sexta-feira, março 02, 2007

A Menina Bonita Do Ministro Da Saúde, Queixa-se!

As Unidades de Saúde Familiar são a bandeira de luta do ministro CC e a solução para todos os males da Saúde, nomeadamente para a reestruturação das urgências.

Mas no site do jornal Médico de Família parece que a situação não é assim tão boa.

Eis o que diz um dos intervenientes (José Luís Biscaia) na formação de uma USF:

"Sem os meios necessários a reforma cai!

José Luís Biscaia, vice-presidente da APMCG, lança um aviso: a reforma dos Cuidados de Saúde Primários foi iniciada, mas ainda falta muita legislação de suporte, imprescindível à concretização do processo… Como também faltam muitas das ferramentas essenciais ao funcionamento e à avaliação do trabalho desenvolvido nas Unidades de Saúde Familiar.

A área das tecnologias da informação é, em campo de ineficiência, um exemplo pragmático, com a entidade responsável pelo sector, o IGIF, a revelar-se incapaz de resolver os muitos problemas que afectam o trabalho no terreno. Por exemplo, aponta o médico de família da Figueira da Foz, a sua USF está ligada ao CS por uma largura de banda de 512 kb. Este está ligado à SRS com uma largura de 1 mega… Que por sua vez comunica com o IGIF com uma capacidade de 2 mega.

Ora, não é preciso ser perito informático para perceber que basta que alguns profissionais estejam a utilizar a Internet em simultâneo para que o sistema bloqueie.

Isto, num país onde o Governo apregoa estar em curso um choque tecnológico. Atendendo ao que se passa no terreno, desabafa o médico, “fica a impressão de que na Saúde… Ainda não ligaram o disjuntor”.

Enquanto isso, a paciência dos milhares de profissionais que avançaram no terreno e dos muitos mais que aguardam por novidades para dar o primeiro passo, vai-se esgotando…

Sendo certo que em caso de colapso… A reforma será arrastada na queda!"

9 comentários:

naoseiquenome usar disse...

Isso é um problema "menor". A nova ACSS, IP, irá resolver a questão num instante :)


O problema é de base e muito mais profundo.
Portugal nunca soube viver em democracia. O que não lhes é imposto e apenas sugerido, é imediatamente subvertido em aproveitamento para interesses egoísticos. È o que está a suceder com as USF. Quem se juntou foram grupos de amigos com interesses comuns, pouco se importando com o dever que têm de prosseguir.
Quem ficou de fora do clube de amigos, tão ou mais competentes que os que se juntaram, ainda têm que ficar com os doentes dois o9utros, porque, afinal prova-se, a relação médico-doente não é assim tão forte e, os doentes, querem é ficar no sítio do costume, mesmo sem o "seu médico", mesmo que as consultas fiquem adiadas, mesmo que, mesmo que....

O verdadeiro problema é que, a maioria dos portugueses "não são pessoas de bem" e não alcançam para além do seu umbigo.

A menina dos olhos de CC é uma excelente medida.
Porém, não pode ser implementada com eficácia num sítio onde se não tem a noção de bem público.

Anónimo disse...

Touché, NSQNU

Anónimo disse...

que dizer? o eterno problema portugês do amiguiismo, oportunismo, tráfico de influências, corrrupção

Anónimo disse...

Caro NSQNU, a sua interpretação sobre a adesão às USFs é falsa e profundamente injusta. Quem aderiu são precisamente muitos dos que, desde há muito, lutam por um sistema mais eficiente e justo. O sistema de colocações do SNS é, desde há décadas, profundamente estúpido: concursos cegos sem qualquer respeito por afinidades profissionais ou pessoais. A hipótese de os profissionais se auto-organizarem melhora tudo: satisfação profissional, eficiência de serviço, cobertura populacional. Os números existem e demonstram-no. Na maioria dos casos só não adere quem não quer aderir; há lugares, por outro lado, em que existe quem queira aderir mas nao querem os restantes, pelo que ficam potenciais aderentes de fora. Complexo? Sem dúvida. Um salto com riscos? Provavelmente. Agora, querer converter o presente movimento num exercício de "interesses egoísticos" é um disparate completo. Estamos neste processo porque sabemos que, deste modo, melhoramos a nossa prestação aos nossos pacientes e a nossa satisfação profissional. O que é muitíssimo mais do que se fez nos últimos vinte anos de imobilismo e degradação do sistema.
Armando Brito de Sá
Médico de família
USF Rodrigues Miguéis
Lisboa

Anónimo disse...

Contra todos os factos conhecidos que NSQNU utilizou, vem o Sr. Dr. Brito de Sá, dizer: "há lugares, por outro lado, em que existe quem queira aderir mas nao querem os restantes, pelo que ficam potenciais aderentes de fora."
E diz que o processo é uma grande motivação para todos. Um oásis no deserto.
Talvez nos queira apresentar números concretos do (mau) aproveitamento que do (bom) princípio, tem resultado!

Anónimo disse...

Caro anónimo,
Não tente ler nas minhas afirmações delírios sobre hipotéticos paraísos onde corre o leite e o mel. O processo é complexo. É normal que nem todos se sintam motivados para aderir. Este movimento, contudo, é o que de mais válido se fez em vinte anos para reabilitar um sistema em degradação progressiva. Poderemos discutir as alternativas - mas a verdade é que, até ao momento, ainda não vi ninguém avançar com nenhuma.

Os números possíveis neste momento são públicos. Estão no sítio da Missão para os Cuidados de Saúde Primários. No Jornal Médico de Família têm ainda sido publicados múltiplos exemplos do que tem corrido bem, assim como do que tem corrido mal. Deixo-lhe os endereços se quiser procurá-los:

http://www.mcsp.min-saude.pt/mcsp
http://jmfamilia.com/

Armando Brito de Sá

Peliteiro disse...

Então não se escreve?
Extenuado ainda pela campanha do aborto?

Anónimo disse...

http://juramentodoshipocritas.blogspot.com

esculápio disse...

Só por galhofa é que Armando Brito Sá pode considerar que tudo vai melhorar com o bálsamos das USF. Ontem fui à médica de MGF, descrevi-lhe a minha agonia com as dores de garganta e ouvido, e ela, sem se dignar a levantar a cabeça (e o resto), prescreveu um antibiótico. Perguntei: "Já está?" E ela: "Já." Olhei para o relógio: eram 19h55 e ela queria ir embora... Uma USF muda isto? Não há pachorra!