terça-feira, setembro 21, 2004

Dislates Soltos

São tantos os dislates que se ouvem nos nossos media que tudo indica que a iliteracia científica está a aumentar...

Também se vai criando uma rede de informadores informais e não solicitados, que vão perscrutando o éter, plasmas ou tintas da nossa comunicação social. Assim:

Alguém me disse que a RTP inventou uma nova classe de bactérias: "as bactérias crónicas"!

O mesmo alguém também me disse noutra ocasião que a SIC continua a insistir no virus da tuberculose.

O Jornal de Negócios troca Serviço Nacional de Saúde por Sistema Nacional de Saúde e em título gordo. As duas terminologias existem, mas o Sistema Nacional de Saúde é composto pelo Serviço Nacional de Saúde, por todos os subsistemas de saúde (ADSE, SAMS, ADME, etc) e por todas as entidades privadas. Conclusão o jornalista é uma abécula.

A SicNotícias interrompe o seu jornal da noite para afirmar em notícia de última hora: "duas pessoas morreram, uma está em coma e três crianças internadas vítimas de uma infecção desconhecida". Só depois dizem que uma faleceu em 31 de Agosto, outra uns dias depois e os internamentos aconteceram há alguns dias! Para notícia de última hora não está nada mal. O jornalista até insinua na entrevista com o homem do queijo limiano (o verdadeiro!) que a infecção se alastrava por Portugal.
Ai SicNotícias!
Até tu enveredas pelo sensacionalismo bacoco e fácil. Eu confesso que fui dormir arrepiado, acordei várias vezes cheio de comichões e tive pesadelos. Sonhei que tinha tido um caso com a bactéria assassina que alastrava em Portugal, o preservativo tinha rompido e a bactéria tinha sido presa por ter feito um aborto clandestino num hospital SA (pagou bem!).

O O Comércio do Porto como não sabia mais que inventar para falar sobre a infecção misteriosa, entrevistou a Florbela, profissão - mãe, actividade - acompanhante da filha num internamento. Com medo da infecção misteriosa decidiu retirar a sua filha do hospital.
É assim: os jornais lançam o pânico sobre as pessoas, desestabilizam-nas e depois entrevistam-nas. É o chamado jornalismo dois-em-um.

O Veterinário anónimo e responsável, informa-me:
"MEU CARO MÉDICO. Não é com facilidade que, com uma frequência inusitada, nos vemos confrontados, já nem falo da iliteracia científica, mas da mediocridade intelectual de certos jornalistas e também com a estreiteza mental de quem com eles, por vezes, fala. Não sei se "as luzes dos holofotes" são capazes de bloquear algumas sinapses nervosas mas certo, certinho, é que muito boa gente quando colocada à frente duma câmara acaba por se baralhar, de tal maneira, com a linguagem que utiliza (entre o cientificamente pretensioso e a "banalidade" inteligível pelo cidadão comum), com a colocação no "ângulo mais favorável" (como se o perfil físico tivesse alguma coisa que ver com o "parceiro" intelectual), com o reconhecimento das capacidades e competências (que por ser auto-focada é geralmente distorcida), que na pior das hipóteses deixa tolhido qualquer mortal, quando não suscita um riso a bandeiras despregadas".
E esclareço o vet clint que estou de acordo com as suas críticas ao delegado de saúde da zona.
O resto pode ler-se aqui e aconselho.
E respondendo a alguns e-mails, digo que não posso falar daquilo que não sei. Não posso, nem quero especular.
MAS O QUE SEI É QUE NÃO É UMA EPIDEMIA MAS UMA SITUAÇÃO LOCALIZADA.

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