Resposta à "mar"
A amiga "mar" (todos os meus comentadores são meus amigos!) faz grande e interessada reflexão e coloca algumas questões pertinentes, vou tentar responder:
O doente era um doente regular? Sim!
Preocupado? Sim por causa da dor!
Era informado e esclarecido? Doente sexagenário, analfabeto, mas, informado ou esclarecido … sobre que assunto: o presente ou em termos generalistas?
Leu o relatório do radiologista? Desconheço, mas facilitei-lhe a sua leitura, pois propositadamente abri o envelope, li, coloquei-o aberto dentro do TC e mandei-o regressar no dia seguinte.
Se sim, qual foi a sua reacção? Não reagiu, pois voltou no dia seguinte.
Se não, porquê? Talvez por ser analfabeto.
A informação não deve ser transmitida ao doente? Sim senhora, toda a informação, toda a estratégia de diagnóstico e terapêutica, deve ser transmitida ao doente, mas de forma a que o seu conhecimento não vá provocar males maiores se for brusca(ansiedade, depressão, suicídio) e só deve ser transmitida quando se souber o diagnóstico exacto (análise histológica da peça) sob pena de lhe ter mentido sobre uma doença inexistente. Os exames imagiológicos podem falhar!
O exame não é dele? Aí não sei se haverá consenso. A informação contida no exame é indubitavelmente dele, o objecto “exame”, pago pelo Serviço Nacional de Saúde, não sei, embora por questões práticas os faculte ao doente.
Teve uma atitude paternalista porque a pessoa do doente assim o impunha? Talvez. Não. Os médicos não devem ser paternalistas. Devem procurar informar o doente, sem omitir a gravidade, mas de acordo com o que afirmei anteriormente. A sua família devê-lo-á ser imediatamente, dentro da ética do sigilo médico e utilizando estratégias bem definidas, sem revelar o diagnóstico e desde que o doente não se oponha.
Por exemplo, haverá necessidade de verbalizar a palavra “cancro” a um doente com 95 anos com cancro da próstata diagnosticado, sabendo que essa doença provavelmente não irá afectar nem a qualidade, nem a sua esperança de vida?
Mas definitivamente não é esclarecedor. Concordo. A medicina é assim, falível, o que hoje é verdade, amanhã pode não o ser e por vezes é tão subjectiva como a psicologia , que a amiga “Mar” referencia.
Mas confesso que
1) respeito as medicinas tradicionais, sejam portuguesas, chinesas ou africanas, desde que praticadas e inseridas nos seus respectivos meios culturais.
2) Não respeito e sou agressivamente contra todas as outras medicinas ditas alternativas, invenções mais ou menos recentes, com fins mais ou menos ocultos. Sou contra a sua legalização, como por exemplo, a homeopatia, reflexologia, e outras.
3) Respeitos algumas técnicas manipulativas, como a osteopatia, quiropráxia, diversas técnicas de massagens, vistas, apenas, como técnicas terapêuticas (muitas inseridas na medicina física e de reabilitação, vulgo fisioterapia) e não técnicas diagnósticas ou médicas.
4) Dentro do princípio da liberdade individual, cada um pode dirigir-se onde quiser por sua inteira responsabilidade. Deverão as entidades inspectoras actuar perante possíveis erros, atrasos de diagnóstico, negligências e usurpações de funções à luz da legislação actual.
9 comentários:
Obrigada pelos esclarecimentos.
Assim o caso apresentdo abaixo ganha contornos mais claros e isso é deveras importante na transmissão da mensagem.
Mas sabe? Sabe certamente, - que os nomes sonantes da nossa praça - os detentores do dinheiro ou outro poder, como os políticos, têm hoje, quase todos, uma ida obrigatória a uma dessas medicinas não-científicas e, pior (ou melhor), a um qualquer detentor de poderes de adivinhação?
Posso parecer estar a desviar-me do tema... mas....
"Mar"
LOL
se calhar é por isso que a condução do governo do país apresenta os sinais alucinatórios que apresenta... sai a carta errada no baralhod e tarot, e pimba! lá levamos com mais uma medida imbecil!
sorry, memai, isto nao tem nada a ver com o post, mas foi uma piadinha irresistivel ao comentário da "mar"! ;-)
E ele já foi fazer a cintigrafia ou ainda não?
Em Espanha, um creme corporal vendido em hervanárias, com uma descrição de "100% natural", e prescrito por vários "profissionais da medicina alternativa", fazia milagres em casos de eczema. Vários pais levantaram as mãos aos céus por poderem deixar de aplicar cremes de hidrocortizona aos seus filhos, e terem encontrado um produto 100% natural que os curava. O creme em questão era vendido como cosmético.
Perante resultados tão milagrosos foram análises pedidas do dito creme, que revelou afinal conter, para além das ervinhas, dipropionato de betametasona.
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Só mais uma achega a quem não sabe, tem raiva a quem sabe, mas tem opinião formada sobre o assunto e ainda pretende decidir qual a terapia alternativa/complementar o seu diagnóstico infalivel recomenda!!!
Veja-se esta pequena sondagem feita recentemente a nível europeu... Portugal infelizmente não entra, mas talvez tivesse resultados próximos da Grécia... ou talvez não.
Engraçado... as classes mais altas são as que mais as utilizam, será que os intelectuais seus explicandos também estarão incluidos?
aqui vai o link
http://www.cienciapt.net/noticiasdesc.asp?id=7498
E para terminar vá-se preparando que a lei que as regulamenta está mesmo a estoirar... :) estão bem vivas e recomendam-se!
Continue sempre alerta a explicar-nos coisas da saúde que conheça bem...
Beijinhos
Obrigado pelos beijinhos, "colega" alternativa. Quanto à legalização, venha ela!
Não deixa de ser curioso que sejamos tão críticos (ferozes até) acerca da prática da medicina (experimental, científica, controlada e avaliada) e aceitemos tranquilamente tudo o que simplesmente se diz, se disse, ou alguém disse (ou publicou) sem controle, referência ou avaliação. ;-)
Este ultimo comentário deixou-me a pensar... é que é mesmo verdade...
CF
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