quarta-feira, março 30, 2005

Novo Catálogo da Senhora Alves

Apresento em primeira mão o novo catálogo da S. Alves para novas promoções.

Estes artigos encontram-se em leilão neste blogue e têm selo de garantia assinado pela S. Alves.

1) "A minha placenta conservada que alimentou o meu néné durante 40 semanas."

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2) "O primeiro piolho do meu néné, conservado vivo."

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3) "A primeira lombriga do meu néné, está solitária, mas não é a bicha solitária."
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sábado, março 26, 2005

A Saúde É Uma Marca Que Vende

Escrevia-me há dias um jornalista com J, que a Saúde vende. Acrescento eu, como vendem sempre umas fotos mais arrojadas ou como em tempos vendeu o Benfica, ou outra marca qualquer. Tem saída. Vende-se. Publica-se!

Mas como a saúde vende, o que interessa é falar sempre de Saúde, dar conteúdo sério ou desenvolver as notícias para melhor se compreender,é um objectivo menor.

O que interessa é contar um caso (e para isso é necessário encontrá-lo, utilizando-se os olheiros, como no futebol), em que haja uma vítima que jaz na cama de um hospital e um familiar da vítima, por ordem de preferência filha, filho, conjuge, pais. Os honorários dependem muito do grau de parentesco entre o entrevistado e a vítima.

Os olheiros abordam as pessoas que saiem tristes ou a chorar dos hospitais.

Mas, se todos compreendessem um pouco de Medicina, muitas notícias passariam da secção Sociedade dos jornais, directamente para a secção de Humor

Lendo esta notícia do JN de fico sem saber qual é a notícia, qual é a negligência ou o motivo pelo qual a "Justiça poderá intervir num caso de alegada negligência médica" como postula o JN.

Imagino como surgiu a notícia:

- Tá lá! É do JN?

- É sim. Com quem deseja falar?

- Eu não quero falar com ninguém, mas é para porem aí no jornal que o meu pai depois de fazer um exame ficou pior do que estava. O meu pai foi vítima de negligência médica, é assim que se diz, não é?

- Eu sou de Chaves.

- Oh minha senhora, não desligue que atrás de si já está o nosso correspondente em Chaves com uma máquina digital e amanhã já está tudo no jornal com foto e tudo!
- Mas eu não quero foto porque não tenho tempo de ir ao cabeleireiro...

E a comprovar que este diálogo é verdadeiro está a notícia intitulada: "Exame ao pâncreas envolto em polémica" sem foto da filha da vítima de 76 anos que está entre a vida e a morte, embora não sei o que isto quer dizer: estará em coma? teve uma paragem cardíaca? Ou é para enfeitar a notícia?

Oh Amiga Ivone (que ficou muito chateada comigo por a ter incluído nos "jornalistas pespegantes"), isto que vai ler não é quebrar a privacidade?

Não é pespegar no jornal o que ouvem da boca dos outros? - "O paciente queixava-se de "dores de estômago" e "má disposição" frequentes".

"No entanto, a família garante que o hospital não informou a família nem o doente dos riscos do exame. E, por isso, prometeu recorrer à Justiça para responsabilizar o hospital pelo estado do doente. "Se tivessem informado dos gravíssimos riscos de vida que corria ao fazer o exame, ele teria consultado a minha mãe. O meu pai nunca assinou nenhum documento a autorizar o exame", assegurou Maria Teresa Esteves, filha do doente."

Oh senhora dona Maria Teresa Esteves, até uma simples injecção tem riscos que podem ser fatais.
Mas, se tivesse assinado o consentimento informado, já não era notícia, nem negligência.

Sendo assim, vou passar a pedir uma assinatura a todos os doentes à entrada para cada consulta, informando de todos os riscos que duma consulta e da terapêutica instituida podem resultar.

Ai vou, vou.

sexta-feira, março 25, 2005

E Porque É Que Isto Não Se Faz?

1) porque a jovem não está doente e não precisa de ser medicalizada.

2) porque a função dos psicólogos é promover a psicoterapia recorrendo a terapêuticas não farmacológicas.

3) porque a jovem é pobre!

terça-feira, março 22, 2005

Isto Não Se Faz!

São 18 anos risonhos e ao mesmo tempo envergonhados.


A vida não sorriu. A mãe faleceu de doença quando mais era precisa.


É natural que estes 18 anos tenham algumas carências. Mas por aquilo que pude hoje observar numa consulta de urgência, nada de grave.


Mas as escolas têm psicólogos.

Sou contra a "psiquiatrização" da juventude. É frequente hoje ouvir-se por tudo e por nada: "o pedopsiquiatra do meu filho."


Mas agora corre-se o risco da "psicologiarização".


Os psicólogos não são médicos. São muito importantes, mas as suas armas terapêuticas não são medicamentosas. Não podem prescrever!


O que ouvi hoje, deixou-me aterrado com a falta de ética (e de moral!) de um psicólogo de uma escola.


Quando perguntei à tia se a jovem tomava algum medicamento, a primeira reação foi negativa.
Mas depois diz a jovem:

- "Oh tia, e os medicamentos do psicólogo da escola?"

- "Tens razão. Senhor doutor, ela toma muitos produtos naturais receitados pelo psicólogo!"
- "E são muito caros! Têm que ser comprados sempre na mesma farmácia!"
Pois é, quanta ilegalidade: prescrição, produtos naturais, comissões, etc, etc.


E ainda perguntei:
- "E fala contigo a psicóloga? Conversa muito?"
- "Nem por isso!"

domingo, março 20, 2005

Tiro Ao Alvo: A Conspurcação De Um Artigo

O artigo da Visão até se lia com agrado, embora aqui e ali se vislumbrasse a má-fé do jornalista com a utilização da palavra "doutores".

Mas o título "Tiro Ao Alvo", é o exemplo paradigmático de como os media, e obviamente os jornalistas, encaram os personagens das suas notícias sobre saúde, que se chamam médicos e não "doutores".

Porque doutores há muitos e uma mosca ...... na careca de um doutor, como em qualquer porcaria, que até pode ser jornalista, licenciado (isto é, tirou uma licença) para escrever notícias de faca e alguidar relacionadas com a saúde.

Mas essa do "Tiro Ao Alvo", sendo o alvo o médico, é obra.

Nem uma crítica, nem uma palavra sobre violência, a pequena nota até justifica e branqueia o comportamento do agressor: a justiça não avança!

Mas o senhor que escreveu o artigo é jornalista?

sexta-feira, março 18, 2005

Estou Num Congresso ...

... em Italia.

Nestas convencoes e' que se trocam ideias.

Isto a proposito do meu ultimo post e de algumas mensagens que recebi, mas em nenhum congresso se discutem as "curas" de Cuba.

Era bom se fosse verdade.

Mas a vontade de curar e' muito forte e gastam-se fortunas para melhorias de 0,000001%. E os familiares acreditam nessas melhoras.

Eu acredito na mucosa nasal...

terça-feira, março 15, 2005

O Comércio Já Nos Habituou....

"Tetraplégico de Espinho precisa de 10 mil euros para se curar em Cuba."

Mas será que o Comércio não terá 2 000 contos para emprestar a este doente para se curar?Se a cura é tão certa... Vá lá jornalistas do Comércio, a dividir por todos não é quase nada e vocês garantem a cura, segundo o vosso título!
Ou será que estão a mentir? Será só para vender jornais?

E a explicação para a tetraplegia também não é correcta. Essa da asfixia originar tetraplegia é nova.

Fase II: Justiça Popular

Os media publicitam e ampliam.
Transformam a dor em ódio.
Encontram SEMPRE culpados entre as batas brancas.

A entrevista em horário nobre é sinónimo de razão para o acusador.

A irracionalidade é fomentada inconscientemente pelos media audiovisuais.


14-03-2005 Lusa:
"Portimão: Médico atingido a tiro dentro do tribunal.

"Portimão - Um médico foi hoje atingido a tiro no Tribunal de Portimão por um homem que o responsabiliza pela morte da mulher em 2002 no Hospital do Barlavento Algarvio, disse à Agência Lusa fonte judicial.
O incidente ocorreu cerca das 14:20, quando o médico espanhol de 45 anos e o homem de perto de 60 aguardavam pela chegada da juíza, no âmbito de um processo que o autor dos disparos intentou contra o clínico do Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, e uma médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) por homicídio por negligência, pela morte da mulher
."

Se o médico morresse já era notícia nobre.

domingo, março 13, 2005

O Record da RTP 1 - Se Deus Existir Vai Excomungá-La

Ainda a sua filha luta contra a morte nas camas de um hospital, já a RTP 1, qual abutre, contrata (acredito que estas reportagens sejam sujeitas a contrato prévio, que até pode ser muito simples: dou-te 15 minutos de fama e vendes-te ao diabo) o pai para aparecer na televisão, bem penteado, roupinha domingueira a vociferar contra 4 médicos.
Repito quatro, four, quatre, agora a negrito quatro, agora com um tipo de letra mais visível: 4.
Sim. Foram quatro os médicos negligentes.
Que tenham errado, posso acreditar, embora seja difícil, mas como a Medicina não é uma ciência exacta, tudo é posssível.
Mas o que interessa é a notícia.
A ansiedade de projecção é tanta ...

quinta-feira, março 10, 2005

Tintura Idiota

O fim de uma consulta, geralmente não é no fim.

Quer dizer, há um fim, quando o médico se despede do doente e depois uma espécie de pós-fim, quando o doente diz:

- "Já agora, sr doutor..."

Hoje foi isso que se passou.
Já a consulta tinha terminado. Já se tinha programado outra. Já nos havíamos despedido com um afectuoso aperto de mão e dispara a doente de meia-idade:

- "Já agora, sr doutor tenho aqui no dedo do pé uma coisa preta que me poderia ver."

O médico tem sempre várias opções:

1) Mostre-me para a próxima consulta.
2) Isso não é da minha especialidade.
3) Vá ali ao guichet e peça à menina para marcar uma consulta para a especialidade das coisas pretas nos dedos dos pés.
4) Mostre ao seu médico de família, que ele resolve.
5) Minha senhora não me chateie (esta opção em geral é só idealizada).
6) Mostre lá isso, que eu estou com pressa.

Enquanto mentalmente escolhia uma opção, já a doente se re-despia para me mostrar o que a atormentava e dizendo com ar compenetrado:

- "Há uma semana que lhe ando a pôr a tintura idiota... e cada vez fica mais preto!"

- "Tintura idiota? Mas que é isso?"

- "Não sabe? Aquela tintura preta, em frascos!"

- "Ah!". Exclamei:

- "Tintura de iodo? Betadine!"

Mas a moral da história não é falar da iliteracia do nosso povo em relação a quase tudo que não passe na TVI, ou na Maria, ou na Ana ou na Pancrácia.

A moral é que, são estas mesmas pessoas as testemunhas oculares escolhidas pelos jornais e pelas televisões para emitirem as doutas opiniões sobre os acontecimentos diários do nosso Serviço Nacional de Saúde...

domingo, março 06, 2005

A Próstata: O Órgão Mais Comercial Do Corpo Humano

Já foram as amígdalas.
Já foi o apêndice.
As cataratas estão a deixar de o ser.

Ainda vai restando a próstata (ou próstala, segundo os meu doentes!)

Foi tema de capa da revista Pública e na atrapalhação jornalística (ou será negligência?) de produzir por atacado e para ontem, mas a que me vou habituando, ilustres colegas meus são apanhados na teia. No blogue Murcon, nesta queixa de Júlio Machado Vaz.

O Traque Do Papa, Segundo A Antena 1

Foi hoje que ouvi uma jornalista da Antena 1 afirmar que Sua Santidade tinha sido sujeita a uma traquetomia.

Fui ao dicionário e a palavra mais aproximada que encontrei foi esta:

traque: s. m. , de orig. onomat. , pleb., estrépito produzido pela saída de ventosidades expelidas pelo ânus; fig. , estrépito; estoiro.

Acredito que a senhora jornalista quisesse dizer traqueotomia ou traqueostomia, e embora a confusão tenha sido muita (até já li que traqueotomia e traqueostomia seriam sinónimos) os significados são:

Traqueotomia: s. f. do Gr. trakheîa + tomé, corte. Incisão cirúrgica para estabelecer a comunicação da traqueia com o ar exterior.

Traqueostomia: será o resultado da traqueotomia, isto é, um orifício permanente ou não, que permitirá a entrada e saída do ar dos pulmões.

O que nunca vi, garanto, foi um cirurgião ou qualquer outro médico provocar uma incisão num traque. Por mais que tentem não conseguem...

quinta-feira, março 03, 2005

I've Got Mail

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"É Cada Vez Mais Arriscado Ser Médico"

Extractos da conferência do Prof. João Lobo Antunes na Fundação Gulbenkian, intitulada "Para Onde Foi O Dr. João Semana?" publicados no jornal Tempo Medicina On Line.

"Os médicos da actualidade sentem «um desconforto» resultante do «afastamento» da prática diária em relação aos conceitos de humanidade tradicionalmente associadas à Medicina.
Esta e outras ideias foram defendidas pelo Prof. João Lobo Antunes que abriu o ciclo «Ao encontro da Medicina», com a conferência «Para onde foi o Dr. João Semana?». «É cada vez mais arriscado ser médico» por «razões próprias do saber médico, tão vasto e tão complexo, mas, também, por razões estranhas, extrínsecas à profissão».
Foi deste modo que o Prof. João Lobo Antunes resumiu o «desconforto» que muitos dos médicos de hoje sentem face ao «afastamento» da sua prática diária em relação às ideias de Humanidade tradicionalmente associadas à Medicina. Para este neurocirurgião e investigador, é preciso «dar alma» à profissão, formando médicos que sejam «homens e mulheres completos», capazes de atender ao «doente completo».

Deste modo, assinalou, cumprir-se-á o papel de «humanidade do médico, definida na proximidade ao outro», ou, nas palavras do Prof. Miller Guerra, que o conferencista citou chamando de «Mestre», o encontro do doente com o seu médico será o da «confiança que procura livremente uma consciência».

No encontro, promovido pela Fundação Gulbenkian, em conjunto com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e a Fundação para a Ciência e Tecnologia e que teve lugar no passado dia 22, o Prof. João Lobo Antunes começou por recordar quem foi o Dr. João Semana, o médico «céptico», para quem a doença e a saúde, «na prática», era «coisa que se reduzia a muito pouco, mais gástrica, menos gástrica».

Trabalhando «de sol a sol», todos os dias, de onde retirou o apelido de «Semana», este médico, conhecido de todos através da obra de Júlio Dinis, partilhava a sua clientela «com charlatães», próprios da época, mas, também, com um outro médico, «bondoso, franco, sentencioso», o Dr. João José da Silveira. «Nascido em 1813, formado na escola médica do Porto em 1841, com uma dissertação sobre fístulas do ânus», este contemporâneo do Dr. João Semana «trabalhou em Ovar», e, «quando aconteceu a epidemia de febre amarela na região, foi dos poucos médicos que não abandonou o seu posto». Tal como o seu colega, o Dr. João Silveira era «céptico em relação aos progressos da Medicina moderna, do seu tempo», o que sintetizava numa expressão, «bem sei, bem sei, vocês curam à moderna, mas morre-se à antiga…». Desta época e destes médicos, resultou o que hoje se define como o Médico de Família, ou Clínico Geral, a quem o Prof. João Lobo Antunes chamou de «pediatras de adultos».

Médicos que trabalham num Mundo e numa sociedade em que a Medicina se transforma, perdendo em proximidade ao doente, enquanto ganham em conhecimento da doença. Informação e conhecimento «A cientização da Medicina teve uma consequência um pouco perversa, que foi atrofiar aquilo que chamamos o carácter providencial da Medicina, o seu exercício como ciência do indivíduo, e o seu papel pastoral», explicou o conferencista, citando um poema de Elliot: «Onde está a vida que perdemos vivendo/Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento/Onde está o conhecimento que perdemos na informação».

Sublinhando que «informação, conhecimento e sabedoria são coisas diferentes», o Prof. João Lobo Antunes enumerou entre as causas que afastam os médicos do homem «a convicção soberba de que Ciência é capaz de aliviar todo o sofrimento». Segundo frisou, a partir dessa convicção, «não se pode pensar que aquilo que nós temos, a melhoria das taxas de mortalidade, da morbilidade, se deve apenas à Ciência médica. De facto, a melhoria das condições de vida, de nutrição, de higiene, foram igualmente decisivas», tal como a «evolução de conhecimentos», com a qual os médicos ganharam «uma base sólida», essencial para fundamentar «aquilo que fazemos».

Com os progressos evidentes permitidos pela Ciência, recordou este médico, «triunfantes e triunfais, nós declaramos o fim das doenças infecciosas… até que surgiu a SIDA», e enquanto se «mantém sem solução grande parte da patologia oncológica, ou como nos escapa, também, ainda muito, sobre as doenças cerebrovasculares». Entretanto, salientou, «o padrão das doenças alterou-se», e «predominam as doenças crónicas, incapacitantes», e os médicos vêem-se na situação de terem que lidar com «a preocupação» do doente, mais do que com a sua «doença», e têm que «enfrentar a subversão dos gestores autoritários» e «os clientes recalcitrantes, litigiosos», numa «prática diária» que já não resolve «problemas», mas «dificuldades».

Neste novo contexto da prática da Medicina, assiste-se à «pujança das Medicinas alternativas», as quais, frisou este neurocientista, de facto, «são alternativas, Medicina é que não».

Tudo isto enquanto o acto médico se fragmenta, com «cada vez mais especialistas», num contexto em que «os doentes têm muitos especialistas, mas não têm médico». Na procura de respostas que contribuam para aproximar, de novo, doente e médico, o Prof. João Lobo Antunes defendeu a importância de se entender que «a arte médica é aquilo que capta o contexto social do exercício da profissão». Ou seja, «que cuida da humanização da Medicina», e que promove o «agir pelo sofrimento do outro». Algo que, reconheceu, é, cada vez, mais difícil quando se perde a «assimetria» de conhecimento, e o doente começa a saber mais sobre a doença, perdendo-se, por consequência, «a essência do paternalismo», próprio de uma relação em que, entre médico e doente, «nós sabíamos mais do que eles»."


"Doentes e médicos mais distantes
Decorridos quase 40 anos desde o momento e que as «caixas de previdência» começaram a alterar a relação entre médicos e doentes, criando novas barreiras na relação entre estes, surgiram as seguradoras, que começam a fazer o mesmo. Foi deste modo que o Prof. Alexandre Sousa Pinto, que comentou a conferência do Prof. João Lobo Antunes, explicou porque razão doentes e médicos estão hoje mais distantes entre si. «Quando o Estado começou a gerir a Medicina, criou as caixas de previdência», passando «a burocratizar a nossa vida», lembrou este professor da Faculdade de Medicina do Porto, acrescentando que foi nessa altura que «as classes baixas deixaram de ver o João Semana», algo que, agora, começa a suceder com as classes média e alta, que «vão deixar de ver» este perfil de médico, passando a ter «consultas de 10 minutos», em que o médico é forçado «a olhar para certos aspectos» além do doente. Para este clínico geral, ou generalista, que afirma gostar «mais desse termo», o «caminho para evitar que o afastamento entre médico e doente se acentue» passa pelo reforço da formação dos médicos em ciências humanas, como a sociologia médica, a antropologia e a economia, para que «se atinjam todos os aspectos que hoje são necessários ao exercício» da profissão
."

terça-feira, março 01, 2005

Gostar De Ser Médico De Família

Anunciar no blogue o 22º Encontro Nacional dos médicos de família portugueses, subordinado ao tema "Gostar de ser médico de família" é uma homenagem que presto aos médicos de família que têm orgulho em sê-lo.

Fizeram a sua opção pela medicina generalista, pela medicina da proximidade e continuidade.
O cartaz também está esteticamente muito bem concebido. Merece a reprodução.


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Não se pode confundir a prática diária em muitos centros de saúde portugueses, com longas filas de espera, com péssima acessibilidade, com edifícios degradados, com burocracia em excesso, com a boa vontade de um punhado de médicos que há mais de 20 anos luta pela credibilização da sua especialidade junto da sociedade portuguesa.

A comunicação social pouco ou nada tem feito para esse credibilização. Apesar de muitos jornais publicarem inúmeras reportagens sobre a abertura de postos de saúde, de extensões de centros de saúde, de lutas reivindicativas para abrir mais e mais postos de saúde, a credibilização do médico de família ou da sua actividade não é feita com a pulverização destes postos sem condições mínimas, nos quais muitas vezes apenas existe uma secretária e duas cadeiras... e já agora o Simposium Terapêutico.

Dialogando com muitos médicos de família, sei que, para muitos, os centros de saúde actuais não são a melhor via. Pequenas unidades, mais próximas do cidadão, geridas por pequenos grupos de médicos, bem equipadas, confortáveis, íntimas, com um médico sempre disponível são ainda um sonho para muitos médicos de família que gostam de ser médicos de família...

Blasfémias

Mata-Mouros, Cataláxia, Cidadão Livre e Liberdade de Expressão

fizeram na blogosfera muito mais do que um ano, mas juntos,

no Blasfémias, embora seja hoje o seu primeiro aniversário, fizeram muito mais do que um ano de vida. Geraram vida na blogosfera com um dos mais importantes blogues actuais.

Só é pena a minha profissão não me permitir ler diariamente este e outros, mas aconselho.