domingo, julho 24, 2005

A Manipulação Sobre Médicos Já Chegou Ao Público

Carta de um médico:


"Em Março/Abril do ano corrente fui contactado telefonicamente por uma jornalista desse jornal que pretendia saber algumas informações técnico-científicas sobre uma intervenção cirúrgica obstétrico-ginecológica - a "curetagem uterina".

A referida jornalista colocou-me várias questões, tais como "de que intervenção em concreto se tratava, quais as suas indicações e ainda quais os seus riscos e possíveis complicações".
O que me era pedido enquadrava-se estritamente num âmbito genérico, sem qualquer ligação com nenhum caso concreto. E foi neste entendimento que acedi ao pedido e prestei as informações requeridas.Por isso, torna-se indispensável corrigir duas questões fundamentais decorrentes do tratamento jornalístico que muito tempo depois lhes foi dado.

1 - A primeira tem a ver com a interpretação não correspondente ao que eu disse quanto à possibilidade de ocorrer uma "perfuração do útero apenas se a intervenção for mal feita". De facto, não foi exactamente isto o que eu disse, mas antes que "este tipo de complicações era raro e que a sua ocorrência poderia ser mais frequente em caso de imperícia ou pouca experiência do operador". Como V. Exa. verifica, isto não é a mesma coisa que dizer "apenas ocorre se for mal feita".

2 - A segunda questão é bem mais grave.
De facto, a publicação das minhas declarações foi efectuada sob a forma de "caixa" inserida e fazendo parte integrante do texto de uma notícia publicada na edição do dia 14 de Julho, de tal forma que se transmite a ideia que as informações que prestei eram directamente relacionadas com a situação concreta constante da notícia publicada sob o título "Paciente apresenta queixa contra médica do Hospital de São João".Ora, na verdade, quando prestei as informações que a jornalista me pediu desconhecia totalmente o caso relatado, do qual apenas tomei conhecimento quando li a peça publicada no dia 14. Para além disso, mesmo que eu o conhecesse, não poderia nunca pronunciar-me publicamente sobre um caso concreto ou sobre o correspondente processo clínico.

Prof. Carlos Santos Jorge
Presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia"


E o Público explicou a manipulação, sem a admitir ou pedir desculpa aos visados.

Resultado: o Correio da Manhã, perdão o Público passou uma mensagem errada apenas com o objectivo de julgar e vender notícias sobre médicos, queixas, negligência, erros e quejandos.
Ai Público, Público, olha que os teus leitores não são os do Correio da Manhã, nem da TVI.
São intelectuais que procuram uma informação isenta e não subliminarmente manipuladora.


"N.D. - O PÚBLICO colocou as questões de forma abstracta para obter uma consideração técnica genérica e não directamente associada a um caso concreto, pois considerámos que assim a reflexão médica resultaria mais genuína. O PÚBLICO reconhece que devia ter assinalado de forma explícita que a declaração do prof. Carlos Santos Jorge, editada como "caixa" autónoma no corpo de uma notícia, fora feita em abstracto e não se referia ao caso relatado a 14 de Julho."

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