domingo, outubro 29, 2006

O Médico Explica Medicina A Intelectuais ...

... em determinadas curvas da vida também apela a todos os Santos... mesmo sendo agnóstico!



(foto de telemóvel)

segunda-feira, outubro 16, 2006

O Ministro Da Saúde E Os Stents Revestidos

O próximo (Que pode ser quem me lê, o colesterol, pois então. O tabaquinho, pois então) que precisar de um stent para desobstruir a sua coronária, talvez já não tenha direito a um "revestido" e ... perguntem ao Ministro o que vai acontecer, alguns anos depois.


"FACTO DA SEMANA

Os stents e a «vergonha»

Na entrevista à RTP (programa «Grande Entrevista», de Judite de Sousa) o ministro da Saúde oscilou, mais uma vez, entre o mérito, a teimosia e o desbragamento verbal. Correia de Campos é um impulsivo e ninguém, alguma vez, o há-de transformar. Nada de muito grave, dirão os incondicionais, entre os quais não nos incluímos, mas o feitio cria-lhe dificuldades acrescidas.
Tomemos como exemplo o seu gosto por usar termos fortes, no momento em que disse (quase a terminar a entrevista) que o uso significativo de stents revestidos, em Portugal, é «uma vergonha».
Ora, a nosso ver, um ministro pode dizer, eventualmente, que não há dinheiro, no SNS, para pagar stents revestidos em mais casos do que os que são estabelecidos pelas guidelines; um ministro da Saúde poderia até dizer que Portugal não tem dinheiro que chegue para pagar stents revestidos a ninguém, aceitando implicitamente pagar o custo político disso. Seriam ambas as afirmações politicamente legítimas. Mas o que Correia de Campos não poderia ter dito (e disse) é que tratar muito bem os doentes, em vez de tratar de acordo com as orientações mínimas, é «uma vergonha». O ministro disse, com isso, foi que os médicos envolvidos (cardiologia de intervenção) se devem envergonhar quando tratam um doente com os melhores cuidados de acordo com a melhor tecnologia de que dispõem… Ou seja de tratar os doentes «demasiadamente bem».
E, repare-se, pode dizer-se tudo isto, criticando parte da intervenção do ministro (e sustentando a crítica) sem ser necessário considerá-la «uma vergonha».

J.M.A."


Tempo Medicina
1.º CADERNO de 2006.10.16

quinta-feira, outubro 12, 2006

Senhor Boldão E Seus Pares: A Censura Não Passará!

















Por mais que não gostem do que aqui se escreve, este blogue continuará, enquanto tiver mais de 200 visitas diárias e eu entender.

Não gostam, muito bem.

Discordam, muito bem.

posts errados. Muito bem.

Os comentários existem para vocês se exprimirem. E eu aprender e corrigir se necessário.

(Fotos retiradas da Internet através do Google.)

domingo, outubro 08, 2006

A Resposta Adequada E Especializada

"Caro "medico explica",


 

Não lhe sei precisar as estatísticas em Portugal, mas as mãos ocuparão uma percentagem superior a metade dos casos de transmissão.

Por se tratar de uma superfície com atrito, humidade, temperatura e nutriente é - mais que o tecido - ideal para aderir microrganismos de um doente (ou mesmo do ar).

Eles sobrevivem satisfeitos na sua mão até encontrar o próximo doente, cuja temperatura possivelmente 0.5, 1 ou 2 graus acima da sua e humidade tipicamente mais elevada serve como um atractivo irresistível para mudarem de hospedeiro e aderirem ao doente.

O mesmo acontece se você usar luvas.

Apenas uma pequena percentagem será transmitida pelo ar - há casos típicos de pneumonia multi-resistente em serviços de traumatologia com internamentos prolongados - em que certamente não são causadas pelo ar a circular entre serviços.

Estes 2-3 quartos incluirão infecções causadas por microrganismos aderidos a cateteres que foram tocados por mãos mal lavadas ou luvas contaminadas.

Incluiria também nesta fracção microrganismos aderidos a batas que vieram do exterior e SIM a estetoscópios que passam de paciente em paciente cuja mistura de células epiteliais/suor vêm acompanhadas de outras formas de vida que foram tossidas, excretadas, etc.

Eu diria que só uma parte do último quarto se deve a transmissões aéreas e a visitas, sendo que estas últimas não representam um problema grave pois transportam estirpes selvagens, não multi-resistentes.

Por último, pergunto-me o que sente com a ideia de partilhar com os seus colegas de trabalho a "pool" de microrganismos que os seus pacientes partilham consigo, com a ideia de os levar para casa, de os deixar na sua chávena de café...

Concordo com as batas e equipamentos descartáveis, mas mais importante que isso será descartar mentes retrógradas e resistentes a "receber ordens", muito frequente entre TODAS as classes de técnicos de saúde.

Por ultimo doutor, tem conhecido claramente os microbiologistas errados...não há nada para fazermos numa secretaria com papeis. Trabalho só existe em "campo", sim, com pacientes, com pessoas reais, com alimentos, com fármacos, com populações, com animais.

Espero ter contribuído construtivamente para esta discussão.

Ass. Microbiologista explica microbiologia a médicos :)"

Vamos Ser Radicais!

Eu comprendo que os médicos sejam os culpados de tudo.
É normal nos comentários deste blog e é para isso que aqui estamos com os comentários abertos...

Compreendo que as infecções hospitalares existam porque existem médicos.
Mesmo aqueles médicos que são infectados nos hospitais, são-no porque querem.

E quem diz médicos diz enfermeiros. Uns e outros quando "apanham" (para melhor compreenderem) a tuberculose num hospital foi-o exclusivamente porque assim o decidiram.

As Comissões de Controlo da Infecção Hospitalar, não existem.
Esta do Hospital de Santa Maria não existe.
É virtual.
Não cliquem que não vale a pena.
O link não existe, fui eu que pintei as letras de azul.

Não é verdade que seja composta por médicos infecciologistas, patologistas, administradores hospitalares e enfermeiros.

Como me pedem, vou dar a minha opinião sobre o controle radical da infecção hospitalar:

1) Fechar os hospitais e todos os doentes passam a ser tratados no seu domicílio.

2) Encerrar os blocos operatórios e todas as cirurgias passam a efectuar-se a céu aberto para as bectérias poderem voar para longe.

3) Os médicos (as) e enfermeiras (os) passam a trabalhar nus, após um duche conjunto à entrada e à saída.

4) Pelo contrário os doentes passam a ser observados depois de vestirem fatos apropriados para a guerra biológica.

5) Proibir a entrada das bactérias nos hospitais reforçando a segurança nas entradas. Colocar redes nas janelas para os vírus.

6) Proibir a entrada dos familiares e os contactos destes com os doentes passam a ser efectuados com lenços brancos nas janelas.

7) Todo o médico que for apanhado a namorar com bactérias, tipo Legionella pneumophila, Neisseria meningitidis ou Escherichia coli ou as médicas namorando com o Streptococcus pneumoniae, com o Staphylococcus aureus ou mesmo o Enterococcus faecium, serão irradiados pela sua Ordem da profissão. Se o namoro for com a Candida albicans têm atenuantes.

8) Finalmente ilegalizar todos os antibióticos como forma de erradicar o aparecimento das resistências.

9) Este plano acabaria em menos de 2 anos com todas as infecções nosocomiais e em 5 com toda a população mundial.

10) Brinquem, brinquem e não se juntem aos médicos neste combate e verão para onde vamos todos...

sábado, outubro 07, 2006

Hospital de S. João, Outra Vez...

De um leitor:

"Caro Dr,
venho especialmente ao seu blog pedir-lhe para dedicar um post a dissertar a razao pela qual os medicos no S.Joao e (arrisco dizer) um pouco por todos os hospitais vao tomar cafe de bata, e mais ainda vao almocar de estetoscopio, que usam mesmo aqueles que nao fazem clinica. É um fenomeno social unico e incompreensivel visto q nao vejo os professores levarem os livros de ponto nem os mecanicos levarem as ferramentas...so uma questao. Como Microbiolgista deixou-me de cabelos em pe ha dias ver um medico amigo a cozinhar com o fato para procedimentos cirurgicos que trouxera do hospital...isto é infelizmente demasiado frequente, escandaloso, uma questao de saude publica. Por favor, explique-me. Porque do meu ponto de vista, teria suficiente argumentos para escrever um livro...Agradecido,S.P
"

domingo, outubro 01, 2006

Tau-Tau Para Quem Não Lavar As Mãos!

No Jornal de Notícias de 29/09/06, pode ler-se:

Os médicos, enfermeiros e auxiliares do Hospital de S. João, no Porto, que não lavem as mãos após actos clínicos susceptíveis de provocar infecções hospitalares vão ser alvo de procedimentos disciplinares. A intenção da Direcção Clínica do hospital foi manifestada aos profissionais numa nota interna, que receberam juntamente com o último recibo de vencimento. "Não inventámos nada, apenas seguimos o que são as normas internacionais para combater a infecção hospitalar", disse o director clínico, António Ferreira.

Aquele responsável reconhece que existe um problema grave no Hospital (os últimos dados disponíveis, de 2005, referiam que os valores eram o dobro da taxa nacional) e "tem que ser resolvido. Daqui a um ano, podem pedir contas, pois a taxa de infecção hospitalar será muito mais baixa".

O director clínico admite que os "profissionais reagiram, mas aconteceu o mesmo com a questão dos medicamentos e hoje todos querem contribuir".

Salientou ainda que o combate à infecção hospitalar passa também pelas obras que estão a realizar no hospital, e por outras medidas que serão anunciadas em breve
.”

Se é assim que o senhor director clínico quer combater a infecção hospitalar, está mal.
Primeiro obrigar os médicos a lavar as mãos, sem lavatórios e outros dispositivos apropriados e depois divulgas as outras medidas...

Com métodos paternalistas, inquisitórios e repressivos, nada se consegue.

Os médicos do Hospital de S. João, serão os principais interessados em não transportarem consigo microrganismos pois também poderão passar de hospedeiros a doentes…

O director clínico fez um TPC do Prof. Correia de Campos. "Lavar as maõs" só por si não chega para combater a infecção hospitalar.

Terão responsabilidade os profissionais? Claro que sim.

Os médicos, enfermeiros, auxiliares e outros técnicos têm uma parte da responsabilidade.
E estão conscientes disso.

Mas outras medidas são necessárias e também demasiado importantes para não se divulgarem:

1 – A existência de um plano actualizado para o circuito próprio dos resíduos sólidos (vulgo lixos) hospitalares, a sua não existência, actualização e vigilância do seu cumprimento, potenciam o risco de infecção.

2 - Com doentes “mesmo mesmo” doentes (com tosse, espirros, urinas, fezes, saliva, catéteres, máscaras respiratórias, sangues e por aí fora) nos corredores desde a urgência até ao último piso, ou em enfermarias com distâncias de separação entre eles impróprias, não se combate a infecção.

3 – A partilha dos corredores com camas com doentes e todo o tipo de tráfego de pessoas (doentes, pessoal hospitalar directo, visitas, fornecedores, pessoal de manutenção, administrativos e um sem número de outras pessoas que circulam nos corredores de hospitais) e material, incluindo os lixos hospitalres ajuda a propagar a infecção.

4 – A disponibilização de vestuário descartável pelos médicos e enfermeiras também ajudaria… a combater.

5 – Os marcadores da infecção hospitalar não se pode comparar em termos absolutos entre hospitais com funções e “públicos” diferentes.

6- A forma como publicamente foi divulgada a circular, não é o melhor método de sensibilizar os profissionais, desde o médico até ao maqueiro. Pode-se concluir: lavem as mãos seus porcos e se não o fizerem apanham tau-tau.

O Poder da Indústria Farmacêutica E A Estupurose!

Mais um dia para assinalar com pompa e circunstância, o Dia Nacional do Cancro Digestivo.

(E para quando o Dia Nacional das Hemorróidas? Ou o Dia Nacional da Fissura Anal? Ou o Dia Nacional da Onicocriptose?
E para quando a Associção Humanitária de Apoio aos Doentes com Hemorróidas?)

E o dia foi asssinalado com uma pseudo-entrevista onde a mãozinha da Indústria farmacêutica, bem se nota.

Para divulgar o Dia será necessário divulgarem-se medicamentos?

E para divulgar o Grupo de Investigação do Cancro Digestivo será necessário anunciar a futura criação de uma associação de doentes?

Não será óbvia a ligação entre o laboratório que investiga o medicamento referido, este grupo de investigação e a futura associação de doentes?

Serão todas associações sem fins lucrativos, ninguém duvida...

Outro área de influência do polvo da indústria farmacêutica, são os rastreios.

Cada laboratório apoia fortemente o rastreio das doenças para as quais propõe alternativas terapêuticas: há dias entra-me pelo consultório adentro, uma doente com um papelito já desbotado pelo tempo (pouco) afirmando que tinha fazer uma rastreio à "ESTUPUROSE" na farmácia do bairro e que a tinham mandado vir mostrar o papelito por causa da estupurose e à espera de mais um medicamento para o seu saco de plástico.

E isto num consultório particular, como será no público...

No Primero de Janeiro de 30/09/06, sobre o Dia Nacional do Fecaloma, perdão, Cancro Digestivo.

"Estatísticas negras assinalam hoje o Dia Nacional do Cancro Digestivo.
Metade dos doentes morre.


O cancro colorectal é “uma doença do mundo ocidental”, e todos os anos é diagnosticada a mais de cinco mil pessoas, das quais metade acabará por morrer.
Por ocasião do Dia Nacional do Cancro Digestivo, que hoje se assinala, as estatísticas dão pouco espaço ao optimismo.
Todos os anos são diagnosticados em Portugal 5.500 a 6.000 novos casos de cancro colorectal, sendo que metade resultará na morte do doente, revelou ontem o presidente do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo.
No âmbito das comemorações do Dia Nacional do Cancro Digestivo, que se assinala hoje, Evaristo Sanches afirmou que a incidência daquele tumor continua a aumentar no País e na Europa.
“É uma doença do mundo ocidental” que tem origem nalguns casos em “erros genéticos” hereditários, mas a maior parte é adquirida.
O sedentarismo, o consumo de tabaco, uma vida desregrada e a ingestão de carnes vermelhas e alimentos ricos em calorias e gorduras estão entre as principais causas atribuídas.
O cancro colorectal ocupa o segundo lugar nas mortes por cancro em Portugal, e é o terceiro mais comum a nível mundial.
Anualmente surgem na Europa 300 mil novos casos, sendo o terceiro cancro mais frequente no homem e o segundo na mulher.
Quarenta por cento dos europeus a quem foi diagnosticado morrerá vítima da doença. Contudo, se detectado precocemente, o tumor “tem enorme capacidade de cura, superior a 80 por cento”, explicou Evaristo Sanches.
Entre os sintomas mais frequentes figuram a alteração dos hábitos intestinais, a presença de sangue nas fezes, a perda de peso inexplicada, o cansaço constante, as náuseas e os vómitos.
O oncologista afirmou que cirurgia e quimioterapia continuam a ser as principais formas de tratamento, sublinhando que está a ser feita uma investigação clínica para verificar a eficácia de três fármacos usados em associação.
Os três medicamentos que compõem o complexo Ervicox, usado actualmente, são utilizados individualmente, mas o objectivo é conhecer a sua eficácia em conjunto.
“Estamos na fase final de recrutamento de doentes. Dentro de um ano talvez possa saber-se os resultados”, disse.
O presidente do GICD deu a conhecer uma campanha nacional de sensibilização e anunciou a criação de uma associação de doentes, a apresentar em Novembro.

Campanha
Mais investigação. A campanha de sensibilização inicia-se hoje, com a distribuição de folhetos informativos com normas alimentares e hábitos de vida para prevenir a doença. O GICD é uma associação fundada por médicos ligados ao tratamento de tumores do aparelho digestivo, que tem como principais objectivos promover a investigação naquela área, divulgar tratamentos e medidas de prevenção e criar critérios de uniformização entre os diversos profissionais."