quinta-feira, maio 13, 2010

5 de Maio de 2007: Este Blogue Propôs o Prof. José Manuel Silva A Bastonário!

Exactamente.

Há três anos este blogue dava nome a um post: "Prof. José Manuel Silva a Bastonário!".

Não sei se há três anos o Prof. José Manuel Silva já tinha decidido candidatar-se, mas o Médico Explica Medicina A Intelectuais já tinha escolhido o seu candidato.

Somos o pai da sua candidatura, e por isso declaramos o apoio ao Prof. José Manuel Silva.

sexta-feira, abril 23, 2010

Carta à Srª Ministra da Saúde

De um dos jornais médicos que habitualmente me chegam ás mãos e pela pena de um jornalista da área da saúde (desconheço se pertence ao corpo redactorial ou é colaborador de algum orgão generalista da imprensa escrita ou outra) respinguei este naco de divertida prosa e que não resisto a partilhar com os leitores deste blog.

A este propósito e porque alguns emails me/nos têm chegado, indagando do meu/nosso relativo silêncio, diga-se que os MEMAIs estão vivos, atentos e de boa saúde...apenas a justiça é lenta e a fase é de mandar tudo abaixo de Braga...

Mas que se cuidem os "escrevinhadores" e quejandos que tantos nos adoram... somos dos de antes quebrar do que torcer...


PONTO DE VISTA

Senhora ministra da Saúde

Só o facto de saber que o motivo pelo qual ouso roubar-lhe uns minutos do seu precioso tempo contribuirá, simbolicamente, é certo, mas contribuirá, para resolver um dos principais problemas que a atormentam — e vá lá, porque entrevejo a possibilidade de dar largas à minha veia assistencial — demoliu as últimas barreiras de timidez à proposta que tenho a honra de lhe apresentar.


Eu escrevo neste Jornal há mais de 15 anos, e a previsível força das circunstâncias levou a que, hoje, eu saiba de cor várias guidelines, conheça a descrição de múltiplas doenças e os remédios que lhes são mais adequados, com os seus temidos, ou nem por isso, efeitos adversos.
Eu sei, por exemplo, perdoe-me V. Ex.ª a jactância, de estudos que visam a padronização da técnica de PCR-RFLP para avaliação do SNP-C11377G da região promotora do gene da adiponectina, o que me granjeia olhares de respeito, não isento de temor, por parte dos clientes do café onde tomo a bica; eu sei que a digoxina tem uma janela terapêutica estreita (livre-se V. Ex.ª de explicar isto a um mestre de obras com insuficiência cardíaca, porque ver-se-á envolvida numa luta entre janelas); eu sei que os AINE, nos velhinhos, podem causar graves complicações hemorrágicas e renais, mortais até; eu sei que a água pode ser muito perigosa, mesmo fatal, quando entra no organismo em sentido proibido, como atestam inchadamente os afogados; eu sei…

Bem, por aqui me fico, pois não quero que a vaidade tolde, aos olhos da sr.ª ministra, o genuíno impulso generoso que me anima, a par, evidentemente, de um legítimo anseio de arredondar o vencimento, nesta época tão dificultosa que nos é dado viver.


No fundo, o que pretendo significar com estes exemplos é que me sinto habilitado para dar consulta num centro de saúde, de preferência numa região do País das menos atractivas, onde escasseiam médicos com canudo e abundam doentes com patologias triviais, pois não têm rendimento para sofrer das doenças da civilização. E, claro está, eu comprometer-me-ia a recorrer a um clínico encartado em caso de dúvida — ou a um cangalheiro na ausência desta.


Mais não faço, aliás, do que me louvar em idêntica atitude do presidente do Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, que exprimiu, na semana passada, com toda a candura, a mesma disponibilidade (infelizmente, o eco que suscitou nem de longe reflectiu a singular dimensão do gesto), o que prova que as boas ideias, contra a opinião negativa generalizada, têm, afinal, invejável potencial de multiplicação. E creia, sr.ª ministra, que estou preparado para enfrentar sorrisos, risos alvares e toda a sorte de depreciações, incluindo dúvidas sobre a perfeição do meu juízo. Há um preço a pagar quando se caminha adiante do futuro, bem ciente estou dessa fatalidade, olá se estou!


Fico a aguardar com expectativa a resposta de V. Ex.ª, que adivinho favorável, dado o exposto, e que muito enobreceria a minha família, que sempre quis que eu fosse doutor.


De V. Ex.ª atento, venerador e obrigado…

João Paulo de Oliveira
joao.oliveira@tempomedicina.com

TEMPO MEDICINA 1.º CADERNO de 2010.04.26
1013841C30310JPO16B


quarta-feira, abril 21, 2010

Para quem vai partir, dois meses mais é um ligeiro benefício? Haja vergonha!

Infarmed chumba uso hospitalar de fármaco para cancro de mama e cancro de pulmão
21.04.2010 - 10:04
Por Alexandra Campos

Médicos temem que decisão seja mau precedente, porque há terapêuticas inovadoras a aguardar aprovação.

O uso de um fármaco indicado para casos de cancro de mama metastizado e cancro de pulmão nos hospitais públicos foi chumbado pela autoridade nacional do medicamento (Infarmed). Os peritos do Infarmed consideraram que o bevacizumab (Avastin, de nome comercial) não demonstrou de forma inequívoca valor terapêutico acrescentado quando adicionado aos tratamentos habituais, no caso do cancro de mama já disseminado.

Quanto ao cancro do pulmão de não pequenas células, concluíram que apresenta apenas um "ligeiro benefício clínico" (mais dois meses de vida) e que o seu custo é "excessivo" face a este benefício. O Avastin custa cerca de 2500 euros por cada ciclo de tratamento.

O presidente do Infarmed, Vasco Maria, faz, porém, questão de sublinhar que as decisões não têm a ver com critérios economicistas. Sublinha, a propósito, que dos 34 medicamentos sujeitos a avaliação pela autoridade desde 2007, apenas cinco foram rejeitados.

Mas esta é a primeira vez que um medicamento oncológico não recebe "luz verde" do Infarmed para ser usado nos hospitais. E a decisão, ontem avançada pelo Correio da Manhã, já está a ser alvo de contestação, tanto pelo presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, Carlos Oliveira, como pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Ricardo Luz. O colégio da especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos (OM) também não concorda e ontem decidiu que vai suscitar esta questão junto dos órgãos executivos da OM, adiantou o respectivo presidente, Jorge Espírito Santo.

"Gravíssimo precedente"
Argumentando que este é um "gravíssimo precedente", uma vez que há neste momento várias moléculas inovadoras a aguardar pela avaliação do Infarmed, Ricardo Luz nota que o Avastin só não é usado para cancro de mama metastizado no Reino Unido e em dois países de Leste.

Os três médicos lembram que o uso do Avastin nestas indicações foi aprovado pela agência europeia do medicamento (EMEA) e que as próprias recomendações terapêuticas feitas por peritos portugueses para a Comissão Nacional de Doenças Oncológicas também prevêem a sua utilização, pelo que não entendem a decisão do Infarmed.

São coisas diferentes, retorque Vasco Maria. "O Infarmed não está a avaliar o que a EMEA já avaliou (a qualidade, eficácia e segurança), mas sim o valor terapêutico acrescentado", afirma.
"Não vou dizer se dois meses de vida valem 50, 60, 80 mil euros. A sociedade tem que discutir se acha que se devem gastar 80 mil euros para mais dois meses de vida ou em campanhas de prevenção do tabagismo", argumenta ainda.

Esta decisão surge numa altura em que a indústria farmacêutica tem denunciado os atrasos na aprovação de medicamentos inovadores, que chegam a superar os 800 dias na oncologia.

Ontem, a ministra da Saúde admitiu que há atrasos, mas sublinhou que uma análise rigorosa "implica algum tempo".

sábado, março 13, 2010

Ao melhor estilo sensacionalista ! Mas a realidade existe...

Saiu da Urgência para salvar o filho com ataque de asma
Após sete horas de espera em vão, valeu-lhe ter recorrido ao Centro de Saúde de Amora
00h30m
SANDRA BRAZINHA

Desesperada pelas mais de sete horas que estava à espera para que o filho fosse atendido nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, uma mãe do Seixal viu-se ontem "obrigada" a abandonar o serviço com o agravar da crise asmática do jovem.

"Saí do hospital sem o João ser atendido, sem ter alta, e fui para o Centro de Saúde da Amora. Chegámos ao hospital eram 00.50 horas e saímos de lá às 08.24 horas", conta Ângela Silva, de 40 anos, mostrando-se angustiada com o facto de o filho asmático ter passado a noite inteira numa espera em vão.

Foi por essa razão que a última coisa que fez antes de sair do Hospital Garcia de Orta (HGO) foi apresentar uma queixa no livro de reclamações. "Fiquei indignada, porque não viram um menino de 15 anos. E se foi de ambulância é porque a situação era grave. Ele já nasceu asmático e é seguido no Garcia de Orta. Daí a minha revolta ser maior", reforça, mencionando que anteviu o pior quando soube que à frente do filho, que não tinha uma crise de asma há dois anos, estavam entre 15 a 16 pessoas.

Ele tinha lá ficado...
"Se não tivesse abandonado a urgência ele tinha lá ficado. Provavelmente agora não terá problemas, porque foi bem atendido, mas poderia ter sido pior se eu tivesse lá continuado", afirma, dizendo que a situação foi-se agravando com o passar das horas.

Para Ângela Silva, o problema não é a má qualidade do serviço, mas sim a falta de atendimento. "Esta é uma chamada de atenção para que o se passou não volte a acontecer", nota.

Pouco depois das 9.00 horas, João deu entrada no serviço de atendimento permanente (SAP) de Amora, Seixal, onde foi tratado de imediato. Com uma crise asmática no contexto de uma infecção respiratória, o jovem fez compensação da crise com broncodilatores e foi-lhe receitado um antibiótico para tratar a infecção respiratória, tendo regressado a casa pelas 10 horas.

Sobre este caso, o HGO esclarece que a triagem atribuiu ao João a pulseira amarela, que significa uma situação urgente, o que nem sempre implica atendimento imediato. "A criança tem falta de ar, é-lhe atribuída uma prioridade, mas temos de ver que falta de ar tem", explicou ao JN fonte hospitalar, considerando difícil que tenha sido feito um diagnóstico incorrecto. "O sistema praticamente não tem falhas", assegura.

Admitindo que as longas horas de espera são habituais, a unidade estima que, se permanecesse no serviço, o jovem não teria esperado muito mais tempo, dado que pelas 11 horas foi passada alta por abandono. "Em situações de pulseira amarela a espera é neste momento de seis horas", frisa, garantindo que ontem "não houve uma sobrecarga".

Fonte do SAP da Amora confirmou ao JN já ter recebido outros doentes que se cansaram de esperar nas urgências do HGO, nomeadamente um idoso com falta de ar que chegou à unidade "aflito" após ter estado quatro horas a aguardar nas urgência hospitalar.

domingo, março 07, 2010

O direito a morrer e o jornalismo responsavel

Mulher, 67 anos, sozinha, com cancro

Uma portuguesa pediu ajuda e foi morrer à Suíça

07.03.2010 - 08:48 Por Alexandra Campos

Pela primeira vez um português morreu com a ajuda da associação suíça Dignitas, organização que promove o suicídio assistido. Era uma mulher de 67 anos, divorciada e sem filhos, que sofria de um cancro em fase terminal, não conseguia suportar as dores e temia ficar incapacitada a ponto de não conseguir deslocar-se à Suíça para pôr fim à vida. Acompanhada de dois amigos, tomou uma substância letal em Junho de 2009.
Sede da Dignitas, em Zurique: a associação tem seis mil membros Sede da Dignitas, em Zurique: a associação tem seis mil membros (Christian Hartmann/Reuters)

"Estou a sofrer desde 2007 devido a um cancro que começou no estômago e que agora se confirmou que não tem cura. [...] Estou a tomar drogas que quase não têm efeito e está a tornar-se insuportável viver com a dor", descreve no depoimento em que justifica o pedido de auxílio para o suicídio assistido.

O médico que a seguia em Portugal tinha-lhe dado menos de um ano de vida. Mas ela não acreditava. Convencida de que o fim estava "muito mais próximo", pedia a ajuda da Dignitas, "com urgência". "Temo perder a capacidade de viver sem a ajuda de alguém e especialmente de conseguir ir à Suíça ", explicava. O processo foi rápido. Inscrita na associação em Abril de 2009, morreu em Junho, após duas consultas. A associação suíça dá escassos detalhes sobre o caso. Adianta apenas que era uma mulher com cancro, sem família, e que foi acompanhada nos últimos momentos por dois amigos. Há pelo menos mais sete portugueses inscritos na Dignitas.

Fundada em 1998 pelo advogado Ludwig Minelli em Zurique, a Dignitas já ajudou a morrer 1041 pessoas de 29 países e tem cerca de seis mil membros. São cidadãos alemães e ingleses os que mais recorrem à associação, que tem sido alvo de contestação mesmo na Suíça, onde o suicídio assistido é permitido, apesar de a eutanásia ser proibida. No primeiro caso, é o próprio que toma a droga mortal receitada por um médico, enquanto a eutanásia implica que seja outra pessoa a administrar a substância fatal. Na Dignitas, quando a pessoa decide avançar com a decisão de morrer - todo o processo custa cerca de seis mil euros -, toma primeiro uma substância para não vomitar e depois bebe pentobarbital de sódio. Fica inconsciente e morre, sem dor.

Em Portugal, a morte assistida é proibida e não é sequer ainda possível fazer um testamento vital (declaração antecipada de vontade sobre os tratamentos a recusar, caso a pessoa já não esteja em condições de expressar a sua vontade). Aliás, a morte assistida continua a ser proibida na maior parte dos países, mas em vários, como no Reino Unido, o debate está aberto, lembra Laura Ferreira dos Santos, docente na Universidade do Minho que escreveu um livro sobre o tema (Ajudas-me a Morrer).

"Escamotear este problema não é a solução", defende. E acrescenta: "Se o suicídio assistido ou a eutanásia fossem permitidos em Portugal, esta mulher poderia ter vivido mais tempo." Porque não necessitaria de acelerar o processo por temer ficar incapaz de ir à Suíça.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética, o médico Rui Nunes, que em 2007 avançou com a proposta do testamento vital, não concorda. Sem querer criticar este caso em concreto, defende que seria necessário esclarecer primeiro uma série de circunstâncias para poder ajuizar da legitimidade do pedido. Era preciso saber se a mulher estava "em condições de tomar a decisão em consciência". "Se calhar estava deprimida, foi um grito de desespero", especula. E seria fulcral apurar também se tinha acesso a cuidados paliativos adequados. "A generalidade das pessoas [tratadas] em cuidados paliativos não pede a eutanásia."

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

HOMEOPATIA: O Bloco Ainda Acredita, Os Ingleses Abriram Os Olhos!

MPS URGE GOVERNMENT TO WITHDRAW NHS
FUNDING AND MHRA LICENSING OF HOMEOPATHY

In a report published today, the Science and Technology Committee concludes that the NHS should cease funding homeopathy. It also concludes that the Medicines and Healthcare products Regulatory Agency (MHRA) should not allow homeopathic product labels to make medical claims without evidence of efficacy. As they are not medicines, homeopathic products should no longer be licensed by the MHRA.

The Committee carried out an evidence check to test if the Government’s policies on homeopathy were based on sound evidence. The Committee found a mismatch between the evidence and policy. While the Government acknowledges there is no evidence that homeopathy works beyond the placebo effect (where a patient gets better because of their belief in the treatment), it does not intend to change or review its policies on NHS funding of homeopathy.

The Committee concurred with the Government that the evidence base shows that homeopathy is not efficacious (that is, it does not work beyond the placebo effect) and that explanations for why homeopathy would work are scientifically implausible.

The Committee concluded—given that the existing scientific literature showed no good evidence of efficacy—that further clinical trials of homeopathy could not be justified.

In the Committee’s view, homeopathy is a placebo treatment and the Government should have a policy on prescribing placebos. The Government is reluctant to address the appropriateness and ethics of prescribing placebos to patients, which usually relies on some degree of patient deception. Prescribing of placebos is not consistent with informed patient choice—which the Government claims is very important—as it means patients do not have all the information needed to make choice meaningful.

Beyond ethical issues and the integrity of the doctor-patient relationship, prescribing pure placebos is bad medicine. Their effect is unreliable and unpredictable and cannot form the sole basis of any treatment on the NHS.

The report also examines the MHRA licensing regime for homeopathic products. The Committee is particularly concerned over the introduction of the National Rules Scheme (NRS) in 2006, as it allows medical indications on the basis of study reports, literature and homeopathic provings and not on the basis of randomised controlled trials (RCTs) – the normal requirement for medicines that make medical claims.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

"Farmacêuticas subtraem milhares de milhões aos estados"

Veio publicado no jornal Avante! de 21/10/2010.
Os media em geral falaram de raspão sobre o assunto, pois a sua ligação ao Capital é conhecida.
Deste jornal, uma coisa sabemos: não está ligado ao Capital e publica um artigo com pormenor sobre a influência das farmacêuticas.

"A maquinação gripal

Um grupo de 14 parlamentares do Conselho da Europa acusa os monopólios farmacêuticos de terem influenciado quadros científicos e as autoridades de saúde com o fim de aconselharem os governos a promover programas de vacinação «ineficazes».

O tema vai ser debatido na próxima sessão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que terá lugar entre os dias 25 e 29 deste mês. A iniciativa partiu do deputado alemão Wolfgang Wodarg, médico e epidemiologista, antigo membro do Partido Social-Democrata, e presidente da comissão de Saúde do Conselho da Europa.

No seu país, Wodarg foi uma das poucas vozes que se ergueram no Bundestag para alertar para os perigos para a saúde de uma das vacinas contra a Gripe A. Os seus argumentos levaram o governo germânico a rescindir o contrato com a multinacional fornecedora, e a vacina Optaflu, produzida pela Novartis, não foi administrada na Alemanha por falta de garantia total de inocuidade.

No Conselho da Europa, a exposição de Wodarg revelou-se suficientemente fundamentada para convencer os membros da Comissão de Saúde a aprovar, por unanimidade, a abertura de uma investigação sobre o papel das farmacêuticas, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos estados na gestão da Gripe A.Na proposta de recomendação que os parlamentares irão discutir, os 14 subscritores de vários grupos políticos (socialistas, populares e liberais) apontam o dedo aos grupos farmacêuticos, cuja influência «incitou ao desperdício de recursos – já pouco abundantes – destinados aos cuidados de saúde a favor de estratégias de vacinação ineficazes, expondo assim inutilmente milhões de pessoas de boa saúde ao risco de efeitos secundários não conhecidos de vacinas que não foram suficientemente testadas».

O documento faz ainda referência «às campanhas da “gripe aviária” (2005/06) e a seguir da “gripe porcina”», as quais terão «causado numerosos danos, não somente a certos pacientes vacinados e aos orçamentos de saúde pública, mas também à credibilidade e responsabilidade de importantes agências sanitárias internacionais.»Por último, os subscritores salientam que «a preocupação de definir uma pandemia alarmante não deve estar sujeita à influência de comerciantes de medicamentos», e recomendam a abertura de investigações nacionais e ao nível europeu.A origem do pânicoWolfgang Wodarg não nega a existência da chamada «Gripe A», mas sublinha que, tratando-se as gripes de ocorrências sazonais normais, nada justifica do ponto de vista científico toda a campanha alarmista artificialmente criada em torno deste caso.

Em entrevista ao jornal L’Humanité (7.01), o deputado alemão afirma que as suas suspeitas começaram precisamente com a súbita declaração de epidemia pela OMS: «Os números eram muito baixos e o nível de alerta muito elevado. Ainda não havia mil doentes e já se falava da pandemia do século». E a alegação de que se tratava de um vírus novo também não era convincente, já que isso é uma característica das gripes: «Todos os anos aparece um novo tipo “gripal”».Mas como é que a OMS pôde declarar uma falsa pandemia? Simplesmente alterando a definição de pandemia que vigorou nos seus critérios até Abril de 2009.

Ou seja, como explica Wodarg, «antes desta data era preciso não só que a doença eclodisse em vários países ao mesmo tempo mas também que tivesse consequências muito graves, com um número de casos mortais acima da média habitual. Este último aspecto foi eliminado na nova definição de forma a considerar-se apenas o critério do ritmo da difusão da doença».De facto, segundo o critério anteriormente vigente, a «Gripe A» nunca poderia ser declarada como pandemia uma vez que desde o início se observou um índice de mortalidade muito abaixo do normal. Ou seja, se uma «banal» gripe sazonal provoca normalmente entre 300 mil e 500 mil vítimas em todo o mundo, o diabolizado H1/N1 foi responsável até ao momento por 13 mil mortes no planeta. Como também é normal nas gripes, os casos fatais atingem praticamente em exclusivo grupos de risco, isto é, indivíduos que já anteriormente tinham a saúde fragilizada.

Face aos dados disponíveis, há mesmo quem considere esta epidemia como uma das mais benignas que se conhecem desde que a medicina moderna regista as ondas gripais.Sem nunca ter explicado as razões da mudança do critério, a OMS teve outras atitudes suspeitas no entender Wodarg: «Por exemplo, a recomendação da OMS de administrar duas injecções de vacinas. Nunca tal aconteceu. Não havia nenhuma justificação científica para isso. Também houve a recomendação de utilizar somente vacinas patenteadas. E no entanto não havia nenhuma razão que impedisse de acrescentar, como se faz todos os anos, certas partículas antivirais específicas deste novo vírus H1N1, “completando” as vacinas utilizadas na gripe sazonal».As malhas de um negócio As campanhas planetárias de intoxicação da opinião pública não são novidade para ninguém. Diariamente os órgãos de comunicação bombardeiam-nos com visões catastrofistas do presente e do futuro imediato, parecendo tudo servir para criar o pânico e alimentar um clima permanente de ansiedade e de medo. Essas momentosas campanhas surgem e desaparecem quase sem deixar rasto, e sem que nunca venha a público um balanço sério do que de facto aconteceu ou apuradas responsabilidades pelo fomento do pânico.Um desses casos foi o da chamada «gripe aviária», descoberta por um reputado «caçador de vírus» holandês, Albert Osterhaus, hoje alvo de acusações no seu país de favorecimento de interesses comerciais, e que é um dos membros do grupo de especialistas conselheiros da OMS designado SAGE (Strategic Advisory Group of Experts).

Para além de virólogo, Osterhaus revelou-se também um criador de mitos, prevendo logo em 2003 a propagação mundial, via excrementos de aves migratórias, do alegadamente mortífero vírus H5N1. Só que em 2006, depois de terem sido destruídos milhões de frangos em vários países, Osterhaus e os seus colegas foram obrigados a reconhecer que em nenhuma das 100 mil amostras fecais recolhidas foi encontrada a menor prova do vírus. E para além da morte de um veterinário holandês, que terá sido provocada pelo H5N1, segundo garantiu o próprio virólogo, não se registou nenhuma outra morte humana. (ver artigo de William Engdahl em odiario.info, de 05.01). Contudo, a encenação de Osterhaus não foi em vão.

A pandemia aviária não se confirmou, mas a histeria criada à sua volta foi bem real, o que permitiu uma intensiva sensibilização dos governos e organismos públicos para a necessidade de ter as coisas preparadas no caso de uma tal eventualidade ocorrer, tanto mais que as políticas reaccionárias seguidas nas últimas décadas no domínio da saúde e da investigação privaram os sistemas públicos dos meios necessários para fazer face a uma situação de emergência.

É então que se definem novos planos internacionais de combate a uma pandemia, os quais visam sobretudo assegurar o fabrico rápido de vacinas em caso de alerta, e pressupõem, portanto, uma negociação directa entre os estados e as multinacionais do medicamento. Estas comprometem-se a fornecer uma resposta pronta, em troca os estados garantem-lhes que comprarão os seus preparados. Este vantajoso «acordo» para a indústria farmacêutica poderia render-lhe milhares de milhões caso fosse declarada uma pandemia.

Chamaram-lhe gripe A…!"

segunda-feira, janeiro 18, 2010

E deixam-nos ?




Notícias anteriores referiam a prática de desnatação pela gestão privada do Hospital de Braga... para quê gastar dinheiro em retrovirais para a gajada da SIDA e medicamentos biológicos para a brigada do reumático?

Mas neste corta e corta das despesas, eis que a Comunicação Social levanta mais pontas do véu.

Mesmo tendo em conta um possível efeito placebo, veja-se o que dizem os entendidos e a atitude tomada por alguns neurologistas


Hospital impõe medicamento mais barato
Grupo Mello Saúde, que gere o Hospital de Braga,mudou medicação a dezenas de doentes neurológicos,obrigando-os a assinar um "consentimento informado".

Mais de uma dezena de doentes acompanhados pelo Serviço de Neurologia do Hospital de S. Marcos, estão sem receber tratamento há mais de duas semanas. Em causa está a substituição do medicamento Octagam (imunoglobulina humana normal) por Flebogamma, um outro medicamento adquirido pelo Grupo J. Mello Saúde, actual responsável pela gestão do hospital, que os doentes afirmam ter efeitos secundários "insuportáveis".


"Tomei uma vez o novo medicamento e senti-me tão mal que acabei na urgência do hospital", disse, ao JN, Sílvia Rodrigues, doente com Miastenia Grave. Sílvia, tal como outros doentes, faziam o tratamento, em média, cinco dias por mês. "Já devia ter feito a medicação há duas semanas mas não sou capaz de receber o novo remédio, o hospital deu-nos garantias de que poderíamos voltar ao medicamento anterior mas não está a cumprir", afirmou.




Para a troca do medicamento, os doentes tiveram que assinar um "Consentimento Informado" onde autorizam o novo procedimento médico e as consequências ou complicações que possam daí advir. Cada documento, para além da assinatura do paciente, tem também a assinatura do médico que acompanha o tratamento.


No local destinado à descrição do procedimento médico, alguns neurologistas fizeram questão de escrever que a substituição do IGIV Octagam por Flebogamma foi "imposto pelo Conselho de Administração".

Maria Costa e Silva, mãe de Susana Pereira, uma doente de neurologia, corrobora as críticas: "O Hospital de S. Marcos está a obrigar os doentes a responsabilizarem-se pelas consequências de um medicamento que não conhecem e que nunca tomaram".
Conceição Pereira recusou assinar o consentimento para a mudança de tratamento. "Estou há quase dez anos a tomar um remédio com o qual me sinto bem e que quase me ressuscitou e agora. Só porque mudou a administração do hospital, tenho que mudar?".

Em comunicado enviado ao JN, a administração do J. Mello Saúde confirma a mudança de medicamento. "O hospital, agora inserido num grupo de saúde que faz periodicamente os seus concursos para a aquisição destes produtos, tem disponível o medicamento em causa (Flebogamma), a imunoglobulina humana, aprovada pelo INFARMED e considerada como bioequivalente à outra marca comercial em uso no país", refere o documento.

"Só conheço o Octagam"


Carlos Fontes Ribeiro, especialista em farmacologia, diz que não há estudos europeus sobre bioequivalência e que, em medicamentos biológicos, não se pode falar em medicamentos "equivalentes ou similares".
"Só conheço o Octagam e, quando prescrevo o medicamento, refiro-me sempre como sendo imunoglobulina humana", diz por sua vez José Pereira Monteiro, neurologista no Hospital de Santo António e presidente do Colégio de Especialidade de Neurologia da Ordem dos Médicos.

Sem a medicação que costumavam tomar, os pacientes tentam resistir à doença. "Muitos de nós já fizemos uma reclamação no Livro Amarelo e tentamos reunir com a administração do hospital", frisou Sílvia Rodrigues.

Com a administração do S. Marcos não foi possível reunir, mas um grupo de doentes conversou com o director de serviço de neurologia do Hospital de Braga. "O médico disse-nos que era preciso poupar nas despesas, comparou o hospital com a casa de cada doente e perguntou-nos se, na nossa casa, também não fazíamos poupanças", recordou Sílvia. "Assumida a qualidade do produto, o preço é um factor tido em conta para a escolha em concurso", finaliza o comunicado do Grupo Mello Saúde.

terça-feira, dezembro 29, 2009

Correio da Manhã, II: “Médica Tentou Matar Filha e Está ao Serviço”.

Notícia cruel, desumana, insultuosa, que demonstra a crónica falta de sentimentos dos jornalistas do Correio da Manhã.

Devem um pedido de desculpa à doente, com grave depressão psicótica e que, neste caso exerce medicina e é, portanto, médica.

  Mãe e filha correram risco de vida com dose excessiva de comprimidos“Mãe e filha correram risco de vida com dose excessiva de comprimidos (Presume-se que esta foto é para os leitores personalizarem bem a notícia maldosa e da médica assassina”)

28 Dezembro 2009 - 00h30

Lisboa: Investigação decorre mas continua a ter acesso à vítima, de dez anos

A médica que no início deste mês tentou matar a filha de dez anos e suicidar-se em simultâneo, com uma dose excessiva de soporíferos na sua casa de Telheiras, em Lisboa, continua a exercer a profissão no Hospital de Santa Maria.

Assim que teve alta, apurou o CM, a mulher de 49 anos regressou à sua actividade normal no serviço de Patologia Clínica, que tem por objectivo auxiliar médicos das diversas especialidades no diagnóstico de doenças e acompanhamento do estado de saúde dos pacientes através de análises. E continua também a ver a filha, que tem uma deficiência profunda.

A direcção do hospital não optou assim por qualquer medida de afastamento preventivo da médica. Não lhe foi imposta baixa psiquiátrica depois de ter cometido um crime premeditado (ver caixa). Esta não terá sido a primeira vez que tentou o suicídio – e a forte depressão, confirmada por pessoas próximas, deve-se em grande parte ao facto de a filha de dez anos sofrer de uma paralisia cerebral.

Contactado ontem pelo CM, José Pinto da Costa, assessor da administração do Hospital de Santa Maria, diz que esta 'não tem nada a ver com o assunto. São acontecimentos da vida privada, que tiveram lugar fora do hospital. É um caso dos tribunais e da polícia'. A administração, recorde-se, mantém a médica a trabalhar no mesmo serviço – tal como desde o início do Verão manteve a técnica de farmácia e o farmacêutico que, segundo o Ministério Público, são responsáveis, cada um, por seis crimes de ofensa à integridade física grave, correspondentes aos danos causados a seis doentes que cegaram por erro grosseiro daqueles dois funcionários.

Ao que o CM apurou, a criança vive no Alentejo com o pai, também ele médico, e já recebeu visitas da mãe desde que teve alta dos Cuidados Intensivos precisamente do Hospital de Santa Maria, onde lutou pela vida durante alguns dias. A PJ tem um inquérito em curso (ver caixa) mas para já não há uma medida de afastamento da mãe em relação à criança. Esta só pode ser imposta por decisão do Ministério Público.

INTERROGADA PELA JUDICIÁRIA

A médica do serviço de Patologia do Hospital de Santa Maria que tentou suicidar-se com a filha, de apenas dez anos, com uma dose excessiva de comprimidos, já foi ouvida pela secção de Homicídios da Polícia Judiciária de Lisboa, a quem foi distribuído o inquérito, depois de ter tido alta do hospital, apurou o CM. Para já, a mulher de 49 anos continua a trabalhar no e estará a ser assistida por uma equipa de psiquiatras. Enquanto isso, a PJ prossegue a investigação, sendo que o inquérito é dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal. O Código Penal qualifica o acto da médica como um crime de homicídio privilegiado ou qualificado. O primeiro é punido com pena de prisão até cinco anos, enquanto o segundo tem uma moldura penal que varia entre os 12 e os 25 anos.

'NUNCA ACEITOU DOENÇA DA FILHA'

'Ela nunca aceitou o facto de a filha ter uma paralisia cerebral e estar completamente dependente das outras pessoas. Isso provocava-lhe um grande desgosto', recordou na altura ao CM uma amiga da médica. Assim, no dia anterior à tentativa de suicídio, ocorrida na manhã do último dia 1, a profissional de saúde telefonou para o ex-marido a avisar de que iria pôr termo à vida. Já não era a primeira vez que tentava o suicídio. O desejo só não foi cumprido porque aquele, depois de insistentes telefonemas, temeu o pior e avisou as autoridades. Minutos antes de tentar o suicídio, a médica trancou todas as portas de sua casa, em Telheiras. Os Sapadores tiveram de partir uma das janelas para entrar – e encontraram as duas vítimas, mãe e filha, deitadas na cama, e uma folha A4 com um pedido de desculpa pelos erros cometidos.

PORMENORES

COLEGAS PERPLEXOS

O acto da médica apanhou de surpresa todos os colegas e outros funcionários do hospital, uma vez que 'não transparecia sintomas de depressão', disseram na altura ao ‘CM’.

FILHO DE 18 ANOS

Além da filha de dez anos que sofre de paralisia cerebral, a médica tem um filho, de 18 anos, que também vive com o pai.

DESINTOXICAÇÃO

Mãe e filha foram alvo de uma desintoxicação que lhes salvou a vida, depois da ingestão de comprimidos em excesso.

ADORAVA A FILHA

'Não a julgo. Ela adorava a filha e sempre fez muita força para que se tornasse cada vez mais independente', disse na altura ao CM uma amiga da médica.

FILHA SOZINHA

'A ideia de que a filha pudesse ficar sozinha no mundo atormentava-a', segundo a amiga.

Henrique Machado com C.S.

Mais uma da escriba do Correio da Manhã...como habitual...


29 Dezembro 2009 - 00h30

Óbito: Morte de doente motiva queixa de negligência médica


Hospital acusado de morte de paciente

A família de Ernesto Russo, de 72 anos, acusa o Hospital Garcia de Orta, em Almada, de negligência médica e assegura que vai avançar com uma queixa-crime e uma acção cível contra a administração hospitalar e os médicos que trataram o doente, que morreu a 24 de Dezembro.


A viúva, Ludovina Russo, e a cunhada, Joana Mira, revelam-se inconformadas com a morte de Ernesto. Ludovina explica que o marido entrou nas Urgências daquele hospital a 21 de Outubro com vómitos constantes. "Vomitava muito. Entrou no hospital pouco depois das 19h00, mas o médico só cuidou dele cinco horas mais tarde, puseram-no a soro e o médico foi dormir e só regressou às 04h00."


A cunhada, Joana Mira, sublinha que durante esse período o cunhado sofreu o rebentamento de uma veia no pescoço, devido à força dos vómitos. "De madrugada viram que ele piorava e fizeram-lhe uma TAC [tomografia axial computorizada]."


O exame revelou a necessidade de uma operação à cabeça. Ludovina Russo, de 71 anos, lembra que operaram o marido pelas 14h00 do dia seguinte. A cirurgia teve sucesso, mas o pior veio depois. "Puseram o meu marido numa cama onde tinha estado uma doente com broncopneumonia e ele apanhou bactérias e infecções hospitalares."


Como o doente respirava com dificuldade, foi entubado para ajudar na respiração. "Entubaram-no mal ou deram-lhe dose errada de oxigénio. Destruíram-lhe os alvéolos pulmonares e causaram-lhe um enfisema pulmonar. Disseram que os pulmões dele pareciam de cortiça", recorda a viúva.


A cunhada lembra que Ernesto Russo inchou tanto que não foi reconhecido por alguns familiares.


"Foi um mártir nas mãos deles. Mataram-no", acusa.


O Correio da Manhã procurou obter um esclarecimento por parte do hospital, mas tal não foi possível até à hora do fecho desta edição.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

É Sempre Bom Esclarecer!

E este blog sabe que tem leitores que lhe merecem a maior consideração, por isso, este esclarecimento do Dr Rosalvo merece o maior destaque.

Aqui está, transferido dos comentários do post anterior:

“Rosalvo disse...

A conclusão do artigo é algo diferente da conclusão do resumo. Transcrevo e peço que vejam o realçado:
«Conclusion. Because of the moderate effectiveness of neuraminidase inhibitors, we believe they should not be used in routine control of seasonal influenza. We are unsure of the generalisability of our conclusions from seasonal to pandemic influenza. Evidence on the effects of oseltamivir in complications from lower respiratory tract infections, reported in our 2006 Cochrane review, may be unreliable. Evidence on serious harms of neuraminidase inhibitors is limited. Independent randomised trials to resolve the uncertainties surrounding effectiveness are needed.»”

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Notícias Fresquinhas Sobre o Tamiflu.

Research

Neuraminidase inhibitors for preventing and treating influenza in healthy adults: systematic review and meta-analysis

Tom Jefferson, researcher1, Mark Jones, statistician2, Peter Doshi, doctoral student3, Chris Del Mar, dean; coordinating editor of Cochrane Acute Respiratory Infections Group4

1 Acute Respiratory Infections Group, Cochrane Collaboration, Rome, Italy, 2 University of Queensland, School of Population Health, Brisbane, Australia, 3 Program in History, Anthropology, Science, Technology and Society, Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, MA, USA, 4 Faculty of Health Sciences and Medicine, Bond University, Gold Coast, Australia

Correspondence to: C Del Mar cdelmar@bond.edu.au

Objectives To update a 2005 Cochrane review that assessed the effects of neuraminidase inhibitors in preventing or ameliorating the symptoms of influenza, the transmission of influenza, and complications from influenza in healthy adults, and to estimate the frequency of adverse effects.

Search strategy An updated search of the Cochrane central register of controlled trials (Cochrane Library 2009, issue 2), which contains the Acute Respiratory Infections Group’s specialised register, Medline (1950-Aug 2009), Embase (1980-Aug 2009), and post-marketing pharmacovigilance data and comparative safety cohorts.

Selection criteria Randomised placebo controlled studies of neuraminidase inhibitors in otherwise healthy adults exposed to naturally occurring influenza.

Main outcome measures Duration and incidence of symptoms; incidence of lower respiratory tract infections, or their proxies; and adverse events.

Data extraction Two reviewers applied inclusion criteria, assessed trial quality, and extracted data.

Data analysis Comparisons were structured into prophylaxis, treatment, and adverse events, with further subdivision by outcome and dose.

Results 20 trials were included: four on prophylaxis, 12 on treatment, and four on postexposure prophylaxis. For prophylaxis, neuraminidase inhibitors had no effect against influenza-like illness or asymptomatic influenza. The efficacy of oral oseltamivir against symptomatic laboratory confirmed influenza was 61% (risk ratio 0.39, 95% confidence interval 0.18 to 0.85) at 75 mg daily and 73% (0.27, 0.11 to 0.67) at 150 mg daily. Inhaled zanamivir 10 mg daily was 62% efficacious (0.38, 0.17 to 0.85). Oseltamivir for postexposure prophylaxis had an efficacy of 58% (95% confidence interval 15% to 79%) and 84% (49% to 95%) in two trials of households. Zanamivir performed similarly. The hazard ratios for time to alleviation of influenza-like illness symptoms were in favour of treatment: 1.20 (95% confidence interval 1.06 to 1.35) for oseltamivir and 1.24 (1.13 to 1.36) for zanamivir. Eight unpublished studies on complications were ineligible and therefore excluded. The remaining evidence suggests oseltamivir did not reduce influenza related lower respiratory tract complications (risk ratio 0.55, 95% confidence interval 0.22 to 1.35). From trial evidence, oseltamivir induced nausea (odds ratio 1.79, 95% confidence interval 1.10 to 2.93). Evidence of rarer adverse events from pharmacovigilance was of poor quality or possibly under-reported.

Conclusion Neuraminidase inhibitors have modest effectiveness against the symptoms of influenza in otherwise healthy adults. The drugs are effective postexposure against laboratory confirmed influenza, but this is a small component of influenza-like illness, so for this outcome neuraminidase inhibitors are not effective. Neuraminidase inhibitors might be regarded as optional for reducing the symptoms of seasonal influenza. Paucity of good data has undermined previous findings for oseltamivir’s prevention of complications from influenza. Independent randomised trials to resolve these uncertainties are needed.

Published 8 December 2009, doi:10.1136/bmj.b5106
Cite this as: BMJ 2009;339:b5106

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Porque é que alguns senhores jornalistas não se informam ?


Contradições
Situação de Manuel Machado assusta doentes com hérnia
por LÍLIA BERNARDES,Hoje


Técnico do Nacional contraiu infecção após lipoaspiração, mas notícia de que o seu estado é devido a outra cirurgia está a causar apreensão


Não há evolução no estado clínico de Manuel Machado, internado desde o dia 27 no Hospital dr. Nélio Mendonça, no Funchal, após uma lipoaspiração abdominal, realizada, três dias antes, numa clínica do Porto. Sabe-se que continua em coma induzido nos Cuidados Intensivos. O estado é grave e mantém o mesmo tipo de tratamento: ventilação, drenagem na zona infectada e câmara hiperbárica.


O DN apurou que as verdadeiras razões que levaram o técnico à urgência seriam para ficar no silêncio dos deuses. Só que a sépsis contraída - uma infecção generalizada do organismo com graves complicações - saltou para a praça pública. Nesse momento, surgiu a versão da hérnia abdominal quando, na realidade, Machado foi sujeito a outro tipo de cirurgia. O silêncio parece, agora, querer tomar conta do acontecimento.


A direcção clínica do hospital decidiu fechar as portas aos jornalistas, recusando falar mais no assunto, até que tal se justifique. Entretanto, as notícias vindas a público em alguns órgãos de comu nicação social, que mantêm a versão da hérnia, têm causado alguma apreensão a doentes que na realidade as possuem e que se encontram em vias de serem submetidos a uma intervenção.


O cirurgião Paulo Gouveia, contactado pelo DN, concordou que a confusão instalada pode causar temores despropositados. "As pessoas não devem ficar alarmadas. Todo o acto cirúrgico é passível de risco. Agora que se possa pensar num quadro de gravidade extrema quando se opera uma hérnia é querer endeusar uma hérnia, uma cirurgia simples e normalmente sem complicações. O doente ao fim de um dia tem alta, com restabelecimento total em 15 dias."
Para o clínico, "e de acordo com as notícias da imprensa", sobre o caso de Machado, terá havido "perfuração do lanço intestinal. O tratamento cirúrgico de uma hérnia não dá morbilidade nenhuma. Pode dar uma infecção, mas nunca um quadro com a gravidade deste. Muito menos a perfuração do intestino. Até porque estamos a ver o que estamos a fazer. Isso acontecer com uma hérnia tem tanta probabilidade como ser o único totalista do Euromilhões", reiterou.
Tags: Desporto, Futebol Nacional

quinta-feira, novembro 26, 2009

OCHO RAZONES PARA NO VACUNARSE CONTRA LA GRIPE A

De uma leitora deste blog recebi este texto com pedido de publicação:

"Envio, caso tenha interesse, um texto do prof Juan gervas sobre a vacinada gripe A. No final do texto Juan Gervas autoriza a publicação se na íntegra, naturalmente. Mónica Granja."

Claro que publicitamos todas as opiniões sobre este actual tema, desde que tenham por base conceitos científicos, como é este caso.


 


 

"Juan Gérvas,

médico general rural, Canencia de la Sierra, Garganta de los Montes y El Cuadrón (Madrid, España), profesor de atención primaria en Salud Internacional (Escuela Nacional de Sanidad, Madrid) y profesor en Salud Pública (Facultad de Medicina, Universidad Autónoma, Madrid)

jgervasc@meditex.es
www.equipocesca.org

20 de noviembre de 2009


 

  1. Las personas nacidas antes de 1957 tienen defensas contra la gripe A. El virus de la gripe A circuló ampliamente entre 1918 y 1957, y dejó una protección por más de 50 años en los afectados. Es decir, la inmunidad natural dura más de medio siglo. Por ello los ancianos mueren menos con la gripe A. Vale la pena pasar la gripe A y no probar con una vacuna que si sirviera nadie sabe cuánto duraría su efecto. Al pasar la gripe A los niños, jóvenes y adultos tendrán la oportunidad de "vacunarse" de por vida y naturalmente contra la enfermedad. Por cierto, la epidemia de 1918 que provocó millones de muertos se dio en un mundo sin antibióticos, sin sistemas sanitarios, de pobreza y sin agua corriente, y a pesar de ello mató casi en exclusiva a los pobres. También la gripe A de 2009-10 mata sobre todo a pobres y en países sin sistema sanitario público, como en Méjico y EEUU.
  2. La gripe A es sólo una de las muchas enfermedades "tipo gripal". El virus de la gripe provoca muy pocas "gripes". Aunque fuera eficaz la vacuna sólo evitaría los casos de gripe propiamente dicho. Por ejemplo, los médicos "centinelas", especializados en diagnosticar la gripe para tomar muestras y saber el tipo de virus, sólo aciertan en un 30-50% de los casos (en el 50-70% de los pacientes, el cuadro gripal lo provocan otros virus, como adenovirus, rinovirus, virus sincitial respiratorio y otros). El típico trancazo es casi siempre otra cosa, no gripe propiamente dicha. Por cierto, cuando los médicos "centinelas" aciertan y es gripe, casi en el 100% es el virus H1N1 (el de la gripe A), por lo que no vale la pena hacer prueba ni test diagnóstico alguno.
  3. Las vacunas contra la gripe sirven para poco en la práctica. La efectividad de las vacunas antigripales es bajísima, del orden del 33%. Es decir, no valen para nada en 7 de cada 10 vacunados (que corren los riesgos de la vacunación sin esperar ningún beneficio). Las vacunas antigripales son especialmente inútiles en los niños, y más en los menores de dos años, en que no valen para nada. Además, no hay ensayos clínicos que duren años respecto a las vacunas antigripales, así que no sabemos nada sobre sus perjuicios y beneficios a largo plazo. De la vacuna contra la gripe A no sabemos nada sobre su efectividad, pero como mucho será del 33%. El ejemplo de los países del hemisferio sur demuestra que no vale la pena la vacunación. De hecho, la vacunación podría ser causa de que las cosas se complicasen, pero no hay ensayos clínicos previstos para estudiar la efectividad de la vacuna, ni a corto ni a largo plazo.
  4. La gripe A no provoca más complicaciones en las embarazadas que la gripe estacional. El embarazo, sobre todo al final del mismo, se acompaña de más complicaciones por la gripe A, como todos los años sucede con la gripe estacional. Por ello, la embarazada debe tener el mismo comportamiento de tranquilidad y sentido común ante la gripe A que ante la gripe de otros años. La vacuna más específica contra la gripe A en las embarazadas, Panenza, contiene timerosal como conservante en la presentación multidosis y el timerosal se desaconseja en el embarazo. Además, la ficha técnica (la información oficial) de Panenza, dice literalmente: "4.6. Embarazo y lactancia. Actualmente no hay datos disponibles relativos al uso de Panenza durante el embarazo. Los datos obtenidos en mujeres embarazadas que han sido vacunadas con diferentes vacunas estacionales inactivadas no adjuradas no sugieren malformaciones o toxicidad fetal o neonatal". Es decir, no sabemos nada, salvo vagas deducciones.
  5. La gripe A es una enfermedad leve que tiene baja mortalidad.
    La gripe A ha pasado ya por el hemisferio sur dejando muchísimos menos muertos que la gripe de otros años. Por ejemplo, en Nueva Zelanda ha causado 19 muertos la gripe A, contra los 400 muertos que provoca todos los años la gripe estacional. En el hemisferio sur se pasó la gripe A sin ninguna vacuna contra la misma. En todo el mundo la gripe A ha causado unas 6.800 muertes en diez meses de evolución, contra un total de 250.000 fallecimientos que causa la gripe estacional en todo el invierno. En proporción hay muchos muertos jóvenes (y entre ellos las embarazadas) por gripe A, pero en números totales mueren menos jóvenes y menos embarazadas por gripe A que por gripe estacional. La letalidad es de menos de un caso por 100.000, lo que hace prever en España unos 500 fallecimientos (contra unos 1.500 por la gripe estacional).
  6. La gripe A es una enfermedad leve que tiene pocas complicaciones. Por ejemplo, este año la gripe A ha pasado ya por Australia dejando menos bajas laborales que la gripe estacional de otros años. En Australia y Nueva Zelanda la gripe A provocó 722 ingresos en las UCI (Unidades de Cuidados Intensivos, en los hospitales), contra hasta 40.000 casos calculados previamente. Así pues, en estos países las neumonías asociadas a la gripe causaron sólo 8 pacientes ingresados diarios en las UCI, de los cuales 5 al día necesitaron respiración mecánica asistida. Todo ello sin vacuna alguna contra la gripe A. Durante la epidemia, en España se pueden calcular unos 15 ingresos diarios en las UCI por la gripe A y las neumonías, y un total de 1.300 ingresos. Son cifras muy por debajo de lo previsto.
  7. Las compañías farmacéuticas no son responsables de los daños que causen la vacuna contra la gripe A. La situación es de tal incertidumbre que los políticos han decido eximir a las compañías farmacéuticas de toda responsabilidad por los daños que causen la vacuna contra la gripe A, tanto en EEUU como en la Unión Europea. Es insólito que la industria farmacéutica haya logrado este paraguas que la protege de reclamaciones y responsabilidades. Con ello se facilita su "toma de riesgos" (menor precaución, más irresponsabilidad) y se trasladan los posibles daños a los hombros de la sociedad, no de los accionistas como sucede habitualmente (en el negocio de la vacuna contra la gripe A sólo hay ganancias).
  8. La financiación pública de la vacuna contra el gripe A desvía fondos que no se emplean para otros problemas sanitarios. Cuando se utiliza dinero público la cuestión no se ciñe sólo a la efectividad de la vacuna contra la gripe A, sino también a su coste-oportunidad, a lo que se deja de hacer cuando se vacuna. Así, por ejemplo, el problema del suicidio en los adolescentes y jóvenes (mata más que la gripe A), la salud bucodental de los adultos y ancianos (desdentados por falta de cobertura) y la muerte digna en casa (hoy casi un imposible morir en casa atendido por el propio médico de cabecera).


 

NOTA Este texto se puede difundir, siempre íntegro y tal cual."


 


 

quinta-feira, novembro 19, 2009

Vacina da gripe A - lucidez ou paranóia? A escolha é sua

 

Excelente artigo de um excelente pediatra, dr Mário Cordeiro. 

No Público, que nos oferece os extremos: a Ciência e a Crendice lado a lado, mas como a Crendice vende mais, é a ela que as empresas de mass media se ligam para aumentar os seus lucros.

E escrevo excelente pediatra, porque tenho assistido a pediatras de consultório prescreverem qualquer nova vacina, caras, não comparticipadas, tipo hepatite A ou rotavirus e desaconselharem a vacina para a gripe A, gratuita.

Para este blog trata-se de uma traição aos valores éticos da medicina.

Outro crime é o da comunicação social. Não desisto de apelidar esta comunicação social generalista de retrógrada, vendida, acientífica, especulativa, sensasionalista, e o mais grave, actualmente sem excepções. O patrão quer lucros, não se olham a meios.

Almoçava calmamente, quando a SIC generalista se ligava directamente à frontaria do Hospital de Leiria para repetir umas quinhentas vezes que um terceiro feto tinha morrido, apenas por acaso a jornalista não estava de luto, apenas por acaso não tinha um decote generoso e até era morena, mas, porquê uma ligação directa ao hospital se nada de novo aconteceu, até pensei, vem aí o quarto feto! Já não deve haver em Portugal caixões para tanto feto morto…..

Só depois desta aparição e da manipulação dos sentmentos apareceu um porta voz da DGS, GRAVADO, A DIZER AQUILO QUE SABEMOS: NÃO HÁ PARA JÁ QUALQUER RELAÇÃO CAUSA EFEITO. HÁ MILHARES DE GRÁVIDAS VACINADAS.

O artigo na íntegra:

“1. A "ministra" da Finlândia
Mesmo antes de se iniciar o Programa de Vacinação contra a Gripe A, já circulava na Internet um "famoso" vídeo da autoproclamada ex-ministra da Saúde da Finlândia, denunciando várias conspirações e maroscas que, resumidamente, davam a vacina contra a gripe A como um produto feito pelos americanos, destinado a extinguir a população de várias zonas do globo.

O vídeo circulou, mas poucos se deram ao trabalho de questionar tamanho disparate. Pois a senhora Rauni Kilde era médica e directora-geral da Saúde quando, em 1986 (há mais de 20 anos), teve um acidente de viação e ficou, digamos, com uma diminuição acentuada da sua lucidez. Por essa razão, foi declarada inapta e passou a ser uma entusiasta da ovnilogia, ou seja, o que trata de discos voadores e ET, tendo publicado inclusivamente um livro em que afirma ter sido salva três vezes por extraterrestres.
Infelizmente, este tipo de argumentação - que nada tem de científico nem de lógico - tem grassado na sociedade, promovido pela circulação de e-mails e pelo sensacionalismo de alguma imprensa (é tão fácil mistificar títulos de artigos ou "cachas"!).
2. A vacina anti-gripe A
A vacina da gripe A é uma vacina segura e eficaz. Repito: segura e eficaz. E é bom que as pessoas assumam isto como um facto científico. Os efeitos colaterais que pode ter - como qualquer vacina - não a tornam insegura e resumem-se a febre baixa, dores musculares, inflamação no local da vacina e, nos adolescentes, sensação de desmaio. Os casos de reacção grave são raríssimos (menos de um caso para um milhão de vacinas!), e apenas em pessoas que tiveram reacções anafilácticas ao comer ovo (não são as inofensivas alergias da pele, mas ao verdadeiro choque "de cair para o lado").
Uma das questões que muita gente levanta é a "pressa" com que a vacina foi feita. Pois a dita "rapidez" (entre aspas) foi a necessária e suficiente, semelhante a todas as vacinas antigripais. Não houve, portanto, qualquer pressa e tudo foi feito com o controlo de qualidade adequado. Outro argumento: as multinacionais andam a ganhar muito dinheiro com as vacinas; ao que eu contesto: então os vendedores de lenços de papel também ganham com as constipações e com a gripe, o que não quer dizer que estejam envolvidos em qualquer teoria da conspiração ou de manipulação.
Mais um argumento: o adjuvante, de seu nome tiomersal, que causaria autismo e outras coisas mais. Não é verdade, e tal já foi bastamente clarificado quando da polémica, aqui há alguns anos, sobre a vacina do sarampo. O facto de alguns países retirarem estas vacinas tem a ver com pressões ambientalistas referentes ao uso de mercúrio, mas as alternativas ainda são muito escassas. Obviamente que, um dia que haja capacidade de produzir vacinas em massa sem tiomersal, serão estas que ocuparão o espaço vacinal em todos os países.
3. As grávidas e a morte fetal tardia
No nosso país, ocorrem todos os anos, em média, 300 mortes fetais após as 22 semanas de gestação. Em muitos destes casos não é possível encontrar uma explicação. Como o número de grávidas vacinadas com a vacina anti-gripe A está felizmente a aumentar, é natural que os casos como os relatados nestas duas últimas semanas - morte fetal em grávida vacinada - sejam cada vez mais frequentes, sem que isso permita extrair qualquer relação de causa-efeito.
Relembro também que a gripe A pode ter efeitos mais desastrosos na grávida do que na população em geral, devido às alterações do sistema imunitário que ocorrem na gravidez.
4. Em conclusão
As doenças matam, as vacinas não. Em Portugal, centenas de milhares de pessoas estão vivas e de boa saúde graças às vacinas. A gripe A, apesar de ser uma variante benigna e "mansa" da gripe, pode ter consequências graves, designadamente nas grávidas e noutros grupos de risco acrescido, bem como (segundo os dados da monitorização da pandemia que vão chegando) nas crianças de menos idade. Por outro lado, a contenção da pandemia passa por travar a transmissão entre as crianças, que têm sido, provadamente, as maiores disseminadoras da doença.
É tempo de optar: independentemente do que viermos a fazer (só se vacina quem quer!), há dois tipos de atitudes: a que é lógica, científica, lúcida e isenta, ou a que é sensacionalista, mal informada e não fundamentada... como os ovnis e extraterrestres da ex-ministra que nunca foi ministra...
Mário Cordeiro, Pediatra e professor de Saúde Pública - Faculdade de Ciências Médicas (Universidade Nova de Lisboa)”

sexta-feira, novembro 13, 2009

O Guillain-Barré por mail oficial…


Alguém me enviou uma troca de mails entre as nossas autoridades de saúde, que obviamente aqui são omitidas.

Mas fica esclarecida a má interpretação que a comunicação social lançou de forma indescriminada e que levou muitos médicos e população em geral a descredibilizar a vacina.

__________________________________________________________________________________________


From: @dgs.pt

To: coordenadorda

Sent: Friday, November xx, 2009 2:15 PM

Subject: FW: Guillain-Barré


De: xxxxxxxxxx[mailto:xxxxxxxxxx@insa.min-saude.pt]
Enviada: sexta-feira, x de Novembro de 2009 10:40
Para: xxxxxxxxxxxxxxxxxxx; xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Cc: xxxxxxxxxxxxxx
Assunto: RE: Guillain-Barré

Prof. xxxxxxxxxxx

Prof. xxxxxxxxxxxxxxx

Viva, bons dias.

Por coincidência dei uma “entrevista escrita” a semana passada onde uma das perguntas foi precisamente a relação do Guillain-Barré com a vacina anti-gripe. Em 1977 estava na Neurologia dos Cxxxxxxxx, tive uma doente com Guillain-Barré e apresentei o tema numa das sessões do serviço - tinha acabado de acontecer o surto de Guillain-Barré nos USA (foi em 1976) e foi muito discutido. Agora, desde o início da pandemia, tenho vindo a actualizar-me, pois era previsível que o tema viesse à baila.

Aqui transcrevo o estrato da entrevista em que falo (escrevo) sobre o tema – está em linguagem para o grande público, com alguma formação académica, mas não médicos, dada a audiência prevista:

“ …

Guillain-Barré é o mais frequente síndrome conhecido de neuropatia inflamatória de base imune. Acontece quando o sistema imune responde a um estímulo antigénico com reactividade cruzada contra uma proteína da bainha dos nervos. Este estímulo antigénico na maioria dos casos é uma infecção banal, respiratória (mais frequente), digestiva (também não raro) ou outra. Na maioria das vezes não se consegue identificar o agente que deflagrou a reacção cruzada. Quando se consegue, o agente infeccioso mais frequentemente associado é uma bactéria digestiva causa frequente de diarreias banais, chamada Campylobacter jejuni.

No caso de 1976, pensa-se que foi uma reacção cruzada contra a vacina da gripe suína H1N1. Esta gripe surgira em Janeiro num gigantesco campo de treino militar em Fort Dix, USA, e adoecera milhares de recrutas, incluindo uma morte – quando se isolou o vírus e se constatou ser H1N1 (na altura o único vírus influenza A em circulação era o H3N2), ou seja do mesmo subtipo da temida gripe espanhola (pneumónica em Portugal), houve enorme alarme, e esta vacina não foi sujeita aos ensaios de segurança habituais devido ao sentimento de urgência e perigo eminente.

O Guillain-Barré é um quadro relativamente frequente, com uma incidência de ± 0,6 a 1,9 por 105 habitantes por ano, ou seja, em Portugal todos os anos se diagnostica entre 60 a 200 casos. O síndrome de Guillain-Barré é um quadro aparatoso, alarmante, e ainda que a mortalidade ande apenas pelos 2%, pode incapacitar por vários meses.

No caso da vacina gripal de 1976, a taxa de incidência foi de cerca de 1 caso por 105 vacinados, no mês seguinte à vacinação, ou seja, cerca de dez vezes mais alta que a incidência “background”. A vacina anti-gripe de 1976 foi a primeira vez que uma vacina esteve associada a este síndrome, e levou à suspensão desta vacinação. Estudos em modelos animais sugeriram que a reacção não foi contra o antigénio viral, mas sim contra um adjuvante, e por isso este adjuvante específico foi banido em todo o Mundo. Todos os anos se vacina milhares de milhões de pessoas com variadíssimas vacinas, e até hoje nunca mais se detectou qualquer outra vacina (incluindo todas as vacinas anti-gripais) associada ao síndrome de Guillain-Barré (isto desde 76, ou seja há 33 anos…).

…”

Assim, faço minha a advertência do Prof. Francisco George, que as probabilidades estatísticas indicam que seguramente vão aparecer alguns casos de Guillain-Barré temporalmente associados à vacinação, não por causa-efeito, mas apenas por coincidência.

Com os meus cumprimentos

xxxxxxxxx

xxxxxxxxxxx

Prof. Doutor

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Instituto Nacional de Saúde Drº Ricardo Jorge

Avª Padre Cruz, 1649-016 Lisboa

PORTUGAL

Tel: +351 21 751 9236 / +351 21 751 9200 ext. 1236

Fax: +351 21 752 6400

xxxxxxxxx@insa.min-saude.pt

-----Mensagem original-----
De: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx(mail.telepac.pt)
Enviada: quinta-feira, 5 de Novembro de 2009 21:48
Para: xxxxxxxxxxxxx
Cc: xxxxxxxxx; xxxxxxxxxxxx
Assunto: RE: Guillain-Barré

Meu caro F, é-me impossível estar tão a par da literatura toda da gripe como tu e cols. da DGS estão. Por isso, agradeço me informes quando possível de quais os critérios que devem ser seguidos durante a pandemia para atribuir causa de morte à infecção pelo vírus H1N1. Há critérios “oficiais” internacionais ? Alguém sabe ? Abraço xxx


De: F[mailto:xxxxxxxx@dgs.pt]
Enviada: quinta-feira, x de Novembro de 2009 17:32
Para: coordenadordagripe
Assunto: FW: Guillain-Barré

Junto ficheiro que clarifica a série histórica da síndrome de Guillain- Barré em Portugal. Como se demonstra, poderemos ter semanas (em termos de probabilidade) com 4 casos novos de síndrome de Guillain-Barré independentemente, sublinho, independentemente, da campanha de vacinação.

Por isso, temos que admitir, naturalmente, a ocorrência de fenómenos de coincidência temporal associada à vacina.

Obrigado

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

terça-feira, novembro 10, 2009

Sakelariddis mostra o cacete ...e tem razão...



DN


A vacina contra o H1N1 é recomendada pelas autoridades de saúde nacionais e internacionais, mas alguns médicos continuam a desaconselhar a imunização. Especialistas dizem que isso vai contra as boas práticas e aconselham doentes a voltar ao médico e pedir uma segunda opinião.


Maria sofre do coração há cerca de uma década e, por isso, todos os anos leva a vacina contra a gripe sazonal, receitada pelo cardiologista. Mas o mesmo médico recomendou-lhe agora que não se vacine contra o H1N1. Não é caso único. Há clínicos a desaconselhar a vacina a doentes dos grupos prioritários, violando assim as boas práticas médicas definidas pelas autoridades de saúde nacionais e internacionais.
"A vacina é recomendada pela Direcção-Geral de Saúde, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos Centros de Controlo de Doenças europeu e norte-americano", lembra Constantino Sakellarides, director da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). É por isso considerada uma boa prática, concorda o pneumologista Filipe Froes. "Com base na evidência científica que existe, desaconselhar a vacina não é uma decisão válida", diz o especialista.


E apesar de "uma boa prática não ser uma lei", se um médico aconselhar um doente a não ser vacinado contra a gripe A e este adoecer e tiver complicações graves, "será o profissional a ter de explicar porque a tomou essa decisão, sabendo que ela é recomendada pela OMS", diz Constantino Sakellarides. "É por isso que alguns profissionais não são claros no conselho que dão ou respondem que a opção é do doente", acrescenta.


Foi o que aconteceu a Filipa, de 37 anos. Grávida de três meses, resolveu perguntar à ginecologista que a segue se deve tomar a vacina. A resposta "não foi completamente clara": "disse-me que era indicada para grávidas de risco", conta ao DN. Por isso, a futura mãe deduziu que na opinião da sua médica mais vale não tomar. Isto apesar de as grávidas saudáveis estarem incluídas no Grupo A, por terem um risco maior de complicações se forem infectadas. Aliás, a vacinação da segunda parte do grupo A já começou em todo o País (ver caixa).


Também para Maria, de 44 anos, as palavras do médico, que lhe disse que a vacina pode ser muito "agressiva", fizeram com querdesse a vontade de se vacinar.


Opinião diferente têm os especialistas contactados pelo DN que recomendam aos doentes que voltem ao médico para discutir este tema. "Os doentes que estão incluídos nos grupos de risco devem perguntar ao médico assistente qual é a fundamentação científica para rejeitarem a vacina. Não devem ser prejudicados por falta de informação", diz Filipe Froes. E "se no fim da conversa não estiver convencido, diga que vai procurar uma segunda opinião", aconselha Constantino Sakellarides.


O mesmo é recomendado aos pais que ouviram os médicos dizer que as crianças saudáveis não precisam de ser vacinadas.
"Não sei quais são os argumentos contra a vacina, porque não conheço nenhum motivo para não vacinar. Aliás, muitos países estão a proteger toda a população, começando pelas crianças", lembra a pediatra Maria João Brito, especialista em infecciologia.


A vacinação é também a principal arma para combater a doença, que as autoridades estimam vir a afectar 30% da população - três milhões de portugueses. Segundo a médica de família Filipa Mafra, "quantas mais pessoas aderirem à vacinação, mais poderemos baixar esta estimativa".
"O que se espera é que o pico da gripe A seja atingido em Portugal a partir do meio de Novembro", frisou ainda. A subdirectora-geral da Saúde Graça Freitas, por seu lado, confia menos na previsibilidade do vírus H1N1 e acha que ainda não possível fazer esta previsão.

segunda-feira, novembro 02, 2009

O NEGÓCIO DA GRIPE....MALANDROS !




Pais de alunos queixam-se de alarmismo de algumas escolas


Maioria dos casos suspeitos de gripe registada hoje em Valença revelou-se falso


02.11.2009 - 14:04 Por Lusa, PÚBLICO




  • Grande parte dos alunos de Valença que hoje deram entrada nas urgências do centro de saúde do concelho, por terem febre acima dos 37 graus centígrados, foi enviada para casa sem qualquer medicação, depois de confirmado que não estavam doentes com gripe. Alguns dos pais dos alunos acusam agora os estabelecimentos de ensino de alarmismo e de utilizarem métodos pouco eficazes para despistar os sintomas que indiciam a possível contaminação pelo H1N1.



Mário Silva, pai de um aluno de 16 anos da Escola Básica 2,3/S de Valença, distrito de Viana do Castelo, mostrou-se indignado em declarações à agência Lusa, depois de o seu filho ter sido enviado pelo estabelecimento de ensino para as urgências por alegadamente apresentar febre acima dos 37 graus. “Chamaram-me de emergência à escola, para ir buscar o meu filho, dizendo que estava com 39 de febre, e chego aqui [centro de saúde] e dizem-me que tem apenas 35. Mas que palhaçada vem a ser esta?”, questionou o encarregado de educação.

A Escola Básica 2,3/S de Valença é uma das várias do concelho que nos últimos dias registou um número crescente de casos de gripe A entre os alunos. Ontem, o coordenador da Unidade de Saúde Pública do Alto Minho, Carlos Pinheiro, avançou que pelo menos 330 alunos estavam infectados com o vírus, mas sublinhou que não é caso para alarme. Por sua vez, o delegado de saúde de Valença, Amílcar Lousa, adiantou hoje que, entre as crianças doentes, “não há nenhum caso grave”.

Esta manhã, os estabelecimentos de ensino decidiram medir a temperatura aos alunos com termómetros a laser, isolando os que tinham mais de 37 graus e chamando os pais para os irem buscar. Estes estudantes saíram das escolas com máscaras e foram levados pelos pais ao centro de saúde, de onde muitos acabaram por sair já sem a máscara, por ter sido “falso alarme” de contaminação.

SAP de Valença lotado

O Serviço de Atendimento Permanente de Valença, que funciona com um médico e um enfermeiro, acabou por ficar lotado com o número de casos de suspeita de gripe A. Perante este anormal afluxo de pessoas, foi activado o Serviço de Apoio à Gripe do centro de saúde de Valença, disponibilizando mais um médico e um enfermeiro. “As indicações apontam para que, em caso de suspeita de gripe, se contacte a Linha Saúde 24, mas todos decidiram vir ao centro de saúde”, queixava-se um profissional daquela unidade.

Os pais, por seu turno, queixavam-se de serem obrigados a pagar 3,70 euros de taxa moderadora. “Mas isto é um negócio? Vêem a febre aos alunos com termómetros avariados, causam alarme nos pais, mandam-nos para aqui e ainda temos de pagar?”, disse um outro encarregado de educação à Lusa.

O delegado de Saúde de Valença esteve reunido com os responsáveis das escolas do concelho, tendo ficado decidido que, para já, os estabelecimentos vão continuar a funcionar. No final, Amílcar Lousa pediu aos pais para “manterem a calma”, afirmando que “não vai ser nada de muito grave”.

O delegado de Saúde não especificou o número de alunos que foram mandados para casa hoje.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Em Memória do Adolescente Falecido, Contra A Imprensa Sanguinolenta!

As famílias não têm culpa.

Serve sempre para mais tarde recordar, em vídeo ou em papel, os sentimentos que são imateriais. Torna-se necessário, para que os outros acreditem que "estamos de facto a sentir" ao sermos mediáticos.

Assim já os vizinhos acreditam e as famílias podem dormir descansadas e os jornalistas, com um pouco mais de sangue vertido nas páginas dos jornais, dormem com o dever cumprido e agraciados pelos seus chefes, com mais uns exemplares vendidos.

Ontem vi um filme: Ligações Perigosas. (State of Play).

Que lição de jornalismo. Com JOTA…….. 

Leiam esta prosa e reflictam nas palavras sublinhadas.

"Criança morreu com Gripe A

Família de Adriano quer processar S. Francisco Xavier

por RITA CARVALHO


Ontem morreu a primeira criança portuguesa com gripe A.  Pais do menino de dez anos dizem que este era saudável e criticam ferozmente a actuação do Hospital São Francisco Xavier, onde foi visto já com sintomas de gripe, pela primeira vez. Família acredita que se tivesse sido tratado logo, Adriano não teria morrido. Esta semana, casos nas escolas dispararam.

Os pais do menino de dez anos que ontem morreu no Hospital Dona Estefânia com gripe A admitem processar o Hospital São Francisco Xavier, onde a criança foi observada na segunda feira já com sintomas gripais. Os familiares consideram que a morte poderia ter sido evitada e que o "hospital foi negligente".

Ao DN, os pais afirmaram que nessa primeira observação médica não foi feito o teste de despistagem da gripe, embora Adriano já apresentasse dores de cabeça e febre. Depois de observar a garganta e auscultar a criança, a médica do São Francisco afastou a hipótese de gripe e encaminhou-o para casa com medição para uma virose.

"Os médicos daqui (Estefânia) disseram-nos que se ele tivesse sido tratado logo com Tamiflu a morte teria sido evitada", afirmou ao DN, Dora Aragão, a madrasta da criança, ao início da noite à porta do hospital pediátrico, onde os familiares directos foram medicados profilacticamente com Tamiflu. "O Hospital São Francisco Xavier foi muito negligente e vamos até às últimas consequências", adiantou.

Adriano Aragão não resistiu ontem à tarde a uma terceira paragem cardiorrespiratória. Aos pais terá sido explicado que esta paragem cardíaca pode ter sido uma consequência da gripe. O que reforça a sua convicção de que, se tivesse sido tratada logo após o início da doença, a criança poderia ter sobrevivido à infecção.

Em comunicado, o hospital Dona Estefânia limitou-se a confirmar o falecimento da criança, remetendo para o resultado da autópsia, a realizar hoje, a determinação da causa de morte. Se for confirmado que o vírus da gripe esteve na origem da morte da criança, esta será a quinta vítima com H1N1 em Portugal - embora, até agora, apenas três pessoas tenham morrido directamente de gripe A- e a primeira entre menores de 18 anos.

Os pais sublinharam ontem que a criança era saudável, mas as autoridades de saúde não descartaram a hipótese de esta ter problemas congénitos de coração.

O menino foi internado na madrugada de ontem na Estefânia, 36 horas após os primeiros sintomas. Na segunda feira, ainda foi às aulas de manhã. Mas as dores de cabeça e a febre levaram o pai e a madrasta da criança a dirigirem-se ao Hospital São Francisco Xavier à tarde. O menino foi observado mas o médico não suspeitou de gripe A e mandou-o para casa. Como a febre subiu bastante nas horas seguintes, e Adriano tinha vómitos e diarreia, voltou ao São Francisco na noite de terça para quarta. Segundo os pais, aí os médicos alegaram não ter forma de atender a criança e enviaram-na para a Estefânia.

Já de madrugada, Adriano foi observado e internado no serviço de infecciologia do hospital pediátrico, onde fez análises laboratoriais através de secreções respiratórias. Às onze da manhã, os pais receberam a notícia de que era gripe A. Ao telefone, Adriano ainda disse ao pai que estava bem e que queria ir para casa. Faleceu ao início da tarde.

Na escola Paula Vicente, no Restelo, onde Adriano estudava, há suspeitas de mais dois casos de H1N1. Um deles é da turma de Adriano, apresenta febre há uma semana e também já foi visto no São Francisco Xavier. Nesse hospital, também não foi feito o despiste da gripe. Os pais de Adriano só souberam ontem da existência e mais casos, já após a morte do seu filho."

domingo, outubro 25, 2009

“Uma freira aldrabona”

Com a devida vénia transcrevo um post do blogue A INQUIETUDE PERMANENTE.

São textos onde o rigor científico está omnipresente.

A Internet tem sido bombardeada com milhares de afirmações das mais variadas origens, umas mais científicas que outras, sobre uma teoria da conspiração em relação com a vacina contra o vírus pandémico Influenza A (H1N1)2009.

Tão bombardeada que, mesmo os mais alertados contra o lixo que circula na Internet, ficam com dúvidas sobre o que se lê!

E duvida-se porquê?

Em meu entender as instituições estão descredibilizadas. Os interesses das grandes companhias multinacionais conseguiram penetrar nas instituições. Os escândalos vão aparecendo…

A crise financeira deitou por terra a pouca credibilidade que ainda restava em instituições sólidas como era a banca e os seguros.

Mas, voltemos à freira:

“A gripe (XXXVIII)

Uma freira aldrabona

Tenho muito que fazer e vou deixando para trás coisas até importantes, como, nesta situação de gripe, desmontar a incrível campanha de desinformação que por aí anda. Uma das peças a que se tem dado mais credibilidade é a entrevista com a freira Teresa Forcades (TF), depois da fácil denúncia de fraude de um tal "Dr" Horowitz, da óbvia paranóia da jornalista Jane Bürgermeister que invoca uma pretensa qualidade de jornalista da Nature, do caso triste de sequelas mentais de um acidente sofrido por uma "ministra da saúde" finlandesa que nunca o foi e que sabe de gripe o que lhe dizem os seus contactos extra-terrestres.

A freira é mais perigosa. Invocando um doutoramento em saúde pública, falando calmamente num cenário religioso, descrevendo casos aparentemente convincentes, elaborando um longo discurso articulado, pode parecer credível. Começo pela duração do vídeo. Duvido de que a grande maioria dos que andam a divulgá-lo tenham visto quase uma hora de filme. Por isto, também eu só agora escrevo sobre isto. No entanto, isto não impede que dezenas de milhar de pessoas o andem a difundir, com um “sound bite” este sim eficaz: "agora não é qualquer aldrabão, é uma freira doutorada em saúde pública. Vejam!" Claro que ninguém vai ver, mas passa-se a mensagem.

Comecemos por esse doutoramento. Pesquisei ao máximo e não o encontro. TF é médica e foi interna de medicina geral em Nova Iorque. A partir daí, a sua intervenção é quase exclusivamente religiosa, embora se encontrem dela declarações médico-religiosas, principalmente sobre o aborto, com o cariz que se imagina.

Uma doutorada tem obrigatoriamente publicações científicas. Fui pesquisar, coisa muito simples (Medline). Tem uma, numa revista obscura, sobre… homeopatia! Numa lista de teses de medicina, vejo que a sua é sobre o impacto das medicinas alternativas nos estudantes de medicina. Doutorada em saúde pública?!

Mas admito que os simples factos curriculares, justificativos de descredibilização pessoal, não são suficientes para levar à certeza de que as posições e afirmações são falsas. Ao fim de penosa visão do vídeo, recolhi tão extensa lista de coisas já ditas e reditas no quadro da teoria da conspiração sobre a gripe que já cansa: a célebre vacina contaminada com a gripe aviária H5N1, coisa de que não há a mínima prova (Goebbels sabia bem que uma mentira dita muitas vezes é uma verdade); os crimes das grandes companhias farmacêuticas com Rumsfeld a pontificar; a insinuação clara de que falhou o plano tenebroso (trilateral?) de criar um vírus que mataria dois terços da humanidade e agora há que fazer o mesmo com uma vacina; o risco do sindroma de Guillain-Barré, sobre o qual já aqui escrevi; e não podia faltar o que até muitos médicos portugueses estão a agitar, o perigo do adjuvante baseado no esqualeno. Os adjuvantes são usados desde há muito tempo em vacinas sem que alguém conheça efeitos secundários demonstrados, para além de pequenas reacções inflamatórias locais, e todos os estudos feitos até agora sobre o esqualeno parecem demonstrar a sua inocuidade.

Do que mais gostei foi do rabo de fora do gato escondido. A certa altura, diz a “doutora” que tudo isto é uma fraude, porque “uma pandemia tem de ter uma grande mortalidade e esta não tem”. Nenhum meu aluno de virologia diz tal asneira sem chumbar, muito menos uma doutorada em saúde pública. Pandemia só tem a ver com disseminação da doença por todo o globo, não tem nada a ver com gravidade clínica ou mortalidade. Vão por mim, leitores de outras profissões. Isto não é betão, porque só vejo cimento à superfície e não vejo ferro. Inventei um motor que não precisa de fornecimento de energia. A Ursa maior é plana, com estrelas todas à mesma distância da Terra. Está provado que a papisa Joana existiu e não há dúvidas de que Colombo era primo de D. João II, filho do infante D. Fernando e de uma filha de Zarco. Foi Marlowe que escreveu toda a obra de um imaginário Shakespeare. Não estão habituados a tudo isto? Peço que acreditem que a tal afirmação da freira tem equivalente rigor científico.

Também fiquei curioso acerca da criação deste vídeo, por qualquer pessoa ou organização chamada Alish. Vendo melhor, é, mais uma vez, já cansa, uma “jornalista independente” espanhola, que publica num “site” chamado “Time for truth”. Vejam, se não tiverem nada mais importante para fazer. Há o que já se espera: textos sobre hipatias (alguém ainda vai nesta?) e, obviamente, a sua certeza em relação aos extra-terrestres. Lá me lembrei outra vez da “ministra” finlandesa e do seu conhecimento revelado por outros galácticos. Não há nada de novo sob o sol!

Acho que já chega de cera gasta com tão ruim defunto.

P. S. - À margem. Porquê o sucesso de tantas teorias da conspiração? Não é só a gripe. Na medicina, e em coisa com que lidei bastante, há alguns anos, também as fantasias mirabolantes sobre a doença das vacas loucas. As campanhas contra a vacinação também não são só quanto à gripe, há todo um movimento, principalmente americano, contra qualquer vacina, como as Testemunhas de Jeová a recusarem as transfusões de sangue. E o assassínio de JFK, a fraude da ida à Lua dos americanos, a destruição das torres de Nova Iorque programada pela CIA ou não sei bem quem, a falsificação da nacionalidade americana de Obama, etc. O que é que se passa nas nossas sociedades, na nossa cultura, na nossa comunicação social (em sentido amplo, incluindo a net e a blogosfera) que permite tão facilmente este tipo de coisas, mitos assumidos tão convictamente como a religião de seitas? Merece reflexão.

7.10.2009”

terça-feira, outubro 20, 2009

Finalmente


Faltas de alunos devido a gripe A podem ser justificadas pelos pais




Os alunos que apresentem sintomas de gripe A (H1N1) devem ficar afastados da escola durante sete dias e as faltas podem ser justificadas na caderneta, de acordo com uma circular enviada aos estabelecimentos de ensino.

Sempre que o aluno apresente febre, acompanhada de alguns dos sintomas de gripe A - tosse, dores de cabeça, de garganta ou musculares, congestão nasal e, por vezes, vómitos ou diarreia -, “o período de afastamento escolar será de sete dias a contar do primeiro dia de aparecimento da febre, independentemente da data do diagnóstico”, lê-se no documento da Direcção-Geral da Inovação e do Desenvolvimento Curricular, organismo do Ministério da Educação que trata estas questões em parceria com a Direcção-Geral da Saúde.

O período de afastamento deve ser respeitado “mesmo que se registe melhoria dos sintomas” e, caso estes persistam, “o período de afastamento deve ser alargado até alta clínica”, refere-se no texto enviado às escolas.

Informa-se ainda que não há necessidade de declaração médica para justificar o regresso à escola, desde que seja cumprido o período de sete dias.

O encarregado de educação deve justificar as faltas do aluno na caderneta escolar, impresso próprio em uso ou caderno diário.

Se o aluno melhorar e quiser regressar à escola antes de decorridos os sete dias de afastamento determinados “deve apresentar declaração médica”, estabelece a circular.


Uma medida ( o Estatuto do Aluno do Ensino Básico e Secundário já prevê que a justificação médica apenas seja exigida para ausencia superior a cinco dias úteis)) que se saúda pela divulgação pública , mas que urge que se torne extensiva a Creches e Infantários, onde mal a canalha espirra se chama os pais para a levar ao médico, não sendo aceite de novo sem uma 1ª declaração a dizer que está doente e uma 2ª declaração a dizer que já não o está...


Há já médicos de familia que, assoberbados por essa burocracia, estão a usar esta Circular por extensão, e numa interpretação livre mas aceitável, para os estabelecimentos da Pré-primária...Conviria que a DGS viesse a público apoiando tal atitude