segunda-feira, setembro 15, 2008

Uma Óptima Explicação, Mas Não Me Solidarizo Com O PÚBLICO.

Transcrição de um comentário de um leitor.

Inteiramente de acordo com tudo o que é dito, menos a solidariedade com o PÚBLICO, pois um jornal de referência tem que estar acima dessas populares confusões.


Tem que haver revisores, não só para a língua portuguesa, mas também para todas as áreas do conhecimento.


Se compro o PÚBLICO e não outro, se é considerado uma referência, não pode cometer erros crassos iguais ao comum dos mortais. Ou então deixa de ser uma referência...



Nuno Gil deixou um novo comentário na sua mensagem "A SUB DE TODOS OS MILAGRES":

Felizmente não era um Dentista!

Em Portugal existem vários profissionais de saúde que lidam com problemas da Cavidade Oral, entre os quais os Estomatologistas e os Médicos-Dentistas.


Os primeiros são profissionais licenciados em medicina que fizeram o internato médico e são portanto MÉDICOS. Entretanto diferenciaram-se, tornando-se especialistas em Estomatologia, uma das várias especialidades médicas reconhecidas pela Ordem dos Médicos Portugueses. Ab initio, estes profissionais são tão capazes de prestar cuidados generalistas em regime de urgência como qualquer outro MÉDICO, independentemente da sua especialidade.


Os segundos, são profissionais licenciados em MEDICINA DENTÁRIA, nunca fizeram o curso de MEDICINA e muito menos o internato médico (apenas acessível a licenciados em MEDICINA). Os licenciados em MEDICINA DENTÁRIA (Médicos-Dentistas), vulgarmente conhecidos como Dentistas, em situação alguma têm competência para prestar cuidados generalistas em regime de urgência.


Esta confusão reinante na sociedade portuguesa, deriva provavelmente da designação imprópria de Médico-Dentista, pelo que pode colocar-se a questão: «Porquê Médico-Dentista se não é Médico?»
De facto parece-me uma excelente oportunidade para a Sra. Ministra da Saúde, curiosamente licenciada em medicina, que realizou internato médico e se especializou em Pediatria, dar um contributo para a clarificação desta situação, esclarecendo os Portugueses que não se trata de um Dentista mas de um Médico, que por coincidência é Estomatologista! Mais, parece-me que para evitar futuros equívocos seria útil substituir a designação Médico-Dentista por Dentista, afinal estes profissionais não são Médicos.
Não posso deixar de manifestar a minha solidariedade para com o PUBLICO que acabou por publicar uma notícia incorrecta, vítima da dita «confusão reinante» e para com os Médicos-Dentistas que se vêm envolvidos, enquanto classe, num problema ao qual são manifestamente alheios.


A notícia, no meu entender, é sim o facto de um Médico sem formação em suporte avançado de vida estar a prestar cuidados generalistas em regime de urgência. Isso sim é grave. Mas mais grave é não ser o único
.

9 comentários:

IceTeaAddict disse...

..tal como é grave haver hospitais (!) e centros de saúde em Portugal sem um desfibrilhador, ou com um único desfibrilhador, para todo o perímetro hospitalar, trancado a sete chaves numa sala.

... tal como é grave não haver acções de formação de reciclagem em suporte básico de vida para os profissionais de saúde do SNS (médicos e de enfermagem) que lidem directamente com doentes, pelo menos de cinco em cinco anos.

... tal como é grave haver internos em formação numa determinada especialidade escalados para fazer urgências dessa especialidade sozinhos para uma população equivalente a alguns milhões de habitantes...

Tudo em nome da falta de médicos, dos cortes orçamentais, ou seja lá do que for, porque, valha-nos isso, à falta de desfibrilhador, ao menos temos relógios de ponto ultra-mega-sofisticados, como pouca gente que trabalha para o Estado se pode gabar de ter...

Sahaisis disse...

Em jeito de provocação gostaria de dizer que teoricamente o "médico dentista" tem um tronco de formação comum ao "médico médico"que se não estou em erro vai até ao terceiro ano do curso (licenciatura, mestrado, nexpresso ou lá como agora se chama à frequência da faculdade que confere habilitações para exercer profissionalmente), e talvez daí viesse a minha confusão com o estomatologista.
Mas vou um pouco mais longe, se é facto que O grave é alguém que não tem uma formação em SAV prestar cuidados generalistas em regime de urgência não será também igualmente ou ainda mais grave, permitir que tal aconteça? Indo um pouco mais longe importará isso realmente quando E SE for necessário proceder a reanimação com recurso ao desfibrilhador, como se fala no coment anterior ou a uma entubação orotraqueal e a uma ventilação mecânica invasiva num contexto de urgência e não houver material para o fazer? enfim... Lá estou eu outra vez a divagar em coisas que não me dizem absolutamente respeito nenhum...

Anónimo disse...

Incrivelmente o suporte avançado de vida não é obrigatório no curso de Medicina e muito menos durante a especialidade... geralmente alguns médicos acabam por fazer esta formação quando passam pelos estágios de cuidados intensivos, mas apenas uma minoria de especialidades tem este estágio e uma minoria de hospitais disponibiliza este curso... Assim, provavelmente 80 a 90% dos medicos que trabalham em urgencias, não tem este curso. É um curso que existe há poucos anos, o que contribui para esta situação.

Sahaisis disse...

caro anónimo está a falar a sério?

Anónimo disse...

Tal como o "PÚBLICO", também o senhor se deveria informar melhor. Sabe, arranjar alguém que reveja os seus "posts"...
Não existe qualquer designação de "médico-dentista". Existe, sim, médico dentista. Cuja ordem é a ordem dos médicos dentistas.
Sabe porque se chamam assim? Sabe sequer porque se criou esse curso? Não se informou?
Eu digo-lhe: plenário de ESTOMATOLOGISTAS em 1974.
E esta, hein?....

São nestas alturas que tenho vergonha de ter colegas como você...

Médico Explica disse...

Se tivesse lido bem o conjunto de comentários, teria compreendido que a designação "médico-dentista" não é do autor do blog... mas sim de um leitor.

Colega ou não, não se envergonha e ajude a esclarecer.

Anónimo disse...

"Se tivesse lido bem o conjunto de comentários, teria compreendido que a designação "médico-dentista" não é do autor do blog... mas sim de um leitor.

Colega ou não, não se envergonha e ajude a esclarecer."


Engraçado. Voce já reparou como começou o seu "post"? Eu recordo-o:

"Inteiramente de acordo com tudo o que é dito"

A designação pode não ser sua. Mas concorda com ela. Já o esclareci?...

Médico Explica disse...

O engraçado é não perceber onde quer chegar!
No início percebi que era a questão do hifen "medico-dentista" ou será a questão da palavra médico?

Se for a egunda hipótese, também concordo que outra terminologia poderia ter sido encontrada, como só "dentista", por exemplo.

Anónimo disse...

Não percebeu? Leia o meu comentário inicial. Bolas, você tem mesmo dificuldades!

"Não existe qualquer designação de "médico-dentista". Existe, sim, médico dentista. Cuja ordem é a ordem dos médicos dentistas."

Acho unicamente que é um disparate estar a descredibilizar uma classe que merece o respeito, principalmente da classe estomatológica. Veja-se os índices hoje e há 30 anos (que ainda assim não são ideais). Como médico, devo interessar-me pelo indivíduo como um todo e não apenas no que concerne à minha especialidade - torna-se assim claro que é do meu interesse em ver a sua saúde oral melhorada.

Considero ainda que quem sente necessidade de criticar o outro está, no fundo, a revelar a sua própria mesquinhez e frustração.

Percebe, finalmente, porque não concordo com a designação que adoptou E com a polémica que quis transcrever?