Informar Contra o Tempo!
Para meditar. No Público de 03.03.2008
"Chamadas não podem ultrapassar 15 minutos
O enfermeiro A. trabalhou na Linha Saúde 24 a atender telefonemas. Como muitos colegas, não aguentou "a pressão do trabalho" que foi exigido e saiu. O objectivo é, sobretudo, a rapidez. Quem ultrapassa os 15 minutos por chamadas, é penalizado. Quanto mais rápidos são a terminar o telefonema, mais altos são os ordenados. Há grupos inteiros de pessoas que recebem formação e desistem pouco tempo depois, conta.
O serviço telefónico Saúde 24 funciona em regime de parceria público--privada. Inaugurado em Abril do ano passado, resultou de uma parceria entre a empresa LCS-Linha de Cuidados de Saúde SA (Grupo Caixa Geral de Depósitos) e o Estado (através da Direcção-Geral de Saúde), que é quem paga os serviços prestados.
O seu coordenador na área do Estado, Sérgio Gomes, afirma que a empresa se limita a cumprir o contrato com o Estado: se as chamadas demorarem mais de 15 minutos, são penalizados no pagamento. "Não é correr para desligar. A rapidez pode ser uma mais-valia", diz, ainda mais quando se trata de indicações de saúde. Sérgio Gomes afirma que a linha "é geradora de confiança", como revela o crescendo de chamadas e o facto de muitas pessoas já serem repetentes: cerca de dez por cento já ligaram mais de dez vezes, cerca de 12 por cento mais de duas vezes, informa.
Nos quatro anos que dura o contrato, o Estado deverá gastar 46,8 milhões de euros. Quanto à saída de enfermeiros, o coordenador diz não ter informações nesse sentido, mas lembra que, para a maioria dos enfermeiros, é um segundo emprego.
O administrador do serviço na empresa privada LCS, Ramiro Martins, afirma que "o balanço é positivo. Ultrapassámos as 400 mil chamadas [desde Abril]. No final de Março, contamos ter meio milhão de chamadas". As chamadas demoram uma média de 12 minutos. Há 25 enfermeiros em permanência, para responder a perguntas. O responsável afirma que, nos inquéritos de satisfação que têm feito, 90 por cento da classificação são de bom e muito bom. C.G."
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