domingo, julho 23, 2006

Sobre A Autora Da Carta: Clara Pracana.

Sem dúvida que se trata de alguém inteligente! Pesquisei no Google, li alguma coisa e parece ser alguém com elevado estatuto profissional. Por isso, parece mesmo confirmar-se a minha hipótese de que a carta foi escrita em período de descontrolo emocinal, pós-trauma.

Gostava de ouvir a opinião de outros psicólogos.

Até uma académica, como a dr Clara Pragana pode ter momentos de desorientação, como o Zidane. Posso comprender, mas não aceito. Quem tem responsabilidades para além do seu umbigo, tem que ter calma e paciência.

Os médicos merecem uma desculpa da economista-psicóloga.

Uma senhora como a drª Clara Pracana, não generaliza como ela fez e nos termos em que o fez, a toda uma classe profissional, por causa de uma péssima experiência.

Talvez Freud tivesse razão...

"Mesmo em recuo, a herança freudiana continua a ser suficientemente estimulante para atrair candidatos a analistas que nem sequer vêm do mundo das "psis". Clara Pracana, gestora de sucesso na banca, trocou o que sabia fazer pelo desconhecido, e aos 45 anos iniciou a longa preparação para psicanalista (não é obrigatório ter passado por Medicina, mas tem que se ter formação em psicologia). "Um gestor precisa de conhecimentos técnicos, capacidade de liderança, saber motivar pessoas, ter uma visão do futuro e sobretudo bom-senso. Mas não é nada de transcendente. E ao fim de 15 anos torna-se um bocado rotineiro. O que faço hoje é muito mais complicado, não tem comparação".

Ser gestora levou-a a dar aulas de teoria das organizações no ISPA, o que a levou a interessar-se por programas de dinâmica grupal e liderança, o que a levou à Holanda e à Bélgica onde teve contactos com psicanalistas, o que a levou a fazer um mestrado de psicopatologia e psicologia clínica no ISPA, e depois à análise didáctica com António Coimbra de Matos, enquanto ganhava prática nas consultas de psicologia do Hospital Miguel Bombarda.

Agora, está a fazer um doutoramento sobre culpa e vergonha. Na hierárquica escala da Sociedade Portuguesa de Psicanálise - 19 titulares, cerca de 40 aderentes e cerca de 140 candidatos, num total que ronda os 200 psicanalistas, 60 por cento dos quais mulheres - está no grande bolo dos Candidatos. Já exerce, mas, formalmente, com o título de psicoterapeuta psicanalítica.

Escolheu esta segunda vida em idade tão madura que estranho seria se não a defendesse convictamente. "A psicanálise não é um dogma. É um duro caminho de confronto connosco. Se por um lado nos obriga a ver coisas de que não gostamos, cria uma liberdade maior, também. Aparecem aqui auto-condenados a um único caminho, o da neurose..." Idealmente, a análise abre alternativas. "Entramos com uma narrativa e saímos com outra".

A sala dos pacientes - neste grande apartamento onde (ao contrário de Milheiro, Pereira ou Coimbra de Matos) a analista também habita, no alto de uma torre, ao Campo Grande, em Lisboa - tem as duas poltronas do face-a-face e um divã "à la Corbusier".

Igual àquele em que se deitou, quando estava a ser analisada por António Coimbra de Matos.
"

Alexandra Lucas Coelho, in Pública 30-04-06.

9 comentários:

Anónimo disse...

Que ganda parvoice a sua dr. querer defender o indefensável, ou seja, a forma desumana como decorre o atendimento generalizado das urgencias deste país. Esta é uma oportunidade de ouro para tentar analisar as causas deste comportamento frio, distante e sobranceiro de muitos dos médicos que fazem o serviço público deste país.
Não há português que não tenha histórias destas para contar das nossas urgencias, e acredite que tal como guardará a frieza e a falta de consideração também será capaz de registar com carinho, a compaixão, a consideração e o respeito (quase sempre muito menos histórias, curioso...).
E não venha com conversas que é porque, coitados, fazem 24 horas seguidas de trabalho, porque ninguém muda de personalidade se trabalhar apenas 8 horas por dia.
Para mim, é uma questão de formação, de educação de base, de "selecção natural" feita nos bancos da escola, e acima de tudo de vocação.
E para si o que é?

Custa-me ver esta sua tentativa de denegrir a senhora previlegiada que foi parar à urgência, lançando dúvidas sobre as suas qualidades profissionais e psicológicas. O dr é perito em desviar as bolas para outra baliza...

Está a fazer crer o que se passou com esta senhora foi um fruto do acaso, um azar??? Posso sugerir que se faça passar por utente doente e que dê uma voltinha nas várias urgencias deste país e que reuna argumentos convincentes para confrontar a senhora psicoterapeuta que se atreveu a contar a verdade sobre duas loooogas noites numa urgência portuguesa e ainda assinou por baixo?
Ou melhor posso pedir aos seus leitores que, em contrapartida, nos contem os momentos em que não se sentiram tratados como um pedaço de carne numa urgência, só para desanuviar a coisa e dar um lado mais positivo à questão???
Para finalizar quero dar-lhe os para béns por publicar a carta da dra Pracana. Teria sido razoavel ter ficado apenas por aí.

Anónimo disse...

Entrei duas vezes na urgência dum Hospital. Se estou a escrever isto é porque me mantiveram vivo. Que das duas vezes era mesmo para morrer, se não "se deitassem a mão a tempo". Quem diz mal dos Médicos e dos Enfermeiros das Urgências desta País é ingrato e se recorreu às urgências é porque não necessitava de lá ir, porque no dia em lá fôr a necessitar mesmo haverá de ficar agradecido como eu!

Médico Explica disse...

Eu gostava que me enumerassem quais os factos que a dr Pracana descreve, porque de facto não encontro. Todos sabemos que m serviço de urgência não é um hotel de 5 estrelas, é um local onde se salvam vidas. Que não houve empatia entre a doente e o médico, é um facto. Mas daí destilar ódio contra quem a tratou é outra coisa. Se o destilasse contra a instituição hospitalar neste país, da qual são vítimas os médicos e os utentes, compreenderia.

Anónimo disse...

Não conheço o hospital onde a dita senhora esteve. mas desafio qualquer pessoa a dar-me o nome de um hospital onde exista uma sala onde se possa desanuviar um pouco e falar (da vida, da legislação, dos amores, de carros, seja lá do que for que se fala noutros locais de trabalho) quando se fazem 24 e as x mais horas de urgencia. e acredite, o anonimo que escreveu o primeiro comentário, que às 8 horas da manha do primeiro dia estou com miuito melhor humor do que passadas 24 horas. isso é indiscutivel.

Su disse...

caso não fosse "algiem inteligente .....q esteja no google...e com elevado estatuto profissional.........seria a carta vista "em periodo de descontrolo emocional, pós trauma"??????????
curiosidade...........

Su disse...

"Quem tem responsabilidades para além do seu umbigo, tem que ter calma e paciência."

...é isso mesmo... sempre...com toda a gente..em qq lugar....quem quer que seja.....

todos nós fazemos generalizações. o que pensa dum modo geral em relação aos taxistas? eheheeh

Médico Explica disse...

Oh Su, não compreendi o seu último post.

Anónimo disse...

por causa da noticia do correio da manhã vim por aqui parar. estou agradecida porque fiquei muito tempo ocupada com este tema da carta da Dra. Clara Pracana e outros claro. ainda estou a reflectir...mas achei estranho o numero de anónimos que por aqui comentam. curioso ou não? isso quererá dizer que os "comentadores" têm medo de comentar? bem eu sou mais um anónimo.

Anónimo disse...

sou mais uma anónima, colega do caro MEMI, que lamenta mas confirma a elevada frequência com que ocorrem situações inadmissíveis como a que refere a leitora do Público. o português é que ainda reclama muito pouco em sede própria (só na mesa do café ou com os pobres dos funcionários administrativos) porque de facto há muitos médicos sem qualquer consideração ou respeito pelos doentes, mesmo que lhes vão salvando a vida. e os que não são assim, nos quais me espero incluir, não são nenhuns santos nem nenhuns abnegados, como se tenta fazer crer, apenas são profissionais que fazem o seu trabalho como deve ser.