Erros, Negligências E Julgamentos; Outros Erros, Outras Negligências, Sem Julgamentos
Os jornais têm tido matéria farta estes dias sobre casos de julgamentos de médicos.
Ainda bem. É sinal de que a culpa não vai morrer solteira.
São médicos especialistas hospitalares. Ortopedistas, otorrinolaringologistas, anatomo-patologistas, radiologistas, cirurgiões e ginecologistas.
Todas elas muito requisitadas na medicina privada.
Talvez por isso a visibilidade mediática.
Num caso, ortopedistas e otorrinolaringologistas, especialidades bem cotadas na área privada, mas pelos vistos talvez não dando para todos, alguns dos meus colegas, para além do pagamento do SNS, incentivaram o pagamento particular em instituições do Serviço Nacional de Saúde.
Não é erro médico, nem negligência. É um mero caso de polícia.
Noutro caso, uma médica anatomo-patologista está ou foi condenada por negligência médica. De facto trata-se de um caso de negligência médica grosseira, pois essa médica mandou usar uma ampola de um medicamento (relaxante muscular) que lhe foi oferecido em Cuba e incluído na mala médica da seguradora.
É negligência médica grosseira, utilizar um medicamento desconhecido com tamanha facilidade. Talvez um paracetamol IM ou um opióide tivesse resolvido o problema.~
Mas a companhia de seguros, na minha óptica não se livra de responsabilidades: quem a mandou contratar uma médica anatomopatologista, isto é uma médica habituada a espreitar por um microscópio células doentes e saudáveis, sem prática clínica, chefiar uns serviços clínicos de uma companhia?
Seria muito mais aconselhado um médico com prática clínica habitual, quer generalista, quer hospitalar.
Mas este caso, para mim pecou pelas afirmações da juíza, que demonstrou não ter tido um juízo (raciocínio) independente, confessando indirectamente a pressão da comunicação social.
Este é um caso de negligência grosseira.
O último caso que envolve meia dúzia de médicos, radiologistas, cirurgiões e ginecologistas é um evidente caso de erro médico, até detectado pelos próprios durante o seu percurso, relacionado com erro de localização de determinada lesão maligna. Mas os peritos, que por certo o Tribunal ouvirá, melhor esclarecerão.
Este é um caso de erro médico, também passível de indemnização e até julgamento, mas será sempre um erro de localização.
Sintomático é que o JN encimou todos os casos durante vários dias, com o mesmo título: MÉDICOS ACUSADOS DE NEGLIGÊNCIA MÉDICA.
Tá a ver, cara amiga jornalista Ivone Marques, tenho ou não tenho razão de que vocês pespegam tudo sem qualquer rigor jornalístico ou científico?
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