Basta ler a notícia com "olhos científicos" e concluir-se que o senhor Romarigo, para além dos seus minutos de fama e vaidade, deveria ser condenado pelos tribunais pelo uso e abuso dos serviços de urgência. E tentar explicar a este senhor vendedor de automóveis o significado da palavra "agudo".
À senhora jornalista Ermelinda Osório, vendedora de notícias, tentar explicar o mesmo.
Jornal de Notícias de 05/04/07:
"Utente acusa hospital de negligência médica
ermelinda osório |
|
Romarigo garante que se não fossem os belgas já estava morto |
Agostinho Romarigo, de 34 anos, residente em Peso da Régua, pensou "várias vezes que ia morrer a qualquer momento". Ao fim de vários anos de idas às urgências, consultas e exames aos intestinos, estômago, ecografias e análises, está convicto de que "se não tivesse viajado de emergência para a Bélgica, já estaria, sem dúvida, morto", disse ao JN.
Romarigo é vendedor de automóveis e um conhecido praticante de desportos motorizados e náuticos da região. O seu "calvário" começou em Dezembro de 2003. De lá para cá, coleccionou idas às urgências do Hospital D. Luiz I, na Régua, e do Hospital de S. Pedro, em Vila Real, hoje integrados no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. "Mais de 50 registos de entradas nos hospitais" provam o que considera "um acto óbvio de negligência médica", e pondera uma queixa aos tribunais.
A carta do médico belga, redigida em francês, confirma a operação a uma apendicite aguda e à vesícula. Romarigo explica "Cheguei lá ao final do dia e, na manhã seguinte, operaram-me. Foram duas operações - uma para retirar o apêndice e outra para retirar a vesícula, que sofreu, entretanto, danos graves".
A história tem o seu "pico" a 11 de Março de 2007, um domingo. Mais uma crise levou o jovem ao hospital. "Penso que achavam que a dor era psicológica. Na Régua, já nem me consultavam. Eu até tinha vergonha de lá ir. Davam-me soro e sedativos e mandavam-me embora", diz. Nesse mesmo dia, ainda voltou à Urgência do D. Luiz I "Encolhi as pernas com as dores e nunca mais consegui esticá-las. Mandaram-me para casa com 40 graus de febre. Eu já só pedia a Deus para morrer, porque não aguentava", acrescenta. É então que a família resolve socorrer-se de parentes na Bélgica. Viajou para lá na quarta-feira seguinte.
O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar, Carlos Vaz, diz que "não cabe na cabeça de ninguém que uma pessoa com apendicite aguda aguente este tempo todo. Se o problema fosse esse, já estaria morto, não tenho dúvidas".
Na Covilhã foi diferente
Em Janeiro de 2006, Romarigo teve uma crise na serra da Estrela. "No Centro Hospitalar Cova da Beira, na Covilhã, disseram-me que tinha de ser operado ao apêndice. O médico de lá mandou uma carta, mas um dos vários médicos que me atenderam em Vila Real, leu-a e riu-se", conta. Carlos Vaz garante que "todos os exames foram feitos e o utente chegou a dormir no hospital, mas nada foi detectado". O administrador lembra que "o sr. Agostinho Romarigo até tinha o número de telemóvel do cirurgião que o estava a seguir. No dia 11 de Março, podia ter-lhe telefonado, mas não o fez"."