quarta-feira, julho 30, 2008

ABC do jornalismo cor-de-rosa

Os sindicalistas médicos são mesmo feios, porcos e maus!

Oram vejam lá do que eles se lembram de dizer acerca dos diligentes jornalistas, muitos dos quais são de fácil verve sensacionalista e percebem de tudo menos de saúde...

E já agora, com tanta reforma e tanta produção legislativa porque não um DL que proiba os médicos de morrer?

SIM - Sindicato Independente dos Médicos
MÉDICOS PROIBIDOS DE MORRER


Foi um incómodo. A anestesista do Hospital de Pombal resolveu morrer, de forma súbita e logo a um domingo. E não devia pois era a única anestesista daquele Hospital o que obrigou ao cancelamento das nove cirurgias programadas para esta semana. Os utentes foram informados pela enfermeira-chefe e os casos urgentes que cheguem ao Hospital de Pombal serão encaminhados para Leiria e Coimbra.
Surrealismo? Não, apenas Portugal.
De forma espantosa toda a imprensa noticia o incómodo dos doentes e do adiamento das cirurgias. A tragédia de uma morte súbita em idade produtiva, as suas possíveis causas, os porquês de uma única anestesista num Hospital, nada disto interessa e é totalmente omitida pelos diligentes jornalistas.
Continuando no surrealismo português, espera-se do Conselho de Ministros desta semana, e de um pragmático Primeiro-Ministro, um decreto que proíba a morte de médicos, principalmente se for súbita. O País, e os utentes, não o podem permitir.

30 de Julho de 2008 o1/n2021/t1/G.L

4 comentários:

naoseiquenome usar disse...

:)
acredite.
É mesmo assim, seja qual fôr a profissão. Se forem "bons" tanto pior.Nada se perdoa.
É o mundo em que vivemos.
Frio, de n.ºs, virado para a estatística, sem ter em atenção a vida própria de cada um.
Morrer, neste contexto, é um " incómodo" ...

Anónimo disse...

Realmente, é surreal esta situação...
"Á e tal, hoje não podemos operar ninguém porque a irresponsável da anestesista decidiu morrer... Mas estejam descansados porque vamos abrir um inquérito para apurar se o acto foi premeditado..."

Coitado de quem morre neste país pobre de espírito.

Anónimo disse...

Chatice.

Que Deus o tenha em descanso.Amen.

Anónimo disse...

Realmente só neste país e com os jornalistas que temos se dá uma noticia destas! Como diz o SIM e muito bem, ninguém se preocupou em saber a razão pela qual o quadro médico do Hospital Distrital de Pombal só comporta um anestesista,também ninguém tentou saber que a especialidade de anestesiologia é uma especialidade sujeita a um elevado e sustentado stress, ninguém fez referência às excelentes qualidade profissionais e humanas da médica anestesista! Só faltou dizer : "Ainda bem que morreu em casa, assim não colocou em risco a vida de nenhum doente e não causou mais incómodos".
Lamento que , de um modo geral, os jornalistas portugueses sejam tão pouco correctos a dar noticias, evidenciando apenas o que pode fazer manchete e vender jornais, mas, mais profundamente, e acima de qualquer noticia surreal e idiota, lamento a morte prematura e inesperada da Drª Mercedes, excelente profissional, boa colega e amiga, alegre , sempre de sorriso nos lábios. Uma vida cheia de sonhos e projectos ao lado do seu Marido e das suas duas filhas, que a morte interrompeu e roubou... sem pedir licença, sem se fazer anunciar, sem remorsos...
MARIA PAPOILA