sábado, novembro 29, 2003

O que faz falta à blogosfera”? Coragem.

Coragem para se assumir apenas no que realmente é.

O meu colega do bisturi intitula uma mensagem que me dirigiu com “obrigado pela coragem”. Mas coragem porquê? Por dizer aquilo que quero, sem me preocupar com o que os outros possam pensar?

À blogosfera falta coragem para se assumir como é. E o que é a blogosfera? Nada e tudo ao mesmo tempo.

É uma anarquia organizada.

Identifico-me a 99% com o texto do FJV do Avis (1% para: "não concordo com dos outros [dos anónimos], só conhecemos os textos e o mau carácter (que transparece sempre), o que é bastante") sobre um outro texto do Paulo Querido com o qual não concordo, quando refere o hipotético efeito nefasto dos blogs de referência. Não consigo alcançar como a qualidade de uns quantos blogs pode ser nefasta à blogosfera. Mas já concordo em que a anarquia do espaço onde “Existem apenas pontos suspensos no espaço digital” (Paulo Querido), os blogs, seja organizada por alguém que se dê a esse trabalho, mas no sentido de uma organização técnica e temporal, que não de conteúdos, agendas ou seja lá o que for que nos impeça consciente ou inconscientemente de transcrever o pensamento.

Por isso o bisturi não tem que me agradecer a coragem. Quem tem um blog, não pode ter agenda nem constrangimentos para dizer o que pensa. E o que disse o bisturi?

Isto:

1- O senhor Azevedo deve ser enviado rapidamente para um país do terceiro mundo para poder lá "exercer" o seu "saber". Do que pude apurar, ele é descredibilizado no seio da sua própria classe.

2- O programa de diabetes nas farmácias é um escândalo, uma verdadeira falta de respeito pelo seguimento e tratamento dos diabéticos em Portugal. Poderiamos simplesmente vigiar a sua hemoglobina glicada para apurar a "eficácia" desse método "tão humano" e comprovar a demagogia e os interesses espúrios que se escondem;

3- A criação de mais faculdades de medicina vai ter um efeito rebound, com excesso de médicos num prazo de 20 anos; vários estudos demonstram que basta uma faculdade para cada 2 milhões de habitantes.

sexta-feira, novembro 28, 2003

Denúncias...

E-mail amigo foi enviado para a caixa do correio com uma mensagem de uma lista de discussão de médicos de família.

"Olá colegas
Por aqui em Lisboa tem acontecido algo "interessante".
O empregado da farmácia "faz o teste", "receita " o medicamento "em promoção", por glicémias "em risco de vir a ter diabetes", ou colest. "um pouco alto" (precisava de medicamento urgente...) e manda ir ao médico para passar a receita e receber a participação. E só agora está a começar...
Futuro risonho, a "ética" profissional destes empregados da farmácia, é ditada pelos produtos em promoção, por acaso os mesmo que nos bombardeiam à porta do CS...
Depois o número de medicamentos "esgotados" (outros, não em promoção...) não pára de crescer, será que há medicamentos sem interesse e ficam esgotados logo na sua requisição? De qualquer modo, como não temos terminais ligados às farmácias, como saber que alternativas, não estão "esgotadas"?
Enquanto que estamos inibidos de entar no terreno de outros profissionais, na promoção e comercialização; publicidade, farmácias, EAD; nada impede no entanto, que estes penetrem no nosso terreno. Ainda há pouco vi um "stand" de livros para enfermeiros e entre outros, lá estavam volumosos livros sobre farmacologia e terapêutica, mais um sinal dos tempos?
Outro caso, um doente que tem feito o acompanhamento por HBP sem queixas, e tinha feito há meses PSA que até estava baixa (1), viu uma campanha na TV e insiste que quer repetir os exames, pois "eles disseram que era importante fazê-los já"...
Muita publicidade e promoção de produtos, disfarçada de informação e os modos de atacar são crescentemente diversos, até à publicidade furtiva...!!!
Outro motivo de aumento de procura, é que os sub-sistemas estão a fechar as portas e mandam as pessoas inscrever-se e recorrer ao CS, alguns já estavam inscritos, mas só agora passam a fazer as consultas no CS e o resto.
Outra, é de pessoas que têm seguros de empresa, mas preferem recorrer ao CS, para quê pagar ao seguro, se nós é que fazemos o serviço?
Depois um que deu uma queda no serviço, e o respectivo seguro envia-o ao CS para fazer os exames e ter baixa...(relato expontâneo do próprio na altura) que eu pús como acidente profissional e depois vem a mulher ou mãe, dizer que a queda tinha sido em casa, naturalmente..., e que ele se tinha enganado...E as funcionárias a dizer para eu "regularizar" a situação, a contento do pedido do utente, assim reforçado na sua aspiração parasitária!!!
Logo fica uma estranha sensação que o mundo à volta não pára...e não vai para mais transparência e rigôr...Ai governança!!!
E que meios temos de justiça e aplicação das regras declaradas e implicitas!!! ou correcção dos desvios? Ou que incentivos ao procedimento pelas regras? É nossa missão fazer de polícias do sistema, armados em D.Quixote, contra tempestades, moinhos, mellos&cia ??
Continuamos o bombo da festa...???!!! O alvo a abater?? por ser o único com o real poder???!!! Note-se que também com o poder de reforçar a identidade local, de refazer comunidades, logo de se opôr eficazmente à anómica mediatização fragmentatória do eu!!! Sua infantilização consumista!!!
Um abraço, ainda na fase de agitação contra o desânimo, a agressão estrutural e a falta de controlo."

Será Que O Sr. Azevedo ...

não conhece estas taxas de mortalidade materna

Mortalidade materna

ANO----Taxa
1960 115.5
1965 84.6
1970 73.4
1975 42.9
1980 19.0
1985 10.7
1990 10.3
1991 12.0
1992 9.6
1993 6.1
1994 9.1
1995 8.4
1996 5.4
1997 5.3

Fonte: DGS do MS.

"Famílias “despacham” doentes psiquiátricos"

Confirmo esta notícia publicada no Diário de Coimbra em 27 de Novembro 2003.

Poder ser que TVI queira entrevistar uma destas famílias exemplares e muito provavelmente fazendo parte do seu share habitual.

"O psiquiatra Adriano Vaz Serra alertou ontem para a existência de um número cada vez maior de famílias portuguesas a quererem «despachar-se» dos doentes psiquiátricos para os hospitais, chegando a privá-los da medicação em casa.
«Há familiares que chegam ao ponto de retirar a medicação ao doente, para que ele descompense de novo e regresse ao internamento hospitalar, depois de ter sido enviado para casa já recuperado», afirmou o especialista de Coimbra, em declarações à Agência Lusa, à margem do V Congresso Nacional de Psiquiatria, que ontem começou nos Hospitais da Universidade de Coimbra."

Este Francisco Sarsfield Cabral É Hilariante

Publicou FSC no Diário de Notícias de 25/11/03 uma curtíssima crónica sob o título Médicos onde mais uma vez vem tentar dizer (mais uma vez!) que a falta de médicos é culpa dos próprios, batendo na tecla de que a concorrência entre médicos é o factor que impede que haja mais médicos.

Acredito que FSC quando vai ao médico, vá só a médicos privados. Acredito e está no seu pleno direito.
Só que a maioria dos médicos deste país está proletarizada, seja no Estado, seja nas seguradoras, seja em empresas do grande capital.
Medicina liberal, privada, de consultório está em vias de extinção. Sendo assim, onde está a concorrência, se não há médicos para concorrer?

Tudo para justificar as corporações, os lobies, etc.

Pretende concluir em grande, mas a sua frase final, acaba por desmentir o que quer provar (que os médicos estão contra mais vagas para Medicina) ao afirmar que:

"o anúncio da futura entrada de mais médicos no mercado suscitou reparos e resmungos de alguns médicos e alunos".

Então, será que só alguns médicos e alunos, fazem uma classe inteira?

quinta-feira, novembro 27, 2003

Este Spam É Hilariante

Agora é fácil conseguir rapidamente médicos e outros profissionais e será sempre mais barato que pagar propinas no público ou privado.

A prática depois encarregar-se-á do resto.

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Este Azevedo É Hilariante!

No 1º Janeiro de 26/11/03 com o título "Liberalizar a obstetrícia" podem ler-se algumas das frases mais hilariantes que já foram produzidas na comunicação social portuguesa pelo Sr. Azevedo, enfermeiro dono de um sindicato e conhecido por se ter apropriado de um sanatório para sua residência pessoal, através de uma doação ao seu sindicato. Os enfermeiros melhor poderão esclarecer esta situação.

"Ter um filho não é um acto (acto ??? ou situação?) patológico, não depende nem nunca dependeu de médicos, e não deve por isso ser «medicalizado». Os enfermeiros demandam a liberalização da Obstetrícia e o retorno ao parto em casa, garantindo ganhos no orçamento dos hospitais."

Por isso é que há anos as taxas de mortalidade nessa área eram o que eram!

"Já diz o povo que "gravidez não é doença". O Sindicato dos Enfermeiros acrescenta, nessa linha de ideias, que "ter um filho não é um acto patológico, não depende nem nunca dependeu de médicos, e como tal não deve ser «medicalizado», como tem acontecido até aqui em Portugal, com alterações incontornáveis nos ciclos vitais da mulher"."

Esta não percebo.

"já havia partos muitos antes de haver clínicos", .

e enfermeiros, acrescento eu

"os enfermeiros portugueses não estão satisfeitos com a ingerência da Ordem dos Médicos nesta matéria. José Correia de Azevedo aponta o dedo à OM por alegadamente querer "aumentar a «medicalização» dos partos, tirando daí as respectivas contrapartidas",

os enfermeiros fá-los-iam em casa gratuitamente?

"a parteira, que é uma enfermeira especializada em saúde materna e obstétrica, é autónoma e não precisa de ser auxiliada",

por isso muitos dos abortos clandestinos são feitos por parteiras sem auxílio e a mortalidade é o que é....

"Agora que a Ordem dos Médicos alarma a população relativamente aos riscos de ter filhos nas maternidades, estão reunidas as condições para o retorno ao modelo holandês dos partos ao domicílio".

Informo que as taxas de mortalidade materno-infantil na Holanda são superiores às nossas em Portugal...

quarta-feira, novembro 26, 2003

Outros Explicadores Para Intelectuais

Renato Pousada:

"De facto não sei qual a real situação dos médicos (e enfermeiros ) e o Racio médico(enfermeiro )/ utentes e o desejável, porque ninguem o diz abertamente e menos ainda como tudo vai evoluir face ao envelhecimento e saidas de formandos. Só sei que há meia duzia de anos um ilustre médico americano que aqui esteve, qdo lhe falaram em carencias de hospitais sorriu e disse : Portugal não tem falta de hospitais, tem isso sim falta de boas estradas e meios de transporte. Bem e se calhar de modernização de instalações, digo eu."

João Carlos:

"Achei muito curioso este artigo ...".

Your Doctor’s Drug Problem

November 18, 2003
By ARNOLD S. RELMAN

The reason drug costs are skyrocketing is that the
pharmaceutical companies subsidize your doctor’s
continuing education.


José Adriano Nogueira Santos:

Epilepsia vs Estigma

Reflexão no tempo, na doença, na vida

No tempo, porque longe vai o tempo em que eramos considerados endemoniados e votados a um ostracismo natural e evidente, pois ninguem conseguia explicar bem o quê, e era mais fácil rotularem as pessoas desta forma e esconde-las da sociedade !!!!!!! ..... Crueldade pura e simples que ainda hoje se vê retratada em muitos noticiários dos canais televisivos (com os locutores a perguntarem a si mesmo porque passam reportagens e notícias sobre este tema !!!!!!)
De certa forma ainda senti e vivi esse tempo em que se era uma cobaia, de forma a ficarmos o melhor possível sem estragar muita coisa

Da doença que mais não é do que um vulgar distúrbio ... a nível das células do cérebro (neurónios). Pasmem-se meus senhores, só é isto.... e quantos distúrbios digestivos não andam por ai a dar conferências de imprensa, a governar, sem se importarem com o cheiro pestilento das suas intervenções.
Só que estes últimos conseguem disfarçar a sua situação e parecerem o que não são, enquanto os Epilépticos não conseguem, pois de repente, sem previsão a máquina deixou de responder ao nosso controle. Será isto a definição de anormalidade??? Entendo que não, .../... Para mim é isso mesmo, que andamos a falar....Uma doença.... mas que tem de ser encarada como tal, quer pela comunidade médica quer pela sociedade, quer principalmente pelo Epiléptico.
Por mim, adaptei-me a esta última situação (da melhor forma), sem vergonha e da forma que me permitiu conviver, ter amigos, praticar muito desporto, namorar, casar ter uma filha.... e continuar neste mundo..... É verdade que esta doença tem uma carga e característica genética , mas de quem é a culpa?????? Voltamos ao ostracismo??? Negam-se as pessoas??? Terminam-se amizades ??? Nunca fiz isto....e não pretendo....

Da vida, pois a vida deve ser encarada como o oposto da morte. Para ser vivida, com as limitações e aptidões que todos nós temos....com as nossas virtudes, com os nossos defeitos, com os nossos umbigos maiores que os os dos outros... enfim, com os problemas e com as alegrias que a vida nos traz e nos dá e também nos tira algumas vezes...Faço isto há 46 anos e não faço mais nem menos do que provavelmente o bébé que acabou de nascer agora, neste momento e nem sonha a tarefa que tem pela frente na sua vida (Hoje, a ciência já se encarregou de evoluir declaradamente neste domínio) .

Não sou médico... Sou um simples cidadão como tantos outros nesta sociedade, que resolveu participar num blog sobre um tema que de certa forma domina (no aspecto mais lato da palavra), já que tendo sido cobaia de muitas alterações medicamentosas, uma das quias me provocou uma hepatite medicamentosa, sente que tem de se acabar definitivamente com este dogma, mas também falar sem rodeios e sem vergonhas do mesmo.

Não é vergonha, não é pecado, nem fizemos nada de mal...... somos pessoas como as outras que muitas vezes nesta vida são pessoas importantes ou pessoas menos importantes.
.../...
"

segunda-feira, novembro 24, 2003

Malícia-de-mulher

O prémio da revelação que o Mata-Mouros atribuiu esta semana, levou-me a cocar e encontrei uma adorável malícia com destinatários:

"DIA MUNDIAL DO NÃO FUMADOR
Deixei de fumar há dois anos e meio.
Antes disso, detestava este dia".

E Não Se Pode Exterminá-lo? Ao Dr D. Grande Amigo do Jaquinzinhos.

O Dr D. grande amigo do Jaquinzinhos é um carapau de corrida. Será por isso que é um grande amigo do Jaquinzinhos?

Mas acreditando que tudo aquilo que é descrito no bilhete do Jaquinzinhos em 20 de Novembro "Faltam Médicos? O Papá Estado Vai Resolver..." é verdade, um bom serviço público que o Jaquinzinhos poderia fazer, era denunciar o Dr D. à Inspecção-Geral de Saúde.

Não é a questão dos exames complementares de diagnóstico que me preocupa, pois seria sempre o Estado a pagar. Por via dos hospitais, por via das transcrições nos centros de saude (e estes médicos também se queixam das transcrições que fazem dos hospitais para o orçamento dos centros de saúde) ou outra qualquer via, com excepção dos seguros de saúde.

O que me enoja, repito enoja, é a falta de produtividade desse importante Dr D., é a ultrapassagem dos doentes marcados para introduzir os doentes do seu consultório. Aceitaria, se a introdução fosse por doença grave já diagnosticada e que necessitaria de uma intervenção terapêutica urgente e hospitalar. Acontece muitas vezes que o recurso aos consultórios privados serve apenas para antecipar um diagnóstico que se prevê grave.

São estes doutores dês que maculam a minha classe. São estes doutores dês que os media chamam às televisões e assim os ajudam a encher os seus consultórios privados.

Como o Jaquinzinhos refere que a conversa foi durante um jantar comemorativo, presumo que já haveria um grau de alcoolémia elevado nesse dr D., pois as facilidades também não são tão simples como transparece na conversa.

domingo, novembro 23, 2003

Quero Uma Maternidade No Meu Concelho, Já!

Quero que os meus netos e bisnetos, assim como os filhos iliegítimos nasçam todos no concelho de onde parti e que presentemente, por não ter uma maternidade por causa do presidente da câmara e da junta, só tem 3500 hab.!

Quero um obstetra de imediato no Centro de Saúde do meu concelho, já!

As Outras Explicações para Intelectutais dos Leitores do Médico Explica Medicina

Gasel do Dias que voam
Data: Sabado, 22 de Novembro de 2003, 18:07
Para medicoexplicamedicina@iol.pt
Assunto: Vagas; hospitais e outras coisas

"Boa tarde
Concordo .../... Sobretudo com uma coisa: não há informação, ninguém conhece verdadeiramente a realidade, quase sempre se decide às escuras.

Em relação à distibuição dos hospitais, trabalho num da região do país mais mal servida nesse aspecto (Algarve 2,6 camas/1.000 hab.). Há zonas de Portugal com rácios superiores à média Europeia (> 8
camas/1000 h)
"
* * * *
Alfredo V
Data: Sabado, 22 de Novembro de 2003, 10:29
Para: medicoexplicamedicina@iol.pt
Assunto: de um colega...

"É com tristeza que constato que, vítimas que somos de mais ou menos constantes e graves acusações mais ou menos diárias através dos meios de comunicação social, continuemos a manifestar uma constrangedora incapacidade de resposta, de defesa da dignidade do exercício da nossa profissão, e da nossa dignidade pessoal.
Estou de acordo que a classe jornalística em geral, que debita opiniões sobre "nós", é mal formada, mal intencionada, e tem por interesse, se não único, pelo menos primordial, o de vender o tempo de antena ou o pasquim que lhes paga o salário, e que a "ética jornalística" não passa hoje de um hilariante non-sense, que obviamente ninguém consegue levar a sério. .../...

Há um ataque cerrado, pois, ao numerus clausus, e .../... Essa vergonha nacional, que tantos assim apelidam, leva a que só os mentecaptos cujas notas são "brilhantes" acedam ao curso de Medicina, e façam o trabalho lastimoso, vergonhoso e indolente que todos temos oportunidade de ver todos os serões nos telejornais. Isso enquanto os "bons" alunos, só porque ficam uma centésima abaixo dos "brilhantes", e que dariam médicos sensatos, inteligentíssimos, dedicados e virtuosos, são deixados nas ruas da amargura, coitadinhos. .../...

Fará também sentido que, há 10 anos, em que essa vergonha não estava patente no prime time, em que o numerus clausus era de 500 vagas, e em que havia 150000 candidatos ao ensino superior, fosse mais justa a situação, relativamente a agora, em que há mais de 1000 vagas e menos de 100000 candidatos? Não se ficava de fora com média de 18,5, é verdade, mas atrevo-me a um exercício básico de matemática, não querendo falar da curva de Gauss num país que demoniza Pitágoras: será que já se considerou a hipótese dos exames serem menos discriminativos, numa sociedade ridiculamente igualitária e que contribui desse modo para a frustração, só porque não se quer chatear os meninos que estudam (pouco e mal)? Não é preciso fazer contas, basta o bom senso. Esses meninos com 18 valores que ficam fora da faculdade de Medicina, não se iludam, noutros tempos, teriam menos de 12 valores; e quem tiver dúvidas que faça os percentis, e verá; ou que pergunte ao seu stôr de matemática.
Há limites para tudo, até para o ridículo...
"
****
João Tilly do Blog do Joao Tilly . . . actualizado n vezes ao dia
Data: Sabado, 22 de Novembro de 2003, 9:28
Para: medicoexplicamedicina@iol.pt
Assunto: João Tilly - textos para idiotas

"Se acha que há médicos e hospitais a mais, dê um saltinho à nossa terra - Seia - onde o Presidente da Câmara e os vereadores da oposição se querem demitir para reivindicar um novo Hospital e médicos ... portugueses!!!"
****
mardevigo
Data: Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2003, 18:10
Para: medicoexplicamedicina@iol.pt
Assunto: razoabilidade
"E eu que o tinha por lúcido!

Se está com muito tempo livre, se quiser continuar a escrever - e a ter resposta - deverá usar uma linguagem inteligível. Lembre-se que eu nem sequer entendi o seu oculto raciocínio no post que deu origem a esta troca de mails.

M. - de mulher. Sem qualquer dúvida.
"

sábado, novembro 22, 2003

Contra a Ordem, Diz O Fernando Madrinha. Contra O Fernando Madrinha, Digo Eu! (actualizado)

O jornalista Fernando Madrinha numa crónica publicada no Expresso de hoje, sob o título "Contra a Ordem" omite informações importantes, presumo que deliberadamente, para justificar o conteúdo da sua crónica. ´

O Bastonário da minha Ordem, (e repare-se que cada vez há mais Ordens) fez afirmações graves que não reflectem o pensamento colectivo dos médicos, nem as decisões tomadas pelos órgãos eleitos da Ordem dos Médicos.

Fernando Madrinha, na sua crónica de hoje omitiu as importantes declarações dos presidentes das Secções Regionais do Norte, do Centro e do Sul da Ordem dos Médicos proferidas e publicadas há vários dias.

Fernando Madrinha, com o objectivo de malhar numa classe, no seguimento de campanhas primárias de outros órgãos de informação demonstrou, como a maior parte dos jornalistas, que não entende nada daquilo que julga perceber. A iliteracia dos nossos jornalistas, no que à saúde diz respeito é confrangedora.

No que eles se têm especializado é em expor doentinhos, quanto mais desfigurados, melhor. É em divulgar actividades empíricas ditas médicas. É divulgar feiticeiros e bruxos em horário nobre (como hoje na TVI), com tempo de antena gratuito e credibilizando essas actividades exploradoras dos sentimentos do nosso povo. Acredito que sejam reportagens pagas, ou aos jornalistas ou às televisões.

Sobre a falta de médicos:

1 - Não existe ainda nenhum estudo científico e sério que confirme a alegada falta de médicos.

2 - Há em Portugal um excesso de hospitais, um excesso de serviços de urgência, um excesso de extensões de centros de saúde, um excesso de notícias veiculadas pelos jornalistas sobre a falte de médicos.

3 - Há casos de flagrante negligência planificadora da construção de hospitais separados por poucas dezenas de quilómetros: Torres Novas, Tomar e Abrantes; Portalegre e Elvas; Beja e Serpa; Cascais, S. Francisco Xavier, Santa Maria e S. José; Braga, Guimarães e Barcelos; Vila da Feira e Vale do Sousa. Na periferia do Grande Porto a situação ainda é mais caricata: Porto com dois, Matosinhos, Gaia, Vale do Sousa, Feira, Vila do Conde, Póvoa de Varzim (agora unidos), Famalicão, etc (citando tudo de cor e passível de correcção)

4 - Há extensões de centros de saúde, a construir em freguesias com algumas centenas de habitantes.

5 - Houve numerus clausus sucessivamente impostos por sucessivos governos.

6 - Há carências imacreditáveis ao nível do ensino da Medicina em várias faculdades.

7 - Não há incentivos (ou obrigação) de deslocar médicos para o interior do país.

Em conclusão:

Haverá falta de médicos no futuro se não se abrirem mais vagas nas actuais Faculdades de Medicina, é necessário reformular a carta hospitalar de Portugal, sou a favor do aumento das vagas no ensino superior público e entrada através de um exame de aptidão (como antigamente...) e contra as faculdades privadas de Medicina, apenas porque não são necessárias.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Tou Rico!

Finalmente!
Ao fim de 23 anos de carreira na função pública, auferindo um salário base líquido de 1.412,67 euros (283.214,91 escudos) aos quais retiro mensalmente 170.000 escudos para pagar os estudos de minha filha numa universidade pública (ainda sem aumento das propinas!), mais as prestações do automóvel, da casa (pois claro!) e até do computador portátil (bem haja a Fnac!) recebi um e-mail que me levará directamente para o paraíso dos milionários:

"De Manuel Cruz
Data Sexta-Feira, 21 de Novembro de 2003, 1:31
Para medicoexplicamedicina@iol.pt
Assunto Fw: INFORMAÇÃO

Acabei de saber que o Governo Civil de Lisboa concedeu a autorização necessária para o eventual pagamento de um prémio de 225.000 euros em seu nome. Clique já ou digite www.etapafinal.com.

Uma vez que o seu nome foi seleccionado como finalista deste sorteio, é muito provável que o acesso ao apuramento final de vencedores já esteja garantido. Se for esse o caso, peço-lhe que confirme a sua habilitação, seguindo as instruções dadas em www.etapafinal.com. Só assim poderei ter a certeza de que a entrega dos 225.000 euros será feita de acordo com as suas preferências, se o seu nome for apurado vencedor.

Muito obrigado pela sua colaboração,
Manuel Cruz
Director de Concursos
-----------------------------Forwarded by Manuel Cruz---------------
-------------------
HELENA MARTINS
-------------------

To: Manuel Cruz, Arménio Cardoso
Cc:
Bcc:
Subject: APROVAÇÃO DO GOVERNO CIVIL
From: Helena Martins

Recebi a informação de que o Governo Civil de Lisboa aprovou o regulamento do 51º Grande Concurso das Selecções do Reader's Digest. Isto significa que devemos começar a informar os candidatos a vencedores o mais depressa possível. Além disso, as garantias bancárias para o pagamento dos prémios devem ser imediatamente providenciadas.

Helena Martins
Centro de Distribuição de Prémios
"

Se outros receberam semelhantes e-mails, desenganem-se porque eu já sei que fui o escolhido (até porque já tratei a sogra do amigo que vive no prédio da funcionária que leva as pizas ao Manuel Cruz e que ao que dizem exerce muita influência no departamento de concursos das Selecções. E já a ameacei: se não for eu a ganhar, nunca mais lhe passo receitas no corredor!)
Finalmente poderei encerrar o consultório adaptado na garagem da residência (ainda hoje me acordaram às 4 h por uma crise de pânico), deixar de fazer horas extraordinárias ao fim-de-semana e passar a gozá-los doravante com a familia.

Bem hajam as Selecções do Reader's Digest que têm contribuído desde que sou pequenino para a minha felicidade (com a quantidade de prémios que já me ofereceu) e para a minha cultura geral e do meu país com a sua revista impar no panorama científico, cultural e político, nacional e internacional.

Parabéns Manuel Cruz por se ter lembrado deste anónimo médico que explica medicina aos intelectuais!

Se me quiser entregar o prémio eu comunico-lhe de imediato o número da conta que possuo em Gibraltar.

O vizinho Abrupto tem razão. Cada dia que passa o spam aumenta em progressão geométrica. São necessárias medidas urgentes para parar esta praga.

quarta-feira, novembro 19, 2003

No dia em que

comuniquei a alguém que o seu conjuge de 38 anos era portador de um cancro em estado avançadíssimo, de localização inabitual, mas também dependente de muitos anos de tabaco (e nós médicos não somos insensíveis a estas notícias) peço desculpa, pelo menos à M. de Mardevigo, se interpretou mal as minhas palavras: "Sem agulhas, medicamentos, patetices ou palermices" do bilhete anterior.

Refere M. que está dependente do tabaco, que tem muita dificuldade em se desabituar e que sofre por isso.

Tem toda a razão.

O que caracteriza a dependência, os adictos, é precisamente essa dificuldade. Mas também há muita dependência só psicológica que é entendida pelos fumadores como física e que atrasa a desabituação.

Quem fuma cerca de 20 cigarros por dia, não necessitará de grandes tratamentos (regra geral).

Quando me referi a "patetices ou palermices" referia-me às dezenas de terapêuticas ditas alternativas ou complementares que apenas existem para sugar o orçamento e servem-se de casos em que a mentalização psicológica seria suficiente.

Fico feliz por saber que uma milionésina parte do que paguei pelos sucessivos Windows foi bem empregue!

Malária e Bill Gates


"Ministério da Saúde [de Moçambique]
Despacho.

Revisão da política de terapia antimalárica em Moçambique

Em Moçambique, a malária constitui ainda o mais importante problema de saúde pública, sendo a principal causa de morte em crianças.
Durante a estação chuvosa em 1999-2000, cerca de 48% do total de consultas externas e 63 % de todos os internamentos nas enfermarias de pediatria nos hospitais rurais e gerais foram devido à malária. No mesmo período, cerca de 26,7 % das mortes nos hospitais foi provocada pela malária e a taxa de letalidade variou entre 0,4 a 7,3%.
A transmissão é constante atingindo o seu pico no final da estação das chuvas (Março e Abril), dependendo da pluviosidade e da temperatura.
O plasmodium falciparum é responsável por cerca de 90% de todas as infecções de malária …

Nos últimos anos a resistência do parasita aos anti maláricos tem-se mostrado um problema crescente."


A leitura deste despacho do Dezembro de 2002 lembrou-me uma outra notícia relacionada com a malária:

"Bill Gates lucha contra la malaria

REUTERS

Gates, presidente de Microsoft


El hombre más rico del mundo ha donado 168 millones de dólares para luchar contra la malaria e insta a que se intensifique la batalla contra una enfermedad que mata a más de un millón de personas al año, principalmente en África.

"Es hora de tratar la epidemia de malaria en Africa como la crisis que es", dijo Gates, presidente de Microsoft, en una visita al Pams sudafricano de Mozambique.

"La malaria le esta robando a África su gente y su potencial, y más allá de la extraordinaria perdida de vidas humanas, la malaria es una de las mayores barreras para el crecimiento económico de África, ya que agota los presupuestos nacionales y agrava la pobreza", ha declarado.

La malaria es la mayor asesina de África (junto con el sida), matando a unos 3.000 niños al día e impidiendo que el continenete más pobre del mundo ingrese alrededor de 12.000 millones de dólares al año.

Las donaciones de Gates y su fundación superan los 100 millones de dólares asignados mundialmente para la investigación sobre esta enfermedad. Serán usados para financiar investigaciones en nuevas estrategias preventivas para niños, nuevas vacunas y nuevos medicamentos.

Mozambique, uno de los paises más pobres del mundo, es también una de las naciones más golpeadas por la malaria, una enfermedad parasitaria transmitida por un mosquito. La enfermedad destruye glóbulos rojos y deteriora la circulación de la sangre.

Médicos expertos dicen que la enfermedad, que representa también el 40% del gasto público en salud en África, esta aumentando en el continente por primera vez en 20 años, debido a un incremento en la resistencia a los medicamentos.

Sin embargo, el centro de investigaciones mozambiqueño de Manhica, fundado por Gates, está cerca de encontrar un nuevo método para tratar a los niños conocido como "tratamiento preventivo intermitente".

Esta técnica incluye la administración de un medicamento antimalaria llamado sulfadoxina pirimetanina tres veces durante el primer año de vida. Estudios preliminares mostraron que este tratamiento podría disminuir la malaria entre los niños en cerca de un 60%, y reducir a la mitad la incidencia de anemia severa provocada por la enfermedad."


A malária ainda é o que é, porque só existe em países pobres. As multinacionais do medicamento não se interessam pela investigação direccionada para doenças para as quais não haja depois compradores dos medicamentos.

Fico feliz por saber que uma milionésina parte do que paguei pelos sucessivos Windows foi bem empregue!

terça-feira, novembro 18, 2003

A Notícia Tal e Qual

Público, Segunda-feira, 17 de Novembro de 2003
Por ALEXANDRA CAMPOS


"Consultas nos Hospitais para Parar de Fumar Têm Listas de Espera

A maior parte das consultas de desabituação tabágica a funcionar nos hospitais portugueses tem listas de espera. Há um hospital em Lisboa onde os candidatos a não fumadores têm de aguardar dois anos pela consulta (o Egas Moniz) e quem procura a atendimento no Santa Maria é imediatamente informado de que só há vaga no final de Abril. Para Paulo Vitória, o psicólogo que coordena a "Linha SOS Deixar de Fumar", isto é a prova de que em Portugal "o tabagismo ainda não é entendido como uma dependência".

"Ninguém liga nenhuma. Isto funciona à nossa custa", corrobora João Barreto, o psiquiatra responsável pela consulta de desabituação tabágica do Hospital de S. João, no Porto, onde a lista de espera se fica pelos dois, três meses. Com dois médicos e um psicólogo não é possível dar uma resposta mais rápida, até porque a consulta tabágica é apenas uma das muitas tarefas que preenchem o dia-a-dia destes profissionais.

Bem mais optimista, Pais Clemente, o otorrinolaringologista que preside ao Conselho de Prevenção do Tabagismo, interpreta com bonomia este fenómeno, considerando até que é um bom sinal - o de que há cada vez mais pessoas interessadas em deixar de fumar. "Em 1996, havia apenas seis consultas de desabituação tabágica, hoje são cerca de 90 (entre as que funcionam em instituições públicas e privadas) e a procura é grande."

"Deixar de fumar está na moda", remata, satisfeito com esta tendência, que parece ter-se acelerado com recente chegada dos novos rótulos com mensagens-choque sobre os malefícios do tabaco. (ver texto nestas páginas).

Quanto às respostas disponíveis nos serviços públicos, as lacunas estão bem diagnosticadas no Plano Nacional de Saúde, que admite sem reservas a insuficiência do investimento em consultas de desabituação tabágica. Estes serviços "não têm registado o desenvolvimento necessário" e "os poucos que existem não têm recebido os apoios adequados", refere o documento, realçando a necessidade de se investir na formação dos profissionais de saúde, sobretudo os médicos de família.

A verdade é que os médicos que dedicam algum do seu tempo a este problema fazem-no "numa base de carolice", lamenta Paulo Vitória, e o aparecimento e manutenção das consultas dependem quase sempre do seu empenho nesta causa. Para dar uma ideia das limitações das respostas organizadas em Portugal Ajudar a deixar de fumar começa mesmo a ser visto como um negócio com grandes potencialidades em Portugal, a crer na multiplicidade de métodos e de tratamentos que têm surgido na iniciativa privadapara o combate ao tabagismo, Paulo Vitória faz notar que a "Linha SOS Deixar de Fumar" (808208888, atendimento entre as 13h00 e as 21h00 dos dias úteis), a funcionar desde Abril de 2002, dispõe apenas de dois postos telefónicos, quando em Inglaterra uma linha similar tem um "call center" com 120 postos.

12 mil mortes por ano
Com os melhores índices de prevalência de tabagismo na população com mais de 15 anos dos países da União Europeia, Portugal pode considerar-se numa posição confortável, mas a verdade é que o vício do tabaco está a aumentar gradual e sustentadamente entre as mulheres e os jovens, ao contrário do que acontece com os homens.

E, mesmo que as últimas estimativas apontem para um decréscimo na prevalência tabágica - 16,6 por cento da população com idade igual ou superior a 15 anos, de acordo com um inquérito recentemente concluído pelo serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de S. João -, e apesar de as vendas de cigarros terem invertido a tendência crescente desde 2001 (ano que se venderam menos 0,2 por cento de embalagens), .

Mesmo assim, Pais Clemente defende que a luta contra o tabaco se deve basear numa "cultura de os efeitos do tabaco na saúde dos fumadores continuam a ser devastadores. Basta ver que as doenças associadas ao cigarros provocam cerca de 12 mil mortes por ano em Portugal - oito vezes mais vítimas mortais do que a sinistralidade rodoviáriainformação", mais do que em campanhas "radicais e fundamentalistas" contra os fumadores, que poderiam surtir " um efeito contrário". O otorrrinolaringologista sabe do que fala: está comprovado que as mulheres se assustam mais com a mensagem de que fumar provoca rugas e que os homens só se alarmam a sério com o alerta de que o tabaco causa impotência. "Ninguém está preocupado com o cancro ou com as doenças cardiovasculares", lamenta.
"

Em 10 de Agosto de 1982 deixei de fumar. Decidi. Sem agulhas, medicamentos, patetices ou palermices.

Apenas decisão minha! Por opção.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Na Recordação das Vítimas da Estrada - A Lembrança de Quem as Recebe

Um dia depois, mas é sempre dia para nos lembrarmos desta endemia nacional.
Parabéns ao Paz na Estrada e à homenagem do homenagem.
________________________________________________

Em 20 anos de profissão, já assisti no imediato a muitas vítimas de acidentes mortais mas nossas estradas. Muitas histórias poderia contar.
O mais dificil é dar a notícia, e quando a temos que dar a familiares ou amigos a situação torna-se mais amarga.

Há mais de dez anos, o filho de um conhecido meu teve um acidente rodoviário. Como se tratava de pessoas conhecidas na zona, rapidamente a notícia se espalhou e chegou ao conhecimento dos pais. Ainda antes do transporte do sinistrado, já a mãe se encontrava na sala de espera aguardando ansiosamente a chegada do filho trazido pelo 112 da altura, o 115. Desconhecia eu ainda quem era o sinistrado e como tinha visto a mãe, sempre pensei que lá estaria por outros motivos.

O sinistrado era muito jovem, 17 anos, e logo após a entrada, enquanto executava os primeiros gestos automáticos para me inteirar do seu estado (palpar o pulso, ver se respira, se está inconsciente) um bombeiro aponta-me para a cabeça que se encontrava coberta por várias compressas. Ainda antes de calçar as luvas, levantei algumas compressas e deparei-me com uma ferida craneana contusa, perfurante com saída de massa encefálica para o exterior. Era um milagre estar ainda vivo. Mas estava.

Entretanto, chegado o pai já com a notícia de que o filho tinha tido um acidente e de que teria uma ferida na mão. Mal me viu, chamou-me e a sua primeira pergunta foi: a mão salva-se ou não? Nem compreendi a pergunta e respondi-lhe que estava ocupado e que já voltaria para falar com eles. Voltei de imediato para junto do corpo, onde já se procedia a outros gestos básicos.

Depois de tomar a decisão de o transferir de imediato para um hospital central com neurocirurgia, pedi a um enfermeiro para me chamar os pais do sinistrado e entrei noutro gabinete mais isolado para comunicar a gravidade do seu estado e a transferência. Batem à porta e vejo entrar o casal amigo, levanto-me e explico para aguardarem um pouco no exterior, que já os atenderia. Explico que estou à espera de um casal cujo filho teve um acidente de automóvel. "Mas somos nós!", exclamam eles.

Nesse momento fiquei eu sem fala e deixei-me cair na cadeira. Tinha estado com toda aquela família na véspera a comemorar o aniversário do único filho.
E o pai só me perguntava: mas como está a mão? Salva-se a mão?

Arranjei coragem para ser só médico e dizer: "O vosso filho está muito mal! Vai já ser transferido para outro local mais especializado e temo que qualquer coisa de mal lhe possa acontecer durante a viagem. Tem uma ferida muito grande na cabeça e está em coma. A mão de facto está muito mal, mas nem me preocupei. Não se pode perder tempo."

O pai dá um murro na mesa e desata a correr para o seu veículo para perseguir a ambulância que já se dirigia para o local da evacuação.

Ao quarto dia, foi mais uma vítima mortal da sinistralidade rodoviária, que entrou na estatística apenas como ferido grave ...

O Problema É Que Já Não É A Primeira Vez!

Embora já tivesse sido comunicado de urgência por fax às unidades de saúde, o Jornal de Notícias de 15/11/03 revela publicamente que

"INFARMED manda recolher fármaco da Ratiopharm

O Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED) ordenou a retirada do mercado de várias embalagens de um ácido acetilsalicílico genérico.
A autorização de introdução no mercado do fármaco em causa (uma versão genérica, sem marca, da conhecida aspirina) pertence ao laboratório Ratiopharm – Comércio e Indústria de Produtos Farmacêuticos Lda. A anomalia que levou à retirada do mercado prende-se com a dissolução do medicamento, que, segundo o INFARMED, "não cumpre com a especificação". Um problema que não é novo e já levou a anteriores retiradas do mercado, apesar de não afectar a saúde.
Segundo a informação do INFARMED, datada de 3 de Novembro, "foram mandadas recolher todas as embalagens" de ácido acetilsalicílico 100 mg dos lotes D05423, C08651, C14192, D11756, D15349 e da versão 500 mg do lote D11541.
"

sábado, novembro 15, 2003

A Bayer e os Outros

No Jornal de Notícias de 14/11/03, sobre o assédio aos médicos:

"Duas categorias
O relatório também detectou existir uma relação entre os médicos patrocinados e os níves de prescrição de produtos da Bayer. Os próprios delegados de informação médica recolhiam esses níveis, "nas conversas que travavam com os médicos, na observação que faziam dos seus doentes, no receituário do utente, a que tinham acesso, através de informação informal na farmácia da zona e pela análise estatística fornecida pelas empresas especializadas em vendas de medicamentos".
Os clínicos eram arrumados na categoria A ou B. Os primeiros seriam aqueles que consultavam mais de 15 ou 20 doentes por dia; os segundos ocupavam cargos de chefia. A partir daí, os delegados seleccionavam os médicos-alvo com base em três critérios: prescritores habituais que convém fidelizar; "opinion makers" que, não prescrevendo, têm muita influência junto dos colegas; forte possibilidade de virem a tornar-se prescritores. A IGS constatou que, "salvo raras excepções, só estes tipos de médicos eram patrocinados". Trata-se de médicos que prescreviam em "quantidades comercialmente significativas" e "muitos deles, não receitavam qualquer produto similar" (a investigação constatou que alguns dos medicamentos promovidos desta forma tinham similares no mercado, mais baratos).
As verbas disponibilizadas pela Bayer para essas "acções de promoção" eram "avultadas" (5 a 10% do volume total anual de vendas), mas não elásticas. Por isso, dos cerca de dez mil médicos com ficheiro na Bayer, apenas trezentos ou quatrocentos eram patrocinados anualmente, constatando-se uma grande "selecção"
".

Que pena eu não fazer parte desses trezentos ou quatrocentos!

O negócio do medicamento é um negócio de milhões para todos os intervenentes.
Sejam medicamentos químicos, homeopáticos, ervas, mezinhas, agulhas, benzedouras, etc, desde que se prometa a cura, com a estratégia da tensão (mais uma vez) em que se vive todos nos queremos libertar da doença e do mal.

Desses milhões apenas cabem migalhas aos médicos. E infelizmente há alguns que se deixam vender por essas migalhas.
Qualquer economista sabe que um produto tem um budget para promoção. Nesse budget promocional estão incluídas todas as despesas relacionadas, desde os ordenados dos DIM, as despesas de tipografia, as promoções nas farmácias e os assédios aos médicos.

E como o mercado é de milhões, todos os laboratórios investem, sejam multinacionais, nacionais, de marca ou de genéricos. E a melhor forma de investir é em médicos que prescrevam. Isso é óbvio.

Dentro da legalidade já participei em Congressos subsidiados pela indústria farmacêutica. Mas foram mais os que rejeitei. Viajar, comer, dormir à borla é muito bom. Mas há limites morais a preservar.

P.S.
Num dos últimos programas Prós e Contras, da RTP1, sobre Portugal, foi dito por um dos representantes governamentais que se tinham convidado jornalistas e directores de jornais nacionais e internacionais a passarem uns dias em Portugal para promover o país. O facto de terem aceite tais viagens, torna-os corruptos? Calro que não.

sexta-feira, novembro 14, 2003

Estratégia da Tensão II

Perguntam-me o que é a Estratégia da Tensão, termo que apliquei uns bilhetes atrás.

Fui ao Google e pesquisei Estratégia da Tensão e Tension Strategy.

Esperava não encontrar nada e ter que dissertar aqui sobre o assunto. Mas não. Sendo assim, caso o meu amigo ainda se mostre interessado no conceito, encontrará referências sobre várias estratégias da tensão, aplicadas a vários domínios, desde a política, a guerra, o terrorismo, a física, etc.

Apliquei o termo para justificar a guerrilha que as nossas televisões fazem na exposição da doença, para manterem os seus leitores arredados de outros assuntos bem mais interessantes.

Como exemplo: há dias comemorou-se o Dia da Prevenção do Cancro da Mama. Todas as tvs se interessaram pelo tema e fizeram várias notícias sobre o assunto. Invariavelmente todas foram à procura de mulheres mastectomizadas (a quem se retirou uma mama). A TVI conseguiu encontrar uma doente, com cerca de 30 anos mastectomizada bilateralmente. Caso raro, pela idade e pela situação, embora os médicos saibam que a mama restante está sempre em risco. As perguntas não foram sobre a prevenção, as perguntas foram tétricas, como já estamos habituados a este tipo de jornalismo.
Mas a estratégia de manter as pessoas em tensão permanente, comprovou-se no dia seguinte, pois várias mulheres jovens me solicitaram em vários locais a prescrição de uma mamografia de urgência, pois se aquela jovem ficou sem as duas mamas, também lhes poderia acontecer o mesmo.

Moral da história: a mensagem da prevenção, do rastreio, da auto-palpação, das mamografias periódicas de acordo com as guidelines em todas estas mulheres não passou! Passou foi o medo, a ansiedade, o medo de morrer.
Quando esta ansiedade se diluir, a prevenção volta a ficar esquecida, até nova reportagem.
E se descobrirem uma mulher com mamas supranumerárias (que também as há) e todas com cancro e multi-mastectomizada, as audiências subirão em flecha.

"A pessoa, o todo, é muito mais que a soma das partes".

Frase retirada d' O Bisturi, com a devida vénia.

Se em Portugal tudo funcionasse como funciona em alguns países mais desenvolvidos, nomeadamente em alguns países nórdicos e até em certo ponto nos EUA, onde nasceu o especialista na pessoa, há dezenas de anos,

cada pessoa teria um especilista - o médico de família e não o médico indiferenciado, ou o médico da caixa, que é o que se passa na nossa realidade. Mas o médico de família especialista só terá sentido, quando o doente o reconhecer como interlocutor válido, o que presentemente não acontece para algumas franjas da sociedade.

Cada órgão ou sistema terá o seu especilista - são as clássicas especialidades hospitalares.

A comunidade teria o seu especialista, que seria o médico de saúde pública, mas em Portugal contam-se pelos dedos os que assumem essa tarefa.

Com o evoluir da sinistralidade, apareceram os novos especialistas em emergências hospitalares ou intensivistas (multi-órgãos ou sistemas).

quinta-feira, novembro 13, 2003

Unidades acusadas de seleccionar os doentes ...

Inspecção-Geral da Saúde Investiga Denúncias Sobre Hospitais SA
Por JOANA FERREIRA DA COSTA
Público, Quarta-feira, 12 de Novembro de 2003

"Unidades acusadas de seleccionar os doentes para evitar, por exemplo, situações de ocupação prolongada das camas"

Não sei onde está a perplexidade dos jornalistas.

Uma unidade SA tem que dar lucro. Um doente com um AVC, com uma demência ateroesclerótica, um cancro terminal e dezenas de outras doenças crónicas e degenerativas não dão lucro.

Só consomem recursos de hotelaria, higiene e pessoal.

Fora com eles, pensam os administradores SA.

Vamos lá empurrá-los para as unidades públicas...

Estratégia da Tensão

o Hugo A, presumo que é biólogo ou ligado à Biologia/Antropologia/ou outras ciências adjacentes, continua a não compreender o alcance daquio que escrevo.

Li o seu comentário ao bilhete sobre os cancros nos animais domésticos e concordo com o que escreveu em dois bilhetes, um sobre investigação biomédica e outro sobre a notícia na TV.

Só que a minha indignação não está "nos cancros dos animais domésticos" per se mas no relevo dado à notíca, num telejornal e com direito a entrevistador no estúdio e tudo!

A estratégia da tensão permanente existe mesmo.

PS.: Afinal Hugo A. ainda é estudante? Ou jovem licenciado? Lendo o seu escrito sobre a exposição dos dinossáurios, quando diz que "No total, tendo gasto €3 por pessoa (com cartão de estudante), achei que foi interessante."

É mesmo estudante ou foi um uso menos legal do Cartão de Estudante? Temos que dar o exemplo, aqui por estes lados...

Ir ao Médico ou Ir à Bruxa?

O Frederico, o Nietzsche e o Schopenhauer disseram que, "Mesmo a ganhar somos gozados. Temos de ir ao médico."

Aguardei pela consulta, o Nietzsche e o Schopenhauer, já sabia que era difícil aparcerem, mas o Frederico podia ter aparecido. Receitar-lhe-ia o Prozac. Parece que a depressão existe mesmo por esses lados.
E aporia a Portaria 543/01 para as depressões graves, arrastadas e de difícil cura

Nos outros assuntos, espero que tudo esteja a correr bem!

quarta-feira, novembro 12, 2003

Literatura Médica VII

"Data:

TC Torácica

Ficha Técnica:

Exame efectuado com cortes de 7 mm de espessura adquiridos em programação espiral, tendo-se documentado o presente exame com janelas para estudo do mediastino e parênquima pulmonar.

Leitura do Exame:

Ao nível da região do mediastino anterior no espaço pré-vascular junto à articulação condro-costal esquerda observámos massa grosseiramente oval contorno lobulado, densidade tissular que atinge as maiores dimensões aproximadamente ao nível da emergência da artéria pulmonar principal com cerca de 44 mm por 28 mm de diâmetros onde se observa marcada destruição da extremidade anterior da costela. Esta massa estende-se inferiormente em topografia anterior ao pericárdio que comprime aparentemente sem invasão, sendo estes aspectos muito sugestivos de neoformação de etiologia a esclarecer (costela? pleura?) a avaliar por biopsia.

Ao nível do lobo direito do fígado observamos duas formações ovais de densidade líquida e parede fina em relação com quistos biliares.

Restantes aspectos sem alterações."


In um qualquer relatório de um TAC torácico, pertença de ninguém.

"Estou um bocado preocupada. Gostava que o meu filho se lembrasse do pai..."

A Ana tem um Blog simpático onde conta a sua vida do dia a dia.
É minha leitora e está preocupada com a doença do ex-marido e pai do seu filho.
Tudo isto são informações do seu blog. Escreveu-me preocupada com a miocardite do pai do filho. Por isso diz que quer que o filho se lembre do pai. E pediu-me para lhe responder num bilhete.

Aqui vai:
Miocardite é um termo genérico. É uma situação inflamatória do músculo do coração, o miocárdio.
A gravidade da doença depende de muitos factores, desde a intensidade da inflamação até à doença que lhe deu origem.
Algumas causas: infecção viral (gripe, echovirus, herpes simples, varicela, hepatite, Epstein-Barr e citomegalovírus, Coxsackie B), bacteriana, HIV, por fungos ou protozoários.

Medicamentos, substâncias químicas, ambiente (poluição), radioterapia, gravidez e outras numerosas doenças sistémicas também são associadas com o desenvolvimento de miocardite.

"Um dia [no inferno] em Santa Maria." A Minha Experiência como Doente.

Escreve o Mata-Mouros: "Há muito tempo que um artigo num jornal não me dizia tanto. Esmagador na descrição do país que ainda somos.", acerca de um drama por que passou um filho ao acompanhar sua mãe numa ida ao banco do HSM e que faleceu na mesa de TAC. É um drama! E embora só a autópsia possa revelar a causa da morte, o longo tempo de espera, 7 horas, para se obter um diagnóstico (para se fazer um TAC!) não tem defesa possível.

Há cerca de um ano, "Por motivos de saúde que requereram uma opinião urgente de determinada especialidade, desloquei-me por mais do que uma vez à urgência central do Hospital de Santa Maria. Segui todos os trâmites que seguem todos os outros doentes: inscrição, espera, triagem, e aguardei, aguardei e aguardei, observando.
As comunicações móveis e os cochichos entre os vizinhos de cadeira, ambos facilmente audíveis, permitiram que fosse suspeitando dos diagnósticos dos meus colegas de ocasião (longe de imaginarem que o colega de ocasião era um médico-doente).
Como médico, entristeceu-me ver a sala de espera repleta de pequenos casos: pais com filhos com febre, filhos com os pais com febre, pequenos traumatismos, infecções urinárias, lombalgias à espreita de uma chapa, cefaleias e depressões e outras situações menores.

De quando em vez entravam alguns directos.

Um denominador comum nas suas conversas para justificar a vinda ao hospital central era o facto de não terem encontrado uma alternativa personalizada em quem pudessem confiar, isto é, o seu médico de família.
Os próprios reconheciam que poderiam ser tratados noutro local e terminavam assim: não encontrei o médico de família, não o pude contactar, o centro de saúde estava fechado, para ir a outro médico que não conheço, venho antes aqui, etc.
Se estes doentes tivessem uma relação personalizada, próxima do seu médico ou uma pequena equipa de médicos, se os médicos dos centros de saúde fossem responsáveis pela organização dos seus serviços, se ganhassem pelo que produzissem, incluindo consultas telefónicas tipo call-center, não tenho dúvida de que os doentes prefeririam muito mais uma opinião conhecida, que aceitariam e que lhes transmitisse confiança e os médicos sentir-se-iam com mais vontade de trabalhar, se o seu ordenado não dependesse apenas da assinatura mensal da folha de ponto, quer trabalhem no duro, quer cocem as paredes e das muitas vénias ao Sr. Director
".

Este texto tem um ano ao qual dei o título de "As Portas Fechadas".

Este é que é o problema das nossas urgências hospitalares. Lado a lado, a atrapalharem-se e a atrapalharem os médicos e outro pessoal da saúde, estão feridas com meio centímetro e grandes eventrações, estão infecções urinárias e septicémias, estão traumatismos cranianos com massa encefálica no exterior e pequenos "galos", estão paragens cardíacas e neuroses cardíacas e muitos outros exemplos.

Haverá por parte de alguns utentes falta de civismo, mas para muitos, falta de informação ou mesmo de alternativas.

E já agora pergunto: quantos habitantes da blogosfera, não recorreram já às urgências hospitalares centrais por dor de dentes? Por dor de ouvidos? Por dor de *....
_________
dor
do Lat. dolore
s. f.,
sofrimento físico ou moral;
mágoa, aflição;
pesar;
dó;
condolência, piedade;
remorso.

segunda-feira, novembro 10, 2003

Tenho Um Aliado! Fundamentalista, Mas Aliado.

Com a devida vénia transcrevo um excerto de um bilhete do blogame mucho:

"Fundamental
Os que me conhecem sabem que sou um fundamentalista primário.
E, contra o tabaco sou mesmo dos piores.
Não que tenha anda contra o tabaco em si, acho até louvável que a Tabaqueira e a Philip Morris ganhem honradamente a vida a distribuir pelo País e pelo mundo uns cancros de pulmão, catarros e expectorações.
.../...
No entanto, quando me toca pela porta, a coisa fia mais fino.
E, aviso desde já, não faço tenção de ir ao IPO visitar uns senhores que, só porque lhes apetece andar de chupeta na boca, um dia lhes começa a dar umas tossicas, por acaso fazem um raio-X e aparece uma sombra escarrapachada num pulmão.

.../..."

O resto pode ser lido aqui.

Saúde Mental

Anedota do Dia (via e-mail)

"O professor de Psicologia tinha acabado de falar sobre saúde mental e começou a fazer perguntas aos alunos. Abordando a depressão, perguntou:
- Como diagnosticam um doente que num minuto anda de um lado para o outro, gritando com toda a força que tem e, no minuto seguinte, senta-se com a cabeça entre as mãos, chorando incontrolavelmente?
Um aluno sentado na última fila da sala levanta o braço e responde:
- Treinador do Benfica?"

Se Não Tivesse Ouvido, Não Acreditava.

Mas, o cancro dos animais domésticos, nomeadamente cães e gatos, foi uma notícia de um telejornal, na RTP1.

Entre Bombas, Orçamentos, Iraques, Casas Pias, Ferros, Cimeiras e Durões, houve espaço para a importante notícia de que há cancros nos animais domésticos.

Já não chega amedrontar-nos diariamente com doenças e deficiencias várias, para agora assediarem o nosso bem-estar psicológico com os cancros dos bichos que vivem e convivem connosco, lado a lado?

sábado, novembro 08, 2003

1º. Congresso Nacional de Prevenção do Tabagismo

Do sitío oficial da Direcção-Geral de Saúde (e já que se falou em fumadores passivos na polémica do Aviz que teve a marca Português Suave como ponto de partida) para quem quiser aprofundar o tema do fumador passivo:

"O 1º. Congresso Nacional de Prevenção do Tabagismo terá lugar no Auditório Culturgest, Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa, nos próximos dias 17 e 18 de Novembro de 2003.

Durante este Congresso comemora-se ainda os 20 anos da Prevenção do Tabagismo em Portugal e o Dia Nacional do Não Fumador - 17 de Novembro (Segunda-feira).

O programa inclui, entre outros, os seguintes temas:

• Doenças Provocadas pelo Tabagismo
• Prevenção do Tabagismo nos Jovens
Tabagismo Passivo
• Cessação Tabágica
• Legislação
• Economia e Controlo do Tabagismo.

A participação neste Congresso é gratuita, sendo necessário preencher uma ficha de inscrição.

Ver cartaz*
Ver folheto com o programa e a ficha de inscrição*
."

* estas ligações nesta data não estão funcionais.

sexta-feira, novembro 07, 2003

Elizabete, a Mãe. D. Miquelina, a Avó.

Os jornais falavam.

A Sic Notícias foi entrevistar, presume-se que para melhor esclarecer.

A Mãe, disse "prontos" e "os médicos são os culpados."

A Avó disse "se tinha uma coisa grave, tinha que ser tratada."

Só não entrevistaram QUEM DE FACTO usou estes personagens populares e vai ganhar umas massitas à custa de mais um processo contra os cabrões* dos médicos.

E eu digo: não há paciência!

* Esta palavra alguém disse nessa entrevista, em ruído de fundo.

Literatura Médica VI

"Assinala-se posição alta dos bulbos jugulares bilateralmente, um aspecto mais marcado à esquerda que atingem o nível horizontal da espira apical da cóclea e contactam o aqueduto do vestíbulo, um aspecto também evidente à esquerda da jugular. Trata-se de uma variante anatómica, sem seguro significado patológico. Não há sinais de deiscência do bulbo."

In um qualquer relatório de uma TAC CE, pertença de ninguém.

terça-feira, novembro 04, 2003

Estou Fulo Com A Catarina Gomes!

Numa entrevista da jornalista Catarina Gomes à farmacêutica Noémia Lopes, (PÚBLICO, Quarta-feira, 29 de Outubro de 2003) apreciei as resposta da farmacêutica e considero ausentes de rigor científico as perguntas da Catarina. Assim, subliminarmente se vão acusando os médicos daquilo que eles não fazem ou querem, mas, também assim se vai passando a mensagem negativa para os meios intelectuais.

A curta entrevista intitulada "O Leigo Já Não É Sujeito Passivo" sobre automedicação, em duas de três perguntas, apresenta afirmações sobre o que pensam os médicos, que reputo de falsas, demagógicas e deontologicanente (para os jornalistas) condenáveis.

Nós, médicos, estamos habituados a, em cada afirmação pública que se faça, utilizar uma referência escrita para justificar essa afirmação.

Desafio a senhora jornalista publicitar a referência escrita onde justifica que os médicos "condenam a automedicação" ou a "consideram indesejável"

Provavelmente a senhora Catarina não sabe o que é automedicação.

A automedicação como o nome indica, refere-se à auto-resolução de alguns problemas que afectam os doentes e que eles poderão tratá-los, recorrendo ou não a medidas farmacológicas.

A automedicação tem balizas, e isso é o que nós dizemos:
- uma simples diarreia, de um ou dois dias, pode ser resolvida só com hidratação, mas uma simples diarreia, ou que se repita ou cujas fezes sejam sanguinolentas, p.ex., pode necessitar do diagnóstico médico.
- uma simples febre, pode ser auto-resolvida com "esperoterapia", mas se, apesar de simples for acompanhada de fotofobia, petéquias ou outros sinais, terá que recorrer imediatamente ao médico.

A automedicação, deveria ser ensinada aos doentes pelo Estado ou pelo Serviço Nacional de Saúde, sem interesses económicos directos na questão. Agora resumir a automedicação, a medicamentos sem receita médica, é transformá-la na dependência directa do fârmaco, é medicalizá-la, é torná-la dispendiosa.
É fazer depender o doente das grandes multinacionais do medicamento, que já está pelo excesso de medicamentos de prescrição obrigatória por médicos, ao acrescentar ainda os medicamentos de venda livre.

Medicamentos esses que devem existir, mas com opção de escolha do doente, entre tomar ou não tomar.

Alguém acredita que ao balcão de uma farmácia, se receita água? Espera?

Vivemos numa sociedade hiper-medicalizada, por culpa dos médicos, aos quais agora se querem juntar os farmacêuticos!

Lixo

"Toda a política de Saúde tem de ser dirigida ao cidadão. Para ser justa e solidária, é fundamental que tenha como princípio esse primado", disse no JN de 25/10/03 o Ministro da nossa Saúde.

"Só me trazem lixo para aqui!", afirmou um médico avençado, indiferenciado, estrangeiro, numa urgência dum hospital público, que se quer candidatar a SA.

Lixo = doente terminal com síndrome febril.

P.S.: quero acreditar que não soubesse o significado correcto! Deixem-me acreditar nisso!

segunda-feira, novembro 03, 2003

Exposição Pública da Doença – Algumas Dicas Para a TVI (E Não Só!)

É o primeiro serviço público que este blog oferece!
E com muito orgulho.

Aqui poderão as televisões procurar as doenças para as notícias que encerram os nossos telejornais.
Haverá doenças para todos os públicos.

1) DISSECÇÃO DA AORTA – doença gira, em que a grande artéria do nosso corpo se auto-disseca. Pode ser uma urgência. Era uma grande “caxa” jornalística acompanhar a dissecção no seu percurso, desde o primeiro sintoma até à sala de operações.

2) COARCTAÇÃO DA AORTA – outra doença da nossa maior artéria. Será divertido entrevistar um doente coarctado e logo depois o cirurgião anti-coarctador (pois o tratamento é cirúrgico), de preferência o Prof. Manuel Antunes. Não esquecer as batas verdes.

3) DUCTUS ARTERIUS PATENTE – o nome em latim fica bem, em português poderá ser persistência do canal arterial. Se se contratar um bebé (ou os seus pais), com lágrimas dos avós, de permeio, durante a cirurgia, o share será máximo. Como é uma cirurgia programada, podem anunciar durante semanas!

4) ESTENOSE MITRAL – é uma doença banal, mas presidencial desde que o Presidente foi operado. Fica sempre bem dizer: tenho a doença do presidente.

5) ANGINA DE PEITO, DE PRINZMETAL e INSTÁVEL – três doenças semelhantes, com o mesmo sintoma. Dor no peito. Uma crise em directo, por exemplo num talk-show é uma ideia a não perder.

6) ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO – esta é uma sugestão para um programa do Herman. Convidar um intelectual fumador de três maços por dia, consumidor exagerado de álcool, com colesterol acima dos 400 mg/dL, hipertenso grave não tratado, obeso, com antecedentes familiares (aqui têm que ter um bom apoio das assistentes de pesquisa). Iniciar o programa com perguntas que lhe provoquem demasiada ansiedade e stress. É enfarte em directo garantido. A reanimação com uma equipa de uma VMER (já a postos nas bastidores) com entrevista durante a reanimação será um ponto alto do programa com vendas garantidas para outras televisões.

7) TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PAROXÍSTICA – se filmada no paroxismo …

8) MORTE CARDÍACA SÚBITA – só contratando a Maya se poderá prever este evento. Mas será um êxito internacional. O programa poderá continuar na autópsia.

9) HIPERTENSÃO ARTERIAL / DIABETES – apesar de serem as doenças que provocam mais óbitos, não são muito telegénicas. Não será de apostar para o público em geral. Só actualizações no Canal Medicina.

10) DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA – mais conhecida por DPOC e muito ligada aos fumadores. Tossir permanentemente durante um talk-show, com uns cigarritos à mistura é uma boa propaganda ao tabaco.

11) ASPIRAÇÃO DE CORPO ESTRANHO – se o corpo estranho for o processo da Casa Pia e for aspirado completamente por alguém, até desaparecer, não haverá médico que o consiga recuperar. A principal complicação da aspiração de corpos estranhos, com diagnóstico tardio, é uma infecção piogénica do órgão, com o aparecimento de abcessos purulentos, de difícil controle.

12) SÍNDROME DE CHURG-STRAUSS – é um boa doença para o maestro Vitorino de Almeida dissertar na SIC Notícias por analogia com o Strauss das valsas.

13) SILICOSE, ASBESTOSE e outras PNEUMOCONIOSES – são doenças dos trabalhadores. Portanto não se mostram ao povo. Mostram-se em grandes reportagens direccionadas para a classe média alta para poder dizer angustiada: coitadinho do nosso povo trabalhador! Uma mesa redonda seria invariavelmente moderada por deputados do PCP e BE.

14) APNEIA DO SONO – é a doença da moda (assim como a fibromialgia), mas esta é real e causadora de muitos acidentes de trabalho e de viação. Sucesso garantido.

15) DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO (DRGE) – é também uma doença recente, mas que não é televisiva. Não haverá muito interesse em filmar um doente com azia e pirose. Aliás, azia e pirose é o que mais se sente quando se ligam as televisões!

16) SÍNDROME DE MALLORY-WEISS – uma boa hematemese de sangue vermelho vivo, se apanhada em flagrante num ambiente encarnado, como por exemplo, uma conferência de imprensa do PCP ou nas recentes eleições do Benfica e expelida em direcção a um operador de imagem, seria um momento televisivo único.

17) SÍNDROME DE BOERHAAVE – também uma doença aguda dos alcoólicos. Por exemplo, um inquérito de rua na 24 de Julho: Sofre do síndrome de Boerhaave?

18) DOENÇA DE WIPPLE – para além de ter um nome engraçado, tem um sintoma que pode ser aproveitado para programas de Domingo à tarde: movimento rítmico contínuo dos músculos oculares com a mastigação ou por outras palavras, miorritmia óculo-facial-esquelética ou óculo mastigadora.

19) FISSURA ANAL – doença a passar na SIC Radical, com anuscopia ou rectosigmoidoscopia em directo, com a introdução do fibroscópio pelo próprio Rui Unas.

20) HEPATITES A B C D e E – seria interessante fazer um debate moderado pela Laurinda Alves e Júlia Pinheiro, duas apoderadas das medicinas ditas alternativas, com um portador de cada tipo: um jovem para a A, um ex-toxicodependente para a B, para a C a Pamela Anderson e um transplantado hepático, um da classe média para a D, um da alta burguesia representaria a E, ainda um ex-alcoólico para a hepatite alcoólica, outro para a medicamentosa e por último, um para a auto-imune.

21) SÍNDROME DE BUDD-CHIARI – só pelo nome deveria ser produzida para o futuro canal 2.

22) COLEDOCOLITÍASE, CATARATAS, COXARTROSES, GONARTROSES – entrevistar estas doenças e fazer um concurso cujo tema seria, quem mais demorou a entrar na sala de operações.

23) ASCITE – seria uma doença para abrir o telejornal da TVI, de preferência contratar o ascítico com o maior abdómen, em vésperas de drenagem, e que se candidataria ao Guiness Book of Records. Poder-se-ia chamar o Director de Programas para in loco confirmar através da palpação daquela barriga, que se estava na presença de um abdómen sob enorme tensão e aplicar a primeira agulha para a sua drenagem.

24) LEUCEMIAS – sejam crónicas, agudas, mieloblásticas, linfocíticas ou de células pilosas. Em qualquer canal, a qualquer hora, para qualquer público. A das células pilosas tem sido pouco explorada.

25) POLICITEMIA VERA – doença desconhecida de muita gente, tem um nome sonoro, que vende. Ainda se usam aqui as sangrias medievais. Em directo fica bem. A Vera Roquete poderia ser a entrevistadora.
26) LÚPUS ERITEMATOSO SISTÉMICO – LES – Como já ouvi hoje na RTP1, fica para uma segunda grelha.

27) SÍNDROMES MIELODISPLÁSICOS – como são doenças da terceira idade, tem pouca saída. Talvez na SIC Nostalgia.

28) MACROGLOBULINÉMIA DE WALDENSTRÖM e DOENÇA DE VON WILLEBRAND – estas doenças terão que ser divulgadas pela Bárbara Guimarães, nos seus programas culturais. Não são doenças generalistas.

29) ARTROSES – incluindo os bicos de papagaio, as artroses dos joelhos, das cruzes, etc. São doenças populares. São grandes fornecedoras do PECLEC. Indicadas para os programas da manhã, para o Goucha.

30) JOANETES – doenças vulgares. Programas da manhã. Esta pode ser para a concorrência. Mas, para o mesmo tema, no horário nobre, falar-se-ia hallux valgus, calçado, cabeça do metatársico, exostoses, bursites, etc. Poder-se-iam mostrar fotografias de joanetes célebres.

31) DPPCD – parece a sigla de um partido ou movimento, mas significa DOENÇA DE DEPOSIÇÃO DE PIROFOSFATO DE CÁLCIO DIIDRATADO. Só pelo nome merecia também um lugar ao Sol. Pode não abrir noticiários, mas pelo menos no novo canal 2.

32) POLIMIOSITE-DERMATOMIOSITE, SÍNDROMA DE SJÖGREN, POLIARTERITE NODOSA, VASCULITE DE CHURG-STRAUSS, GRANULOMATOSE DE WEGENER, ARTERITE DE TAKAYASU, DOENÇA DE BUERGER, SÍNDROMA DE BEHÇET, DOENÇA DE PAGET – grande furo jornalístico seria convidar os senhores Sjögren, Churg e Strauss, Wegener, Takayasu, Buerger, Paget e Behçet acompanhados dos seus doentes. Seria uma Grande Entrevista da RTP1 com os habituais comentadores.

33) POLIMIALGIA REUMÁTICA vs FIBROMIALGIA – seria um Prós e Contras com a deputada Elisa de um lado e um polimiálgico do outro.

34) GINECOMASTIA – um concurso de beleza para homens, apresentado pela Teresa Guilherme ou pelo Júlio Isidro.

35) OSTEOPOROSE, MENINGITES, GRIPE – são doenças que só aparecem com grandes padrinhos por trás. Divulgam-se quando os padrinhos julgam oportuno.

36) BÓCIO – das primeiras doenças a ser expostas pelas ruas e praças, com grandes massas no pescoço. Não é necessário re-aparecer nas TVs.

37) SÍNDROME DE CUSHING, DOENÇA DE ADDISON e DOENÇA DE PAGET – mais uma mesa redonda, moderada por um endocrinologista de nomeada.

38) HIPOGONADISMO MASCULINO, HIRSUTISMO e DOENÇAS VIRILIZANTES DA MULHER – será muito difícil convencer estes doentes a exporem as suas doenças para o público em geral. Em tempos faziam parte do circo.

39) DENGUE, MALÁRIA, FEBRE AMARELA – doenças dos países pobres. Só saiem grandes reportagens a altas horas, para sermos poucos a ter vergonha da sociedade que criamos.

40) SÍNDROME DE CHOQUE TÓXICO ASSOCIADO A STAPHYLOCOCCUS AUREUS – a famosa doença dos tampões OB, que quase ia destruindo esta indústria. Também não deverá haver muitas interessadas a mostrar os seus tampões. Talvez a SIC RADICAL pudesse pegar.

41) DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO – doença engraçada para terminar um telejornal. Uma casa simpática com o felino causador, de preferência siamês ou mais exótico ainda, no colo da vítima.

42) INFECÇÕES – à TV que conseguir concorrentes para um novo Big Brother, proponho uma nova concepção. Seria assim: depois de isolados os 30 concorrentes numa casa hermeticamente fechada, lançar-se-iam dezenas de milhar de Streptococcus, Pneumococus, Staphylococcus, Clostridiuns, Bacillus anthracis, Corynebacterium, Bordetellas, Neisserias gonorrheae, Haemophilus, Legionellas, Salmonellas, Shigellas, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Brucellas, Francisellas, Yersinias pestis, Calymmatobacterium. Quem não adoecesse seria o vencedor. Entretanto, filmar-se-ia em directo o desenvolvimento das diversas doenças, com explicações práticas para alunos de medicina pelos mais reputados infecciologistas e bacteriologistas. Uma segunda edição seria com vírus e uma terceira com carrapatos.

43) NOCARDIOSE – é causada pela Nocardia asteróides e Nocardia brasiliensis. Um Cross Fire entre o cientista Carvalho Rodrigues pelo asteróides e o Filipe Scolari pelo brasiliensis. Poderia passar na Sport TV.

44) PÉ DE ATLETA – esta popular doença seria exclusiva também da Sport TV.

45) DEMÊNCIA, DELIRIUM, OLIGOFRENIA, DEFICIÊNCIAS VÁRIAS, CEGUEIRA – tudo isto já está exposto no Big Brother.

sábado, novembro 01, 2003

Literatura Médica V

"Aurícula Esquerda: 43 mm
Ventrículo Esquerdo:
- Diâmetro diastólico: 52 mm
- Diâmetro sistólico: 36 mm
- FE: 33%
- Septo Interventricular: 8 mm
- Parede posterior: 9 mm
Ventrículo direito: 15 mm

Relatório:
Ecocardiograma modo M e bidimensional revela:
1 - Válvula aórtica tricúspide com folhetos espessados e abertura sistólica mantida.
2 - Válvula mitral com folhetos finos, com cinética conservada e com fibrocalcificação do anel da mitral. Sem vegetações. Aparelho subvalvular mitral sem alterações.
3 - Raiz da aorta não dilatada, com paredes espessadas e com áreas de calcificação.
4 - Aurícula esquerda ligeiramente dilatada.
5 - Ventrículo esquerdo não dilatado, com paredes de espessura normal, função sistólica global normal e sem alterações da cinética segmentar.
6 - Cavidades direitas e pericárdio sem alterações
7- Ecodoppler cardíaco não realizado.

Conclusão: Fibrocalcificação mitroaortica. Dilatação auricular esquerda."


In um qualquer relatório de ecocardiograma, pertença de ninguém.