quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Agrediu Um Médico. É Um Santo!

O autor, Francisco Pedro de Leiria ou Carlos Ferreira, que presumo serão jornalistas, (do Correio da Manhã, está tudo dito) noticiam hoje a agressão de um doente a um médico na urgência de um hospital.

Seria de prever uma notícia pedagógica condizente com uma agressão gratuita. Mas não. O senhor jornalista apresenta o agressor como vítima e o médico como vilão. É óbvio que o doente descarregou a sua frustração por ter um "tomate inflamado" e portanto não poder dar a sua quequasita habitual, no médico, mas a sua intensão seria agredir a instituição.

Refere o senhor jornalista que as agressões têm vindo a aumentar. Sem dúvida. E notícias como esta, com foto e tudo, são o motor desse aumento em progressão geométrica.

"Pedro Cordeiro afirma que agrediu o médico porque foi mal atendido no Hospital de Leiria

Um doente com uma inflamação num testículo perdeu a paciência nas urgências do Hospital de Santo André (HSA), em Leiria, e agrediu um médico a murro na cara. O clínico está de baixa e vai processar o agressor, que continua sem o problema de saúde resolvido.

Pedro Cordeiro, de 44 anos, tem passado os últimos cinco meses em aflição, por causa de uma inflamação no testículo esquerdo. A primeira vez que o problema surgiu deslocou-se ao Hospital de Leiria. Recebeu um diagnóstico desanimador. “Disseram-me que o problema só se resolvia com uma operação.”

Três dias depois, o serralheiro voltou às urgências, com o mesmo problema. O diagnóstico manteve-se, mas com uma variante. “O especialista mandou-me pedir credenciais ao médico de família para apresentar nas consultas externas, mas nunca fui chamado pelo hospital.”

Há quatro meses, regressou às urgências, passou uma tarde com gelo na zona inflamada, recebendo alta a seguir. Terça-feira, a inflamação voltou a manifestar-se. O doente dirigiu-se de novo ao hospital, com o testículo “do tamanho de um punho fechado”, sendo recebido pelo mesmo especialista. Quando este lhe disse que teria de “entrar na lista de espera das operações”, Pedro Cordeiro perdeu as estribeiras e agrediu-o a murro. A PSP tomou de imediato conta da ocorrência.

ADMINISTRAÇÃO INDIGNADA

Segundo o director clínico do HSA, o caso “não justifica atendimento num serviço de urgência”. Por isso, o doente foi orientado “para tratamento cirúrgico através da consulta externa do hospital”.

Hélder Leitão lamenta a excessiva pressão por parte do doente para contrariar as regras de acesso aos cuidados hospitalares não urgentes e que, por causa da atitude “indigna e reprovável”, o clínico tenha sofrido “danos físicos consideráveis” e ficado de baixa médica.

OFENSAS E AGRESSÕES SUCEDEM-SE

AUMENTO

Um estudo efectuado pela Direcção-Geral de Saúde concluiu que as agressões a profissionais de saúde têm vindo a aumentar. As zonas mais problemáticas, segundo o estudo, são o Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo."

1 comentário:

Luís Monteiro disse...

O título do post resume, de facto, a lógica sensacionalista que leva a esta venda de noticias destas pela maioria dos media.