sexta-feira, outubro 31, 2003

Rui Frade (actualização)

Segundo informações que reputo de credíveis, o problema do dr Rui Frade não será apenas de ordem disciplinar (ou este, uma consequência de outro), mas relacionado com questões que a deontologia médica não me permite divulgar.

Só não compreendo a sua ligação profissional ao conceituado dr Daniel Sampaio.

Literatura Médica IV

Em Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama.

"Foram realizadas incidências crânio-caudal e oblíqua médio-lateral para estudo radiológico de ambas as mamas.

Há já um padrão adiposo razoável, de expressão bilateral e o remanescente fibro-conjuntivo distribui-se preferencialmente nas regiões proximo-areolares, estendendo-se também aos quadrantes externos e nomeadamente superiores, com alguma assimetria. Um ou outro esboço de encapsulamento caracterizando globalmente modificações de fibro-quistose, não se evidenciando sinais de suspeição maligna.

No escavado axilar esquerdo projectam-se duas formações ganglionares incaracterísticas.

A avaliação complementar por ultrassonografia encontrou acentuação da reflectividade matricial por modificações de fibrose, associando-se com pequenas formações quísticas mais aparentes no seio esquerdo, onde se referem as de maiores diâmetros respectivamente no quadrante supero-externo, com 13,7 mm, 13x4 mm e 9 mm.

Em ambas as regiões retro-areolares encontramos alguma proeminência ductal.

Tendo em atenção os antecedentes familiares de risco acrescido sugerimos a manutenção deste controlo regular
".

In um qualquer relatório de mamografia e ecografia mamária, pertença de ninguém.

Literatura Médica III

Fígado com dimensões dentro da normalidade, de contornos regulares, com aspectos compatíveis com esteatose moderada, visualizando-se na região do hilo, algumas áreas hipoecóicas mal definidas e que admitimos como zonas poupadas ao processo esteatósico, a integrar no entanto com dados clínico-laboratoriais, sem lesões nodulares focais.

Vias biliares não ectasiadas. Vesícula biliar muito distendida, de parede fina, com lama biliar e não são aparentes cálculos.

Pâncreas de difícil apreciação por interposição gasosa.

Baço sem alterações morfo-dimensionais ou ecoestruturais.

Ausência de líquido livre na cavidade abdominal.

Grandes vasos sem alterações.

Rins em topografia habitual e com dimensões globalmente conservadas.

Está mantida a diferenciação parenquimo-sinusal e a espessura parenquimatosa.

Sem hidronefrose e não são visíveis imagens seguras de cálculos. Sem evidência de formações ocupando espaço.

Status pós-histerectomia. Cúpula vaginal sem alterações.

Sem evidência de massas ou líquido livre na cavidade pélvica.”


In um qualquer relatório ecografia abdominal, renal e ginecológica, pertença de ninguém.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Rui Frade

Rui Frade é a prova de que nem todos os médicos são honestos.

Rui Frade conseguiu o que queria. Publicidade!

A comunicação social ajudou-o gratuitamente, até ao seu consultório foi.

(Este bilhete foi a resposta a um desafio!)

quarta-feira, outubro 29, 2003

Histórias do Nosso Povo Que as Televisões Escondem

Ou Mais Um Dia de Trabalho Com o Povo
Ou Histórias Que O (Nos) Envergonham

– 45 – Masculino: (antes de começar) amigo dá informes de amigo internado;

– 30 – Feminino: dor no pescoço e perfumadíssima, talvez a ida ao banco seja a sua única reunião social (no fim, por favor pode pôr aí uma caixa de zolpidem para a minha mãe?);

– 77 – Masculino: Early Morning Hours – não resistiu a um velório e ao funeral, dor no peito mantida, segue para a cardiologia;

– 78 e 77 – Masculino e feminino: dois doentes de lares de idosos trazidos por jovens funcionárias.

– 77 – Masculino: mais um lar de idosos em apuros – complicação pós-cirurgia abdominal, segue para a cirurgia;

– 65 – Masculino: má interpretação da terapêutica anti-diabética, analfabeto;

– 63 – Feminino: queda de cabelo (olho para o relógio: são exactamente 13 horas e vinte), educadamente pergunto: minha senhora, queixar-se de queda de cabelo, aqui e às 13h20? Resposta: porque o meu marido tinha que fazer de tarde. É perigoso discutir com estes doentes. Tome lá este champô e vá ao seu médico, se faz o favor.

– 95 – Feminino: agitação, sons imperceptíveis, grunhidos, gemidos, psicose senil, acamada, suja, urinada, escariada, abandonada dentro da família. Quando mostram a vida dos 113 anos, esquecem-se de muitos anos sem vida. Estes casos não convêm expor nos monitores das nossas televisões. Expor doentes, só com casas com piscina, da nossa nova burguesia, ou quando cheira a negligência médica ou do Estado. Quando a negligência é das famílias, as televisões escondem-se.

– 16 – Feminino: picadíssima por insectos durante a noite. Mas viveremos em África? Não. Vivemos em Portugal, mas há quem sobreviva e não viva sem condições.

– 15/16 – 4 Alunas teen: sintomas mínimos, da mesma escola, da mesma turma, para a declaraçãozita. Sempre é melhor que ir à escola.

– 34 – Masculino: corpo estranho no olho, há mais de 24 h. É um caso de auto-negligência. Segue para a oftalmologia.

– 90 – Masculino: queda da cama há 8 dias. Vive sozinho com a esposa de 89. Os filhos esqueceram-se dos pais. Traço ligeiro de fractura do úmero. Ortopedia. Repouso em casa com carta para o médico de família.

– 67 – Masculino: Depressão por cancro da laringe. Tratado, estabilizado, curado (?). Mas a depressão persiste. Foi mais fácil tratar o cancro que a depressão. A vida é assim. Mas se não tivesse fumado a vida inteira, nem uma, nem a outra teriam aparecido.

– 24 – Feminino: Oksana (nome fictício), emigrante de leste. Educada e simpática. ITU.

– 79 – Masculino: internado em lar. Acamado. Diz a acompanhante muito agitada, que está engasgado. Não está. Está com uma crise aguda de ansiedade.

– 86 – Feminino: erisipela.

– 91– Feminino: diz o familiar, espumou pela boca. Está em coma. AVC.

– 52 – Masculino: pai de médico. Segue para a dermatologia. (Pior é quando o filho está doente e o pai é médico. Por vezes é a doença “filho de médico”).

– 40 e 52 – dois elementos do nosso lumpen: finalmente. DST, já com resultado de análise na mão. Também há lugar para eles. Portugal é belo.

– 76 – Feminino: reacção aguda ao stress pelo internamento do marido das Early Morning Hours, na cardiologia.

Metade da lista. Os casos restantes perderam-se da memória.

(Ficção a partir da realidade observada. Tudo inventado. Nada disto existiu.)

Eu não existo! Eu sou ficção.

domingo, outubro 26, 2003

Literatura Médica II

"Orientados por topograma de perfil obtivemos cortes tomográficos axiais de 2,5mm de espessura paralelos ao plano dos discos intersomáticos lombares.

Lise ístmica bilateral de L5 – espondilolise, determinando discreto desvio listésico anterior de L5 sobre S1 (espondilolistesis litica). Associada procidência difusa do anel fibroso do respectivo disco intersomático de maior expressão focal ao nível da vertente póstero-lateral esquerda contactando a face ventral adjacente do saco tecal sem compromisso das emergências radiculares. As alterações referidas determinam discreto alongamento do canal raquidiano central, deformação dos canais de conjugação, com estiramento radicular, estando contudo permeável o tecido adiposo peri-neural foraminal.

Procidência difusa do anel fibroso do disco intersomático L4/L5, de maior expressão focal ao nível da vertente póstero-lateral esquerda, deformando a face ventral adjacente do saco tecal determinando conflito de espaço com a emergência radicular L5 esquerda.

Procidência difusa do anel fibroso dos discos intersomáticos L3/L4 e L2/L3 coexistindo hérnia discal foraminal esquerda em L3/L4 obliterando o tecido adiposo peri-neural foraminal contactando com conflito de espaço a raiz L3 esquerda no trajecto no canal de conjugação. No nível L2/L3 assinalamos rectificação da vertente tecal anterior ao nível das emergências radiculares.
Canal raquidiano lombar central de dimensões reduzidas de natureza constitucional nos níveis L3/L4 e L2/L3 agravado pelas alterações disco-vertebrais referidas e pelo espessamento bilateral dos ligamentos amarelos, determinando estenose segmentar mista canalar central significativa no nível L2/L3 com moldagem concêntrica e conflito de espaço radiculo-tecal
."

In um qualquer relatório de uma tomografia axial computorizada (TAC) pertença de ninguém.

Nota: Estes bilhetes de pseudo literatura médica têm como objectivo a preparação para um futuro triste bilhete.

"O Álcool Pode Fazer Bem"

Aconselho a leitura desta entrevista* (Público, 26/10/2003, por Ricardo Dias Felner a Fátima Ismail, médica, que dá consultas na unidade de etilo-risco do Hospital de Santa Maria, em Lisboa), sobre o álcool, mas cuja primeira resposta, serve às mil maravilhas, para a discussão que a blogosfera teve sobre o tabaco.

"PÚBLICO - Não receou admitir publicamente que o álcool pode ser positivo?

Fátima Ismail - A nossa vida é um conjunto de opções. E para nós optarmos bem é preciso estarmos bem informados. Não podem existir, por isso, tabus, coisas escondidas. Hoje em dia, tudo se sabe. O alcoolismo é um drama em Portugal, isso deve ser dito e devemos combater os mitos de que é benéfico sexualmente, que dá força, que é um sinal de masculinidade, etc. Mas não se pode esconder que também tem aspectos positivos. Por outro lado, o ser humano é muito curioso. Por isso, quanto mais se tenta esconder as coisas, mais as pessoas querem experimentar, sobretudo na adolescência.
"

A minha função aqui é só informar, tentar explicar qualquer coisita. Não é tomar atitudes repressivas, nem descriminatórias, nem defender causas que julgue serem as mais justas.

Nem ser paternalista ou caridoso.

Aliás, são duas situações que me eriçam!
Explicar, aconselhar ou solidarizar, às vezes só com uma palavra, são circunstâncias bem mais agradáveis.

Eu aprendo todos os dias!
___________
* ligação não permanente.

Nós Suicidamo-nos Todos os Dias

A frase é de um popular entrevistado para a SicNotícias.

Mas acutilante, como sempre foi a sabedoria popular.

É o tabaco, as gorduras, o sedentarismo, o sal, os acidentes de viação, etc, etc., completo eu.

sábado, outubro 25, 2003

SAL

No Jornal de Notícias de 25/10/03:

"Cardiologistas propõem lei que limite o uso de sal

Hipertensão



Limitar, legalmente, o consumo de sal, é uma medida que a Federação Portuguesa de Cardiologia (FPC) preconiza, para combater a hipertensão. A proposta está a ser elaborada, e os responsáveis daquela instituição esperam que tome a forma de lei o mais rapidamente possível.
Obrigar a indústria a produzir alimentos com menos sal é o espírito da proposta, noticiada, ontem, pela TSF. Segundo Manuel Carrageta, presidente da FPC, "consumimos mais do dobro do sal do que os outros países europeus". A diferença é ainda maior em relaçãoaos valores recomendados pela Organização Mundial da Saúde (consumimos 18-20 gramas/dia, quando o admissível são cinco).
A FPC pretende que a redução seja feita gradualmente, para que não constitua um choque. Por exemplo, começa-se por uma redução de 10 a 20% do sal usado na confecção de pão, o que não fará grande diferença ao consumidor, repetindo-se o corte passado um ou dois anos, o que terá "um impacto extremamente positivo no número de hipertensos e no número de doenças cerebro-vasculares que ocorrem em Portugal".
Cerca de 40% dos portugueses com mais de 40 anos são hipertensos.
"

Apoio incondicionalmente este medida.

Nos Estados Unidos da América do Norte também está (esteve) na ordem do dia, para combater determinados problemas de saúde resultantes do "bem-estar" que a civilização ocidental nos proporciona. Assim a obesidade mórbida, que nos EUA atinge níveis escandalosos, iniciou um processo lento de estabilização e regressão.

Quem quiser acrescentar um pouco de sal (ou pimenta) faça o favor.

sexta-feira, outubro 24, 2003

O Público Esclarece a Boa Vontade ...

"Televisão nas Farmácias Terá Publicidade a Medicamentos
Por JOANA FERREIRA DA COSTA
Sexta-feira, 24 de Outubro de 2003

O programa "Farmácia TV", que em Março de 2004 começará a ser transmitido em ecrãs de televisão em 500 farmácias do país, prevê que cerca de 20 por cento dos conteúdos sejam publicidade a medicamentos que não precisam de receita e a champôs ou cosmética. Este projecto da Associação Nacional das Farmácias (ANF), avaliado em 3,7 milhões de euros, passa ainda por informação ao consumidor e conselhos de saúde, alargando às montras as promoções pagas pelos laboratórios.

O "Farmácia TV", anteontem apresentado, instalará ecrãs de plasma de grande formato no interior dos estabelecimentos aderentes, que passarão, num sistema interno de vídeo, três tipos de conteúdos: filmes de promoção da saúde e informação ao doente, mensagens institucionais e publicidade a produtos e medicamentos não sujeitos a receita médica.

A informação será transmitida ao longo das 24 horas, prevendo-se que as farmácias disponham de um outro monitor de TV, que seja visível do exterior e que durante a noite dará indicações úteis, como a lista das farmácias de serviço.

Os vídeos informativos não terão som. O projecto arrancará com 100 filmes de um minuto cada, calculando-se que a publicidade venha a ocupar 20 por cento da programação. O peso promocional poderá, no entanto, estar sujeito a alterações, apurou o PÚBLICO junto de fonte da ANF. De qualquer modo, o principal objectivo é que esta TV seja "um importando veículo de formação e informação dos utentes no espaço da farmácia", diz a associação.

Custos suportados pela ANF

Na fase de arranque, o "Farmácia TV" deverá funcionar em 500 farmácias. Os custos do projecto serão totalmente suportados pela ANF, que também elaborará os conteúdos. As estimativas apontam para um custo de 7500 euros por estabelecimento, num total de 3,7 milhões nesta primeira fase. Mas a longo prazo, com o alargamento da rede de farmácias aderentes, os custos passam a ser totalmente suportados pelos laboratórios e empresas anunciantes.

A ANF já contactou cerca de 40 laboratórios e fabricantes de produtos de higiene e bem-estar, para que aderissem ao projecto, que também prevê a publicidade nas montras das farmácias. "A ideia é que as montras sejam uma réplica dos módulos de publicidade do 'TV Farmácia', funcionando esta promoção em simultâneo em redes de 100 farmácias".

A participação dos laboratórios e fabricantes de produtos cosméticos vai ser feita mediante a assinatura de um protocolo com a ANF, que definirá "a contribuição financeira de base anual e as respectivas contrapartidas", diz a associação.

A elaboração dos conteúdos institucionais e técnicos ficam a cargo da ANF, que criou um conselho consultivo que validará a informação. Dele farão parte, não só farmacêuticos e um representante da Ordem da classe, mas também um representante dos consumidores e outro da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) . Ao que o PÚBLICO apurou, o presidente do Instituo Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) mostrou interesse em obter publicidade institucional gratuita no "Farmácia TV", tendo em vista a promoção do uso racional dos medicamentos."


Até nem acho mal.
Só me custa é ouvir que é em prol do doente. Que é uma medida para educar as massas, de base científica, etc.
Será uma nova aliança entre a Apifarma (que representa os laboratórios corruptores dos médicos) e a ANF (que rerpresenta as farmácias).

Será que a ANF se irá esquercer dos genéricos?

As farmácias são um negócio que tem que ser rentável. E isto será uma forma de se promoverem os chamados medicamentos OTC, medicamentos de venda livre e que na língua anglo-saxónica significa: over the counter (por cima do balcão).

quinta-feira, outubro 23, 2003

Literatura Médica I

"Introdução laboriosa até ao cego, por cólon longo, redundante (dolicocolon):

.../...

fenómenos espásticos particularmente nos segmentos esquerdos com esboço diverticular.

Canal anal:
- inspecção perianal: marisca hemorroidária;
- exame digital: indolor, tônus normal;
- observação: plexo hemorroidário interno congestionado (grau I/II).

Conclusão: D. espástico-diverticular
"

In um qualquer relatório de colonoscopia pertença de ninguém.

Gostava, Gostei. Não Gostava, Gostei. O Google É O Google!

1) Da prestação do FCP (que bom antidepressivo!).

2) Do dr Strecht Monteiro (que bom ansiolítico!).

3) Mas o que procura, quem me traz o Google?

Blogue da epilepsia. (Será que existe?)

Tensão pré-menstrual conclusão pesquisa (Já falei. É o premenstrual dysphoric disorder ou late luteal phase dysphoric disorder).

Tumor vírus inteligente (Há vírus bem mais inteligentes que os humanos.)

Artigo científico de AVC (Devem existir milhões de artigos escritos. Em Portugal, o prof. José Manuel Ferro é uma referência.)

"O doente oncológico" (Porquê entre comas?)

Médico blog (Este devia querer-me!)

Projecto construção agência funerária privado (Não conheço agências funerárias públicas.)

Sintomas de fibromioma (Perguntem à Elsa Raposo. Afinal o tumor não impediu o casamento!)

Trauma ocular doméstica (Deve ser a Vitriólica que fez uma queratite traumática quando fritava uns ovos estrelados.)

Ansiedade dentária (Quem não a tem!)

Estudo do cancro junto ao rio Minho (De que lado da fronteira?)

Cancro mama "psicologia" (Deve procurar: acompanhamento psicológico a doentes mastectomizadas.)

Gastroenterite português significado (Era mais fácil abrir um dicionário on-line)

Marido morreu (Que estranha pesquisa!)

Leio Myos* (Com um asterisco. Para quê?)

Controlar a dor do enfarte do miocárdio (Se não houver contraindicações: no enfarte, a morfina; na angina, a nitroglicerina.) Não fumem!

Receitas de doces poveiros (Que têm os doces poveiros, as rabanadas, a ver com o Médico Exlplica?)

Felicidades Médico (Se forem para mim, obrigado.)

Pneumonia comunidade (PAC: pneumonia adquirida na comunidade)

Siglas médicas (Veja o P@pel do Médico)

quarta-feira, outubro 22, 2003

O Marido Médico, a Mulher Médica e a Filha Médica.

A Democracia permite-nos isto.

As minhas informações permitem-de afirmar que, o milagre da D. Emília, que, de repente, qual verdadeiro milagre, caminhou sobre a terra em posição vertical contrariando a posição horizontal em que vivia há décadas, foi confirmado a pedido da Igreja por três médicos: o marido, a mulher e a filha.

Junta médica familiar!

Para quando um verdadeiro milagre para o Médio Oriente? Mesmo atestado por favor, ficava agradecido.

terça-feira, outubro 21, 2003

Venda de Medicamentos em Unidose

Já aqui falei nisto.

Porque não se aplica em Portugal? Quem resiste ...

segunda-feira, outubro 20, 2003

Quando mal, nunca pior...

Diz o povo e com razão!

Disse-me um doente e sem razão, a propósito dos relatórios dos exames complementares de diagnóstico que me mostrou:

"LIGEIRAS ALTERAÇÕES FIBROCALCIFICANTES DEGENERATIVAS DAS VÁLVULAS AÓRTICAS E MITRAL, SEM APARENTE COMPROMISSO FUNCIONAL."

Idade: benditos 90 anos cheios de vida.

domingo, outubro 19, 2003

Por Falar em Tabaco ... Não Morras Já, Pá!

Foi publicado o Programa Nacional de Prevenção e Controle das Doenças Cardiovasculares pelo Despacho nº 16 415/2003 – 2ª Série no Diário da República nº 193 de 22 de Agosto de 2003.

Mas descansem os bons e necessários intelectuais fumadores da blogosfera, com o Aviz à frente: este Programa não impede ninguém de fumar.

Mas leiam até ao fim este bilhete e depois façam um acto introspectivo e decidam em consciência.
São doenças evitáveis em quase 100%.
Olhem para os vossos amigos que subitamente desapareceram (todos temos um ou outro amigo que desapareceu subitamente, sem ter oportunidade de se despedir).

Alguns excertos do documento:

- “As doenças cardiovasculares (acidentes vasculares cerebrais e doença isquémica do coração) são a principal causa de mortalidade em Portugal …/… sendo considerada uma das mais elevadas da Europa e do Mundo.”

- “…são responsáveis por perto de 50% das mortes ocorridas em 1999, …/… entre as principais causas de mortalidade, invalidez e anos potenciais de vida perdidos na população portuguesa.”

- “…são assim a principal causa de morte em Portugal em ambos os sexos.”

- “Observa-se no entanto uma tendência decrescente a nível nacional e em todos os grupos etários…”

-“…cerca de 17% da população portuguesa refere ser hipertensa (+- 30% em rastreios realizados)…”

- “QUE CERCA DE 19% DA POPULAÇÃO COM IDADE IGUAL OU SUPERIOR A 10 ANOS REFERE SER FUMADORA DE MAIS DE 20 CIGARROS POR DIA

- “...que 50% da população portuguesa apresenta excesso de peso….”

- “…sendo Portugal o país da União Europeia que mais consome calorias por dia e em que menos se anda a pé…”

- “…a prevalência da HTA …/… o tabagismo, a dislipidémia, a diabetes, o abuso do álcool, o sedentarismo, a obesidade ou o stress excessivo

[Como sabemos nenhum destes factores de risco é preponderante nos intelectuais!]

- “O desenvolvimento das ciências da saúde veio demonstrar que a morte ocorrida em idades precoces no mundo ocidental, não se deve a uma fatalidade do destino mas a doenças causadas, ou agravadas, pela imprevidência, ou pela ignorância, das causas que a elas conduzem.”

-“…a DIC e os enfartes do miocárdio, …/… dada a perspectiva de crescimento … até ao ano 2025”

-“…mobilização geral da sociedade para a promoção e preservação da saúde, através da educação, informação e formação dirigida, …/... fazendo recurso:

1. dos meios de comunicação social nacionais, regionais e locais; [esqueceram-se dos nossos blogues]

2. dos líderes de opinião; [tais como o FJV do Aviz e o JPP do Abrupto]

3. dos educadores; [tais como
Mata-Mouros,
Gato Fedorento,
Dicionário do Diabo,
Blogue dos Marretas,
Blog de Esquerda,
Bomba Inteligente,
Desejo Casar,
Flor de Obsessão,
Jaquinzinhos,
(o vento lá fora),
Terras do Nunca,
Janela Indiscreta,
Barnabé,
Mar Salgado,
Cruzes Canhoto!,
Homem a Dias,
País Relativo,
Voz do Deserto,
Desblogueador de Conversa,
Glória Fácil,
Outro, Eu,
A Formiga de Langton,
Liberdade de Expressão,
A Praia,
Almocreve das Petas,
Socio[B]logue,
Contra a Corrente,
Avatares de Desejo,
Fumaças,
Não Esperem Nada de Mim,
Bloguítica Nacional,
Valete Fratres,
A Natureza do Mal,
100 Nada,
Memória Inventada,
Alfacinha,
Terras do Nunca,
Ouvido de Barman,
O Comprometido Espectador,
Bicho Escala Estantes,
Cataláxia,
Íntima Fracção,
Jornalismo e Comunicação,
A Aba de Heisenberg,
Procuro Marido,
A Causa foi Modificada,
Janela Para o Rio,
Guerra e Pás,
Adufe,
Azul Cobalto,
Maizumpomonte,
Monólogo.]


4. dos artistas e animadores; [como o resto da blogosfera]

….”

- “O tabagismo, considerado na União Europeia, o factor de risco mais importante, está implicado em cerca de 50% das causas de morte evitáveis…”

- “O tabagismo passivo tem, também um risco acrescido de DC ateroesclerótica, favorecendo, igualmente, a ocorrência de outras doenças, nomeadamente osteoporose, doenças respiratórias e oncológicas, relacionadas com o tabaco.”

sexta-feira, outubro 17, 2003

Mais Lembranças do Harrison

"Prezado Colega e apesar disso... Amigo
Mais uma vez o bom senso vem á superficie da explicação aos intelektuais. O bom senso, matéria de dificil aprendizagem na escola médica e de ainda mais dificil transmissão ao longo do exercíco da nossa profissão, dita que quanto mais exigente a formação teórica mais se afastada esta da pratica. Lidando por dever de ofíco com alunos do 4º e depois do 6º ano de uma mui prestigiada escola médica ( que não a minha alma mater) surpreende-me a dificuldade cada vez maior que estes potenciais futuros Colegas têem em perceber que a pratica médica não é mais do que integração de conhecimentos caldeada no bom senso ou senso comum . Assim, se o frequente é frequente, o raro é raro e quando não percebemos o que estamos a observar o melhor é perguntar ou em última análise recorrer aos bons e velhos livros, que normalmente possuem alguma explicação para o que estamos a ver pela primeira vez. Não me atrevo a debater sobre as vantagens e desvantagens da EBM mas apenas sobre a necessidade já reconhecida por Hipocrates da relação tutorial na aprendizagem do saber / arte médica.
Sempre fascinado pela medicina anglosaxónica ( vide americana) o que me surprendeu por lá foi a precocidade da ida dos estudantes para a enfermaria, praticando gestos simples e elementares mas desde muito cedo apreendendo uma maneira de estar na profissão e na relação como o outro ( doente, familiar, profissional de saude, chefe ou patrão, ou simples colega). Assim sendo e antes que o sono vença 100% de acordo com um Internato geral de verdadeira pratica e de preferência om pouca tolerância ás dispensas para estudar 7 capítulos do Harrison
PS fui reler algumas anotações da minha 9th edition em papel de bíblia sublinhado a lápis a proposito de um sinal clínico obscuro ( Cullen) que hoje de manhã observei numa criança em estado grave e lá estava a explicação a fisiopatologia subjacente, enfim a explicação .... aos simples das coisas complcadas.
Cumprmentos de um Colega ao dispor..."


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Como o Hotmail devolve as mensagens, respondo-lhe por esta via:

Caro colega Gasel:

Inteiramente de acordo com tudo o que me disse na sua mensagem, só que pendo mais para o lado do fumador passivo.

Aliás, como fumador passivo, adoro o odor do fumo do tabaco, ainda me deixa muitas saudades. E já lá vão 20 anos.

Felicidades.

Med. Expl.

Munchausen Syndrome by Proxy

quinta-feira, outubro 16, 2003

Harrison's Principles of Internal Medicine

Está o cibertulia preocupado com o facto da Margarida se estar a preparar para o exame de ingresso no internato para as diversas especialidades médicas e cirúrgicas. E insurge-se contra o o tempo perdido no internato geral, principalmente no segundo ano. Depois afirma que "O estado da Saúde em Portugal também se podia medir por aqui..." e pede que "o médico de serviço na blogosfera também poderia dar o seu importante contributo...".

O médico de serviço, que bem gostaria de o não ser, lembra-se do seu Harrison desde os seus anos clínicos na faculdade até hoje. Harrison será sempre o Harrison. É a nossa bíblia, sempre actualizada, desde que o compremos, claro.

Lembro-me que para além da letra miudinha o papel era bíblia.
Ainda guardo os meus Harrisons passados. E como gosto de confirmar os avanços da medicina ao folhear estas edições desactualizadas.

Ainda a sida não era sida e já o Harrison de 1980 descrevia em poucas linhas uma nova doença, apenas estatisticamente relevante, pois referia o aparecimento de determinadas doenças relacionadas com a deficiência adquirida da imunidade. Nessas linhas descrevia-se que em determinados grupos sociais, como os homossexuais, os haitianos e os adictos de drogas endovenosas desenvolviam-se algumas doenças que era suposto não se desenvolverem e relacionadas com a diminuição das defesas.
Era uma interrogação. Porquê? Ainda se colocavam muitas dúvidas.

Quanto ao internato geral, está em mudanças.
Defendo um bom internato geral de 2 anos (parece que vai ser diminuído). Mas é necessário para se adquirir "traquejo" e "autoconfiança" na profissão.
Nos médicos espanhóis, onde não existe internato geral, nota-se uma certa dificuldade no à vontade na prática clínica do dia-a-dia. No senso clínico (ou olho clínico) que só se adquire com a prática.

Pena é que o internato geral ainda seja encarado como uma mera preparação para o exame de ingresso ao internato das especialidades e se descurem tantos aspectos práticos.

quarta-feira, outubro 15, 2003

Provado vs Não Provado

Não vou discutir ciência na blogosfera.
Aliás, apenas disse que "Como entretanto ficou provado que o fumador passivo também é molestado pelo fumo do tabaco do parceiro do lado". Não falei em cancros do pulmão (mas que los hay, los hay!)

Não vou fazer no blog um seminário contra ou a favor do tabaco, nem do fumador passivo.

Mas já que o Aviz me lançou indirectamente o repto de uma resposta, vou tentar explicar medicina para intelectuais, com linguagem simples, mas científica.

Comecemos com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia:

- "A população fumadora é, não só a que maior mortalidade apresenta, mas também a que maior morbilidade possui. São os que consomem mais cuidados de saúde e os que maior absentismo por doença apresentam. As faltas ao serviço são mais de 25% superiores nos fumadores.";
- "é uma maneira não só de diminuir os riscos para a saúde que o hábito provoca, mas reduzir também os riscos (não só na morbilidade mas também na mortalidade) do fumador passivo."

Continuemos com a Escola Nacional de Saúde Pública:

- "O fumador passivo, exposto à poluição tabágica ambiental (PTA) provocada pelos fumadores, encontra-se exposto a uma série de doenças potenciais que cada vez mais necessitam de ser prevenidas. Neste quadro, cabe à sociedade proteger a saúde dos seus cidadãos através de uma legislação que proteja os não fumadores, ao mesmo tempo que respeita a opção daqueles que fumam".
- "Se existe consistência na associação entre consumo activo de tabaco e neoplasia maligna do pulmão, já o risco de contrair cancro do pulmão relacionado com os fumadores passivos levanta ainda algumas dúvidas em estudos recentes (Lee e Forey, 1996), apesar do elevado número de estudos que suportam o efeito deletério do fumo consumido passivamente".
- "Desde a exposição das esposas de fumadores activos até à exposição das crianças ao fumo do tabaco e à exposição em função da ocupação profissional, vários estudos utilizaram estes factores como fonte de informação sobre os efeitos do fumo passivo na incidência de NMP. Contudo, o risco de um fumador contrair cancro do pulmão diminui se desistir de fumar, assim como o risco de contrair outras patologias associadas ao tabaco (Tong, 1996)".

E terminemos, para já, com as conclusões portuguesas do estudo referido no Aviz pelo meu colega:

- "A associação entre tabagismo passivo e cancro do pulmão tem adquirido grande importância social e política. Vários estudos epidemiológicos, centrando-se sobretudo na exposição ao fumo do tabaco do conjuge, têm demonstrado esta relação. Com o objectivo de determinar a existência de um efeito positivo do fumo do tabaco do ambiente, analisando a exposição durante a infância, a exposição ao conjuge e outros membros do agregado familiar, e ainda da exposição em veículos, lugares públicos e no ambiente profissional, realizámos um estudo caso-controle, integrado num projecto multicêntrico. Estudámos 38 doentes com cancro do pulmão confirmado histologicamente e que nunca tinham fumado e 67 controlos, igualmente não fumadores.Os resultados obtidos, mostram que os doentes com cancro do pulmão têm maior exposição ao fumo de tabaco quer durante a infância quer durante a vida adulta. Por outro lado, apenas a exposição relativa ao conjuge tinha significado estatístico, duplicando o risco de cancro do pulmão quando os níveis de exposição eram superiores a 5000 cigarros fumados («odds ratio», 3.10; 95% de intervalo de confiança , 1.09-13.09). Apesar dos nossos dados necessitarem de integração no estudo multicêntrico para serem mais conclusivos, mostram uma relação entre a exposição ao tabagismo passivo do conjuge e o cancro de pulmão em não fumadores."

Dor no Peito: A Medicina É Assim ...

Hoje, em 12 horas de serviço, 18% dos doentes observados referiram dor no peito. Destas, apenas uma era de origem cardíaca num doente de 87 anos com a sua angina e que regrediu com um comprimidinho sub-lingual de nitroglicerina.

Nas restantes, os diagnósticos de saída foram: ansiedade aguda, dores de origem gástrica, dores osteo-musculares, asma, depressão, e até uma rinofaringite tinha como motivo de consulta a dor no peito.
E quando alguém tem uma dor no peito, pensa logo naquilo que não devia pensar...

Isto foi hoje.

Há oito dias, o enfarte do miocárdio foi fulminante.
O doente entrou pelo seu pé com dor no peito e já não saiu. A reanimação foi infrutífera.

terça-feira, outubro 14, 2003

"Médicos de Portalegre Recusam Acusação de Homicídio por Negligência"

Neste julgamento mediático, diz o Público que nenhum dos médicos se considera negligente.

Dos três conheço um e sei que não é negligente. Confiava-lhe a minha família, amanhã ou depois.

Não consigo alcançar o raciocínio clínico do terceiro, nem o seu diagnóstico. Mas também não sei se os jornais têm transcrito correctamente as informações clínicas.

Quer o Tribunal decida ou não por negligência, que houve erro de diagnóstico não há dúvida.

E os erros também se combatem!

Só não compreendo a razão porque nenhum jornal explora o facto de um hospital distrital (terminologia antiga) não ter um cardiologista de serviço, nem um técnico cardiopneumologista de serviço à urgência, a partir das 16 horas.

Este é o país real!

domingo, outubro 12, 2003

Cancro do Pulmao

(Nao estou em Portugal e no hotel os teclados nao têm til. Desculpem-me.)

Mas mesmo longe, lembrei-me da polémica do Aviz.

No intervalo de uma sessao, conversava com um colega que me dizia que tinha sido diagnosticado ao seu pai um cancro do pulmao. Tinha-o levado aos melhores especialistas da matéria e todos aconselhavam que ao seu pai fosse retirado, ou um lobo do pulmao ou mesmo a sua totalidade.

Palavra puxa palavra, fiquei a saber que o seu pai nunca fumou, que tinha 85 anos e que nao queria ser operado, afirmando que se sentia muito bem.

Já sei que os fumadores estarao a dizer: em bem disse que também há cancros em quem nunca fumou!
E estao a dizê-lo com muta razao. Só que a palavra cancro, para a populaçao em geral tem um peso psicológico enorme, mas para nós, significa uma multiplicidade de diagnósticos, com vários prognósticos.

No pulmao desde há muito se sabe que há cancros que nao estao relacionados com o tabaco. Mas sao uma percentagem reduzida em relaçao à totalidade dos vários cancros do pulmao. Mas a estatística nao mente. Desde que os hábitos tabágicos na mulher aumentaram, também aumentou o número de cancros do pulmao e a respectiva mortalidade.

Sou a favor de campanhas de educaçao para a saúde. Mas sou contras as demagogias higienistas, como refere o Aviz. E em relaçao ao vinho, em quantidades aceitáveis, até tem um efeito benéfico para a saúde, como todos sabemos.

E voltando ao pai do meu colega, penso que faz muito bem em nao ser operado. Trata-se de um nódulo solitário e com 85 anos, provavelmente falecerá de morte natural, muito antes do cancro provocar qualquer estrago!

quinta-feira, outubro 09, 2003

Ter um Blog (Ou Ler Blogues) Também É um Vício, Só que Não Mata!

Português Suave e a Polémica do Aviz

"PORTUGUÊS SUAVE, 4. Sobre o texto acerca do Português Suave começam a chegar alguns textos mais serenos — e até alguns de fumadores, caramba". diz o Aviz.

Também chegam os ex-fumadores, com eu.

Concordo com o Aviz, que tem sido educadíssimo nesta discussão, assinale-se, quando se refere à defesa da marca Português Suave. Por um lado, perde-se uma marca conhecidíssima, por outro autoriza-se o Marbelo, que como sabemos não se confunde nada com Marbollo, mesmo na pronúncia madeirense!

Das poucas certezas que a Medicina tem, a de que fumar tabaco faz mal é uma delas. Em termos científicos tabaco, pouco quer dizer, pois o cigarro, o papel, o fumo, a combustão, a temperatura, tudo tem a sua especificidade nesse fazer mal.

Quem quiser fumar, que fume! É mais fácil impedir o suicídio, tratando a depressão, do que impedir que um fumador se mate aos poucos. É uma opção. Temos que a respeitar.

Como entretanto ficou provado que o fumador passivo também é molestado pelo fumo do tabaco do parceiro do lado, sou apologista que os fumadores tenham os seus espaços isolados.
Como gosto de os ver em alguns aeroportos, por baixo de um chapelinho, os fumadores juntinhos, com o seu cigarrito na mão, enqunto o fumo é sugado para o exterior!

terça-feira, outubro 07, 2003

Ser Blogger É ... Ir Ali e Voltar (Sem Data Marcada!)

Ser blogger é...

Belo
Agradável
Deleitoso
Excelente
Atraente
Aprazível
Gostoso
Bonito

Encantador
Sério
Esplêndido
Deslumbrante
Celso
Simpático
Excelso
Cativante

Convidativo
Doce
Delicioso
Pulcro
Adorável
Sublime
Surpreendente
Sedutor
Voluptuoso
Lascivo
Melífluo
Provocante
Libidinoso
Sensual
Angariador

Dominador
Fascinante
Critico
Diligente
Grandíloquo
Soberbo
Ameno
Aliciante
Aliciador
Portentoso
Interessante
Ágil
Honesto
Maravilhoso
Provocatório

Problemático
Absorvente
Trabalhoso
Custoso
Activo
Complicado
Árduo
Cansativo

Dinâmico
Difícil
Duro
Espinhoso
Estafante
Enérgico
Laborioso
Grave
Penoso
Extenuante
Exaustivo
Fatigante

e

Esgotante


Vou ali e já volto, mas…


Não vou de férias como o Aviz
Não vou explodir como o A Formiga de Langton
Não vou fugir envergonhado como o João Hugo Faria
Nem vou fugir à polícia como o Muito Mentiroso
Não vou acabar como o Guerra e Pas
Não vou desistir como o Reflexos de Azul Eléctrico
Não vou reaparecer com a versão 2.0, como o Socio[B]logue
Não me vou arrepender como o Maranhão
Não me vou zangar como o Coluna Infame

Mas vou agradecer ao nosso deputado pela simpatia, ao Aviz pelo seu último elogio, ao Mata-Mouros pelos seus óscares, aos cerca 70 blogues que me referenciaram, aos carteiros (Olá João!) e às professoras universitárias (Olá Maria!) que me escreveram, aos colegas (Olá Paolo!) e às correctoras ortográficas (Olá Eli!), a todos aqueles que se lembraram de mim (Olá Ana!) e àqueles que me criticaram.

Vou ali e já volto, amanhã ou depois. Nunca, é pouco provável.

Mas, ser médico não é só consultar ou estar de plantão. É muito mais do que isso.
E é esse #muito mais# que começa a ser difícil coabitar com a actividade bloguística diária.

O blog continuará vivo, sem vida, o carteiro pode continuar a distribuir o correio electrónico...

E eu sempre lhe poderei dar umas injecções de vez em quando...

sábado, outubro 04, 2003

Os Médicos e Os Atestados

A minha dependência continua, ainda não consegui fazer o que tinha programado.

--//--

Li no Abrupto o seguinte:

"Nos Jaquinzinhos há uma nota intitulada "Portugalidade", que explica à saciedade o que se passa

"Rodeado de amigos à mesa de um restaurante, dizia o médico:

"Não há maneira de dar a volta a isto! Estes gajos mal se apanham com algum poder, abusam, isto é só cunhas, favores aos amigos, esta porra está enraizada na sociedade! Olha lá, Zé, eu passo-te o atestado por mais 2 dias e assim podes juntar a quarta ao fim-de-semana, está bem?"
"

Os atestados médicos e as CITS (vulgo baixas) são um cancro na actividade dos médicos.

De bom grado dispensaríamos tal actividade.

Lembro, por exemplo, que a maior parte dos atestados que os réus apresentam nos tribunais, fazem-no a pedido dos advogados e por inúmeros motivos.

Já me aconteceu ser chamado oficialmente por um tribunal, para verificar a doença de um réu, na própria hora em que se iria iniciar o julgamento.
E assim é que se deveria proceder, sempre!.

Em tempos, não me recordo quando, a Ordem dos Médicos tinha proposto que as incapacidades para o trabalho ou outras só deveriam ser atestados (do verbo atestar) por um médico passados 30 dias.
Assim: para toda a incapacidade resultante de doença por períodos inferiores a 30 dias, seriam os próprios interessados a responsabilizar-se pela justificação da sua doença. O médico só entraria no processo, ou se se presumisse que a doença se prolongaria por mais de 30 dias (acidentes ou doenças graves, doenças psiquiátricas, etc.) ou se fosse solicitada pelas entidades interessadas a verificação da doença.

A responsabilização do próprio doente obrigá-lo-ia a ser mais coerente (honesto) consigo, sabendo que a sua doença poderia ser confirmada por um técnico.

Vitriólica - A Doméstica-Cibernética

Todos os dias, digo, penso, exijo, para os meus botões: hoje tem que continuar a ser um período de reflexão. Não posso ir, nem ao meu, nem a qualquer outro blog.
Mal ligo o computador, desta vez foi o portátil, longe do local habitual, já lá estou, antes de pensar que não quero ir. Será dependência? Será que estou adicto? É uma boa adicção, mas preocupa-me.

E assim descobri um blog caloiro, mas muito interessante pelos 4 dias de vida e pelas 5 mensagens lá afixadas.

Enviei-lhe esta mensagem:

"Se todas as domésticas (nome que abomino)/donas de casa (já posso aceitar) fossem como a Vitriólica, metade das depressões e distimias que se observam nas mulheres que trabalham para a família desapareciam.
Gostei da sua ideia e só desconfio se será só "doméstica"
Parabéns.
"

E é uma crua e real verdade. As mulheres domésticas ou donas de casa merecem da minha parte e sempre que as consulto uma atenção redobrada pois poderá existir uma depressão ou distimia disfarçada por outras queixas.
Todos sabemos que vivemos numa sociedade patriarcal, marialva, dominada pelo homem, pelo marido, pelo pai e até pelo avô.
Por mais excepções que existam, por mais avanços que se tenham conseguido, por mais woman's libs que se organizem, por mais legislação paritária que se promulgue, o estigma da mulher doméstica lá está.
A sua vida tem horizontes muito limitados, os seus canais de comunicação são a nossa televisão que só lhes proporciona incultura, misticismo, sentimentos balofos, concursos infantis, piadas brejeiras e fáceis, o que lhes aumenta a iliteracia, o analfabetismo cultural, etc.
Por outro lado, o seu trabalho não é reconhecido, não têm salário e vivem daquilo que o marido lhes dá, com o consequente controle de que é sempre mal gasto. Não pode chegar tarde ao emprego, não tem colegas para conversar (só as vizinhas, que sofrem da mesma síndroma que elas).
Passam as 8 horas do dia sozinhas, e quando o marido e o resto da família regressam a casa, (que bom é regressar a casa cansado e poder descansar) lá está ela novamente a servir a família com as suas necessidades e exigências.

Acreditem que muitas vezes proponho para as minhas doentes com estas características, com quelxas politópicas, contínuas, subjectivas, uma actividade profissional, produtiva, que muito tem ajudado. O difícil por vezes é a descoberta de um emprego.

Por isso tenho uma admiração especial pelas domésticas do nosso país, aquelas que o são há dezenas de anos e consumidoras habituais de antidepressivos e ansiolíticos.

Se todas fossem como a Vitriólica (Vi para os amigos, como diz) teríamos a nova doméstica-cibernética, que se libertaria da limitação dos horizontes que a "profissão" lhes impõe.

quinta-feira, outubro 02, 2003

Medicina: Arte ou Ciência

Enquanto vou reflectindo, divulgo uma interessante mensagem de um colega e algumas ligações a artigos ou resumos de artigos sobre a Arte vs. Ciência da Medicina.
"De: Paolo C
Data: Quinta-Feira, 2 de Outubro de 2003, 0:50
Para: medicoexplicamedicina@iol.pt

Assunto: de um colega
Prezado Colega,
que, apesar disso..., desde já permita o trate por Amigo, permito-me maça-lo, eu, neofito descobridor da lusitana blogoesfera pois que só através do Abrupto consegui chegar ao Seu blog.
Exultante fiquei, pois vi em virtuais letras de imprensa o que desde sempre sonhei poder, em suporte mais conservador ( papel, rádio ou mesmo TV) ver difundido.
A Medicina, arte que tende para uma ciência, dificilmente poderá ser compreendida por intelectuais, que certamente procuram descobrir equações fractais num tela de Pollock ou outras interpretações metafisicas numa aguarela de Turner.
Pessoalmente dado a algumas distracções pictóricas para compensar as raivas contidas na prática diária da Medicina, espero continuar a apreciar as suas palavras que agitam um meio / classe que me parece algo sonolento ou resignado.
Um amigo, e como aprendi a dizer "in illo tempore ", um Colega sempre ao dispor
P. C.
"

- Medicina: arte o ciencia.
- Medicina: ciencia? arte? ciencia y arte?
- Medicina de Família: Ciência e Arte com Metodologia Acadêmica
- Apuntes Sobre Historia de la Medicina - Cuarta Clase - El Arte Hipocrático.
- Medicine: Art Versus Science.
- Medicine: a healing or a dying art?
- The art and science of clinical knowledge: evidence beyond measures and numbers.

quarta-feira, outubro 01, 2003

Uma Opinião Educadíssima a Defender o Ponto de Vista das Farmácias

"Boa noite,

Permita-me corrigi-lo ou acrescentar algo ao que escreveu no seu Blog acerca das farmácias:

"...Trespassam-se farmácias por centenas de milhares de contos..."
É um facto, assim como muitas se trespassam por poucas dezenas de milhares: tudo depende de uma análise financeira escorreita - qualquer negócio (farmácias, consultórios médicos, laboratórios, stands de automóveis, etc.) vale os retornos líquidos futuros expectáveis, actualizados a uma taxa de risco adequada.

"...Só Portugal é que protege este negócios, contrariando a livre concorrência que defende para todas as outras actividades económicas..."
Não é verdade - a legislação dos países europeus é semelhante à portuguesa, quando não mais protectora (maiores margens de comercialização, maiores capitações, etc.). Até o país mais liberal, o Reino Unido, vetou recentemente uma maior liberalização das Farmácias, com o argumento de que tal é prejudicial ao povo inglês - de facto, o país do mundo com legislação mais aberta, os EUA, é aquele que tem os medicamentos mais caros do mundo (já depois da correcção com a paridade do poder de compra). Isto é sempre verdade em qualquer negócio: depois de um período de competição feroz, ganha o mais forte (leia-se "o que tem os bolsos mais fundos") que depois faz valer a sua posição de monopolista e volta a subir os preços, ficando o consumidor pior do que inicialmente.
E já agora: "...todas as outras actividades económicas..." também não é verdade - se, por exemplo, o Sr. Dr. quiser abrir um hipermercado não poderá fazê-lo, pois não há alvarás para concessão.

O sector das Farmácias é o único da área da saúde que está em mãos 100% portuguesas; cuja posse é totalmente atomizada (existindo 2500 farmácias, existem, pelo menos, 2500 proprietários - nenhum farmacêutico pode ter quotas em mais que uma farmácia); e que cobre eficazmente todo o território nacional.

Fala-lhe daqui um Engenheiro Mecânico, filho de farmacêutica, que tem alguns conhecimentos sobre o sector (sector este que goza de excelente imagem junto do consumidor final)- só lhe peço que não tome a árvore pela floresta, pois todas actividades económicas têm casos extraordinários que podem perverter um debate sério sobre as temáticas em questão.

Cumprimentos,
Rui M.
"

Continuo em profunda reflexão bloguística!