunca vai deixar de existir. Contudo, e embora saliente que erro é diferente de acidente, Lobo Antunes reconhece que a cultura portuguesa do «desenrasca» convida muitas vezes à ocorrência de erros que poderiam ser evitados."

"Há, de facto, da parte dos médicos, uma dificuldade em lidar com o erro. Nós somos educados para trabalhar sem erro e quando este acontece é muitas vezes considerado uma falta de carácter ou negligência"

"Além disso, o tratamento que os meios de comunicação social fazem do erro médico empola frequentemente o problema e tem, por vezes, consequências para a carreira profissional do médico."

"por isso, que os médicos não sabem tudo e é preciso que os doentes tenham consciência disso. Não é possível esperar uma omni-sabedoria do médico."

"... é preciso evitar as falhas que dão origem ao erro médico, como sejam as faltas de conhecimento, o estudo insuficiente da história clínica do doente e das hipóteses de diagnóstico ou o excesso de cansaço. Já a instituição deve ter atenção à distribuição da tarefas e responsabilidades e à saúde e estado psicológico dos médicos. Outras formas de controlar o risco são a informatização dos processos clínicos, a criação de checklists, o treino e a recertificação dos profissionais. E, para além disso, é preciso encontrar formas de aprender com os erros".

Aniversário De Professores

Acabado de chegar de uma pequena festa de aniversário de um professor, e como se compreende, os professores eram a maioria e ainda como reflexo das provocações que um professor dito universitário tem feito nos comentários deste blog, não posso deixar de partilhar com os leitores esta pequena história, contada por um professor, testemunha ocular do acontecimento.

Numa determinada escola, num determinado concelho, lá para os lados do Alentejo, um determinado professor, mestrando de um determinado mestrado, sindicalista, sumariava consecutivamente as suas aulas como "tema livre".

Intrigado, este meu amigo professor, investigou junto dos seus alunos quais os temas livres que invariavelmente os alunos aprendiam.

E chegou a uma conclusão: berlindes.

Remata-lhe um aluno, com tiro certeiro:

- "O sotôr X joga muito bem berlindes e então decidiu que as aulas seriam passadas num canto do recreio, a jogar e a ensinar-nos a jogar ao berlinde!"

Mas ao contrário do outro professor, não penso que todos os professores sejam ases do berlinde, nem que substituam as suas aulas por aulas de berlinde, nem tão pouco responsabilizo o berlinde pelo estado do nosso ensino.

Este é que será uma caso esporádico.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Se Tem Tomates, Denuncie-os

"Tenho conhecidos (médicos) que se gabam de ganhar "milhares de contos", devido aos "regimes de prevenção e horas extra" que não são cumpridos... porque os "doutores" ou estão a trabalhar noutro lado (mesmo com o regime de exclusividade!!) ou estão bem longe a passear com a família!!"

Se tem tomates, denuncie-os, senão apenas tem língua.

E de línguas está Portugal cheio.

Eu já denunciei à Inspecção-Geral de Saúde casos de médicos (como vê sou muito corporativista ao denunciar colegas) que infringiram situações que não era supor infringir! Tenho tomates!

Sr Boldão linguareiro, deite os nomes desses médicos que conhece e se vangloriam junto de si, seja homem, pá.
Ajude a limpar a sociedade e a minha profissão, porque sei que tem ovelhas negras.

Quero nomes, já! Senão os denunciar será conivente com os prevaricadores e deixarei de lhe prestar qualquer atenção!

Vale tanto como esses meus colegas que emporcalham a profissão.

Faça como eu, denuncie. Até o pode fazer anonimamente, mas por favor denuncie quem rouba o erário público, senão será apenas mais um conivente ou então faz como eles: dá explicações aos seus alunos, dá aulas em vários locais públicos e privados, etc, etc.

QUERO NOMES!

Sobre Os Chorudos Salários

A perspectiva de um leitor:

"Caros Senhores,

Creio ser necessário aqui esclarecer os senhores sobre o Fantasma que parecem ser os salários dos quadros superiores.

- Um engenheiro civil empregado ganha em média 3000 euros por mês, mais prémios. E refiro-me aos não pertencentes a empresas de topo.Temos obviamente que negligenciar os que trabalham para as câmaras municipais, que esse sim auferem o ordenado de um funcionário público regular (não considerando so cargos nas empresas públicas criadas pelas câmaras municipais).

- Os bancário podem auferir desde 700 euros por mês a 5000 (estou a falar de funcionários e não de gestores administrativos), por trabalhar das 8h30 até as 16h30, com direito a um dos melhores sistemas de saúde (SAMS e SAMS-quadros) e prémios anuais que podem ser astronómicos. Escusado será dizer que recebem 15 meses e complementos afins...

- Um arquitecto normalmente cobra pela percentagem da obra a efectuar. No caso da casa da Música do porto, por exemplo~(custo 100.000.000 de euros) se auferir de 1 a 5% do valor da obra, imaginem só o plano de reforma a que não terá direito o arquitecto Rem Koolhas.
Cito o exemplo também do projecto de arquitectura da centro Materno Infantil do Norte, projecto votado ao abandono, que custou 3.000.000 de euros para o gabinete do arquitecto responsável!! Dinheiro literalmente, para o lixo...
Ou para os bolsos dos arquitectos...

- Os artistas e profissionais por conta própria (canalizadores, pintores, carpinteiros, etc...) auferem o que muito bem entenderem, e, acreditem que pode ser mais que o primeiro-ministro, pois só são obrigados a declarar o rendimento mínimo.
Cito o caso do nosso caro Manuel Damásio, ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica, que declarava 70 contos/mês e viajava para o estadio da Luz de helicóptero, e tinha os filhos em dois dos colégios internos mais caros de Lisboa...

- os advogados, será melhor nem comentar...Mas se estiveram atentos as noticias do caso vale e Azevedo recordar-se-ao que declarava para impostos cerca de 350.000 contos/ano...E estes eram os valores que DECLARAVA!!!

- Os construtores civis, podem ganhar cerca de 20000 a 50000 euros por apartamento vendido nas construções edificadas, e supondo que vendem no mínimo 10 por ano, façam as contas e tentem perceber a quantia implicada...

Para concluir, acredito que as pessoas que se preocupam com estas questões dos salários indevidos na profissão médica devem questionar o seguinte:

Será que os Gestores de grandes Unidades, que gerem milhões de euros por ano e as vidas profissionais de mil ou mais funcionários estão a realizar um bom trabalho e a poupar milhões de euros com a sua boa gestão ao erário público? Ou será que estão a ser pagos para nada?

Antes de questionar os seus salários devem levantar estas questões, porque, BONS há poucos, e se eles fazem falta, temos de lhes pagar...Não interessa credo, cor ou simpatia futebolística...interessa que façam um bom trabalho!!! E os locais onde há muito para trabalhar é na saúde...Há muito para poupar e optimizar, e para isso são necessários BONS gestores....e os BONS pagam-se...

Deixo também uma ideia, em portugal, no ano de 2004 obtiveram-se 50 patentes em Portugal, contra 76000 nos EUA!!! Sr. Raul , ja que é professor, coleccione os seus alunos mais brilhantes, incentive-os a produzir algo de novo e inovador que renda bom dinheiro, e faça-se rico, para fazer algo mais além de criticar sobre o que não sabe!!
"

quarta-feira, novembro 02, 2005

Só Para Contrariar

Alguém que não existe devido à sua tacanhez de espírito afirmou recentemente num comentário neste blogue: "O facto dos médicos ser considerada uma classe "corporativista", corrompida pelo dinheiro, mal-educada, prepotente, não nasceu ontem, vem sendo constatado pela população!! Agora a questão é... não podemos colocar todos dentro do mesmo saco, eu sei, mas..."

A Constituição dá-lhe o pleno direito de se exprimir com essa ou com qualquer outra opinião. Embora, por vezes, penso como pode alguém que se afirma professor universitário fazer algumas afirmações sem uma ponta de rigor. Mas enfim, que dizer: nada!

Mas... (como ele termina), parece que a população assim não pensa, pois segundo o barómetro da TSF, apesar de toda a parafernália de notícias sensacionalistas e descabidas:

"Políticos no fundo, médicos no topo"

"No topo das preferências estão os médicos que recolhem opiniões positivas de 67,8 por cento dos portugueses, seguidos de perto por jornalistas e professores."

Nós cá vamos fazendo a nossa vidinha, trabalhando para o bem público, em deficientes condições, e não somos nem queremos ser diferentes. Falo por mim!

Sei o que encontro no seio da minha profissão, como no seio de qualquer outra: há de tudo!

terça-feira, novembro 01, 2005

Pum! Mais Um Tiro Na Demagogia

Segundo o Correio da Manhã e todos os seus afiliados (TVI, Expresso, 24 Horas, etc, "no Porto, Ensaio de remédio mata mulher" prosseguindo: "Um novo medicamento contra a artrite reumatóide terá sido fatal para uma mulher que se disponibilizou a testá-lo."

Depois cada órgão de comunicação tece os seus comentários e avisa os seus leitores de inúmeros processos levantados do chão, parece que num deles a família ia processar o Mundo.

Mas o que me custou nesta notícia, foi ninguém ter averiguado em que condições se efectuou essa disponibilização.

Terá sido gratuita?

Há profissionais mais indicados para me esclarecer, por exemplo, o nosso boticário poveiro, mas, segundo me parece esta disponibilização de doentes para testar novos medicamentos ou medicamentos já na fase X, não é gratuita.

Obedece a pagamentos mensais e outras regalias e a contratos escritos entre as partes. E tudo isso, pelos grandes riscos que se correm, assim como benefícios, caso o medicamento seja mesmo um êxito.