domingo, setembro 28, 2008

Histórias de uma jovem enfermeira desaproveitada

Não resisto a aqui reproduzir um post lido num blog de uma jovem enfermeira, desempregada ainda ao que parece.

Minha cara amiga, nunca desista de ajudar os outros! E obrigado por este bocado de prosa e pelo que a ele está subjacente


Nisto olho para o lado e está um rapaz completamente deitado, aparentando dormir, no passeio…
E eu a pensar de mim para comigo, mas será que é de mim? De cada vez que venho ao Parque das Nações atraio? Só pode…Olha, está tudo bem contigo? Nisto o J. chega-se ao pé de mim e diz…”Ui!… Não era preciso ser médico para saber o que se passa com ele…está com aquilo que bem diagnosticado se pode chamar de” puta de uma narsa”…Chamo-o novamente.“Olha estás sozinho? Como te chamas?”“Chamo-me P.” e nisto começa aos vómitos… e eu “impecável” (penso de mim para comigo).Desvio-me, ponho-lhe uma mazinha no pescoço outra na testa e faço aquilo para que estudei durante quatro anos (e à borla).Toma lá um lenço. Passo-lhe a minha garrafa de água, onde tenho a certeza que não voltarei a tocar. Lava a boca.
Estás sozinho P.?Naum, não estou com um amigo, o Pilas (foi mesmo o nome que ele disse) …E onde está o Pilas? pergunto-lhe…Naum sei…És de Lisboa?Naum, sou de Esmoriz…Pois bem me pareceu que havia qualquer coisa de familiar naquele sotaque…Ok…o teu amigo está por aí?Pausa para voltar a vomitar…Meto-o em PLS com a ajuda do J., que está morto de riso…Tens o número do teu amigo? Não, mas tenho o meu telemóvel…Ligas para ele? És tão gira…aaah…Puto, tem juízo que eu devo ter idade quase para ser…tua irmã mais velha…Passa-me o telemóvel para a mão...
Ligo para o amigo… que passado um bocado aparece…Tu é que és o Pilas? pergunta-lhe o J.Iah…Olha é melhor tu levares o teu amigo para casa que ele não está em condições…Aaahh… Viemos de metro e depois de comboio… íamos ficar até às 6 da manhã e depois apanhávamos outra vez o metro e o comboio (esta conversa aconteceu por volta das 2 da manhã).Pois mas o teu amigo não está em condições e não devias ter deixado aqui sozinho. Podia-lhe ter acontecido alguma coisa bem grave, se eu e a aqui a Madre Teresa não o tivéssemos encontrado.
O miúdo está visivelmente atrapalhado.E eu lembrei-me de quando era caloira e de como o sentido de grupo nos levava a protegermos umas às outras e como nunca deixávamos a C. sozinha quando ela estava bêbada e a fazer-se a tudo o que mexia (mesmo que fosse já de uma certa idade, careca e barrigudo) e não consigo perceber porque raio este miúdo foi deixado no passeio por um amigo, que se foi continuar a divertir e a beber, deixando que alguma coisa lhe pudesse acontecer.O miúdo tem frio, está deitado na pedra e a tremer, tem uma camisola debaixo da cabeça que lhe serve de almofada.Olho para ele.Olha, tens de vestir a camisola.Ele levanta-se vomita mais um bocado e começa a chorar.Não consigo…E eu a pensar “porque é que estes miúdos fazem estas merdas?”Eu ajudo-te, digo-lhe.Perante a risota do pessoal.Enfermeira L., a mãezinha dos meninos mal comportados diz a Cat enquanto se ri.Ajudo-o a meter-se novamente em PLS e tapo-o com a minha capa, enquanto o previno que se a vomitar que o praxo.
Nisto o J. volta-se para o amigo Pilas e pergunta-lhe se ele não pode chamar um táxi…O miúdo faz-se verde, roxo, azul e amarelo e lá nos explica que o dinheiro que tinham com eles tinha sido quase todo gasto em álcool e que o P. vive para os lados de Almada, sozinho numa casa que os pais lá têm…Então e agora, como é que vocês vão fazer para ir para casa? O teu amigo não pode ficar aqui…Diz-lhe o J.O outro miúdo olha para nós com olhinhos de Bambi…E eu com olhinhos Bambi olho para o J.Oh J. tu moras para aqueles lados…podias dar-lhes boleia,O J. olha para mim furioso.Estás doida, só podes. E se os gajo me vomita os estofos do M*rcedes?E aquilo não é para os meus lados é para aí 3 milhões de quilómetros para a frenteNah…nem pensar…Vá lá, eu vou contigo… e depois tu dás-me boleia para casa…
E assim acabou a minha noite, a fazer vigilância vomitiva…para garantir que o carro do meu caríssimo amigo não ficava todo vomitado, enquanto ele fazia a sua boa acção anual…
Deixamos os dois miúdos em casa…Talvez porque se eu tivesse um filho que estivesse numa situação deste tipo eu gostaria que fizessem algo semelhante por ele.Talvez porque espero ter filhos conscientes e responsáveis que não façam estes disparates.Porque nunca os fiz e espero não o fazer…Enfim…
Esta mega-recepção deu-me muito em que pensar…Parece que os miúdos são cada vez mais inconsequentes e…tontos…não sei…O amigo Pilas quando o estávamos a ajudar a levar o amigo para casa pediu-me desculpa e eu expliquei-lhe que ele não tinha que pedir desculpas, que eles eram caloiros e que eu percebia, mas que o juízo é importante e o que se passou com o amigo dele não deve acontecer, mas que se for para acontecer há que ter cuidado e a certeza que há alguém de confiança que olhe por nós e que nos ajude, para que não aconteça nada de mal…É que não podemos contar com desconhecidos…hoje fui eu e o meu amigo betinho que vos ajudámos, mas o teu amigo podia ter sido assaltado, podia ter entrado em coma alcoólico se não vomitasse…e depois como é que vocês iam explicar isto aos vossos pais?E essa é que é a grande questão…

Médicos de fora sim mas não quaisquer uns!

Portugal negoceia vinda de mais médicos estrangeiros
28.09.2008 - 12h18 Lusa


Portugal tem 4287 médicos estrangeiros a exercer no país e vai avançar com novos acordos para a contratação de mais profissionais. O mercado da América Latina é o alvo.

De acordo com a Ordem dos Médicos, dos 38.538 clínicos que exercem em Portugal, 300 são oriundos da América do Sul. Do Brasil vieram 600. Mas chegam também da União Europeia (2583), dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (261), da Europa não Comunitária (378), da África não PALOP (33), da Ásia (42), da Austrália (um) e da América do Norte (19). Serão ao todo, segundo as contas da Ordem, 4287.

A sua vinda não tem fugido a alguma polémica, sobretudo por não dominarem a língua. E os utentes parecem duvidar da sabedoria de quem tem sotaque.

Em Junho, chegaram 14 uruguaios que estão a exercer no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Mas deverão chegar mais em breve, ao abrigo de negociações em curso que o Ministério da Saúde está a encetar.

Cuba, por seu lado, não ganhou à toa a fama de "fábrica de médicos", devendo continuar a fornecer clínicos para vários países, incluindo Portugal.

Que sejam bem vindos é o que podemos dizer...

Mas que sejam médicos diferenciados e qualificados, com idoneidade tecnica reconhecida ( e sem delongas é o que se exige ) por quem de direito, ie a Ordem dos Médicos

Mas já agora uma questão: os médicos da Europa de leste estão a emigrar para os países do Norte da Europa, não para Portugal...

Porque será? Será só por uma questão linguistica ?

quinta-feira, setembro 25, 2008

A Greve de Enfermagem ????


Requerimento remuneratório dos Serviços Mínimos
24-Sep-2008

Para protecção e conveniência dos Enfermeiros que participem na Greve Nacional dos Enfermeiros, dos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro de 2008, deixamos aqui o modelo do requerimento que os Enfermeiros, que asseguram os Serviços Mínimos, devem entregar na instituição onde trabalham, a fim de serem abonados das remunerações a que têm direito.
Modelo a utilizar:
*nota: O Requerimento deve ser entregue pelo próprio na instituição, ficando com cópia, com registo de entrada.


Ao (Conselho de Administração/ Conselho Directivo/ etc.)(Designação da entidade e morada)
(nome completo) __________________________________________________________________, enfermeiro/a (categoria) ___________________________________________________________, número mecanográfico ___________, a exercer funções no Serviço/ Centro de Saúde _____________________________________________________________, informa V.Exas. que no(s) dia(s) ___________________________________________, entre as ____________ e as _____________ horas, esteve em greve mas assegurando os Serviços Mínimos, pelo que, ao abrigo do disposto no artigo 600.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, tem direito ao abono da remuneração, conforme estatuto remuneratório aplicável.
(local e data) ___________________________________, __________ / _________ / _________
O/a Signatário/a,_______________________



Quem está de greve está de greve, não assina o ponto e não recebe o vencimento. Quem faz serviços mínimos está a trabalhar, assina o ponto e recebe o vencimento!

Estar de greve e fazer serviços mínimos é que é estranho!

E já agora quais são os serviços mínimos e quem os define?

Parece que se está a complicar o que é simples, criando uma incongruência desta situação!

Sempre foi assim em qualquer greve, ou esta é especial?

Vital Moreira considera "milagre" a obra de Correia de Campos no Ministério da Saúde


25.09.2008, Graça Barbosa Ribeiro - Público
"Na apresentação do livro do ex-ministro, Vital admitiu a morte do SNS se não tivesse havido reformas
O constitucionalista Vital Moreira assegurou ontem, na apresentação do último livro de Correia de Campos, em Coimbra, que, se o ex-ministro da Saúde não tivesse apostado nas reformas do sector, "a sentença de morte do Serviço Nacional de Saúde [SNS] estava traçada". "Quem ignora isto ignora tudo", sentenciou, classificando como "indecentes" e "aleivosas" as afirmações daqueles que, "num extremismo sectário e radical", as criticaram dizendo "que as reformas eram o caminho para a destruição do SNS". Na livraria Almedina, Vital Moreira - a quem coube fazer a primeira apresentação pública do livro Reformas da Saúde - O fio condutor - chegou a cometer a inconfidência de revelar como, "em conversas privadas", se percebia, em 2005, como "eram fundas as dúvidas" de Correia de Campos sobre "a viabilidade do SNS". Isto para as considerar "legítimas" e realçar "o milagre" das políticas do ex-ministro. "Antes, as despesas subiam em flecha. Desde então, com pequenos crescimentos, não só se atendeu às necessidades como se conseguiram ganhos", disse.Realçando a "fidelidade, acima de toda a suspeita", de Correia de Campos ao SNS, Vital considerou que ficou provado que a viabilidade do sistema "não depende do dinheiro em falta mas do bom uso do dinheiro existente". E elogiou o ex-ministro pela opção de "deixar de gastar num lado para gastar noutro", tendo como resultado "um enorme saldo positivo". "Mais cuidados de saúde, para mais gente e com mais qualidade."Correia de Campos confirmou que teve dúvidas de que, "dada a espiral de despesa com o SNS, fosse possível fazer mais e melhor com os recursos de que dispunha". "Está aqui a prova que de que é possível reformar num contexto de escassez" e "sem antagonizar com os profissionais do sector". A excepção, disse, ocorreu por ocasião das eleições para a Ordem dos Médicos. "Mas já se sabe que, em ano terminal, os candidatos querem competir para saber qual é o mais hostil em relação ao ministro em funções", desvalorizou o ex-ministro da Saúde do Governo de José Sócrates, que acabou por ser substituído. Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo"



Interessante comentário de Vital Moreira!


"Está aqui a prova que de que é possível reformar num contexto de escassez", mais uma verdade de La Palisse, já que em tempo de vacas magras têm de se racionalizar os serviços que se oferecem.


E "sem antagonizar com os profissionais do sector", quanto a isso não tenho tanta certeza como Vital Moreira.


Tendo caracterizado tão bem a actuação do ex-ministro, faltou pois prever, quanto tempo mais sobrevive o S.N.S. sem estes balões de oxigénio e estas "artimanhas" económico-financeiras ou inclusivamente, sem Correia de Campos.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Será que é pela doença certificada por atestado médico?

Recurso de aluna fez disparar as notas
00h30m
CARLOS RUI ABREU


A reavaliação dos exames nacionais de uma aluna do 11.º ano da Secundária de Fafe transformou notas "sofríveis" em "excelentes". Os restantes pais não se conformam e já foi pedida a intervenção do Ministério da Educação.


Pais e alunos das turmas do 11º ano, do ano lectivo transacto, da Escola Secundária de Fafe estão revoltados com a "subida astronómica" que tiveram as notas de uma aluna que pediu recurso dos exames nacionais de Física e Química e de Biologia e Geologia. As notas transformaram-se, após o recurso da aluna, de positivas sofríveis em notas de excelência.
"Na prova de Física e Química passou de 9,8 para 18,9 enquanto na prova de Biologia e Geologia a nota de 11,6 transformou-se em 19", explicou ao JN um dos vários encarregados de educação que se apresentam revoltados com este volte-face na classificação dos exames nacionais.


"Como é possível que um professor avalie uma prova com uma nota muito baixa e a mesma prova seja reavaliada e colocada quase com a cotação máxima?" Esta pergunta atravessa, por estes dias, a mente de vários pais e alunos que se sentem injustiçados e descriminados pelo tratamento dado a este caso.


A desconfiança dos pais é ainda reforçada pelo facto de a mãe da aluna em causa ser docente naquele estabelecimento de ensino e, segundo alegam, "há cerca de três anos" ter acontecido "o mesmo com outro filho que agora até está na universidade a cursar Medicina".


Ao que o JN apurou, em causa não está apenas uma simples reavaliação dos exames mas também um hipotético atestado médico que indica que a jovem poderá sofrer de dislexia e que a leva a não responder acertadamente às questões que na sua maioria são de escolha múltipla.


Este assunto está a causar algum mal-estar na Secundária de Fafe onde, inclusive, terá estado nos últimos dias uma equipa de inspectores do Ministério da Educação. Esta informação não foi confirmada oficialmente ao JN, já que José Caetano, presidente do Conselho Executivo da escola, não quis pronunciar-se para já sobre o assunto.
Esta situação é delicada porque abrange a comunidade escolar de uma pequena cidade onde quase todos se conhecem e, por esse facto, todos negam dar a cara para a reportagem do JN. A Associação de Pais também não se quis pronunciar oficialmente sobre o caso, mas o JN apurou junto de fonte próxima que "por uma questão de equidade entre todos os alunos foi pedido, através de carta, ao Ministério da Educação e ao Juíz Presidente dos Exames Nacionais que as provas de todos os alunos do 11º ano da Secundária sejam reavaliadas".


Ou como parece saber-se aproveitar bem os atalhos das leis ...


Dislexia (da contração das palavras gregas: dis = difícil, prejudicada, e lexis = palavra) caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização sendo comum provocar uma desfasagem inicial de aprendizado


Esta questão da dislexia tem sido aproveitada para que alguns alunos que dela sofrem, ou que como tal são diagnosticados e certificados, possam aceder a um contigente especial de vagas para o Ensino Superior...agora que também valha para reapreciação de notas ...

Bastonário diz e S.I.M. corrige


IGAS DETECTA FALHAS DEONTOLÓGICAS GRAVES
"Ao contrário do que o Sr. Bastonário estranhamente afirma em declarações públicas à Comunicação Social, relativamente às irregularidades detectadas pelo IGAS, (no seu relatório de actividades de 2007) no que concerne ao preenchimento das fichas clínicas dos utentes, é entendimento do SIM, que a inexistência de adequados e completos registos clínicos não só configura uma falha deontológica como deixa os médicos em muito maus lençóis em situação de litígio e apuramento de responsabilidades disciplinar, cível e criminal.
Além do mais estas avaliações do IGAS são feitas todas por peritos médicos!"
Jornal Virtual do Sindicato Independente dos Médicos


Uma vez mais o MEMAI fica espantado, com estas declarações públicas do Sr. Bastonário!


No post "Pedro Nunes dá música à Ministra", o MEMAI já tinha concluído que o Sr. Bastonário parecia ter perdido o norte ou andava com os objectivos baralhados, mas agora mais esta!...


Ainda bem que o S.I.M. corrigiu a situação!


A "arte da greve"


Suspensas as negociações


"O ministério da Saúde interrompeu as negociações com os sindicatos dos enfermeiros por ser "inaceitável a pressão causada pelo pré-aviso de greve" para os dias 30 deste mês e 1 de Outubro".
Conforme notícia de hoje do Correio da Manhã.



"Porque, obter uma centena de vitórias numa centena de batalhas não é o cúmulo da habilidade. Dominar o inimigo sem o combater, isso sim, é o cúmulo da habilidade." Sun Tzu


Seria aconselhável os sindicatos dos enfermeiros reverem as suas estratégias, para dignificarem as negociações e não banalizarem o direito à greve.


segunda-feira, setembro 15, 2008

Das oito urgências prometidas só duas funcionam


No post do "Ó Evaristo tens cá disto?", estranhei que só houvesse dois Serviços de Urgência Básica a funcionar no Alentejo, dos oito prometidos pelo anterior Ministro.


Realmente o Público, como jornal de referência, tem de ter mais cuidado com as suas fontes ou terá de confirmá-las.


Caiu na nossa caixa de correio, enviada por leitor identificado, uma fotografia que coloquei em cima, de uma placa da inauguração do SUB de Estremoz, pelo Sr. Primeiro Ministro em 15 de Abril de 2008.


O MEMAI irá fazer uma consulta e corrigirá a notícia se assim for caso disso, em relação aos outros cinco SUB.


Uma Óptima Explicação, Mas Não Me Solidarizo Com O PÚBLICO.

Transcrição de um comentário de um leitor.

Inteiramente de acordo com tudo o que é dito, menos a solidariedade com o PÚBLICO, pois um jornal de referência tem que estar acima dessas populares confusões.


Tem que haver revisores, não só para a língua portuguesa, mas também para todas as áreas do conhecimento.


Se compro o PÚBLICO e não outro, se é considerado uma referência, não pode cometer erros crassos iguais ao comum dos mortais. Ou então deixa de ser uma referência...



Nuno Gil deixou um novo comentário na sua mensagem "A SUB DE TODOS OS MILAGRES":

Felizmente não era um Dentista!

Em Portugal existem vários profissionais de saúde que lidam com problemas da Cavidade Oral, entre os quais os Estomatologistas e os Médicos-Dentistas.


Os primeiros são profissionais licenciados em medicina que fizeram o internato médico e são portanto MÉDICOS. Entretanto diferenciaram-se, tornando-se especialistas em Estomatologia, uma das várias especialidades médicas reconhecidas pela Ordem dos Médicos Portugueses. Ab initio, estes profissionais são tão capazes de prestar cuidados generalistas em regime de urgência como qualquer outro MÉDICO, independentemente da sua especialidade.


Os segundos, são profissionais licenciados em MEDICINA DENTÁRIA, nunca fizeram o curso de MEDICINA e muito menos o internato médico (apenas acessível a licenciados em MEDICINA). Os licenciados em MEDICINA DENTÁRIA (Médicos-Dentistas), vulgarmente conhecidos como Dentistas, em situação alguma têm competência para prestar cuidados generalistas em regime de urgência.


Esta confusão reinante na sociedade portuguesa, deriva provavelmente da designação imprópria de Médico-Dentista, pelo que pode colocar-se a questão: «Porquê Médico-Dentista se não é Médico?»
De facto parece-me uma excelente oportunidade para a Sra. Ministra da Saúde, curiosamente licenciada em medicina, que realizou internato médico e se especializou em Pediatria, dar um contributo para a clarificação desta situação, esclarecendo os Portugueses que não se trata de um Dentista mas de um Médico, que por coincidência é Estomatologista! Mais, parece-me que para evitar futuros equívocos seria útil substituir a designação Médico-Dentista por Dentista, afinal estes profissionais não são Médicos.
Não posso deixar de manifestar a minha solidariedade para com o PUBLICO que acabou por publicar uma notícia incorrecta, vítima da dita «confusão reinante» e para com os Médicos-Dentistas que se vêm envolvidos, enquanto classe, num problema ao qual são manifestamente alheios.


A notícia, no meu entender, é sim o facto de um Médico sem formação em suporte avançado de vida estar a prestar cuidados generalistas em regime de urgência. Isso sim é grave. Mas mais grave é não ser o único
.

domingo, setembro 14, 2008

SUB DE TODOS OS MILAGRES - 2º episódio


Estou pasmado!


Não é que a Senhora Ministra da Saúde, uma Médica Especialista Pediatria (e não sei até se Chefe de Serviço), vem branquear o processo do dentista ( dos serviços de saúde militares e até já aposentado) da SUB de Odemira !!!!!!!!!!!???????????


Segundo o Público on line, terá declarado que:

"Tanto quanto eu tenho informação, o médico dentista é um estomatologista, que portanto tem especialidade em estomatologia, mas antes de ser estomatologista é médico e está inscrito na Ordem dos Médicos", reagiu Ana Jorge, face ao caso do Serviço de Urgência Básica (SUB) de Odemira, hoje avançado pelo PÚBLICO.


E vai mais longe, descartando a responsabilidade do Ministério:

Ana Jorge lembrou ainda que "qualquer médico que está no exercício da sua função tem a sua responsabilidade, cumprir e exercer funções para as quais se sente com competência".


Ó Evaristo tens cá disto?

Das oito urgências prometidas só duas funcionam

14.09.2008 Jornal Público, edição impressa página 20

"O anterior ministro da Saúde, Correia de Campos, comprometeu-se, através de um despacho datado de 18 de Dezembro de 2006, a instalar serviços de urgência de básica (SUB) nos concelhos de Odemira, Moura, Elvas e Estremoz, durante o primeiro semestre de 2007.
Até agora, porém, desses quatro, só Odemira e Elvas é que têm o prometido serviço a funcionar, apesar das dificuldades.
No dia 27 de Fevereiro deste ano, já com a ministra Ana Jorge a exercer as suas funções, foi publicado um outro despacho, ainda assinado por Correia de Campos, em que se estabelece a rede de urgências a instalar de norte a sul do país.
Para os distritos de Beja, Évora e Portalegre foram então anunciados oito serviços de urgência básica, incluindo os quatro que deveriam estar a funcionar desde o fim do primeiro semestre de 2007. Deste total de oito apenas entraram em serviço até agora os SUB de Odemira e Elvas, e os anunciados para Estremoz, Montemor-o-Novo, Ponte de Sor, Castro Verde, Moura e Serpa continuam a à espera de abrir. A ARS do Alentejo tem assumido publicamente que não se compromete com prazos para a instalação destes seis serviços, alegando dificuldades em encontrar médicos qualificados na área das urgências. Um SUB exige a presença obrigatória de, pelo menos, dois médicos, dois enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica e um administrativo por equipa.De entre os objectivos fixados pelo Ministério da Saúde para as novas unidades de urgência destacam-se a redução da percentagem da população que esteja a mais de 60 minutos de um serviço de urgência e a melhoria dos serviços, para os aproximar do nível europeu."



O interior tão necessitado que está, ainda não terem aberto estes serviços necessários às populações, é caso para alarme dessas mesmas populações, mas até ao momento não li sobre nenhuma movimentação.

Estranho!

A SUB DE TODOS OS MILAGRES


Quem não tem cão caça com gato... se correr mal logo se verá...


Coitada da directora do CS que nem sabia de nada e lê sempre o Livro Amarelo, coitado do coordenador da SRS de Beja a quem os espanhóis deixaram ficar mal...


Ficam bem as palavras de circunstância de Pedro Nunes, bastonário da OM, ainda auto - embevecido pelas referências ao Iraque, e feito Pilatos quando de multiplos locais e instâncias lhe chegam os alertas para a existência de estas e outras situações do género...


E o Suporte Avançado Vida está na moda jornalistica, nem é já o ser médico dentista , militar e aposentado, é ter ou não o curso de SAV...




Um médico militar dentista e reformado prestou serviço durante alguns dias no único Serviço de Urgência Básica (SUB) do distrito de Beja, sem ter qualquer formação em suporte avançado de vida.


O clínico exerceu funções naquele serviço ao abrigo de um contrato celebrado com a sub-região de Beja da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.


Alda João, directora do Centro de Saúde de Odemira, confirmou que naquele serviço “não há ninguém com formação” específica para tratar de situações que exijam conhecimentos em suporte avançado de vida e adiantou que “apenas podem contar nas urgências com clínicos gerais”.
No entanto, a médica garantiu que nunca recebeu queixas dos utentes atendidos pelo colega militar e que no livro de reclamações apenas existem protestos contra os tempos de espera.


O presidente da sub-região de Beja da ARS, João Pina Manique, explicou que a falta de clínicos se agravou com a recente saída de médicos espanhóis. “No final de Julho quase todas as unidades de saúde da região correram o risco de encerrar por falta de médicos”, afirmou. A solução passou então por contratar clínicos fornecidos por empresas e, como referiu, “nem sempre aparecem os profissionais qualificados”.


Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, “o Ministério da Saúde deve promover e priorizar os cursos de formação em suporte avançado de vida para todos os médicos que venham a exercer a sua actividade nos serviços de urgência”.

MILAGRES NO MARCO DE CANAVESES

Lá nas profundezas do interior Norte, prestando tributo ao isolamento ainda que arejado pela humidade do rio Douro, algo que não é novo ou caso isolado: utentes sem médico de familia, não porque a população tivesse aumentado mas porque quem lá trabalhava se aposentou e não há quem os substitua ( até pela falta de atractivos e compensação palpável).


Preocupação natural dos autarcas das freguesias do Marco de Canaveses: prover os seus concidadãos com médico de familia.

Solução miraculosa, fruto da publicidade enganosa de responsáveis locais e centrais: criar uma USF, como se uma estrutura organizativa de prestação de cuidados gerasse médicos

Contributo das juntas de freguesia: dar terrenos para erguer as paredes da tal USF de que brotam, cristalinos e frescos, médicos de família


Tabuado e Soalhães ficaram sem clínicos nos postos médicos. Formaram uma comissão para negociar com a ARS, mas a segunda freguesia adiantou-se com a oferta de um terreno para construir uma USF. Tabuado responde na mesma moeda.

O concelho do Marco de Canaveses está a passar por um gravíssimo problema de défice de médicos de clínica geral. A falta de clínicos levou, recentemente, ao fecho de portas de dois postos médicos: Soalhães e Tabuado.
Ao todo, são mais de seis mil utentes que ficaram, de um momento para outro, sem assistência clínica nas suas freguesias. Resta-lhes a consulta de recurso, no Centro de Saúde, ou as urgências do Hospital Santa Isabel, ambos na cidade.

O quadro clínico da extensão do Centro de Saúde em Soalhães está vazio. Dos quatro médicos que deveriam estar ao serviço não resta nenhum. Nas freguesias vizinhas de Tabuado, S. João da Folhada e Várzea de Ovelha e Aliviada, o cenário não é melhor. Neste caso, a extensão de saúde que os servia (Tabuado) fechou de vez.

O último médico que ali prestava serviço, já depois de se ter reformado, adoeceu e colocou um ponto final na carreira clínica.
Em resultado dessa falta de clínicos, o Centro de Saúde do Marco de Canaveses, que já não tinha mãos a medir, tem agora que atender mais de seis mil novos utentes oriundos das quatro freguesias.

Aquelas quatro localidades associaram-se, recentemente, numa Comissão Social Interfreguesias para, com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, negociarem a implementação de uma unidade Saúde Familiar (USF) que poderia pôr cobro ao problema da falta de médicos de família. Busca-se, no fundo, uma solução idêntica à implementada, e com sucesso, em Alpendorada. Porém, se em sede de comissão a maioria das freguesias terá entendido que a localização da USF deveria ser em Tabuado, alegando que seria "mais central", a Junta de Soalhães terá, junto da ARS, reivindicado a estrutura para si. "A proposta apresentada inicialmente por mim, como presidente da Comissão Social Interfreguesias, a que presidi, era que se construísse uma USF. Agora, já pedi a demissão porque concluí que nunca teria nada em Soalhães por vontade ou consenso. Nunca querem nada com Soalhães. Reunimos com a ARS. Tabuado apresentou uma proposta, nos terrenos da Casa do Povo, e Soalhães tem um terreno no Ramalhais. Será a ARS a decidir", explicou a presidente de Junta de Soalhães, Cristina Vieira.

A autarca socialista, em parceria com a concelhia local, promoveu, entretanto, uma palestra sobre saúde e cidadania, para a qual foram convidados António Arnault e Artur Melo e Castro, candidato do PS à Câmara no próximo ano.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Pedro Nunes dá música à Ministra


Pedro Nunes elogia actuação da ministra e critica reforma dos CSP

Ana Jorge «preocupa-se mais com a Saúde»


"A maior atenção que Ana Jorge tem votado ao Serviço Nacional de Saúde é um dos aspectos que a diferenciam do seu antecessor, mais preocupado com «números», na opinião de Pedro Nunes. Balanço feito numa entrevista em que o bastonário da Ordem dos Médicos não poupa críticas aos sindicatos e aponta a «grande falha» da reforma dos cuidados de saúde primários: a impossibilidade de o doente escolher o médico de família.

«Tempo Medicina» — A necessidade de redefinição das carreiras médicas é um ponto consensual entre todos os parceiros, mas a Ordem e os sindicatos parecem estar de costas voltadas. Este diferendo terá solução?

Pedro Nunes — Escrevi uma carta aos sindicatos porque o CNE o decidiu, embora entendesse que não devia haver resposta da Ordem àquela tomada de posição pública dos sindicatos. Tanto quanto possível, não irei responder a essas tomadas de posição, nomeadamente à carta que o dr. Mário Jorge publicou no «TM» [edições de 1 e 8/9] e em que faz um conjunto de afirmações que nem quero classificar, porque senão entrávamos numa situação de conflitualidade. Escreva o que escrever o dr. Mário Jorge, há um número suficiente de pessoas que estiveram três ou quatro vezes reunidas e que sabem o que os sindicatos achavam que a Ordem devia fazer e o que acordaram connosco. Não tenho qualquer interesse em debater publicamente quem está a mentir e quem está a dizer a verdade. Além disso, fui fundador de um sindicato. A Ordem tem pessoas com tradição sindical suficiente para saber exactamente onde se situar. Há matérias que são da estrita competência sindical, com as quais a Ordem não irá interferir, por exemplo, nunca irá discutir com o Governo salários ou progressão na carreira. Mas também sei que há matérias que competem à Ordem, como a formação, progressão ao longo da vida e diferenciação profissional. Nestas matérias, a Ordem tem o dever de discutir com o Governo. Considero lamentável que, durante o tempo do dr. Correia de Campos, os sindicatos tenham estado absolutamente ausentes. Nessa época, foi impossível reunir na mesma mesa o SIM e a Fnam, porque havia uma guerra entre os dois sindicatos. Subitamente, unem-se e resolvem atacar a OM sem que esta tenha feito a mais pequena inflexão no discurso.

«TM» — Disse que estava a contar que um documento sobre os patamares de carreira estivesse pronto no fim do ano. Mantém o prazo?

PN — Há um documento elaborado internamente na Ordem, mas que ainda não é público. Foi feito pelos drs. João de Deus e Paulo Fidalgo, duas pessoas com grande tradição sindical, a quem a Ordem pediu para reflectirem sobre carreiras e fazerem um documento-base sobre o qual pudéssemos discutir.

«TM» — Quando é que esse documento estará concluído?

PN — Estará pronto na altura adequada. É a única coisa que posso dizer porque quando começam a entrar negociações com o Governo não me posso comprometer com uma data. O que posso dizer é que a Ordem tem ideias claríssimas sobre como deve ser feita a evolução ao longo da vida, quais os condicionantes que devem existir no sucessivo assumir de responsabilidades por parte dos médicos. Isto nada tem a ver com questões salariais, progressão na carreira ou conteúdos funcionais, que são matérias que os sindicatos vão discutir.

«TM» — O parecer que a Ordem vai agora dar ao Governo para a redefinição de carreias inclui a evolução por patamares?

PN — Os pareceres que a OM irá dar ao Governo são para ser ouvidos em primeira instância pelo Governo.

«TM» — Não considera que seja necessário existir um documento já consolidado na Ordem para, com base nisso, falar com o Governo?

PN — Não. Tem de haver um consenso permanente dentro da Ordem. O CNE está perfeitamente consciente do que quer, do que foi pedido e do que está feito. Iremos entrar numa fase de contactos permanentes com o Governo. Da mesma forma que eu nunca irei tratar com o Governo de matérias de âmbito sindical — e conheço essas matérias tão bem como os actuais dirigentes dos sindicatos —, também posso garantir que a Ordem não hesitará em tomar as decisões e dar os pareceres que entender, qualquer que seja o incómodo que os sindicatos tenham por causa disso. Tenho pena de que os sindicatos gastem as suas energias a atacar a Ordem, quando tinham muito mais que fazer, que era defender os interesses dos médicos junto do Governo.


Ana Jorge vs Correia de Campos


«TM» — O nosso Jornal pediu aos deputados para avaliarem o desempenho da ministra e a Oposição foi unânime em afirmar que as políticas não se alteraram com a mudança de governante. Concorda?

PN — A OM não está do lado da Oposição nem do lado do partido do Governo. É uma estrutura que só aprecia as coisas do ponto de vista técnico e material. Acho óbvio que o mesmo Governo com o mesmo primeiro-ministro tenha de ter um fio condutor, na medida em que foi eleito com determinado programa. Mas são muito diferentes os resultados de uma governação e de outra. Foi evidente, da parte da Dr.ª Ana Jorge, uma preocupação com o SNS que não perpassava nos discursos do Dr. Correia de Campos, que se preocupava muito mais com a privatização. Há maior preocupação da Dr.ª Ana Jorge com o Interior do País e com o funcionamento global e articulado do SNS, do que do Dr. Correia de Campos, que privilegiava a competição e o pragmatismo económico. A Dr.ª Ana Jorge preocupa-se mais com a Saúde, como é normal, até porque pela sua formação médica sabe o que são doentes. E havia maior preocupação com a economia por parte do Dr. Correia de Campos, porque como homem da área económica que não é médico, não sabe o que são doentes. Estas diferenças são notórias. Por parte da OM, a disponibilidade para analisar sem estados de alma as políticas da Dr.ª Ana Jorge é a mesma que em relação ao Dr. Correia de Campos. E não é pelo facto de a Ddr.ª Ana Jorge ser médica que seremos mais tolerantes ou que deixaremos de ser críticos.

«TM» — Mas a ministra não recuou em nenhum ponto das reformas, algumas das quais têm sido criticadas pela Ordem...

PN — E a Ordem continua a criticar quando tem de criticar. Sem qualquer problema. A senhora ministra sabe perfeitamente aquilo com que discordamos. Por exemplo, ainda não acabou com aquele disparate da Entidade Reguladora da Saúde (ERS). É uma borbulha, uma excrescência no País. Não serve para nada, perturba o funcionamento e anda a tirar dinheiro aos médicos através de um imposto absolutamente inútil. Enquanto o senhor primeiro-ministro não acabar com a ERS, a Ordem continuará a criticar. Mas se fizer um centro de Oncologia mais perto das pessoas, em Vila Real de Trás-os-Montes, nós temos a obrigação de o apoiar.

«TM» — Não apoia a ideia de impor a exclusividade aos médicos no SNS, nem mesmo com o argumento de atenuar a falta de profissionais?

PN — A exclusividade começa no dia em que os médicos tiverem uma remuneração condigna. Por outro lado, também há aqui uma falsa premissa. Faço sempre questão de dizer que ninguém tem nada a ver com o que eu faço quando acabo o serviço.


«Falha» da reforma dos CSP


«TM» — Também discorda da medida que a ministra chegou a avançar de obrigar os jovens médicos a permanecer um período de tempo no SNS?

PN — Essa é uma conversa totalmente diferente. Quando um médico faz internato, é um facto que está a usufruir da formação que o Estado lhe dá. Mas está a trabalhar, não é um aluno do liceu. Então, nesse caso, também deveriam dizer que todos os que acabam o 12.º ano estão impedidos de sair do País durante cinco anos! Mas o País não diz nada. Nem diz nada ao engenheiro, nem ao arquitecto, nem ao jurista.

«TM» — A verdade é que o País não tem carência de arquitectos nem de engenheiros...

PN — Isso é um problema que se resolve abrindo vagas nas faculdades de Medicina e pagando mais aos médicos para eles não saírem. Era isso que os sindicatos deviam estar a dizer! Porque é que tem de ser a Ordem a dizer isto? A Ordem não devia falar de dinheiro. No mundo em que vivemos, não são as proibições que resolvem as coisas. É procurar perceber quais são os interesses das pessoas e criar um ambiente em que elas tenham interesse em trabalhar. Nós temos falta de médicos de família porque estes estão assoberbados com trabalho burocrático. A Ordem já propôs ao Governo que acabasse com uma série de atestados médicos. Todos os dias inventam mais papéis! Qualquer “idiota” em qualquer repartição inventa um papel que termina em cima da secretária de um médico de família. E este tem de levar aquilo a sério, caso contrário, a responsabilidade é sua. Isso é como a história da semana passada [a entrevista realizou-se no dia 2/9] que também me perturbou... que os médicos, quando os doentes reclamam, os tiram da lista. É normal! Se um indivíduo não gosta de mim, se me chama nomes, se acha que eu sou mau médico, que não o tratei bem e que até vai fazer um queixa contra mim, então, eu vou obrigá-lo a ser tratado por mim?

«TM» — Essa sua postura é vista como paternalismo pelo dr. Luís Pisco...

PN — Não, não! É exactamente o contrário! Paternalismo é obrigar um doente a ficar numa lista de um médico que não quer. A grande falha da reforma, de que o dr. Luís Pisco é responsável, é não permitir aos doentes mudarem de médico quando querem. Não há Medicina Geral e Familiar bem organizada enquanto os doentes não tiverem a liberdade de mudar de médico sempre que queiram.

«TM» — Acha que esta teria sido a oportunidade para implementar um sistema deste tipo em Portugal?

PN — Claro. Concordo integralmente com as unidades de saúde familiar, é um bom modelo. Só que foi um bom modelo mal implementado e, ainda por cima, criou médicos e doentes de primeira e de segunda. Foram traídas muitas das aspirações dos médicos de família, porque não se viram vantagens em termos remuneratórios. Também gostava de ver os sindicatos a falar sobre essa matéria. E é óbvio que tem de ser dado ao médico um estímulo para aceitar mais doentes. O que é lamentável não é que o manga-de-alpaca que está na ARS decida assim; o que é lamentável é que um médico, o dr. Luís Pisco, ache bem.


«Acarinhar» é preciso


«TM» — Qual é a solução a aplicar neste período imediato para tentar evitar a falta de médicos de que tanto se fala?

PN — Acarinhar os médicos que estão no SNS, para que não fujam. Pedir — e não obrigar — aos médicos que estão, e que têm o mesmo direito à reforma que os outros portugueses, para não irem embora. Qualquer que seja a penalidade pela reforma antes dos 36 anos de serviço, e antes dos 62 anos de idade, compensa. Neste momento, na base da estrita lei económica, nenhum médico da minha geração devia estar a trabalhar no SNS, e isto é dramático.

«TM» — Acarinhar passará apenas por contrapartidas monetárias?

PN — As pessoas não são tratadas só com contrapartidas económicas. Passa por não serem insultadas, não lhes imporem relógios para meter o dedo. Não é porque elas trabalhem mais ou menos... é pelo insulto. Se o SNS quer atrair os médicos que não têm razão económica nenhuma para continuarem no Estado, tem de os acarinhar. Se não tem dinheiro, tem de os atrair de outras formas, tem de os tratar bem. Esta é que é a chave do problema dos próximos 10 anos....


CAIXA...

«Na “paz dos anjos”»


«Tempo Medicina» — Depois de umas eleições tão conturbadas, como têm sido estes meses à frente da OM?

Pedro Nunes — Na “paz dos anjos”. As eleições só existem até ao momento em que se acaba de contar os votos. Nessa altura há um que ganha e outro que perde, nem que seja só por um voto. O que não pode acontecer é uma situação de conflito permanente a pensar nas eleições seguintes. Penso que esse assunto também ficou claro e que os médicos, através dos seus votos, demonstraram que não queriam uma Ordem permanentemente em conflito.

«TM» — O que mudou para que se conseguisse apaziguar as relações?

PN — Creio que houve uma compreensão por parte dos colegas do Norte de que estas eleições demostraram a legitimidade democrática de todos. Isto cria uma situação em que as pessoas não têm dúvidas. A grande alteração que se tornou evidente é que um conselho regional importante, como o do Norte, se continuasse com a mesma postura tornava-se algo inútil, deixava de ter influência nas decisões. Porque alguém que tem sempre uma postura crítica e negativa, naturalmente que deixa de ser ouvido. Com a legitimidade claramente assumida por todos, o CRN e o dr. José Pedro Moreira da Silva, que tem ideias próprias, ficariam sempre identificados com alguém que estava ao serviço de uma estratégia que não era a sua. Obviamente, há responsabilidades solidárias que, às vezes, justificam por que as pessoas actuam de uma determinada maneira."



No Tempo Medicina Online, encontra-se esta entrevista que aqui postei.


Acho-a de especial importância, por isso lhe dei o título de "Pedro Nunes dá música à Ministra".


1. Quem a ler atentamente, irá verificar as contradições que ela apresenta e que o Bastonário refere.

2. Todos sabemos que o Bastonário tem de falar em nome do CNE, por vezes fala na primeira pessoa, foge-lhe a boca para a verdade ou para a sua vontade?

3. Para quem foi um fundador de um sindicato e agora Bastonário, não devia ser preciso explicar quais as suas funções em relação às carreiras, porque será que os dois Sindicatos foram da mesma opinião?


As outras, que ainda são muitas, deixo ao leitor para as decifrar.


Parece que o Dr. Pedro Nunes perdeu o norte ou anda com os objectivos baralhados!

quinta-feira, setembro 11, 2008

Inspector Geral desmente arremedo de jornalista

Não há margem para dúvidas.

Esta a resposta da IGAS a pedido de esclarecimento de um Sindicato Médico sobre a questão, e que nos foi enviado por um dos seus dirigentes.

Foi o MEMAI informado que o mesmo Sindicato Médico, ainda que fazendo uso de competências que não exclusivamente suas, actuou em conformidade junto das entidades proprias.

Jornalistas da Agência Lusa estão a ouvir mal ?

Alertado que fui por email de um Colega para as incongruências patentes nas declarações do bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, segundo o qual em Portugal só haveria dois tipos de médicos, os não especialistas e os especialistas, como tal sendo necessario criar mais Graus correspondentes a progressão e qualificação tecnica, não quis acreditar....


E não quis acreditar porque via um bastonário ignorar que em qualquer uma das actuais Carreiras Médicas há já dois graus de Especialista, o Generalista e o Consultor. E, mais grave do que isso, parecendo admitir como natural a existência de médicos não Especialistas ( os assalariados ideais para o lucro fácil na prestação de cuidados de saúde)...
Consultei outros orgãos de comunicação social e lá estavam as mesmas declarações e os mesmos termos...
Pudera, era uma notícia da agência Lusa...
Então das duas uma: ou o bastonário é indevidamente citado e os jornalistas misturaram tudo, ou o bastonário disse mesmo o que disse, inebriado que está com o desejo de protagonismo e a ânsia de reconquista dos poderes feudais da entidade que lidera....
Já agora: será que das largas dezenas de milhares de euros que a OM recebe das quotas obrigatórias dos médicos portugueses não sobrará nada para pôr uma acção por difamação ao nojo da Revista Sábado e ao seu escrevinhador anti-médico? Ou o bastonário anda distraído?

MAIS NOJEIRA DO MESMO NOJO NO ESGOTO COSTUMEIRO

Asco e incredulidade é o que se sente ao ler as parangonas da revista Sábado do passado dia 11 : Há médicos que agridem doentes nos hospitais

Invocando o Relatório de Actividades de 2007 da Inspecção Geral Actividades Saúde e as penas disciplinares aplicadas, o já conhecido nojo que é um tal Fernando Esteves dá corpo na notícia ao título referindo de ilicitos gravíssimos dos quais 3% dizem respeito a agressões a doentes (mas não se atrevendo já a dizer que esses 3% são praticadas por médicos como o título faz pensar)

Uma consulta ao Relatório do IGAS ( publicado como Instrumento de Gestão ) diz-nos que foram aplicadas 62 penas disciplinares a todos os grupos profissionais, das quais apenas 3 ( 4,84%) por algo classificado quanto ao tipo de ilicito como agressão/incorrecção

Será que o nojo em figura de gente, a que Lutero chamaria por certo burro-papa, teve acesso privilegiado aos processos da IGAS e assim soube que desses tais 3 ilícitos todos foram praticados por médicos e todos foram considerados agressões? (Já nada espanta num país em que um agressor a tiro dentro de uma esquadra da PSP é mandado em liberdade por um juiz...)

Recorde-se ainda que notícias veiculadas pela comunicação social aquando da publicitação do referido Relatório do IGAS, inclusive por jornais de tendencia sensacionalista e sede de mau jornalismo já aqui referido como é o caso do Correio da Manhã, dizia que "Mil processos dão 37 médicos punidos" ( e acrescente-se que os médicos em actividade andarão pelos 33.000, ou seja a enormidade de 0,1% !!!!!!!!)

quarta-feira, setembro 10, 2008

(O jornalista viajou a convite da Apple), Mas Se Fosse Um Médico Era...

Do jornal Público on-line:

" ... Num evento que não entusiasmou, a Apple mostrou ainda ligeiras alterações nos restantes modelos de iPod, correcções no software do iPhone e anunciou que passaria a vender conteúdos de vídeo em alta-definição no iTunes.

Foi um Jobs magro e cuja saúde tem sido nos últimos meses alvo de muita especulação que abriu a conferência - e precisamente com uma citação de Mark Twain escrita no painel preto atrás do palco: “As notícias sobre a minha morte têm sido um grande exagero”.

O presidente da Apple respondia assim ao facto de a agência Bloomberg ter, por engano, publicado um obituário de Steve Jobs incompleto, onde os pormenores da morte estavam ainda por preencher (é frequente os órgãos de comunicação terem prontos obituários de figuras públicas)

Desde que Steve Jobs regressou na década de 90 à empresa que fundou, resgatando-a de uma situação de quase falência, que é visto como um importante ícone da indústria: quando há rumores negativos sobre a saúde de Jobs (sobretudo desde que em 2003 lhe foi diagnosticado um cancro, do qual está curado), as acções da empresa costumam descer em consequência.

(O jornalista viajou a convite da Apple)"

segunda-feira, setembro 08, 2008

Médicos de empresas cobram cem euros por hora

Segundo reza o Diário de Notícias, "a carência de médicos obriga muitos hospitais a contratarem tarefeiros a empresas de prestação de serviços para manter as urgências a funcionar. A medida tem um preço elevado: há médicos que cobram 2500 euros por banco de 24 horas. Mas os custos não são apenas financeiros"


Mas nestas questões laborais e de cariz remuneratorio, qual a explicação dada pelos sindicatos médicos?


Eis a que foi tornada pública pelo Sindicato Independente dos Médicos no seu site na internet, e que é curiosa e faz (ou deveria fazer) pensar quem de direito:


É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!


Era uma vez um Ministro da Saúde, social-democrata, que, preocupado com as canetas dos doutores, principalmente dos Médicos de Família, trancou o acesso às Faculdades de Medicina. "Não é o que eles ganham, é o que eles gastam!", exprimia, ufano, no início da década de 90.

Com esta inteligente medida, só parcialmente corrigida no início deste século, passámos a exportar estudantes de Medicina e a importar mão-de-obra médica, temporária e, por vezes, impreparada. Depois o centrão, primeiro social-democrata, depois com confirmação socialista, ambos bem acolitados pelo influente lobby dos administradores hospitalares, achou que empresarializar hospitais e serviços de saúde era a suprema nota de modernidade.

Com a água do banho da mudança e com a chegada oportunista dos privados foram-se as carreiras médicas, a estrutura hierárquica, o amor à camisola, a qualidade da prestação de cuidados e o serviço público. Agora todos choram lágrimas de crocodilo sobre a trampa que fizeram.

Mexeram num sector altamente regulado e estável, o trabalho médico e a sua evolução sócio-profissional, e introduziram as regras de mercado sem terem assegurado se tinham meios humanos para tal. Não tinham.

Agora todos se escandalizam com os inflacionados e descontrolados preços da oferta e procura, propondo ou anunciando medidas de correcção.Apetece gritar bem alto, principalmente aos ouvidos do lobby dos administradores hospitalares, co-responsáveis pela tormenta: é a economia, estúpidos!


Palavras para quê?


segunda-feira, setembro 01, 2008

Já dizia Lutero...

Burro-Papa, encontrado nas águas do Tibre no ano de 1496, deu origem a uma série de gravuras que passaram a circular acompanhadas de uma legenda atribuída ao próprio Lutero:


"Corpo de mulher, de seios bem evidentes como símbolo de toda a raça de porcos epicuristas que só pensam em beber e comer e venderem-se a todo o tipo de lubricidades; cabeça de burro cheia de dogmas; mão direita semelhante a uma tromba de elefante, significando o poder espiritual do Papa com o qual atemoriza e exorciza as consciências por meio de falsas penitência; mão esquerda de homem, o seu poder civil que com a ajuda do diabo lhe confere o governo dos príncipes; pé direito de boi, significando a bajulação dos seus ministros; o esquerdo de grifo, os ministros do poder temporal e seus satélites; escamas de peixe nos braços e pernas e ventre e traseiro nu simbolizando a união dos poderosos que se unem ao papado mas que são desmascarados pela libertinagem no ventre nu que os desmascara, faz sair pela cauda o dragão da blasfémia

Há 1 000 Mensagens Que Pretendo Diminuir A Iliteracia Científica Dos Nossos Queridos Intelectuais!

A mensagem 1 000, como mandam as regras protocolares deveria ser especial.

1000 posts desde 19 de Julho de 2003, cinco anos passados, mais de 400 mil page views e 300 mil visitantes, recusando entrevistas, agraciado com algumas distinções, mantendo um saudável anonimato, desde há uns largos meses alargado a mais dois médicos bloguistas, hoje dia da milésima mensagem, eis que chega a notícia do Correio da Manhã que vai direitinha para o post 999 e ensombra o post 1000.

E como é que um chefe de redação permite que uma jornalista invente um facto (soprado ao seu ouvidinho por alguém num qualquer bar da linha, ou talvez após uma agitada noite a dois ou a mais, nunca se sabe, pois "a tradição já não é o que era" e nós sabemos pelas colunas sociais que as jornalistas já namoram hoje e desnamoram amanhã, casam hoje com o chefe de redacção e amanhã com o administrador.).

Aliás todos sabemos quanto difícil é manter a verticalidade e também todos sabemos que nas profissões dos media, a melhor forma de se subir na vida é na horizontal...

Mas o post 1 000 era para saudar o Nelson Évora pelas brilhantes lições que nos tem dado de desportivismo e inteligência, assim como a medalhada de prata e especialmente o António Pereira, da Juventude Operária do Monte Abraão, que cortou a meta num honroso 11.º lugar.

Também o "Augusto Cardoso, o outro português que alinhou na prova dos 50 km marcha, chegou num modesto 40.º lugar entre 47 homens que cumpriram o percurso.

Não se sentindo nas melhores condições físicas, este atleta do FC Porto fez questão de alinhar e completar a prova, até porque o percurso até Pequim não foi fácil.

«Eu trabalho oito horas por dia e depois treino. Pinto gruas e a minha empresa deixou-me treinar para estes jogos. Pagou-me dois meses de ordenado para eu ir fazer estágio e eu queria-lhes agradecer. Se eu estou aqui é graças a eles», afirmou Augusto Cardoso, no final do trajecto que, confessou, «foi muito duro»."


E dou um rabuçado dos Arcos e um caramelo de Badajoz a quem adivinhar qual foi o órgão de informação que nos informou que havia atletas de alta competição que treinavam depois de 8 horas a pintar gruas. E foi a Pequim e terminou a sua prova...

JORNALISTA DO CORREIO DA MANHÃ A PRECISAR URGENTEMENTE DE FORMAÇÃO

A senhora jornalista do Correio da Manhã, Cristina Serra, já é conhecida pelo seu pouco rigor profissional mas há limites para a falta de saber.


E assinar uma notícia em que se afirma em grandes parangonas que "Profissionais sem conhecimentos de suporte básico de vida - Médicos do CODU sem formação de base - Clínicos que respondem às chamadas de emergência não sabem como actuar em situação de paragem respiratória - Se um colega sofrer um colapso, têm de chamar uma VMER ...pois não sabem fazer a compressão cardíaca, não conseguem realizar a respiração boca a boca, diagnosticar a paragem cardíaca... - Médicos dos CODU têm formação só para atender os telefones"

Enfim, um chorrilho de alarvidades! Nem sequer é especulação !

Se o INEM está debaixo de fogo deste orgão de comunicação social, tudo bem.

Mas haja respeito pelas Faculdades de Medicina portuguesas que licenciam doutores em Medicina e pelas instituições hospitalares que ministram as bases de um Internato Médico indispensável para o exercício autónomo da Medicina