quarta-feira, setembro 21, 2005

Horas Extraordinárias

Na fábrica ao lado do meu local de trabalho, também se fazem horas extraordinárias quando as ordinárias não chegam e depois de o seu dono colmatar as necessidades de produção com o recurso a pessoal indiferenciado que vai encontrando por aí.

No meu local de trabalho, quando as horas ordinárias não chegam, por mais que se vá à rua pedir ajuda para colmatar as falhas, não se encontra pessoal preparado. Há sempre a hipótese de se contratarem os praticantes das ditas medicias alernativas, mas não sei porquê, essas medicinas não servem para serviços de urgência.

Só mesmo médicos é que praticam medicina!

Para melhor esclarecimento de quem me lê, a explicação do porquê das horas extraordinárias neste comunicado de um sindicato.

O SIM explica umas coisas...


"SIM - Sindicato Independente dos Médicos
Jornal Virtual do SIM

MINISTRO REINCIDENTE

O Senhor Ministro da Saúde reincide na crítica às horas extraordinárias dos médicos e à sua eventual ilicitude. Desta vez plasmou a sua populista opinião no Jornal Expresso de dia 17 de Setembro, sempre com a mesma finalidade: criar na opinião pública a certeza de os médicos estarem bem pagos e irregularmente. Com a esperança, certamente pouco humilde, que o Senhor Ministro leia o nosso jornal virtual, mas sem esperança que aborde publicamente esta situação com verdade, o Sindicato Independente dos Médicos explica a situação ao Senhor Ministro:

1)Os Conselhos de Administração dos Hospitais são nomeados por V. Exa.

2)Os Directores Clínicos são nomeados por V. Exa.

3)Os Serviços de Urgência são mantidos por V. Exa., mesmo para além do racional

4)Os Médicos não têm problemas em defender tecnicamente o encerramento de Urgências, mesmo contra a opinião dos autarcas. E V. Exa?

5)Os Médicos fazem as horas extraordinárias que lhes mandam fazer e, por incrível que pareça, são obrigatórias

6)Se os Médicos não fizessem horas extraordinárias os portugueses morriam sem assistência nas Urgências

7)Se os Médicos não fizessem horas extraordinárias, em montantes para além do terço do seu vencimento, as Urgências encerravam e os Internamentos ficavam sem assistência médica

8)Como V. Exa. bem sabe, a Saúde está, legal e obviamente, excluída da regra de não exceder um terço da remuneração base em Urgência, dado o interesse público

9)Os Médicos não controlam o numerus clausus das Faculdades de Medicina e assistem incrédulos à exportação de estudantes de Medicina e à importação de Médicos sem qualificação

10)Os Médicos não partilham responsabilidade com V. Exa. no risco acrescido de horas extraordinárias em Urgência


20 de Setembro de 2005"

4 comentários:

Anónimo disse...

Exmo memi

Excelente transcrição, que explana em 10 pontos simples, que todos deveriam ler atentamente para de uma vez por todas deixar de haver as falácias relativas a esses pontos nas suas mentes. As horas extraordinárias (que ninguém quer fazer) e o numerus clausus, sempre referidas como sendo campo da responsabilidade e interesse dos médicos, quando, pasme-se, nada tem a ver com eles.
Falta apenas um acrescento: o preço da hora extraordinária. Muitos vão-se rir, ou não acreditar quando souberem.

Desejo-lhe uma boa continuação de serviço público. Um abraço!

Alfredo Vieira

Anónimo disse...

Concordo em absoluto que a medicina é muito mal entendida, e que a maioria dos nossos "opinion makers" rossam a ignorancia neste assunto. Mas quanto aos medicos serem vitimas do sistema de saude. Essa já não compro. Será que existem poucos medicos em portugal apenas por culpa de politicos miopes? NÃO! Existem poucos medicos por causa do corporativismo médico! Não serve dizer que queremos poucos e bons! Pois acabamos por importar medicos de paises onde esse lema não e aplicado! e alem disso não deixam de ser bons profissionais!
Madrid

Anónimo disse...

O senhor Madrid que comentou supra não leu o comunicado.

Se o tivesse lido, veria que o numerus clausus não depende da Ordem dos Médicos, nem depende do ministério da saúde, mas sim do ministério da educação.

É bom de saber ainda que a Ordem dos Médicos, como lhe competia, comunicou atempadamente a actual (então futura) carência de clínicos ao Ministério da Saúde através de comunicado oficial lá para inícios da década de 90.

É bom de saber que fizeram tábua rasa do aviso, e que hoje se assiste à vergonha que é jovens valores terem que optar por cursos de segunda opção, enquanto importamos mão de obra estrangeira para fazerem Medicina por cá, com as insuficiências que se sabem (pois em geral só vem quem não arranja emprego no seu país, e só não arranjam emprego no seu país...; além da questão da língua, deixada para segundo plano com teimosia, para mal da Medicina que se vai praticando por cá).

De uma vez por todas: sim, é uma vergonha o estado estar a desperdiçar jovens potenciais talentos na arte médica quando há problemas de desemprego, dando emprego a estrangeiros menos qualificados (isto prova-se com as médias dos portugueses versus estrangeiros nos exames de acesso às especialidades, disponíveis no departamento de recursos humanos do MS).
Mas não, a culpa não é dos médicos nem do seu corporativismo.

Esqueça o boato, e veja a evidência de uma vez por todas, Sr. Madrid.

Alfredo Vieira

Roberto Iza Valdés disse...
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