segunda-feira, setembro 08, 2008

Médicos de empresas cobram cem euros por hora

Segundo reza o Diário de Notícias, "a carência de médicos obriga muitos hospitais a contratarem tarefeiros a empresas de prestação de serviços para manter as urgências a funcionar. A medida tem um preço elevado: há médicos que cobram 2500 euros por banco de 24 horas. Mas os custos não são apenas financeiros"


Mas nestas questões laborais e de cariz remuneratorio, qual a explicação dada pelos sindicatos médicos?


Eis a que foi tornada pública pelo Sindicato Independente dos Médicos no seu site na internet, e que é curiosa e faz (ou deveria fazer) pensar quem de direito:


É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!


Era uma vez um Ministro da Saúde, social-democrata, que, preocupado com as canetas dos doutores, principalmente dos Médicos de Família, trancou o acesso às Faculdades de Medicina. "Não é o que eles ganham, é o que eles gastam!", exprimia, ufano, no início da década de 90.

Com esta inteligente medida, só parcialmente corrigida no início deste século, passámos a exportar estudantes de Medicina e a importar mão-de-obra médica, temporária e, por vezes, impreparada. Depois o centrão, primeiro social-democrata, depois com confirmação socialista, ambos bem acolitados pelo influente lobby dos administradores hospitalares, achou que empresarializar hospitais e serviços de saúde era a suprema nota de modernidade.

Com a água do banho da mudança e com a chegada oportunista dos privados foram-se as carreiras médicas, a estrutura hierárquica, o amor à camisola, a qualidade da prestação de cuidados e o serviço público. Agora todos choram lágrimas de crocodilo sobre a trampa que fizeram.

Mexeram num sector altamente regulado e estável, o trabalho médico e a sua evolução sócio-profissional, e introduziram as regras de mercado sem terem assegurado se tinham meios humanos para tal. Não tinham.

Agora todos se escandalizam com os inflacionados e descontrolados preços da oferta e procura, propondo ou anunciando medidas de correcção.Apetece gritar bem alto, principalmente aos ouvidos do lobby dos administradores hospitalares, co-responsáveis pela tormenta: é a economia, estúpidos!


4 comentários:

Anónimo disse...

Isto já se esperava!
Esta situação referida neste poste, a não integração correcta das comunidades africanas que residem em Portugal com os problemas que daí advêem e que todos conhecemos, ou outros problemas passíveis de solução devido ao não planeamento atempado de fenómenos previsíveis parece ser um apanágio da cultura e do ser português.
Achamos que temos o poder da "arte do desenrasca, e quem vier a seguir que se lixe ou que trate do assunto", como se pode ver dá sempre asneira e somos todos a pagar de todas as maneiras pelo gasto de recursos financeiros e pelo mau serviço prestado!
Mas há quanto tempo estes políticos, estes acessores, estes gestores estão avisados?
Há tempo demais para terem chegado a este ponto e agora vêm queixar-se?
Parece que nunca leram ou procuraram conforto no Samuelson, no meu, no capítulo 22 "Os ventos da mudança, o triunfo do Mercado", vem um pequeno trecho de um poema traduzido para o português, que diz assim:
"Venham escritores e críticos
Que façam profecias com a vossa caneta
E mantenham os olhos abertos
A sorte não voltará outra vez
E não falará tão depressa
Pois os motores ainda estão a aquecer
Pois os tempos estão a mudar"

Bob Dylan

Calhando todos conhecem a música, mas pelos vistos poucos conhecem a letra ou o seu significado!

Anónimo disse...

"Era uma vez um Ministro da Saúde, social-democrata, que .... trancou o acesso às Faculdades de Medicina" - Diz o SIM.
E a conivência dos Srs. Prof. Doutoures dessas Faculdades? Poderá esquecer-se a responsabilidade desses ilustres? Não lhes caiu essa restrição do acesso como sopa no mel? Eles, que desde sempre só quiseram ser Profesores Doutores para a Privada e nunca para ensinar! São professores porque deviam ensinar. É isso que se passa? Claro que não. Basta ver quantos Médicos da Carreira Hospitalar são obrigados a dar aulas para os Srs Professores sairem dos Hospitais para irem de manhã para a privada em vez de cumprir a sua obrigação. Só quem trabalha num hospital escolar, como é o meu caso, se apercebe desta pouca-vergonha.
Claro que as restrições do tal ministro vieram ao encontro do que queriam esses senhores. E tudo continua na mesma.
Não posso dizer muito mais nem identificar-me por razões óbvias, que creio compreenderão.
Obrigado. Um abraço.
José Manuel Seringa - HSM

Anónimo disse...

Egoistas .. por isso a saude está tão mal. Alguns médicos são sanguessuas dos doentes.

Anónimo disse...

uma vergonha...