Tintura Idiota
O fim de uma consulta, geralmente não é no fim.
Quer dizer, há um fim, quando o médico se despede do doente e depois uma espécie de pós-fim, quando o doente diz:
- "Já agora, sr doutor..."
Hoje foi isso que se passou.
Já a consulta tinha terminado. Já se tinha programado outra. Já nos havíamos despedido com um afectuoso aperto de mão e dispara a doente de meia-idade:
- "Já agora, sr doutor tenho aqui no dedo do pé uma coisa preta que me poderia ver."
O médico tem sempre várias opções:
1) Mostre-me para a próxima consulta.
2) Isso não é da minha especialidade.
3) Vá ali ao guichet e peça à menina para marcar uma consulta para a especialidade das coisas pretas nos dedos dos pés.
4) Mostre ao seu médico de família, que ele resolve.
5) Minha senhora não me chateie (esta opção em geral é só idealizada).
6) Mostre lá isso, que eu estou com pressa.
Enquanto mentalmente escolhia uma opção, já a doente se re-despia para me mostrar o que a atormentava e dizendo com ar compenetrado:
- "Há uma semana que lhe ando a pôr a tintura idiota... e cada vez fica mais preto!"
- "Tintura idiota? Mas que é isso?"
- "Não sabe? Aquela tintura preta, em frascos!"
- "Ah!". Exclamei:
- "Tintura de iodo? Betadine!"
Mas a moral da história não é falar da iliteracia do nosso povo em relação a quase tudo que não passe na TVI, ou na Maria, ou na Ana ou na Pancrácia.
A moral é que, são estas mesmas pessoas as testemunhas oculares escolhidas pelos jornais e pelas televisões para emitirem as doutas opiniões sobre os acontecimentos diários do nosso Serviço Nacional de Saúde...
Quer dizer, há um fim, quando o médico se despede do doente e depois uma espécie de pós-fim, quando o doente diz:
- "Já agora, sr doutor..."
Hoje foi isso que se passou.
Já a consulta tinha terminado. Já se tinha programado outra. Já nos havíamos despedido com um afectuoso aperto de mão e dispara a doente de meia-idade:
- "Já agora, sr doutor tenho aqui no dedo do pé uma coisa preta que me poderia ver."
O médico tem sempre várias opções:
1) Mostre-me para a próxima consulta.
2) Isso não é da minha especialidade.
3) Vá ali ao guichet e peça à menina para marcar uma consulta para a especialidade das coisas pretas nos dedos dos pés.
4) Mostre ao seu médico de família, que ele resolve.
5) Minha senhora não me chateie (esta opção em geral é só idealizada).
6) Mostre lá isso, que eu estou com pressa.
Enquanto mentalmente escolhia uma opção, já a doente se re-despia para me mostrar o que a atormentava e dizendo com ar compenetrado:
- "Há uma semana que lhe ando a pôr a tintura idiota... e cada vez fica mais preto!"
- "Tintura idiota? Mas que é isso?"
- "Não sabe? Aquela tintura preta, em frascos!"
- "Ah!". Exclamei:
- "Tintura de iodo? Betadine!"
Mas a moral da história não é falar da iliteracia do nosso povo em relação a quase tudo que não passe na TVI, ou na Maria, ou na Ana ou na Pancrácia.
A moral é que, são estas mesmas pessoas as testemunhas oculares escolhidas pelos jornais e pelas televisões para emitirem as doutas opiniões sobre os acontecimentos diários do nosso Serviço Nacional de Saúde...
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