domingo, fevereiro 13, 2005

O Filho Da Doente Que Caiu Da Janela

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Não seria muito mais elucidativo jornalisticamente falando, publicar a foto da vítima, a inditosa senhora idosa?
Que interessa aos leitores saber quem é o filho da idosa? Só lhe intereressa mesmo a ele, para mostrar aos amigos e netos: "Tás a ver, sou famoso! Tou bonito!"

O Correio da Manhã continua a ser o recordista da perfídia.
O jornalista que assina a notícia (Carlos Jorge Monteiro) não tem culpa. Ele sabe o que o jornal quer.

O título é: "Insegurança: Unidade de Cantanhede não tem janelas trancadas"

Era suposto tê-las trancadas? Claro que não.
Não sendo um hospital psiquiátrico, também não é uma prisão, embora para muitos familiares, era bom que os hospitais fossem transformados em prisões e "depósitos de idosos que só atrapalham...."

A seguir lá vem o habitual segundo parágrafo: "O filho da doente afirma que vai processar o Hospital de Cantanhede, alegando falta de segurança"

A verdade vem ao de cima: "Embora a Lei não preveja a obrigatoriedade geral de trancar as janelas, ..."

Depois vem a imaginação empírica e direccionada sempre contra os técnicos: Apesar de desconhecer as circunstâncias da queda, que ainda não foram apuradas, o filho de Balbina Martinho admite que ela “possa ter-se atirado”, justificando a atitude com “uma alteração de comportamento provocada por um medicamento forte que andava a tomar e que tem efeitos secundários [incluindo alterações comportamentais]”.

"... ido à casa de banho, na companhia de uma auxiliar médica – que ficou à porta –, subido à sanita e caído."

E porque ninguém pensa em suicídio?
Porque pensar em suicídio é pensar em falta de afecto para com os idosos. Mas é óbvio que se uma doente se atira de uma janela, é um caso de suicídio, até prova em contrário!

Um dos primeiros doentes que acompanhei no Internato Geral, num hospital de Lisboa, suicidou-se, atirando-se de uma janela. Tinha uma doença crónica e incurável.

Volto a repetir, os hospitais não são prisões, embora na sua génese histórica, estivesse precisamente o "esconder e isolar" oa doentes da comunidade.

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