segunda-feira, janeiro 30, 2006

Eu Não Dou E Apelo A Que Ninguém Dê!

SE EM PORTUGAL NÃO HÁ TRATAMENTO, O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE ATRAVÉS DO E-114 PERMITE O TRATAMENTO NO ESTRANGEIRO, GARTUITAMENTE!


"Ajudar menino com epilepsia

Todo o homem é meu irmão é uma rubrica do JN, com mais de três décadas de existência, que foi criada para ajudar a resolver problemas sociais, por falta de resposta das entidades competentes. Qualquer pedido de apoio deve ser dirigido por escrito para Todo o homem é meu irmão, Rua de Gonçalo Cristóvão, 195, 1º andar, 4049-011 Porto. Esclarecimentos adicionais através do telefone número 222096125. As ajudas financeiras devem ser depositadas na conta com o NIB: 003300000000039712196

O JN associa-se a uma campanha de angariação de fundos para ajudar o Sérgio, uma criança de três anos de Viana do Castelo com epilepsia profunda.

Os pais do menino desesperam por não terem meios financeiros que permitam o tratamento do filho em Espanha, numa intervenção médica que o poderia salvar.

Segundo a mãe, Sandra Araújo, são precisos 10 mil euros para viagens e tratamentos.

O Sérgio sofre de epilepsia profunda que lhe estará a matar as células do hemisfério direito do cérebro.

Fundo comum

A. Santos 10 euros

Anónimo 50

M.N. 20

Anónimo 10
"

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Ganda Caxa do JN

"8 Médicos 8 de Viseu acusados de homicídio por negligência"

Nada mais: 8 médicos 8 actuaram com dolo perante uma doente. Se o Hospital de Viseu tiver 80 médicos eu sugeriria uma outra caxa.

"10% dos médicos do Hospital de Viseu são negligentes!" Ora, nesse caso o referido hospital deverá ser encerrado já! É um perigo para a Saúde Pública dos portugueses.

Erro de diagnóstico houve de certeza e a familia da doente deverá ser ressarcida pelos serviços públicos da correspondente indmenização.

Diz o filho que a vai pedir e bem choruda, mas não é para já! Diz ele que não tem pressa. Pudera. Como pode pedir a indmnização se ainda nem sequer houve julgamento!

Mas não estou contra isso. As companhias de seguros existem para pagá-las.

Passemos ao caso: segundo se lê, a paciente morreu de complicações devidas a uma hérnia estrangulada.

Uma hérnia estrangulada é uma situação urgente e em mais de 95% dos casos de fácil diagnóstico. Geralmente é o próprio doente que faz o diagnóstico, de tão fácil que ele é.

Portanto, restam os 5% para situações em que por diversos motivos a hérnia encarcerada não é diagnosticada. Até é possível que a dor seja referida em local diferente da localização da hérnia.

Lendo partes do despacho do Senhor Delegado que o JN transcreve, fico com a impressão de que se tratará de uma verdadeira peça lapalissiana:

Diz-se:

- "não efectuaram o diagnóstico correcto e instituindo a terapêutica adequada", obviamente se a senhora morreu...

- "não procederam da forma mais correcta ao reequilíbrio da paciente", obviamente se a senhora morreu...

- "se os oito médicos tivessem adoptado como deviam e podiam os procedimentos adequados à praxis médica", obviamente se a senhora morreu... não foram os procedimentos adequados.

Em conclusão: não necessito de ler muito mais para concluir que se trata de um erro médico e não negligência médica.

Até considero que, se a doente em duas idas ao hospital foi observada por 7 médicos, foi muito bem observada, só que os médicos erraram no diagnóstico, mas se todos erraram é porque o quadro clínico não era sugestivo de tal patologia

(Ouço agora que até a SIC Notícias (cada vez mais uma TVI para intelectuais...) transformou os filhos da inditosa senhora em estrelas...)

P.S.: lembro-me de um caso passado comigo, já há mais de uma década, em que o único sintoma de uma hérnia encarcerada era um quadro de tosse que o doente iniciou sem causa aparente. Só depois de internamento hospitalar e de bastantes exames complementares se diagnosticou a existência de uma hérnia inguinal encarcerada. Só a cirurgia fez para a tosse.

Ai se esses filhos fossem filhos do meu doente. Ai se o senhor delegado fosse o mesmo.

Houve erro e a família deveria ser indmnizada directamente pelo hospital e rapidamente, sem recurso a tribunais.

Para o tribunal só os casos de negligência verdadeira.

Nota: os Juízes e os delegados quando erram o que lhes acontece? São acusados de negligência?

quarta-feira, janeiro 25, 2006

O Lobie Bem Insiste, Mas...

From American Journal of Health-System Pharmacy

Complementary and Alternative Medicine for Upper-Respiratory-Tract Infection in Children
Posted 01/17/2006

Roxane R. Carr; Milap C. Nahata

Abstract
Purpose: Evidence on the efficacy and safety of complementary and alternative medicine (CAM) for the prevention and treatment of upper-respiratory-tract infection (URTI) in children is reviewed.

Summary: A search of the literature to June 2005 identified six clinical trials examining the use of herbal medicines and nine trials of other CAM therapies. All articles were critically evaluated for adherence to standards of efficacy and safety research. Echinacea did not reduce the duration and severity of URTI. Andrographis paniculata or echinacea decreased nasal secretions (p < 0.01) but not URTI symptoms. A combination of echinacea, propolis, and ascorbic acid decreased the number of URTI episodes, the duration of symptoms, and the number of days of illness (p < 0.001). Echinacea was associated with a higher frequency of rash compared with placebo (p = 0.008). Neither ascorbic acid nor homeopathy was effective. The efficacy of zinc was not clear, and zinc may be associated with adverse effects in children. Osteopathic manipulation decreased episodes of acute otitis media (p = 0.04) and the need for tympanostomy tube insertion (p = 0.03) in children with recurrent acute otitis media. Stress-management therapy reduced the duration of URTI compared with relaxation therapy with guided imagery or standard care (p < 0.05).

Conclusion: Current data are generally inadequate to support CAM for the prevention or treatment of URTI in children.

domingo, janeiro 22, 2006

Nem A "Ofalmologista" Katia Guerreiro Abriu Os Olhos Ao Povo

O Povo votou, está votado, algumas dezenas de milhar de portugueses fizeram o fiel da balança deslocar-se para a direita. Noutras alturas, esses mesmos deslocaram para a esquerda.

Uma candidatura que tem nos seus mandatários, um cidadão como João Lobo Antunes, de reconhecidos méritos e uma cidadã, também médica, Katia Guerreiro, representante portuguesa do oportunismo e do "desenrasca" dá muito que pensar!

Mas convém não esquecer: o maior aliado de Cavaco foi o PS e o seu Secretário-Geral - José Sócrates.

sábado, janeiro 14, 2006

Ainda a Katia: sem comentários...

No Diário Digital de ontem:

"A fadista é médica oftalmologista, que conhece Cavaco Silva há cerca de dois anos, não teme que a colagem a um político possa prejudicar a sua carreira." - Até os jornalistas se enganam.

Alguém me enviou a cópia de uma carta da direcção do Colégio de Oftalmologia a autorizar o internato voluntário em oftalmologia num serviço idóneo não podendo ultrapassar as capacidades formativas desse mesmo serviço, definidas pelo Colégio. Ora, se a Katia diz que está a trabalhar num serviço de oftalmologia, presumo que não estará a fazê-lo como interna geral, se está em oftalmologia, estará ou ilegalmente ou a retirar o lugar a alguém que fez exame e lá não conseguiu ficar.

O documento está em formato TIF e não sei como pô-lo on-line. Será enviado a quem o solicitar por e-mail.

sábado, janeiro 07, 2006

Para A Filipa Carvalho, Futura Médica

... mas com interesse para todos.

Pediu-me a Filipa se poderia postar sobre a "relação médico-paciente".

Esta relação é a base de todo o acto médico.

Para a sua investigação deixo-lhe aqui dois livros e um link português (haverá milhares na Internet!)

- Médicos com Emoções. Autores: John Salinsky, Paul Sackin.

- "O Médico, o seu Doente e a Doença" (trad. Port./ed. Climepsi/98).

- Grupos Balint

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Patient safety / Risk management

Publicado no jornal Tempo Medicina

Artigo do Dr. Ciro Costa*

"Errar é humano
Patient safety / Risk management é assunto muito discutido nos Estados Unidos, Austrália e Europa. Nos Estados Unidos com particular ênfase por vários motivos. Um deles foi o aparecimento de um livro — To err is human — que fala de cerca de 45 a 98 mil perdas de vidas por erros no sistema de saúde e de um número pelo menos 10 vezes superior em morbilidade séria com a mesma causa. O outro dos motivos é que a lógica da culpa, que existe no sistema, torna a Medicina mais defensiva, cada vez mais cara, por um lado, enquanto, por outro lado, os prémios de seguro de responsabilidade médica têm custos exorbitantes e aumentos exponenciais sempre que há uma decisão judicial com elevadas indemnizações.

No Estado de Nova Iorque, em 2004, o seguro de responsabilidade chegou aos 100 mil dólares/ano!!! Há muitos médicos que limitam ou mesmo abandonam a actividade por não poderem suportar o prémio de seguro. Há especialidades - por exemplo Obstetrícia — que «desapareceram» de alguns condados.

A tendência até agora tem sido culpar os médicos. Ao fim e ao cabo são eles que dão a cara e decidem. Na maior parte dos locais, projecta-se a responsabilidade dos actos nos médicos e a definição da qualidade assistencial exclusivamente na avaliação/punição da performance individual dos profissionais nas suas diversas vertentes.

Logicamente, sendo eles considerados os «culpados» devem ser castigados quando há algo que não corre bem e, por outro lado, para que tudo corra bem têm de ser «perfeitos» do ponto de vista técnico e científico. Para isso nada melhor do que «obrigá-los» a terem muitos conhecimentos, impondo a frequência de acções de formação - os créditos - e levando isso até ao extremo com a recertificação periódica para o exercício profissional.

Mas nos países do mundo em que isso é levado muito a sério, com formação médica contínua individual obrigatória organizada e recertificação profissional individual periódica, continua a haver um elevado índice de «erros médicos» como o provam diversos estudos (The Harvard study — 1991, The Utah/Colorado study — 1999, The UK pilot study — 2000, Tue quality of australian health care study — 1995, The danish pilot study — 2001, etc.).

A conjugação destes dois factores, Medicina defensiva e custos de seguro ligados à responsabilidade profissional, tornam, a curto prazo, o exercício médico quase impossível pela parte dos profissionais e com custos assustadores e proibitivos para a sociedade, colocando cada vez mais cidadãos sem acesso a cuidados de saúde. Ora isto não é aceitável em países civilizados.

Nos Estados Unidos há um forte movimento na sociedade envolvendo médicos, políticos, opinião pública e organizações para impor, por lei, um tecto (até 500 mil dólares) às indemnizações por danos não patrimoniais e, assim, limitar os custos de seguro nos orçamentos de saúde. Têm tido um sucesso limitado - até agora poucos estados adoptaram leis deste género.

Nova organização da prática médica

A prática médica terá também de ser organizada de outra maneira. É preciso mudar os processos de controlo, avaliação e actuação se quisermos ter êxito na guerra por uma Medicina de qualidade, centrada na segurança do paciente e diminuindo o risco da nossa actividade.

A nossa actividade é de alto risco, tal como, por exemplo, a indústria nuclear, a indústria química ou o transporte aéreo. Nestas indústrias há políticas de qualidade muito rigorosas que diminuíram drasticamente os erros e acidentes, pelo que teremos algo a aprender com eles. O risco de acidente ou erro na prestação de cuidados de saúde é comparado ao do montanhismo e ligeiramente menor que o bungee jumping!!! É um sistema muito pouco seguro mas poderia ser muito pior se não fossem os cuidados que os profissionais têm e a vigilância que há sobre o sistema.

Os voos charter e a indústria química revelam melhores níveis de segurança e, no topo desta lista de actividades de risco, temos o transporte aéreo regular, os caminhos-de-ferro e a indústria nuclear. Estas últimas actividades atingiram o topo da segurança porque alteraram os seus procedimentos e implementaram políticas adequadas.

A grande diferença está na forma como se olha para os erros. De uma maneira geral, num sistema organizado, os erros serão do sistema, resultam de várias falhas concorrentes e não dos indivíduos em si. Um erro deve servir para aperfeiçoar e melhorar o sistema de modo a evitar repeti-lo. E não se melhora o sistema castigando o vector do erro, mas sim analisando o que correu mal e o que se deve fazer para não voltar a acontecer. Uma política de castigo, vergonha e punição a quem é considerado o responsável da falha leva a que se tente desculpar, a esconder o problema ou a transferi-lo para outrem em vez de encarar a falha de frente, expondo-a para que seja possível evitá-la no futuro.

Portanto, temos de mudar a cultura das nossas organizações e utilizar os conhecimentos das ciências da segurança para tornar a nossa actividade mais segura.

Erros são causados por maus sistemas

O erro é próprio da actividade humana, não pode ser alterado por punição, mas pode ser evitado e podemos proteger os doentes das suas consequências. Na epidemiologia do erro, até agora, os erros eram falta de cuidado, davam origem a queixas, vergonha e punição e, por isso, considerava-se que se deveria insistir no treino individual para a perfeição.

Mas não, os erros são causados por maus sistemas e não por más pessoas. As queixas e a punição tornam as coisas piores. É muito melhor aprender com o erro e redesenhar os processos de actuação. Por isso começam a ser adoptadas políticas de prevenção e estudo dos erros nos serviços de saúde.

Devemos melhorar o desenvolvimento científico e técnico nesta área do conhecimento aproveitando e adaptando o que de melhor se faz em outras actividades mais avançadas em termos de segurança.

Há muito a fazer para melhorar as nossas hipóteses de evitar os erros:
- Adoptar medidas simples, como a obrigatoriedade de serem comunicados todos os acontecimentos adversos;
- Desenvolver sistemas padronizados e rigorosos de identificação dos doentes e dos locais da cirurgia;
- Criar bases de dados de efeitos adversos por comunicação voluntária;
- Fazer auditorias clínicas periódicas, como instrumento de aprendizagem de gestão de risco clínico.
- Promover cultura de informação e aprendizagem.
- Melhorar o relacionamento entre os diversos níveis de decisão, alterando os argumentos de autoridade e hierarquia nas instituições para decisões partilhadas e discutidas transversalmente.
- Fazer campanhas de formação em questões específicas, como por exemplo, lado errado da intervenção, prevenção de infecções, identificação de doentes, prevenir erros de medicação.
A Ortopedia está em foco nestes problemas. Num estudo italiano, a especialidade registava 16,5% das queixas, contra 13% da Oncologia, 10,6% da Cirurgia e 10,8 % da Ginecologia. Por isso quando se fala e discute «erro médico», a Ortopedia e os ortopedistas devem estar na linha da frente.

*Ortopedista no Centro Hospitalar
de Coimbra (Hospital dos Covões)
"

A Notícia Mais Patética do Ano!

Mas será que o JN não tinha mais nada para dar aos leitores?

"Lojistas em vez do INEM no socorro a diabéticaindignação Instituto é acusado de não ter prestado assistência devido à proximidade do hospital, mas garante que doente não quis ser transportada"

Fernando Oliveira - o jornalista inventor.

"Adelaide Vicente, uma das lojistas que assistiram vítima, estava revoltada com actuação do INEMUma mulher de 50 anos que sofreu, ontem de manhã, uma crise de hipoglicemia (níveis baixos de açúcar no sangue) à entrada do centro comercial Cristal Park, na Rua de D. Manuel II, no Porto, teve de ser socorrida pelos lojistas daquele espaço, porque, segundo estes, o INEM entendeu não enviar meios de assistência para o local, sob o argumento de o Hospital de Santo António situar-se a poucos metros.

O Instituto de Emergência Médica contrapõe, assegurando que nos dois contactos telefónicos efectuados para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) foi dito que "a vítima não queria ser transportada ao hospital". Por outro lado, sublinha que se tratou de uma situação sem gravidade e que a doente poderia encaminhar-se para o hospital "de modo próprio".

Certo é que o caso gerou indingação entre os lojistas. "Chamámos o INEM e responderam-nos que não vinham buscar a senhora porque estávamos a dois passos do hospital e podíamos ser nós a levá-la", protestou Adelaide Vicente, uma das comerciantes que auxiliou a vítima.

A mesma lojista garante, contudo, que a doente não estava em condições de ser levada por populares para a unidade hospitalar, situada a cerca de 200 metros.

A vítima, Maria Lima, que sofre de diabetes, explicou, ao JN, que sentiu-se mal pouco depois de ter ido a uma consulta nas instalações do antigo CICAP, onde teria de voltar para deixar uma amostra de urina. "Quem me valeu foram as pessoas do shopping, que me deram água com açúcar e pão", salientou.

ERA ISTO QUE O INEM IA FAZER???? ATÉ O SENHOR JORNALISTA PODERIA TER DADO UM COPITO DE ÁGUA À DOENTINHA.

Alguns comerciantes lamentam que não tenha havido sequer "instruções por parte do INEM" para o tipo de assistência a prestar.

O Instituto reitera, contudo, que os contactos telefónicos com os seus profissionais decorreram de forma "assertiva", "tendo a médica de serviço no CODU inclusive garantido a colaboração do segundo contactante para acompanhar a senhora nessa hipotética deslocação (ao hospital), o que não veio a acontecer pela senhora em questão ter entendido não ser necessário".

"Vítima sem sinais ou sintomas de gravidade""

A situação em questão dizia respeito a uma senhora consciente, sem sinais ou sintomas de gravidade, apresentando apenas ligeiras tonturas", sublinha o Gabinete de Comunicação e Imagem do INEM, justificando, dessa forma, o facto de o caso não ter sido rotulado com carácter de urgência.

No mesmo esclarecimento, enviada ao JN, o Instituto insiste que a vítima tinha "fácil acesso" ao serviço de Urgência do Hospital de Santo António. "Não pode nem deve o INEM a desviar meios de assistência pré-hospitalares imprescindíveis a outro tipo de ocorrências de maior gravidade para situações que não revistam um carácter de emergência", acrescenta o mesmo esclarecimento, realçando que se trata de um "procedimento habitual", pelo que não configura qualquer tipo de actuação menos correcta".

da-se...