Maria de Belém: O Exemplo Deve Vir De Cima.
Não me vou alongar muito.
Maria de Belém tem qualidades, espero que o BES a tenha escolhido por esse motivo e não por outros, mas, para a mulher de César...
Mas, a filosofia do legislador não se aplica também ao que se está a passar com a ex-ministra, actual deputada e presidente da Comissão Parlamentar de Saúde?
O Despacho nº 289/06, de Correia de Campos:
1- O exercício efectivo de funções de coordenação e direcção, independentemente da sua natureza e forma jurídica, em instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde, por profissionais pertencentes a instituições integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sujeitos, ou não, ao regime da administração pública, deve ser sempre considerado incompatível.
2- Devem os conselhos de administração das ARS e instituições integradas no SNS proceder em conformidade e, em caso de dúvida, solicitar esclarecimentos à Secretaria-Geral do Ministério da Saúde.
3- Os órgãos referidos no número antecedente procedem à avaliação das situações actuais uniformizando-as com o presente despacho.
A notícia do Tempo Medicina de 18 de 12 de 2006:
No despacho assinado por Correia de Campos, a que o «TM» teve acesso, justifica-se o impedimento com a necessidade de salvaguardar o interesse público.
«O exercício de funções dirigentes em entidades privadas prestadoras de cuidados de saúde, por profissionais de instituições integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), independentemente da sua natureza jurídica, é passível de comprometer a isenção e imparcialidade com o consequente risco de prejuízo efectivo para o interesse público», pode ler-se.
Mais à frente, determina-se que «o exercício efectivo de funções de coordenação e direcção, independentemente da sua natureza e forma jurídica, em instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde, por profissionais pertencentes a instituições integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sujeitos, ou não, ao regime da administração pública, deve ser sempre considerado incompatível».
A opinião do bastonário:
«É um suicídio, em termos de SNS, dizer aos médicos que se querem trabalhar no privado não podem trabalhar no público. Ao obrigar os médicos a optar entre o público e o privado, arriscamo-nos, num momento em há muita falta de médicos, a descapitalizar o serviço público e a fazer retornar a Medicina portuguesa ao tempo em que havia os hospitais públicos para os pobres e os hospitais privados para os ricos», no Tempo Medicina.
A notícia do SOL de 15 de 12 de 2006:
O Sol anuncia o que já se sabia: Maria de Belém, deputada socialista e ex-ministra da Saúde, é avençada do Grupo Espírito Santo, para a área dos cuidados continuados. E não só para esse banco, mas para outros.
A interrogação:
Legalmente é compatível. Não discuto.
A independência dos deputados?
Os lucros acintosos da Banca?
O Capital ainda não está satisfeito com os milhões?
Com o aumento da esperança de vida, os cuidados continuados vão ser uma actividade lucrativa.
Já foram misericórdias para indigentes,
já foram asilos para pobres,
lares para a terceira idade
e agora cuidados continuados supostamente para todos e suportados pelo Estado.
Por isso os bancos já se preparam para o ataque.
Quem tem dinheiro, tem Saúde e bem-estar, quem não tem, continua a ter Saúde, mas com listas de espera, médicos estrangeiros de qualidade duvidosa, instalações degradadas, desumanização, será a "gadização" da medicina...
Afinal alonguei-me. Não gosto de bancos. São os predadores da raça humana.
Como cliente, cumpro os meus compromissos...
3 comentários:
Que dizer?
Não digo mais nada porque está tudo dito.
E porque considero tudo dito, nem lhe vou pedir autorização para "repicar" este seu post.
Isto porque o assumo como meu também.
Um abraço e Boas Festas
"Médico Explica"
A correcção devida está feita. As minhas desculpas, pela distracção.
Disse algures :), citando Ramos Rosa, e a propósito de Maria de Belém, que, a claridade apaga a claridade.
Mas deixe-me acrescentar quanto à actividade bancária, o seguinte:
- o nosso ilusório nível de vida só aumentou por causa dos serviços que "oferecem";
- Nós nem temos consciência do preço que pagamos por tal ilusão.
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