terça-feira, dezembro 29, 2009

Correio da Manhã, II: “Médica Tentou Matar Filha e Está ao Serviço”.

Notícia cruel, desumana, insultuosa, que demonstra a crónica falta de sentimentos dos jornalistas do Correio da Manhã.

Devem um pedido de desculpa à doente, com grave depressão psicótica e que, neste caso exerce medicina e é, portanto, médica.

  Mãe e filha correram risco de vida com dose excessiva de comprimidos“Mãe e filha correram risco de vida com dose excessiva de comprimidos (Presume-se que esta foto é para os leitores personalizarem bem a notícia maldosa e da médica assassina”)

28 Dezembro 2009 - 00h30

Lisboa: Investigação decorre mas continua a ter acesso à vítima, de dez anos

A médica que no início deste mês tentou matar a filha de dez anos e suicidar-se em simultâneo, com uma dose excessiva de soporíferos na sua casa de Telheiras, em Lisboa, continua a exercer a profissão no Hospital de Santa Maria.

Assim que teve alta, apurou o CM, a mulher de 49 anos regressou à sua actividade normal no serviço de Patologia Clínica, que tem por objectivo auxiliar médicos das diversas especialidades no diagnóstico de doenças e acompanhamento do estado de saúde dos pacientes através de análises. E continua também a ver a filha, que tem uma deficiência profunda.

A direcção do hospital não optou assim por qualquer medida de afastamento preventivo da médica. Não lhe foi imposta baixa psiquiátrica depois de ter cometido um crime premeditado (ver caixa). Esta não terá sido a primeira vez que tentou o suicídio – e a forte depressão, confirmada por pessoas próximas, deve-se em grande parte ao facto de a filha de dez anos sofrer de uma paralisia cerebral.

Contactado ontem pelo CM, José Pinto da Costa, assessor da administração do Hospital de Santa Maria, diz que esta 'não tem nada a ver com o assunto. São acontecimentos da vida privada, que tiveram lugar fora do hospital. É um caso dos tribunais e da polícia'. A administração, recorde-se, mantém a médica a trabalhar no mesmo serviço – tal como desde o início do Verão manteve a técnica de farmácia e o farmacêutico que, segundo o Ministério Público, são responsáveis, cada um, por seis crimes de ofensa à integridade física grave, correspondentes aos danos causados a seis doentes que cegaram por erro grosseiro daqueles dois funcionários.

Ao que o CM apurou, a criança vive no Alentejo com o pai, também ele médico, e já recebeu visitas da mãe desde que teve alta dos Cuidados Intensivos precisamente do Hospital de Santa Maria, onde lutou pela vida durante alguns dias. A PJ tem um inquérito em curso (ver caixa) mas para já não há uma medida de afastamento da mãe em relação à criança. Esta só pode ser imposta por decisão do Ministério Público.

INTERROGADA PELA JUDICIÁRIA

A médica do serviço de Patologia do Hospital de Santa Maria que tentou suicidar-se com a filha, de apenas dez anos, com uma dose excessiva de comprimidos, já foi ouvida pela secção de Homicídios da Polícia Judiciária de Lisboa, a quem foi distribuído o inquérito, depois de ter tido alta do hospital, apurou o CM. Para já, a mulher de 49 anos continua a trabalhar no e estará a ser assistida por uma equipa de psiquiatras. Enquanto isso, a PJ prossegue a investigação, sendo que o inquérito é dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal. O Código Penal qualifica o acto da médica como um crime de homicídio privilegiado ou qualificado. O primeiro é punido com pena de prisão até cinco anos, enquanto o segundo tem uma moldura penal que varia entre os 12 e os 25 anos.

'NUNCA ACEITOU DOENÇA DA FILHA'

'Ela nunca aceitou o facto de a filha ter uma paralisia cerebral e estar completamente dependente das outras pessoas. Isso provocava-lhe um grande desgosto', recordou na altura ao CM uma amiga da médica. Assim, no dia anterior à tentativa de suicídio, ocorrida na manhã do último dia 1, a profissional de saúde telefonou para o ex-marido a avisar de que iria pôr termo à vida. Já não era a primeira vez que tentava o suicídio. O desejo só não foi cumprido porque aquele, depois de insistentes telefonemas, temeu o pior e avisou as autoridades. Minutos antes de tentar o suicídio, a médica trancou todas as portas de sua casa, em Telheiras. Os Sapadores tiveram de partir uma das janelas para entrar – e encontraram as duas vítimas, mãe e filha, deitadas na cama, e uma folha A4 com um pedido de desculpa pelos erros cometidos.

PORMENORES

COLEGAS PERPLEXOS

O acto da médica apanhou de surpresa todos os colegas e outros funcionários do hospital, uma vez que 'não transparecia sintomas de depressão', disseram na altura ao ‘CM’.

FILHO DE 18 ANOS

Além da filha de dez anos que sofre de paralisia cerebral, a médica tem um filho, de 18 anos, que também vive com o pai.

DESINTOXICAÇÃO

Mãe e filha foram alvo de uma desintoxicação que lhes salvou a vida, depois da ingestão de comprimidos em excesso.

ADORAVA A FILHA

'Não a julgo. Ela adorava a filha e sempre fez muita força para que se tornasse cada vez mais independente', disse na altura ao CM uma amiga da médica.

FILHA SOZINHA

'A ideia de que a filha pudesse ficar sozinha no mundo atormentava-a', segundo a amiga.

Henrique Machado com C.S.

Mais uma da escriba do Correio da Manhã...como habitual...


29 Dezembro 2009 - 00h30

Óbito: Morte de doente motiva queixa de negligência médica


Hospital acusado de morte de paciente

A família de Ernesto Russo, de 72 anos, acusa o Hospital Garcia de Orta, em Almada, de negligência médica e assegura que vai avançar com uma queixa-crime e uma acção cível contra a administração hospitalar e os médicos que trataram o doente, que morreu a 24 de Dezembro.


A viúva, Ludovina Russo, e a cunhada, Joana Mira, revelam-se inconformadas com a morte de Ernesto. Ludovina explica que o marido entrou nas Urgências daquele hospital a 21 de Outubro com vómitos constantes. "Vomitava muito. Entrou no hospital pouco depois das 19h00, mas o médico só cuidou dele cinco horas mais tarde, puseram-no a soro e o médico foi dormir e só regressou às 04h00."


A cunhada, Joana Mira, sublinha que durante esse período o cunhado sofreu o rebentamento de uma veia no pescoço, devido à força dos vómitos. "De madrugada viram que ele piorava e fizeram-lhe uma TAC [tomografia axial computorizada]."


O exame revelou a necessidade de uma operação à cabeça. Ludovina Russo, de 71 anos, lembra que operaram o marido pelas 14h00 do dia seguinte. A cirurgia teve sucesso, mas o pior veio depois. "Puseram o meu marido numa cama onde tinha estado uma doente com broncopneumonia e ele apanhou bactérias e infecções hospitalares."


Como o doente respirava com dificuldade, foi entubado para ajudar na respiração. "Entubaram-no mal ou deram-lhe dose errada de oxigénio. Destruíram-lhe os alvéolos pulmonares e causaram-lhe um enfisema pulmonar. Disseram que os pulmões dele pareciam de cortiça", recorda a viúva.


A cunhada lembra que Ernesto Russo inchou tanto que não foi reconhecido por alguns familiares.


"Foi um mártir nas mãos deles. Mataram-no", acusa.


O Correio da Manhã procurou obter um esclarecimento por parte do hospital, mas tal não foi possível até à hora do fecho desta edição.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

É Sempre Bom Esclarecer!

E este blog sabe que tem leitores que lhe merecem a maior consideração, por isso, este esclarecimento do Dr Rosalvo merece o maior destaque.

Aqui está, transferido dos comentários do post anterior:

“Rosalvo disse...

A conclusão do artigo é algo diferente da conclusão do resumo. Transcrevo e peço que vejam o realçado:
«Conclusion. Because of the moderate effectiveness of neuraminidase inhibitors, we believe they should not be used in routine control of seasonal influenza. We are unsure of the generalisability of our conclusions from seasonal to pandemic influenza. Evidence on the effects of oseltamivir in complications from lower respiratory tract infections, reported in our 2006 Cochrane review, may be unreliable. Evidence on serious harms of neuraminidase inhibitors is limited. Independent randomised trials to resolve the uncertainties surrounding effectiveness are needed.»”

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Notícias Fresquinhas Sobre o Tamiflu.

Research

Neuraminidase inhibitors for preventing and treating influenza in healthy adults: systematic review and meta-analysis

Tom Jefferson, researcher1, Mark Jones, statistician2, Peter Doshi, doctoral student3, Chris Del Mar, dean; coordinating editor of Cochrane Acute Respiratory Infections Group4

1 Acute Respiratory Infections Group, Cochrane Collaboration, Rome, Italy, 2 University of Queensland, School of Population Health, Brisbane, Australia, 3 Program in History, Anthropology, Science, Technology and Society, Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, MA, USA, 4 Faculty of Health Sciences and Medicine, Bond University, Gold Coast, Australia

Correspondence to: C Del Mar cdelmar@bond.edu.au

Objectives To update a 2005 Cochrane review that assessed the effects of neuraminidase inhibitors in preventing or ameliorating the symptoms of influenza, the transmission of influenza, and complications from influenza in healthy adults, and to estimate the frequency of adverse effects.

Search strategy An updated search of the Cochrane central register of controlled trials (Cochrane Library 2009, issue 2), which contains the Acute Respiratory Infections Group’s specialised register, Medline (1950-Aug 2009), Embase (1980-Aug 2009), and post-marketing pharmacovigilance data and comparative safety cohorts.

Selection criteria Randomised placebo controlled studies of neuraminidase inhibitors in otherwise healthy adults exposed to naturally occurring influenza.

Main outcome measures Duration and incidence of symptoms; incidence of lower respiratory tract infections, or their proxies; and adverse events.

Data extraction Two reviewers applied inclusion criteria, assessed trial quality, and extracted data.

Data analysis Comparisons were structured into prophylaxis, treatment, and adverse events, with further subdivision by outcome and dose.

Results 20 trials were included: four on prophylaxis, 12 on treatment, and four on postexposure prophylaxis. For prophylaxis, neuraminidase inhibitors had no effect against influenza-like illness or asymptomatic influenza. The efficacy of oral oseltamivir against symptomatic laboratory confirmed influenza was 61% (risk ratio 0.39, 95% confidence interval 0.18 to 0.85) at 75 mg daily and 73% (0.27, 0.11 to 0.67) at 150 mg daily. Inhaled zanamivir 10 mg daily was 62% efficacious (0.38, 0.17 to 0.85). Oseltamivir for postexposure prophylaxis had an efficacy of 58% (95% confidence interval 15% to 79%) and 84% (49% to 95%) in two trials of households. Zanamivir performed similarly. The hazard ratios for time to alleviation of influenza-like illness symptoms were in favour of treatment: 1.20 (95% confidence interval 1.06 to 1.35) for oseltamivir and 1.24 (1.13 to 1.36) for zanamivir. Eight unpublished studies on complications were ineligible and therefore excluded. The remaining evidence suggests oseltamivir did not reduce influenza related lower respiratory tract complications (risk ratio 0.55, 95% confidence interval 0.22 to 1.35). From trial evidence, oseltamivir induced nausea (odds ratio 1.79, 95% confidence interval 1.10 to 2.93). Evidence of rarer adverse events from pharmacovigilance was of poor quality or possibly under-reported.

Conclusion Neuraminidase inhibitors have modest effectiveness against the symptoms of influenza in otherwise healthy adults. The drugs are effective postexposure against laboratory confirmed influenza, but this is a small component of influenza-like illness, so for this outcome neuraminidase inhibitors are not effective. Neuraminidase inhibitors might be regarded as optional for reducing the symptoms of seasonal influenza. Paucity of good data has undermined previous findings for oseltamivir’s prevention of complications from influenza. Independent randomised trials to resolve these uncertainties are needed.

Published 8 December 2009, doi:10.1136/bmj.b5106
Cite this as: BMJ 2009;339:b5106

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Porque é que alguns senhores jornalistas não se informam ?


Contradições
Situação de Manuel Machado assusta doentes com hérnia
por LÍLIA BERNARDES,Hoje


Técnico do Nacional contraiu infecção após lipoaspiração, mas notícia de que o seu estado é devido a outra cirurgia está a causar apreensão


Não há evolução no estado clínico de Manuel Machado, internado desde o dia 27 no Hospital dr. Nélio Mendonça, no Funchal, após uma lipoaspiração abdominal, realizada, três dias antes, numa clínica do Porto. Sabe-se que continua em coma induzido nos Cuidados Intensivos. O estado é grave e mantém o mesmo tipo de tratamento: ventilação, drenagem na zona infectada e câmara hiperbárica.


O DN apurou que as verdadeiras razões que levaram o técnico à urgência seriam para ficar no silêncio dos deuses. Só que a sépsis contraída - uma infecção generalizada do organismo com graves complicações - saltou para a praça pública. Nesse momento, surgiu a versão da hérnia abdominal quando, na realidade, Machado foi sujeito a outro tipo de cirurgia. O silêncio parece, agora, querer tomar conta do acontecimento.


A direcção clínica do hospital decidiu fechar as portas aos jornalistas, recusando falar mais no assunto, até que tal se justifique. Entretanto, as notícias vindas a público em alguns órgãos de comu nicação social, que mantêm a versão da hérnia, têm causado alguma apreensão a doentes que na realidade as possuem e que se encontram em vias de serem submetidos a uma intervenção.


O cirurgião Paulo Gouveia, contactado pelo DN, concordou que a confusão instalada pode causar temores despropositados. "As pessoas não devem ficar alarmadas. Todo o acto cirúrgico é passível de risco. Agora que se possa pensar num quadro de gravidade extrema quando se opera uma hérnia é querer endeusar uma hérnia, uma cirurgia simples e normalmente sem complicações. O doente ao fim de um dia tem alta, com restabelecimento total em 15 dias."
Para o clínico, "e de acordo com as notícias da imprensa", sobre o caso de Machado, terá havido "perfuração do lanço intestinal. O tratamento cirúrgico de uma hérnia não dá morbilidade nenhuma. Pode dar uma infecção, mas nunca um quadro com a gravidade deste. Muito menos a perfuração do intestino. Até porque estamos a ver o que estamos a fazer. Isso acontecer com uma hérnia tem tanta probabilidade como ser o único totalista do Euromilhões", reiterou.
Tags: Desporto, Futebol Nacional