Tau-Tau Para Quem Não Lavar As Mãos!
No Jornal de Notícias de 29/09/06, pode ler-se:
“Os médicos, enfermeiros e auxiliares do Hospital de S. João, no Porto, que não lavem as mãos após actos clínicos susceptíveis de provocar infecções hospitalares vão ser alvo de procedimentos disciplinares. A intenção da Direcção Clínica do hospital foi manifestada aos profissionais numa nota interna, que receberam juntamente com o último recibo de vencimento. "Não inventámos nada, apenas seguimos o que são as normas internacionais para combater a infecção hospitalar", disse o director clínico, António Ferreira.
Aquele responsável reconhece que existe um problema grave no Hospital (os últimos dados disponíveis, de 2005, referiam que os valores eram o dobro da taxa nacional) e "tem que ser resolvido. Daqui a um ano, podem pedir contas, pois a taxa de infecção hospitalar será muito mais baixa".
O director clínico admite que os "profissionais reagiram, mas aconteceu o mesmo com a questão dos medicamentos e hoje todos querem contribuir".
Salientou ainda que o combate à infecção hospitalar passa também pelas obras que estão a realizar no hospital, e por outras medidas que serão anunciadas em breve.”
Se é assim que o senhor director clínico quer combater a infecção hospitalar, está mal.
Primeiro obrigar os médicos a lavar as mãos, sem lavatórios e outros dispositivos apropriados e depois divulgas as outras medidas...
Com métodos paternalistas, inquisitórios e repressivos, nada se consegue.
Os médicos do Hospital de S. João, serão os principais interessados em não transportarem consigo microrganismos pois também poderão passar de hospedeiros a doentes…
O director clínico fez um TPC do Prof. Correia de Campos. "Lavar as maõs" só por si não chega para combater a infecção hospitalar.
Terão responsabilidade os profissionais? Claro que sim.
Os médicos, enfermeiros, auxiliares e outros técnicos têm uma parte da responsabilidade.
E estão conscientes disso.
Mas outras medidas são necessárias e também demasiado importantes para não se divulgarem:
1 – A existência de um plano actualizado para o circuito próprio dos resíduos sólidos (vulgo lixos) hospitalares, a sua não existência, actualização e vigilância do seu cumprimento, potenciam o risco de infecção.
2 - Com doentes “mesmo mesmo” doentes (com tosse, espirros, urinas, fezes, saliva, catéteres, máscaras respiratórias, sangues e por aí fora) nos corredores desde a urgência até ao último piso, ou em enfermarias com distâncias de separação entre eles impróprias, não se combate a infecção.
3 – A partilha dos corredores com camas com doentes e todo o tipo de tráfego de pessoas (doentes, pessoal hospitalar directo, visitas, fornecedores, pessoal de manutenção, administrativos e um sem número de outras pessoas que circulam nos corredores de hospitais) e material, incluindo os lixos hospitalres ajuda a propagar a infecção.
4 – A disponibilização de vestuário descartável pelos médicos e enfermeiras também ajudaria… a combater.
5 – Os marcadores da infecção hospitalar não se pode comparar em termos absolutos entre hospitais com funções e “públicos” diferentes.
6- A forma como publicamente foi divulgada a circular, não é o melhor método de sensibilizar os profissionais, desde o médico até ao maqueiro. Pode-se concluir: lavem as mãos seus porcos e se não o fizerem apanham tau-tau.
16 comentários:
São as metodologias dos gestores nomeados por CC (os outros foram "despedidos" por fax ou telefonema). É esta a sensibilidade, é esta a gestão do quem vier depois que feche a porta, que nós até pusemos um polícia à porta do Bloco!. Porque antes de se exigir é preciso fazer. E isso custa dinheiro, ás vezes pouco, mas pode custar o lugar. Fazer uma casa de banho condigna num determinado serviço, origina a reclamação das mesmas condições por todos os outros. Pois é... Fazer uma circular a exigir que cada acto obtenha o consentimento informado, não custa dinheiro, mas custa talvez o lugar.
(Dr.ª M: atenda-me o telm!!!!!!!!!!!!!!!!)
Cumprimentos.
AS
Hum...isto está a ficar politizado.
AS, se não atende é porque não quer.
Os Enfermeiros e auxiliares acredito que lavem as mãos, agora , os médicos são uns autênticos porcos.
Não concordo com o CC. Acho que porcos são todos aqueles que têm por hábito não se lavar. Quem não tem hábitos de higiene, quem não lava as mãos antes de comer ou depois de usar a sanita, dificilmente as lavará antes ou depois de tratar um doente. Seja enfermeiro, auxiliar ou médico.
Este ministro, a sua equipa do ministério e gestores afins nomeados, deviam ir fazer um pequeno cursinho sobre gestão de qualidade, para aprenderem algumas regras simples sobre o ciclo da implementação de medidas/mudanças em organizações. Talvez o 1º deixasse de dizer tanto disparate cada vez que vê um orgão de comunicação social. E passasse a gerir a sua pasta dentro do seu gabinete e não através dos "mass media".
Pode-se discordar com a forma, o conteúdo é muito importante, e não devia ser susceptível de desvalorização, no âmbito do controlo da infecção hospitalar.
Fosse sempre assim....
AV
O que é que isto tem de peregrino no fundo? Nada.
Há habitos que se podem adquirir em qualquer etapa da vida e por qualquer classe profissional, com claros benefícios para a comunidade.
Para quando, obrigar as equipas do BO a fazerem uma pausa de um máximo de 15 minutos entre intervenções, assegurando, com controlo apertado da assiduidade (anterior planeamento e estratégia), que nenhum dos elementos falta?
"eu"
Já não é a primeira vez que este assunto da taxa elevada de infecções no Hosp. S. João vem à baila. Há um ano atrás a notícia foi a mesma e parece que de lá para cá, a situação não mudou. Por isso, se entende a implementação de medidas tão rígidas. E ainda bem que seja assim. Eu trabalho no HSJ e bem vejo os srs. drs. a almoçar na cantina com as suas batas. Deviam aprender a usar uma "bata social" quando fossem tomar café ou almoçar, ou seja, uma bata para ser usada fora do consultório/laboratório!
Caro Dr,
venho especialmente ao seu blog pedir-lhe para dedicar um post a dissertar a razao pela qual os medicos no S.Joao e (arrisco dizer) um pouco por todos os hospitais vao tomar cafe de bata, e mais ainda vao almocar de estetoscopio, que usam mesmo aqueles que nao fazem clinica. É um fenomeno social unico e incompreensivel visto q nao vejo os professores levarem os livros de ponto nem os mecanicos levarem as ferramentas...so uma questao. Como Microbiolgista deixou-me de cabelos em pe ha dias ver um medico amigo a cozinhar com o fato para procedimentos cirurgicos que trouxera do hospital...isto é infelizmente demasiado frequente, escandaloso, uma questao de saude publica. Por favor, explique-me. Porque do meu ponto de vista, teria suficiente argumentos para escrever um livro...Agradecido,S.P
Caro Dr,
venho especialmente ao seu blog pedir-lhe para dedicar um post a dissertar a razao pela qual os medicos no S.Joao e (arrisco dizer) um pouco por todos os hospitais vao tomar cafe de bata, e mais ainda vao almocar de estetoscopio, que usam mesmo aqueles que nao fazem clinica. É um fenomeno social unico e incompreensivel visto q nao vejo os professores levarem os livros de ponto nem os mecanicos levarem as ferramentas...so uma questao. Como Microbiolgista deixou-me de cabelos em pe ha dias ver um medico amigo a cozinhar com o fato para procedimentos cirurgicos que trouxera do hospital...isto é infelizmente demasiado frequente, escandaloso, uma questao de saude publica. Por favor, explique-me. Porque do meu ponto de vista, teria suficiente argumentos para escrever um livro...Agradecido,S.P
Escreva o livro, SP, escreva!
Eu respondo-lhe.
Os médicos, estão sempre a trabalhar, mesmo quando almoçam, conversam despudoradamente sobre tudo ao café interminável, atendem os DIM's ou falam com a Administração com os dois ouvidos tapados - é por isso que levam o estetoscópio, como adereço !!!!!!!!!!!
Não sabia? ;)
AS
Arrisco-me a dizer que terá sido por isso que a pessoa que por modos, eu e o MEMI conhecemos se recusou a ser vogal executiva de um grande hospital. ... ai o que mudaria.
SA
Mentira!
Os srs.drs. não trabalham sempre. são é uns mártires do trabalho. e mal pagos. ah sim... é vê-los a fugir para a privada sem verem os doentes nem cumprirem os horários, é vê-los a mandar gente do hospital para os seus consultórios ou clínicas. Mas ninguém tem pena deles? devia, devia, devia;);;););)
mas estamos assim, neste mundo incompreendido que fazer?
Os profs, do secundário que são hoje aqueles que não tiveram acesso a mais nada nos anos 80 e 90, mas queriam ser drs não reclamam tanto, a nível de desempenho, quando todos os outros FP - quer dizer, up, os médicos são? - o são?
hihihihidihihihi
Podia ter reproduzido a notícia abaixo, do mesmo dia, do Público:
"A Inspecção-Geral da Saúde (IGS) já tinha alertado para o problema da infecção hospitalar no Hospital de São João, no Porto. Mas, em 2003 e 2004, os anteriores conselhos de administração da maior unidade de saúde nortenha não se terão dado, sequer, ao trabalho de responder aos inquéritos enviados pela IGS sobre esta matéria, apurou o PÚBLICO junto de fonte do Ministério da Saúde.
Na ausência de resposta, a IGS avançou então, em Fevereiro de 2005, com uma inspecção específica sobre este problema naquele hospital, um trabalho que culminou com uma série de recomendações que o último conselho de administração - à frente do hospital desde meados do ano passado - tem estado a pôr em prática. "Este é um problema muito sério, até devido ao fluxo de utilizadores do hospital do Norte, onde se estima que passem por dia cerca de 15 mil pessoas", refere a fonte do ministério, louvando o "grande rigor e exigência" postos em prática pelos actuais dirigentes do hospital no combate à infecção hospitalar.
Como o PÚBLICO ontem revelou, todos os funcionários do hospital estão a receber, em conjunto com o recibo do vencimento, cartas em que são ameaçados com "procedimentos disciplinares", caso não cumpram as regras definidas e que passam sobretudo pela lavagem frequente de mãos e a troca de luvas.
Seja como for, a acção preconizada pela IGS no ano passado era "pedagógica", ainda que passasse também pela realização de auditorias internas. A inspecção recomendava a criação de um programa de vigilância epidemiológico, a separação dos circuitos e a realização de estudos e acções de formação.
Segundo os últimos dados disponíveis (relativos a 2005), o Hospital de São João tem quase o dobro da média nacional da prevalência de infecção hospitalar, entre 16 e 17 por cento, quando a taxa nacional oscila entre nove e 10 por cento. O próprio ministro da Saúde, Correia de Campos, chamou a atenção para este problema, no ano passado, durante uma visita ao hospital do Porto, tendo recomendado aos profissionais de saúde que lavassem as mãos com frequência."
O problema é sério e ao menos há quem proponha soluções.
Sim talvez seja desfazado por ser o último a comentar...
Mas em altura de taxas sobre o internamento e cirurgias, porque não se terá lembrado ainda o Sr.CC a lançar taxas de punição sobre os médicos, enfermeiros e auxiliares de acção médica que não lavem as mãos?
Sempre daria alguma ajuda no orçamento...
Só espero que ele não veja este comentário...
Quem sabe não seja mesmo o que vai acontecer!
As penas a aplicar, podem, exactamente, consistir em multa.
Enviar um comentário