quinta-feira, maio 13, 2010

5 de Maio de 2007: Este Blogue Propôs o Prof. José Manuel Silva A Bastonário!

Exactamente.

Há três anos este blogue dava nome a um post: "Prof. José Manuel Silva a Bastonário!".

Não sei se há três anos o Prof. José Manuel Silva já tinha decidido candidatar-se, mas o Médico Explica Medicina A Intelectuais já tinha escolhido o seu candidato.

Somos o pai da sua candidatura, e por isso declaramos o apoio ao Prof. José Manuel Silva.

sexta-feira, abril 23, 2010

Carta à Srª Ministra da Saúde

De um dos jornais médicos que habitualmente me chegam ás mãos e pela pena de um jornalista da área da saúde (desconheço se pertence ao corpo redactorial ou é colaborador de algum orgão generalista da imprensa escrita ou outra) respinguei este naco de divertida prosa e que não resisto a partilhar com os leitores deste blog.

A este propósito e porque alguns emails me/nos têm chegado, indagando do meu/nosso relativo silêncio, diga-se que os MEMAIs estão vivos, atentos e de boa saúde...apenas a justiça é lenta e a fase é de mandar tudo abaixo de Braga...

Mas que se cuidem os "escrevinhadores" e quejandos que tantos nos adoram... somos dos de antes quebrar do que torcer...


PONTO DE VISTA

Senhora ministra da Saúde

Só o facto de saber que o motivo pelo qual ouso roubar-lhe uns minutos do seu precioso tempo contribuirá, simbolicamente, é certo, mas contribuirá, para resolver um dos principais problemas que a atormentam — e vá lá, porque entrevejo a possibilidade de dar largas à minha veia assistencial — demoliu as últimas barreiras de timidez à proposta que tenho a honra de lhe apresentar.


Eu escrevo neste Jornal há mais de 15 anos, e a previsível força das circunstâncias levou a que, hoje, eu saiba de cor várias guidelines, conheça a descrição de múltiplas doenças e os remédios que lhes são mais adequados, com os seus temidos, ou nem por isso, efeitos adversos.
Eu sei, por exemplo, perdoe-me V. Ex.ª a jactância, de estudos que visam a padronização da técnica de PCR-RFLP para avaliação do SNP-C11377G da região promotora do gene da adiponectina, o que me granjeia olhares de respeito, não isento de temor, por parte dos clientes do café onde tomo a bica; eu sei que a digoxina tem uma janela terapêutica estreita (livre-se V. Ex.ª de explicar isto a um mestre de obras com insuficiência cardíaca, porque ver-se-á envolvida numa luta entre janelas); eu sei que os AINE, nos velhinhos, podem causar graves complicações hemorrágicas e renais, mortais até; eu sei que a água pode ser muito perigosa, mesmo fatal, quando entra no organismo em sentido proibido, como atestam inchadamente os afogados; eu sei…

Bem, por aqui me fico, pois não quero que a vaidade tolde, aos olhos da sr.ª ministra, o genuíno impulso generoso que me anima, a par, evidentemente, de um legítimo anseio de arredondar o vencimento, nesta época tão dificultosa que nos é dado viver.


No fundo, o que pretendo significar com estes exemplos é que me sinto habilitado para dar consulta num centro de saúde, de preferência numa região do País das menos atractivas, onde escasseiam médicos com canudo e abundam doentes com patologias triviais, pois não têm rendimento para sofrer das doenças da civilização. E, claro está, eu comprometer-me-ia a recorrer a um clínico encartado em caso de dúvida — ou a um cangalheiro na ausência desta.


Mais não faço, aliás, do que me louvar em idêntica atitude do presidente do Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, que exprimiu, na semana passada, com toda a candura, a mesma disponibilidade (infelizmente, o eco que suscitou nem de longe reflectiu a singular dimensão do gesto), o que prova que as boas ideias, contra a opinião negativa generalizada, têm, afinal, invejável potencial de multiplicação. E creia, sr.ª ministra, que estou preparado para enfrentar sorrisos, risos alvares e toda a sorte de depreciações, incluindo dúvidas sobre a perfeição do meu juízo. Há um preço a pagar quando se caminha adiante do futuro, bem ciente estou dessa fatalidade, olá se estou!


Fico a aguardar com expectativa a resposta de V. Ex.ª, que adivinho favorável, dado o exposto, e que muito enobreceria a minha família, que sempre quis que eu fosse doutor.


De V. Ex.ª atento, venerador e obrigado…

João Paulo de Oliveira
joao.oliveira@tempomedicina.com

TEMPO MEDICINA 1.º CADERNO de 2010.04.26
1013841C30310JPO16B


quarta-feira, abril 21, 2010

Para quem vai partir, dois meses mais é um ligeiro benefício? Haja vergonha!

Infarmed chumba uso hospitalar de fármaco para cancro de mama e cancro de pulmão
21.04.2010 - 10:04
Por Alexandra Campos

Médicos temem que decisão seja mau precedente, porque há terapêuticas inovadoras a aguardar aprovação.

O uso de um fármaco indicado para casos de cancro de mama metastizado e cancro de pulmão nos hospitais públicos foi chumbado pela autoridade nacional do medicamento (Infarmed). Os peritos do Infarmed consideraram que o bevacizumab (Avastin, de nome comercial) não demonstrou de forma inequívoca valor terapêutico acrescentado quando adicionado aos tratamentos habituais, no caso do cancro de mama já disseminado.

Quanto ao cancro do pulmão de não pequenas células, concluíram que apresenta apenas um "ligeiro benefício clínico" (mais dois meses de vida) e que o seu custo é "excessivo" face a este benefício. O Avastin custa cerca de 2500 euros por cada ciclo de tratamento.

O presidente do Infarmed, Vasco Maria, faz, porém, questão de sublinhar que as decisões não têm a ver com critérios economicistas. Sublinha, a propósito, que dos 34 medicamentos sujeitos a avaliação pela autoridade desde 2007, apenas cinco foram rejeitados.

Mas esta é a primeira vez que um medicamento oncológico não recebe "luz verde" do Infarmed para ser usado nos hospitais. E a decisão, ontem avançada pelo Correio da Manhã, já está a ser alvo de contestação, tanto pelo presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, Carlos Oliveira, como pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Ricardo Luz. O colégio da especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos (OM) também não concorda e ontem decidiu que vai suscitar esta questão junto dos órgãos executivos da OM, adiantou o respectivo presidente, Jorge Espírito Santo.

"Gravíssimo precedente"
Argumentando que este é um "gravíssimo precedente", uma vez que há neste momento várias moléculas inovadoras a aguardar pela avaliação do Infarmed, Ricardo Luz nota que o Avastin só não é usado para cancro de mama metastizado no Reino Unido e em dois países de Leste.

Os três médicos lembram que o uso do Avastin nestas indicações foi aprovado pela agência europeia do medicamento (EMEA) e que as próprias recomendações terapêuticas feitas por peritos portugueses para a Comissão Nacional de Doenças Oncológicas também prevêem a sua utilização, pelo que não entendem a decisão do Infarmed.

São coisas diferentes, retorque Vasco Maria. "O Infarmed não está a avaliar o que a EMEA já avaliou (a qualidade, eficácia e segurança), mas sim o valor terapêutico acrescentado", afirma.
"Não vou dizer se dois meses de vida valem 50, 60, 80 mil euros. A sociedade tem que discutir se acha que se devem gastar 80 mil euros para mais dois meses de vida ou em campanhas de prevenção do tabagismo", argumenta ainda.

Esta decisão surge numa altura em que a indústria farmacêutica tem denunciado os atrasos na aprovação de medicamentos inovadores, que chegam a superar os 800 dias na oncologia.

Ontem, a ministra da Saúde admitiu que há atrasos, mas sublinhou que uma análise rigorosa "implica algum tempo".

sábado, março 13, 2010

Ao melhor estilo sensacionalista ! Mas a realidade existe...

Saiu da Urgência para salvar o filho com ataque de asma
Após sete horas de espera em vão, valeu-lhe ter recorrido ao Centro de Saúde de Amora
00h30m
SANDRA BRAZINHA

Desesperada pelas mais de sete horas que estava à espera para que o filho fosse atendido nas urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, uma mãe do Seixal viu-se ontem "obrigada" a abandonar o serviço com o agravar da crise asmática do jovem.

"Saí do hospital sem o João ser atendido, sem ter alta, e fui para o Centro de Saúde da Amora. Chegámos ao hospital eram 00.50 horas e saímos de lá às 08.24 horas", conta Ângela Silva, de 40 anos, mostrando-se angustiada com o facto de o filho asmático ter passado a noite inteira numa espera em vão.

Foi por essa razão que a última coisa que fez antes de sair do Hospital Garcia de Orta (HGO) foi apresentar uma queixa no livro de reclamações. "Fiquei indignada, porque não viram um menino de 15 anos. E se foi de ambulância é porque a situação era grave. Ele já nasceu asmático e é seguido no Garcia de Orta. Daí a minha revolta ser maior", reforça, mencionando que anteviu o pior quando soube que à frente do filho, que não tinha uma crise de asma há dois anos, estavam entre 15 a 16 pessoas.

Ele tinha lá ficado...
"Se não tivesse abandonado a urgência ele tinha lá ficado. Provavelmente agora não terá problemas, porque foi bem atendido, mas poderia ter sido pior se eu tivesse lá continuado", afirma, dizendo que a situação foi-se agravando com o passar das horas.

Para Ângela Silva, o problema não é a má qualidade do serviço, mas sim a falta de atendimento. "Esta é uma chamada de atenção para que o se passou não volte a acontecer", nota.

Pouco depois das 9.00 horas, João deu entrada no serviço de atendimento permanente (SAP) de Amora, Seixal, onde foi tratado de imediato. Com uma crise asmática no contexto de uma infecção respiratória, o jovem fez compensação da crise com broncodilatores e foi-lhe receitado um antibiótico para tratar a infecção respiratória, tendo regressado a casa pelas 10 horas.

Sobre este caso, o HGO esclarece que a triagem atribuiu ao João a pulseira amarela, que significa uma situação urgente, o que nem sempre implica atendimento imediato. "A criança tem falta de ar, é-lhe atribuída uma prioridade, mas temos de ver que falta de ar tem", explicou ao JN fonte hospitalar, considerando difícil que tenha sido feito um diagnóstico incorrecto. "O sistema praticamente não tem falhas", assegura.

Admitindo que as longas horas de espera são habituais, a unidade estima que, se permanecesse no serviço, o jovem não teria esperado muito mais tempo, dado que pelas 11 horas foi passada alta por abandono. "Em situações de pulseira amarela a espera é neste momento de seis horas", frisa, garantindo que ontem "não houve uma sobrecarga".

Fonte do SAP da Amora confirmou ao JN já ter recebido outros doentes que se cansaram de esperar nas urgências do HGO, nomeadamente um idoso com falta de ar que chegou à unidade "aflito" após ter estado quatro horas a aguardar nas urgência hospitalar.

domingo, março 07, 2010

O direito a morrer e o jornalismo responsavel

Mulher, 67 anos, sozinha, com cancro

Uma portuguesa pediu ajuda e foi morrer à Suíça

07.03.2010 - 08:48 Por Alexandra Campos

Pela primeira vez um português morreu com a ajuda da associação suíça Dignitas, organização que promove o suicídio assistido. Era uma mulher de 67 anos, divorciada e sem filhos, que sofria de um cancro em fase terminal, não conseguia suportar as dores e temia ficar incapacitada a ponto de não conseguir deslocar-se à Suíça para pôr fim à vida. Acompanhada de dois amigos, tomou uma substância letal em Junho de 2009.
Sede da Dignitas, em Zurique: a associação tem seis mil membros Sede da Dignitas, em Zurique: a associação tem seis mil membros (Christian Hartmann/Reuters)

"Estou a sofrer desde 2007 devido a um cancro que começou no estômago e que agora se confirmou que não tem cura. [...] Estou a tomar drogas que quase não têm efeito e está a tornar-se insuportável viver com a dor", descreve no depoimento em que justifica o pedido de auxílio para o suicídio assistido.

O médico que a seguia em Portugal tinha-lhe dado menos de um ano de vida. Mas ela não acreditava. Convencida de que o fim estava "muito mais próximo", pedia a ajuda da Dignitas, "com urgência". "Temo perder a capacidade de viver sem a ajuda de alguém e especialmente de conseguir ir à Suíça ", explicava. O processo foi rápido. Inscrita na associação em Abril de 2009, morreu em Junho, após duas consultas. A associação suíça dá escassos detalhes sobre o caso. Adianta apenas que era uma mulher com cancro, sem família, e que foi acompanhada nos últimos momentos por dois amigos. Há pelo menos mais sete portugueses inscritos na Dignitas.

Fundada em 1998 pelo advogado Ludwig Minelli em Zurique, a Dignitas já ajudou a morrer 1041 pessoas de 29 países e tem cerca de seis mil membros. São cidadãos alemães e ingleses os que mais recorrem à associação, que tem sido alvo de contestação mesmo na Suíça, onde o suicídio assistido é permitido, apesar de a eutanásia ser proibida. No primeiro caso, é o próprio que toma a droga mortal receitada por um médico, enquanto a eutanásia implica que seja outra pessoa a administrar a substância fatal. Na Dignitas, quando a pessoa decide avançar com a decisão de morrer - todo o processo custa cerca de seis mil euros -, toma primeiro uma substância para não vomitar e depois bebe pentobarbital de sódio. Fica inconsciente e morre, sem dor.

Em Portugal, a morte assistida é proibida e não é sequer ainda possível fazer um testamento vital (declaração antecipada de vontade sobre os tratamentos a recusar, caso a pessoa já não esteja em condições de expressar a sua vontade). Aliás, a morte assistida continua a ser proibida na maior parte dos países, mas em vários, como no Reino Unido, o debate está aberto, lembra Laura Ferreira dos Santos, docente na Universidade do Minho que escreveu um livro sobre o tema (Ajudas-me a Morrer).

"Escamotear este problema não é a solução", defende. E acrescenta: "Se o suicídio assistido ou a eutanásia fossem permitidos em Portugal, esta mulher poderia ter vivido mais tempo." Porque não necessitaria de acelerar o processo por temer ficar incapaz de ir à Suíça.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética, o médico Rui Nunes, que em 2007 avançou com a proposta do testamento vital, não concorda. Sem querer criticar este caso em concreto, defende que seria necessário esclarecer primeiro uma série de circunstâncias para poder ajuizar da legitimidade do pedido. Era preciso saber se a mulher estava "em condições de tomar a decisão em consciência". "Se calhar estava deprimida, foi um grito de desespero", especula. E seria fulcral apurar também se tinha acesso a cuidados paliativos adequados. "A generalidade das pessoas [tratadas] em cuidados paliativos não pede a eutanásia."

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

HOMEOPATIA: O Bloco Ainda Acredita, Os Ingleses Abriram Os Olhos!

MPS URGE GOVERNMENT TO WITHDRAW NHS
FUNDING AND MHRA LICENSING OF HOMEOPATHY

In a report published today, the Science and Technology Committee concludes that the NHS should cease funding homeopathy. It also concludes that the Medicines and Healthcare products Regulatory Agency (MHRA) should not allow homeopathic product labels to make medical claims without evidence of efficacy. As they are not medicines, homeopathic products should no longer be licensed by the MHRA.

The Committee carried out an evidence check to test if the Government’s policies on homeopathy were based on sound evidence. The Committee found a mismatch between the evidence and policy. While the Government acknowledges there is no evidence that homeopathy works beyond the placebo effect (where a patient gets better because of their belief in the treatment), it does not intend to change or review its policies on NHS funding of homeopathy.

The Committee concurred with the Government that the evidence base shows that homeopathy is not efficacious (that is, it does not work beyond the placebo effect) and that explanations for why homeopathy would work are scientifically implausible.

The Committee concluded—given that the existing scientific literature showed no good evidence of efficacy—that further clinical trials of homeopathy could not be justified.

In the Committee’s view, homeopathy is a placebo treatment and the Government should have a policy on prescribing placebos. The Government is reluctant to address the appropriateness and ethics of prescribing placebos to patients, which usually relies on some degree of patient deception. Prescribing of placebos is not consistent with informed patient choice—which the Government claims is very important—as it means patients do not have all the information needed to make choice meaningful.

Beyond ethical issues and the integrity of the doctor-patient relationship, prescribing pure placebos is bad medicine. Their effect is unreliable and unpredictable and cannot form the sole basis of any treatment on the NHS.

The report also examines the MHRA licensing regime for homeopathic products. The Committee is particularly concerned over the introduction of the National Rules Scheme (NRS) in 2006, as it allows medical indications on the basis of study reports, literature and homeopathic provings and not on the basis of randomised controlled trials (RCTs) – the normal requirement for medicines that make medical claims.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

"Farmacêuticas subtraem milhares de milhões aos estados"

Veio publicado no jornal Avante! de 21/10/2010.
Os media em geral falaram de raspão sobre o assunto, pois a sua ligação ao Capital é conhecida.
Deste jornal, uma coisa sabemos: não está ligado ao Capital e publica um artigo com pormenor sobre a influência das farmacêuticas.

"A maquinação gripal

Um grupo de 14 parlamentares do Conselho da Europa acusa os monopólios farmacêuticos de terem influenciado quadros científicos e as autoridades de saúde com o fim de aconselharem os governos a promover programas de vacinação «ineficazes».

O tema vai ser debatido na próxima sessão da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que terá lugar entre os dias 25 e 29 deste mês. A iniciativa partiu do deputado alemão Wolfgang Wodarg, médico e epidemiologista, antigo membro do Partido Social-Democrata, e presidente da comissão de Saúde do Conselho da Europa.

No seu país, Wodarg foi uma das poucas vozes que se ergueram no Bundestag para alertar para os perigos para a saúde de uma das vacinas contra a Gripe A. Os seus argumentos levaram o governo germânico a rescindir o contrato com a multinacional fornecedora, e a vacina Optaflu, produzida pela Novartis, não foi administrada na Alemanha por falta de garantia total de inocuidade.

No Conselho da Europa, a exposição de Wodarg revelou-se suficientemente fundamentada para convencer os membros da Comissão de Saúde a aprovar, por unanimidade, a abertura de uma investigação sobre o papel das farmacêuticas, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos estados na gestão da Gripe A.Na proposta de recomendação que os parlamentares irão discutir, os 14 subscritores de vários grupos políticos (socialistas, populares e liberais) apontam o dedo aos grupos farmacêuticos, cuja influência «incitou ao desperdício de recursos – já pouco abundantes – destinados aos cuidados de saúde a favor de estratégias de vacinação ineficazes, expondo assim inutilmente milhões de pessoas de boa saúde ao risco de efeitos secundários não conhecidos de vacinas que não foram suficientemente testadas».

O documento faz ainda referência «às campanhas da “gripe aviária” (2005/06) e a seguir da “gripe porcina”», as quais terão «causado numerosos danos, não somente a certos pacientes vacinados e aos orçamentos de saúde pública, mas também à credibilidade e responsabilidade de importantes agências sanitárias internacionais.»Por último, os subscritores salientam que «a preocupação de definir uma pandemia alarmante não deve estar sujeita à influência de comerciantes de medicamentos», e recomendam a abertura de investigações nacionais e ao nível europeu.A origem do pânicoWolfgang Wodarg não nega a existência da chamada «Gripe A», mas sublinha que, tratando-se as gripes de ocorrências sazonais normais, nada justifica do ponto de vista científico toda a campanha alarmista artificialmente criada em torno deste caso.

Em entrevista ao jornal L’Humanité (7.01), o deputado alemão afirma que as suas suspeitas começaram precisamente com a súbita declaração de epidemia pela OMS: «Os números eram muito baixos e o nível de alerta muito elevado. Ainda não havia mil doentes e já se falava da pandemia do século». E a alegação de que se tratava de um vírus novo também não era convincente, já que isso é uma característica das gripes: «Todos os anos aparece um novo tipo “gripal”».Mas como é que a OMS pôde declarar uma falsa pandemia? Simplesmente alterando a definição de pandemia que vigorou nos seus critérios até Abril de 2009.

Ou seja, como explica Wodarg, «antes desta data era preciso não só que a doença eclodisse em vários países ao mesmo tempo mas também que tivesse consequências muito graves, com um número de casos mortais acima da média habitual. Este último aspecto foi eliminado na nova definição de forma a considerar-se apenas o critério do ritmo da difusão da doença».De facto, segundo o critério anteriormente vigente, a «Gripe A» nunca poderia ser declarada como pandemia uma vez que desde o início se observou um índice de mortalidade muito abaixo do normal. Ou seja, se uma «banal» gripe sazonal provoca normalmente entre 300 mil e 500 mil vítimas em todo o mundo, o diabolizado H1/N1 foi responsável até ao momento por 13 mil mortes no planeta. Como também é normal nas gripes, os casos fatais atingem praticamente em exclusivo grupos de risco, isto é, indivíduos que já anteriormente tinham a saúde fragilizada.

Face aos dados disponíveis, há mesmo quem considere esta epidemia como uma das mais benignas que se conhecem desde que a medicina moderna regista as ondas gripais.Sem nunca ter explicado as razões da mudança do critério, a OMS teve outras atitudes suspeitas no entender Wodarg: «Por exemplo, a recomendação da OMS de administrar duas injecções de vacinas. Nunca tal aconteceu. Não havia nenhuma justificação científica para isso. Também houve a recomendação de utilizar somente vacinas patenteadas. E no entanto não havia nenhuma razão que impedisse de acrescentar, como se faz todos os anos, certas partículas antivirais específicas deste novo vírus H1N1, “completando” as vacinas utilizadas na gripe sazonal».As malhas de um negócio As campanhas planetárias de intoxicação da opinião pública não são novidade para ninguém. Diariamente os órgãos de comunicação bombardeiam-nos com visões catastrofistas do presente e do futuro imediato, parecendo tudo servir para criar o pânico e alimentar um clima permanente de ansiedade e de medo. Essas momentosas campanhas surgem e desaparecem quase sem deixar rasto, e sem que nunca venha a público um balanço sério do que de facto aconteceu ou apuradas responsabilidades pelo fomento do pânico.Um desses casos foi o da chamada «gripe aviária», descoberta por um reputado «caçador de vírus» holandês, Albert Osterhaus, hoje alvo de acusações no seu país de favorecimento de interesses comerciais, e que é um dos membros do grupo de especialistas conselheiros da OMS designado SAGE (Strategic Advisory Group of Experts).

Para além de virólogo, Osterhaus revelou-se também um criador de mitos, prevendo logo em 2003 a propagação mundial, via excrementos de aves migratórias, do alegadamente mortífero vírus H5N1. Só que em 2006, depois de terem sido destruídos milhões de frangos em vários países, Osterhaus e os seus colegas foram obrigados a reconhecer que em nenhuma das 100 mil amostras fecais recolhidas foi encontrada a menor prova do vírus. E para além da morte de um veterinário holandês, que terá sido provocada pelo H5N1, segundo garantiu o próprio virólogo, não se registou nenhuma outra morte humana. (ver artigo de William Engdahl em odiario.info, de 05.01). Contudo, a encenação de Osterhaus não foi em vão.

A pandemia aviária não se confirmou, mas a histeria criada à sua volta foi bem real, o que permitiu uma intensiva sensibilização dos governos e organismos públicos para a necessidade de ter as coisas preparadas no caso de uma tal eventualidade ocorrer, tanto mais que as políticas reaccionárias seguidas nas últimas décadas no domínio da saúde e da investigação privaram os sistemas públicos dos meios necessários para fazer face a uma situação de emergência.

É então que se definem novos planos internacionais de combate a uma pandemia, os quais visam sobretudo assegurar o fabrico rápido de vacinas em caso de alerta, e pressupõem, portanto, uma negociação directa entre os estados e as multinacionais do medicamento. Estas comprometem-se a fornecer uma resposta pronta, em troca os estados garantem-lhes que comprarão os seus preparados. Este vantajoso «acordo» para a indústria farmacêutica poderia render-lhe milhares de milhões caso fosse declarada uma pandemia.

Chamaram-lhe gripe A…!"

segunda-feira, janeiro 18, 2010

E deixam-nos ?




Notícias anteriores referiam a prática de desnatação pela gestão privada do Hospital de Braga... para quê gastar dinheiro em retrovirais para a gajada da SIDA e medicamentos biológicos para a brigada do reumático?

Mas neste corta e corta das despesas, eis que a Comunicação Social levanta mais pontas do véu.

Mesmo tendo em conta um possível efeito placebo, veja-se o que dizem os entendidos e a atitude tomada por alguns neurologistas


Hospital impõe medicamento mais barato
Grupo Mello Saúde, que gere o Hospital de Braga,mudou medicação a dezenas de doentes neurológicos,obrigando-os a assinar um "consentimento informado".

Mais de uma dezena de doentes acompanhados pelo Serviço de Neurologia do Hospital de S. Marcos, estão sem receber tratamento há mais de duas semanas. Em causa está a substituição do medicamento Octagam (imunoglobulina humana normal) por Flebogamma, um outro medicamento adquirido pelo Grupo J. Mello Saúde, actual responsável pela gestão do hospital, que os doentes afirmam ter efeitos secundários "insuportáveis".


"Tomei uma vez o novo medicamento e senti-me tão mal que acabei na urgência do hospital", disse, ao JN, Sílvia Rodrigues, doente com Miastenia Grave. Sílvia, tal como outros doentes, faziam o tratamento, em média, cinco dias por mês. "Já devia ter feito a medicação há duas semanas mas não sou capaz de receber o novo remédio, o hospital deu-nos garantias de que poderíamos voltar ao medicamento anterior mas não está a cumprir", afirmou.




Para a troca do medicamento, os doentes tiveram que assinar um "Consentimento Informado" onde autorizam o novo procedimento médico e as consequências ou complicações que possam daí advir. Cada documento, para além da assinatura do paciente, tem também a assinatura do médico que acompanha o tratamento.


No local destinado à descrição do procedimento médico, alguns neurologistas fizeram questão de escrever que a substituição do IGIV Octagam por Flebogamma foi "imposto pelo Conselho de Administração".

Maria Costa e Silva, mãe de Susana Pereira, uma doente de neurologia, corrobora as críticas: "O Hospital de S. Marcos está a obrigar os doentes a responsabilizarem-se pelas consequências de um medicamento que não conhecem e que nunca tomaram".
Conceição Pereira recusou assinar o consentimento para a mudança de tratamento. "Estou há quase dez anos a tomar um remédio com o qual me sinto bem e que quase me ressuscitou e agora. Só porque mudou a administração do hospital, tenho que mudar?".

Em comunicado enviado ao JN, a administração do J. Mello Saúde confirma a mudança de medicamento. "O hospital, agora inserido num grupo de saúde que faz periodicamente os seus concursos para a aquisição destes produtos, tem disponível o medicamento em causa (Flebogamma), a imunoglobulina humana, aprovada pelo INFARMED e considerada como bioequivalente à outra marca comercial em uso no país", refere o documento.

"Só conheço o Octagam"


Carlos Fontes Ribeiro, especialista em farmacologia, diz que não há estudos europeus sobre bioequivalência e que, em medicamentos biológicos, não se pode falar em medicamentos "equivalentes ou similares".
"Só conheço o Octagam e, quando prescrevo o medicamento, refiro-me sempre como sendo imunoglobulina humana", diz por sua vez José Pereira Monteiro, neurologista no Hospital de Santo António e presidente do Colégio de Especialidade de Neurologia da Ordem dos Médicos.

Sem a medicação que costumavam tomar, os pacientes tentam resistir à doença. "Muitos de nós já fizemos uma reclamação no Livro Amarelo e tentamos reunir com a administração do hospital", frisou Sílvia Rodrigues.

Com a administração do S. Marcos não foi possível reunir, mas um grupo de doentes conversou com o director de serviço de neurologia do Hospital de Braga. "O médico disse-nos que era preciso poupar nas despesas, comparou o hospital com a casa de cada doente e perguntou-nos se, na nossa casa, também não fazíamos poupanças", recordou Sílvia. "Assumida a qualidade do produto, o preço é um factor tido em conta para a escolha em concurso", finaliza o comunicado do Grupo Mello Saúde.