quinta-feira, outubro 29, 2009

Em Memória do Adolescente Falecido, Contra A Imprensa Sanguinolenta!

As famílias não têm culpa.

Serve sempre para mais tarde recordar, em vídeo ou em papel, os sentimentos que são imateriais. Torna-se necessário, para que os outros acreditem que "estamos de facto a sentir" ao sermos mediáticos.

Assim já os vizinhos acreditam e as famílias podem dormir descansadas e os jornalistas, com um pouco mais de sangue vertido nas páginas dos jornais, dormem com o dever cumprido e agraciados pelos seus chefes, com mais uns exemplares vendidos.

Ontem vi um filme: Ligações Perigosas. (State of Play).

Que lição de jornalismo. Com JOTA…….. 

Leiam esta prosa e reflictam nas palavras sublinhadas.

"Criança morreu com Gripe A

Família de Adriano quer processar S. Francisco Xavier

por RITA CARVALHO


Ontem morreu a primeira criança portuguesa com gripe A.  Pais do menino de dez anos dizem que este era saudável e criticam ferozmente a actuação do Hospital São Francisco Xavier, onde foi visto já com sintomas de gripe, pela primeira vez. Família acredita que se tivesse sido tratado logo, Adriano não teria morrido. Esta semana, casos nas escolas dispararam.

Os pais do menino de dez anos que ontem morreu no Hospital Dona Estefânia com gripe A admitem processar o Hospital São Francisco Xavier, onde a criança foi observada na segunda feira já com sintomas gripais. Os familiares consideram que a morte poderia ter sido evitada e que o "hospital foi negligente".

Ao DN, os pais afirmaram que nessa primeira observação médica não foi feito o teste de despistagem da gripe, embora Adriano já apresentasse dores de cabeça e febre. Depois de observar a garganta e auscultar a criança, a médica do São Francisco afastou a hipótese de gripe e encaminhou-o para casa com medição para uma virose.

"Os médicos daqui (Estefânia) disseram-nos que se ele tivesse sido tratado logo com Tamiflu a morte teria sido evitada", afirmou ao DN, Dora Aragão, a madrasta da criança, ao início da noite à porta do hospital pediátrico, onde os familiares directos foram medicados profilacticamente com Tamiflu. "O Hospital São Francisco Xavier foi muito negligente e vamos até às últimas consequências", adiantou.

Adriano Aragão não resistiu ontem à tarde a uma terceira paragem cardiorrespiratória. Aos pais terá sido explicado que esta paragem cardíaca pode ter sido uma consequência da gripe. O que reforça a sua convicção de que, se tivesse sido tratada logo após o início da doença, a criança poderia ter sobrevivido à infecção.

Em comunicado, o hospital Dona Estefânia limitou-se a confirmar o falecimento da criança, remetendo para o resultado da autópsia, a realizar hoje, a determinação da causa de morte. Se for confirmado que o vírus da gripe esteve na origem da morte da criança, esta será a quinta vítima com H1N1 em Portugal - embora, até agora, apenas três pessoas tenham morrido directamente de gripe A- e a primeira entre menores de 18 anos.

Os pais sublinharam ontem que a criança era saudável, mas as autoridades de saúde não descartaram a hipótese de esta ter problemas congénitos de coração.

O menino foi internado na madrugada de ontem na Estefânia, 36 horas após os primeiros sintomas. Na segunda feira, ainda foi às aulas de manhã. Mas as dores de cabeça e a febre levaram o pai e a madrasta da criança a dirigirem-se ao Hospital São Francisco Xavier à tarde. O menino foi observado mas o médico não suspeitou de gripe A e mandou-o para casa. Como a febre subiu bastante nas horas seguintes, e Adriano tinha vómitos e diarreia, voltou ao São Francisco na noite de terça para quarta. Segundo os pais, aí os médicos alegaram não ter forma de atender a criança e enviaram-na para a Estefânia.

Já de madrugada, Adriano foi observado e internado no serviço de infecciologia do hospital pediátrico, onde fez análises laboratoriais através de secreções respiratórias. Às onze da manhã, os pais receberam a notícia de que era gripe A. Ao telefone, Adriano ainda disse ao pai que estava bem e que queria ir para casa. Faleceu ao início da tarde.

Na escola Paula Vicente, no Restelo, onde Adriano estudava, há suspeitas de mais dois casos de H1N1. Um deles é da turma de Adriano, apresenta febre há uma semana e também já foi visto no São Francisco Xavier. Nesse hospital, também não foi feito o despiste da gripe. Os pais de Adriano só souberam ontem da existência e mais casos, já após a morte do seu filho."

2 comentários:

Anónimo disse...

De facto o jornalismo (com j minúsculo) de sangue continua. Sou funcionário do Hospital D. Estefânia onde, infelizmente, esta criança faleceu e o circo montado pelos jornalistas no mesmo é algo de bradar aos céus. A 'palhaçada' é tal que aos pais que entravam no HDE era perguntado por jornalistas se 'não tinham receio de levar os seus filhos ao hospital onde tinha morrido uma criança'...

Anónimo disse...

e muito triste o nosso pais
com a medicina avasada que ha hoje
ainda morrerem crianças e pessoas
desta maneira
deixo os meus sentimentos aos pais desta criança.
muita força .