quarta-feira, outubro 01, 2003

Uma Opinião Educadíssima a Defender o Ponto de Vista das Farmácias

"Boa noite,

Permita-me corrigi-lo ou acrescentar algo ao que escreveu no seu Blog acerca das farmácias:

"...Trespassam-se farmácias por centenas de milhares de contos..."
É um facto, assim como muitas se trespassam por poucas dezenas de milhares: tudo depende de uma análise financeira escorreita - qualquer negócio (farmácias, consultórios médicos, laboratórios, stands de automóveis, etc.) vale os retornos líquidos futuros expectáveis, actualizados a uma taxa de risco adequada.

"...Só Portugal é que protege este negócios, contrariando a livre concorrência que defende para todas as outras actividades económicas..."
Não é verdade - a legislação dos países europeus é semelhante à portuguesa, quando não mais protectora (maiores margens de comercialização, maiores capitações, etc.). Até o país mais liberal, o Reino Unido, vetou recentemente uma maior liberalização das Farmácias, com o argumento de que tal é prejudicial ao povo inglês - de facto, o país do mundo com legislação mais aberta, os EUA, é aquele que tem os medicamentos mais caros do mundo (já depois da correcção com a paridade do poder de compra). Isto é sempre verdade em qualquer negócio: depois de um período de competição feroz, ganha o mais forte (leia-se "o que tem os bolsos mais fundos") que depois faz valer a sua posição de monopolista e volta a subir os preços, ficando o consumidor pior do que inicialmente.
E já agora: "...todas as outras actividades económicas..." também não é verdade - se, por exemplo, o Sr. Dr. quiser abrir um hipermercado não poderá fazê-lo, pois não há alvarás para concessão.

O sector das Farmácias é o único da área da saúde que está em mãos 100% portuguesas; cuja posse é totalmente atomizada (existindo 2500 farmácias, existem, pelo menos, 2500 proprietários - nenhum farmacêutico pode ter quotas em mais que uma farmácia); e que cobre eficazmente todo o território nacional.

Fala-lhe daqui um Engenheiro Mecânico, filho de farmacêutica, que tem alguns conhecimentos sobre o sector (sector este que goza de excelente imagem junto do consumidor final)- só lhe peço que não tome a árvore pela floresta, pois todas actividades económicas têm casos extraordinários que podem perverter um debate sério sobre as temáticas em questão.

Cumprimentos,
Rui M.
"

Continuo em profunda reflexão bloguística!

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