quarta-feira, maio 31, 2006

A Insustentável Gravidade Das Medicinas Ditas Alternativas

Quando se discute a problemática das "medicinas ditas alternativas ou complementares" a Ordem dos Médicos afirma sempre que todos os doentes só deveriam frequentar as chamadas "medicinas alternativas" ou melhor, terapêuticas complementares após uma observação médica com uma referenciação posterior.

A Ordem dos Médicos, como se sabe, aceitou a osteopatia, a acupunctura e a quiropraxia como técnicas terapêuticas complementares condicionando sempre uma consulta médica anterior e impedindo que os doentes fossem consultados, diagnosticados e tratados por estes profissionais.

Agora com um caso em mãos, compreendo esta imposição da Ordem dos Médicos.

O doente x, já passado dos 65 anos, inicia um processo de lombalgias de características mistas, de aparecimento recente e que o próprio supõe tratar-se de um mau jeito.

Instituido primeiramente um simples tratamento conservador, que não mostrou resultados apreciáveis, requisita-se posteriormente uma radiografia da coluna lombar.

As queixas vão continuando, diminuindo a qualidade de vida do doente e perante um resultado normal da radiografia, avança-se para uma tomografia computorizada da região lombar.

Três semanas durou este processo, quando o doente me mostrou o TC o diagnóstico não poderia ser mais desanimador. Segundo o radiologista as imagens sugeriam uma metástase de um tumor.

Expliquei ao doente que era necessário requisitar novos exames porque havia um problema provavelmente grave a descobrir.

Em três dias o sistema de saúde agendou-lhe uma cintigrafia óssea e outros exames para esclarecer a sua situação.

Perante a sua não comparência, investigamos e concluímos: o doente encontrava-se já há 2 dias em tratamentos osteopáticos numa clínica da sua rua e afirmava que só quando acabasse os tratamentos (um mês) iria pensar em voltar SNS!

domingo, maio 28, 2006

A Renite do Expresso!

O Expresso, o tal "simples jornal de um país pobre e periférico" e a sua jornalista Vera Lúcia Arreigoso inventaram um nova doença.

O artigo é sobre o SED, síndrome do edifício doente (também não percebo qual a gramática do Expresso que escreve o nome das doenças com maiúsculas.) e as suas repercussões na saúde dos seus utilizadores.

Pois o Expresso, o tal simples jornal de um país pobre e periférico descobriu a renite, não sei se será alguma doença relacionada com as pastilhas rennie ou se quereria dizer rinite!

Enfim, iliteracia.

Ai Timor, Timor!

A "Revolução" Nas Farmácias Não Existe!

Depois de falar com vários farmacêuticos, parece-me que estas medidas interessam a:

a) ANF.

b) Belmiro de Azevedo e outras grandes empresas de distribuição do género.

c) Ao negócio. Todos me disseram que as farmácias com estas medidas vão valorizar. O seu preço vai inflacionar bastante.

d) Não interessa aos jovens licenciados pois o grande capital não irá pagar os ordenados que pagam os actuais farmacêuticos donos de farmácias aos seus colegas farmacêuticos.

e) Às duas empresas já existentes que controlam milhares de farmácias na Europa. O ramo português de uma pertence à ANF.

f) Ao dr João Cordeiro que continua a impedir a liberalização da instalação de novas farmácias, prejudicando os jovens farmacêuticos.

Em conclusão: o negócio das farmácias continua protegido!

A Ordem dos Farmacêuticos continua perplexa com o Governo!


"A Ordem dos Farmacêuticos manifestou-se "perplexa" com as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro para as farmácias e advertiu que a liberalização da propriedade daqueles estabelecimentos pode provocar "concentrações económicas nefastas"." do JN.

quinta-feira, maio 25, 2006

Rui Araújo, José Carlos Abrantes, Felisbela Lopes e Ribeiro Cardoso Explicam Jornalismo A Intelectuais!

Foi no Clube de Jornalistas, na 2 e não houve circo mediático, nem palmas.

É pena que até na 2 e no Clube de Jornalistas se ouça: temos que ser mais rápidos pois o nosso tempo está a chegar ao fim.

"No primeiro programa emitido depois da apresentação do livro de Manuel Maria Carrilho vão ser discutidas algumas questões que têm aflorado no debate que, entretanto, se gerou. Estarão em estúdio Rui Araújo e José Carlos Abrantes, provedores dos leitores do "Público" e do "DN", respectivamente, e a investigadora Felisbela Lopes, da Universidade do Minho. O debate será moderado por Ribeiro Cardoso e um dos temas dominantes será a «lei de Gresham» aplicada ao jornalismo português — estará ou não o mau jornalismo a ganhar ao bom jornalismo?"

O título deste post e do anterior também tem um toque de jornalismo sensacionalista: apenas queria usar o nome deste blogue.

terça-feira, maio 23, 2006

Carrilho, Rangel e Pacheco Explicam Jornalismo A Intelectuais!

Até que enfim!

Há três anos a lutar sozinho contra o mau jornalismo sobre saúde, medicina e médicos.

Muitas vezes ultrapassando o adjectivo de mau e entrando em áreas agora denunciadas por estes três.

Bem haja o livro do Carrilho que provocou a discussão!

sábado, maio 20, 2006

Arrepiem-se!

 Posted by Picasa

Enforcado

Há quem se enforque.

Há quem escolha o enforcamento para desaparecer.

Mas não desaparece.

Fica só e exposto à comiseração de outros olhos.

O enforcado é o paradigma do suicida?

Quantos cadáveres já vi? Não sei!

O cadáver de um enforcado arrepia-me! Talvez por se manter na posição vertical. Habitualmente.

Já passava dos 97. Não quis esperar mais!

Fui eu. Lá estava em pé. À minha espera.

Arrepiei-me mais uma vez.

Experimentem aqui a sensação.
Escolham: hanging.

Arrepiem-se. Vá lá. Sejam fortes.
Olhem um minuto para cada fotografia.

Sejam médicos por um minuto!

Sofram como eu!

terça-feira, maio 16, 2006

Erro Médico

Correspondência oficial.

HOSPITAL CENTRAL DE LISBOA

Lisboa, 20 de Abril de 2006

Sr. MANUEL DE OLIVEIRA

Prezado Senhor,
"...informamos que o resultado da análise da mancha vermelha que o
Senhor tinha no pênis era só batom.

Lamentamos a amputação..."

Dr. Joaquim de Almeida
Diretoria

sábado, maio 06, 2006

Expresso: Um Simples Jornal De Um País Pobre E Periférico

Confesso que o Expresso já não me desperta a curiosidade e a ansiedade na sua compra desde há alguns anos.
Vou comprando, quase por hábito e por pressão familiar, mas leio as "gordas" da primeira página e o noticiário internacional. Pouco mais.

Quanto ao resto, para mim, já perdeu a credibilidade de outros tempos.

Li este parágrafo sobre médicos:

"OS PROCESSOS DE DAVID
David já cumpriu pena: cinco anos por tráfico de droga, crime que cometeu quando era um simples médico de família de província e se envolveu com as pessoas erradas
."

Com estes pequenos e ternurentos adjectivos se descredibiliza uma especialidade que os jornalistas ainda não sabem que existe.

A medicina geral e familiar (ou medicina comunitária e familiar, em Espanha, ou family medicine nos Estados Unidos da Améria do Norte) tem um colégio na Ordem dos Médicos.

É uma especialidade generalista, como o é a medicina interna ou a pediatria.

Desta frase esteriotipada "simples médico de família da província" pode-se concluir:

- todos os MF são simples, os outros não o são;
- na província só há MF;
- os outros especialistas são urbanos;
- um MF na província é menor que um MF da cidade;
- mas mesmo na cidade não deixa de ser simples;
- conclusão: procurar sempre um médico oposto a simples e urbano.

Se queremos que os utentes não acorram aos serviços de urgência "urbanos" para serem observados por médicos não-simples, temos que deixar cair as frases esteriotipadas deste tipo.

Há médicos de família, mestres e doutores, professores universitários, investigadores e gestores. Há médicos de família próximos dos seus utentes, dedicados apenas à actividade assistencial.

Há cardiologistas, infecciologistas, radiologistas, pediatras, mestres e doutores, professores universitários, investigadores e gestores.
Há cardiologistas, infecciologistas, radiologistas, pediatras próximos dos seus utentes, dedicados apenas à actividade assistencial.


Enfim!

sexta-feira, maio 05, 2006

Eu Que Não Sou Leigo Fico Confuso!

Ao ler a telenovela da morte do amigo do Dino cada órgão de informação conta a sua história.

A Visão de ontem refere que o amigo do Francisco Adam "foi operado ao fígado, aos intestinos e à coluna" sic, pressupõe-se que no dia do acidente, 16 de Abril de 2006. Segundo o mesmo órgão de informação foi transferido para o Hospital Garcia de Orta no dia 28 de Abril, isto é, 13 dias depois das cirurgias, período durante o qual esteve internado e vigiado no Hospital de Santa Maria.

Segundo se lê, saiu estabilizado. 13 dias são suficientes para avaliar o pós-operatório imediato e as suas previsíveis complicações.

Podia ter havido má comunicação entre os hospitais (o habitual), mas não me parece que a sua morte esteja relacionada com a transferência.

Poderia ter acontecido em qualquer local.

quinta-feira, maio 04, 2006

Confiemos na Inspecção-Geral da Saúde

Segundo os jornais, a IGS vai averiguar. Que averigue e conclua.

Custa-me que com todo este burburinho se esqueça o principal: duas mortes de dois jovens num acidente de viação a altas horas da madrugada, por despiste.

Aproveitemos as figuras públicas também para educar.

quarta-feira, maio 03, 2006

A Traição Do Jornal de Notícias!

A dr Marília Pascoal comentou que, por respeito à História deveria escrever correctamente o nome do Hospital Garcia da Orta.

Cara drª tem toda a razão e penitencio-me por esse grande erro: GARCIA (AVRAHAM) DA ORTA e nunca "de Horta".

Mas fui investigar quem me induziu em erro. Habitualmente "posto" no final do dia e rapidamente e consequentemente sujeito a mais erros.

E descobri.
Tinha a mesma notícia em dois jornais: o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.

Foi mais fácil fazer o copy and paste do Jornal de Notícias de 1 de Maio e lá está escrito em letras bem gordas: "Familía quer processar Garcia da Horta" (com a acentuação errada.)

E o senhor jornalista que se assina por PB, ainda repete o erro 7 vezes no mesmo artigo.

E assim se induzem erros por Portugal inteiro. E quando falamos de Ciência, podem imaginar e iliteracia.

Aqui ficam umas notas de Garcia da Orta, cristão-novo, médico e naturalista do século XVI:

"- 1499?: Garcia da Orta nasce em Castelo de Vide, filho de Fernando (Isaac) da Orta e de Leonor Gomes.
- 1523: Retorna a Portugal depois de estudar medicina em Salamanca e Alcalá de Henares.
- 1530: Ingressa como professor de Lógica na Universidade de Coimbra.
- 1534: Parte para Goa, Índia portuguesa, onde passa a residir, a trabalhar como médico e no comércio de especiarias e pedras preciosas.
- 1563: Publica o seu Colóquios dos Simples e Drogas da Índia.
- 1568: Falece.
- 1580, 4 de dezembro: Condenado post-mortem pelo Tribunal do Santo Ofício pelo "crime" de "judaísmo"; tem seus ossos desenterrados e queimados
."

in Vidas Lusófonas de Francisco Moreno de Carvalho.

Obrigado nãoseiquenomeusar!

segunda-feira, maio 01, 2006

E Eu Pensava Que Queriam Processar O Dino Da Telenovela

Segundo os jornais, quem conduzia o automóvel e provocou o acidente, assassinando o seu amigo Osvaldo Serrão, foi o Dino, não foi nenhum médico do Hospital Garcia da Horta.

Uma embolia pulmonar pode surgir após horas ou dias depois de uma cirurgia ou traumatismo!

"Familía quer processar Garcia da Horta


Marco Serrão, irmão de Osvaldo Serrão, confirmou ao JN que a família tem a intenção de processar o Hospital Garcia da Horta. Para os seus familiares, Osvaldo não terá recebido os cuidados médicos adequados. Segundo Marco Serrão, o irmão foi transferido dos cuidados intensivos do Hospital Santa Maria para o Hospital Garcia da Horta, mas "quando lá chegou não o quiseram receber". No Garcia da Horta, em Almada, consideraram que Osvaldo Serrão deveria seguir para o hospital da sua residência que é o do Montijo. "Passou-se muita coisa", prossegue Marco num testemunho emocionado ao JN em que relata o facto de o irmão "ter ficado numa maca, num corredor das urgências, durante sete horas. Entre as seis e meia da tarde e a uma e meia da manhã".

A evolução do seu estado clínico tinha sido bastante favorável e, por isso, tinha sido decidida a sua transferência para o Hospital Garcia da Horta, mais perto de sua casa, onde chegou "consciente e bem disposto", mas horas depois o seu estado começou a piorar.

O JN contactou os responsáveis do Hospital Garcia da Horta, mas não foi possível obter comentários pelo facto da administração estar ausente. O chefe de equipa dos médicos da urgência que ontem estava a trabalhar desconhecia o que se tinha passado no dia anterior e, por isso, recusou-se naturalmente a comentar o assunto.

Osvaldo Serrão era amigo do actor Francisco Adam, que representava o personagem Dino na novela "Morangos com Açúcar". Do acidente, em que Francisco perdeu a vida, resultaram também dois feridos.Filipe Diegues teve alta poucos dias depois, enquanto que Osvaldo Serrão ficou em estado grave e esteve hospitalizado no Santa Maria durante duas semanas, onde recuperou de um "estado de coma".Acabou por falecer no sábado à tarde no Hospital Garcia da Horta.
"

in Jornal de Notícias