terça-feira, novembro 10, 2009

Sakelariddis mostra o cacete ...e tem razão...



DN


A vacina contra o H1N1 é recomendada pelas autoridades de saúde nacionais e internacionais, mas alguns médicos continuam a desaconselhar a imunização. Especialistas dizem que isso vai contra as boas práticas e aconselham doentes a voltar ao médico e pedir uma segunda opinião.


Maria sofre do coração há cerca de uma década e, por isso, todos os anos leva a vacina contra a gripe sazonal, receitada pelo cardiologista. Mas o mesmo médico recomendou-lhe agora que não se vacine contra o H1N1. Não é caso único. Há clínicos a desaconselhar a vacina a doentes dos grupos prioritários, violando assim as boas práticas médicas definidas pelas autoridades de saúde nacionais e internacionais.
"A vacina é recomendada pela Direcção-Geral de Saúde, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos Centros de Controlo de Doenças europeu e norte-americano", lembra Constantino Sakellarides, director da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). É por isso considerada uma boa prática, concorda o pneumologista Filipe Froes. "Com base na evidência científica que existe, desaconselhar a vacina não é uma decisão válida", diz o especialista.


E apesar de "uma boa prática não ser uma lei", se um médico aconselhar um doente a não ser vacinado contra a gripe A e este adoecer e tiver complicações graves, "será o profissional a ter de explicar porque a tomou essa decisão, sabendo que ela é recomendada pela OMS", diz Constantino Sakellarides. "É por isso que alguns profissionais não são claros no conselho que dão ou respondem que a opção é do doente", acrescenta.


Foi o que aconteceu a Filipa, de 37 anos. Grávida de três meses, resolveu perguntar à ginecologista que a segue se deve tomar a vacina. A resposta "não foi completamente clara": "disse-me que era indicada para grávidas de risco", conta ao DN. Por isso, a futura mãe deduziu que na opinião da sua médica mais vale não tomar. Isto apesar de as grávidas saudáveis estarem incluídas no Grupo A, por terem um risco maior de complicações se forem infectadas. Aliás, a vacinação da segunda parte do grupo A já começou em todo o País (ver caixa).


Também para Maria, de 44 anos, as palavras do médico, que lhe disse que a vacina pode ser muito "agressiva", fizeram com querdesse a vontade de se vacinar.


Opinião diferente têm os especialistas contactados pelo DN que recomendam aos doentes que voltem ao médico para discutir este tema. "Os doentes que estão incluídos nos grupos de risco devem perguntar ao médico assistente qual é a fundamentação científica para rejeitarem a vacina. Não devem ser prejudicados por falta de informação", diz Filipe Froes. E "se no fim da conversa não estiver convencido, diga que vai procurar uma segunda opinião", aconselha Constantino Sakellarides.


O mesmo é recomendado aos pais que ouviram os médicos dizer que as crianças saudáveis não precisam de ser vacinadas.
"Não sei quais são os argumentos contra a vacina, porque não conheço nenhum motivo para não vacinar. Aliás, muitos países estão a proteger toda a população, começando pelas crianças", lembra a pediatra Maria João Brito, especialista em infecciologia.


A vacinação é também a principal arma para combater a doença, que as autoridades estimam vir a afectar 30% da população - três milhões de portugueses. Segundo a médica de família Filipa Mafra, "quantas mais pessoas aderirem à vacinação, mais poderemos baixar esta estimativa".
"O que se espera é que o pico da gripe A seja atingido em Portugal a partir do meio de Novembro", frisou ainda. A subdirectora-geral da Saúde Graça Freitas, por seu lado, confia menos na previsibilidade do vírus H1N1 e acha que ainda não possível fazer esta previsão.

7 comentários:

Anónimo disse...

Burros...

Psiquiatra da Net disse...

Infelizmente, estamos num país onde a opinião pessoal muitas vezes prevalece sobre a evidência científica...
Na minha área temos disso aos quilos...
Ressalva-se, obviamente, que a evidência científica de hoje pode não ser a de amanhã, que cumpre ao médico informar o doente sobre os riscos e os benefícios e que a decisão final é sempre, e salvo algumas excepções, do doente.

Anónimo disse...

Enquanto leiga em todas as matérias que à medicina dizem respeito, não sei o que pensar, muito francamente. Para quando uma explicação clara à população sobre os benefícios X maleficios da vacina? Quem é contra não sabe bem porquê, e quem é a favor parece tentar dissimular os possíveis efeitos secundários da vacina, sem nunca ser claro sobre o assunto, o que acaba por sugerir que as teorias segundo as quais esta é uma vacina mal estudada é mesmo verídica. Ajudava muito que a comunidade médica se entendesse entre si e que houvesse uma explicação franca e clara sobre o assunto, já que paira uma nuvem de dúvidas a meu ver desnecessária sobre o assunto. Todos sabemos que qualquer vacina pode causar efeitos secundários adversos, torne-se pois claro o que está em causa nesta última. Já agora, uma pergunta: se a pneumonia é a principal consequência da gripe A, e a causadora da maioria das mortes, porque não vacinar a população contra a pneumonia em vez de criar uma vacina totalmente nova? Cumprimentos.
Susana A.

Anónimo disse...

Se não é precisa a opinião do médico, para que é necessário recorrer la para obeter a receita?

Anónimo disse...

como devem calcular enganei-me ao escrever obter...peço desculpa pelo lapso

Movimento de Acção na Saúde disse...

Movimento Acção na Saúde
http://accaonasaude.blogspot.com


Terminou mais um ciclo eleitoral. Nas legislativas, o PS perdeu mais de meio milhão de votos e 23 deputados, sendo chamado a formar governo, agora sem maioria absoluta. Este desgaste eleitoral significativo expressa de forma distorcida a acesa contestação social que marcou o anterior governo. Lutas sucessivas de milhares de funcionários públicos - com destaque para os professores - de milhares de trabalhadores de empresas do sector privado, que fecharam ou ameaçaram fechar e as contestações populares ao encerramento de maternidades, centros de saúde e emergências hospitalares traduziram-se nalgumas das maiores manifestações desde o 25 de Abril, mas foram insuficientes para derrotar definitivamente Sócrates. Para tal contribuíram a estratégia das direcções sindicais, que não só advogaram “tréguas eleitorais” como assinaram vários acordos vergonhosos com o governo, bem como das forças à esquerda do PS que abdicaram de construir uma plataforma unitária que surgisse como alternativa real de governo. Assim, Sócrates mostrou aos eleitores que a opção era entre ele e Ferreira Leite e Manuel Alegre aproveitou para apelar ao voto no PS, impedindo a perda de votos de um importante sector crítico que representava.

O novo Sócrates é igual a si mesmo, não nos iludamos. Na educação, Isabel Alçada já afirmou que não alterará o estatuto da carreira docente ou a avaliação dos professores. No trabalho, Helena André - profissional sindical desde os 21 anos – fez prontamente saber que não será a ministra dos sindicatos e que “o anterior governo lançou uma série de políticas muito importantes" e que essas bases têm de ser consolidadas, estando fora de questão a revogação do Código do Trabalho. Quanto à saúde, a substituição ministerial já se tinha dado na anterior legislatura, não para mudar de políticas, mas para travar a contestação. Até o ex-Director Geral da Saúde, Constantino Sakellarides, afirmou: “Há ministros do núcleo duro e há ministros simpáticos para apaziguar o povo. E a ministra da Saúde faz parte destes.” “Todas as reformas do Correia de Campos continuaram com um ritmo próprio da segunda parte do ciclo político.” Que é como quem diz, só não avançaram mais no ataque aos trabalhadores e aos utentes do SNS porque tinham de acalmar os ânimos e preocupar-se em ganhar as eleições novamente.

Mesmo sem maioria absoluta, Sócrates tem nas bancadas à sua direita muitos interessados em sair da crise à custa dos tabalhadores e do desmantelamento dos serviços públicos, que apoiaram as suas medidas neste sentido. A nossa resposta terá de ser de forte oposição desde já, sem tréguas. As direcções sindicais devem organizar a luta contra o código do trabalho, pela reposição de direitos na Segurança Social, pela redução do horário máximo semanal para as 35 horas, sem redução de salário, para combater o desemprego. Devemos também, desde já, pressionar os dirigentes sindicais e mobilizar-nos para que as nossas carreiras não sejam feitas à medida do governo, nas mesas de negociações, mas que traduzam melhorias nas nossas condições de trabalho. Com este governo já tivemos más experiências que cheguem.

Sahaisis disse...

estou em crer que como em tudo a ultima decisão é do individuo e não o podemos contaminar com a nossa opinião pessoal acerca da toma/não toma da vacina...explicar ao utente beneficios/riscos/potenciais riscos (pelo menos os de que temos conhecimento) sem alarmismos extremos e ver o que acontece ;)...é a minha modesta opinião pessoal...