sexta-feira, abril 10, 2009

Direito De Resposta de Manuel Reis.

Caro senhor,

Lamento profundamente os comentários que fez em http://medicoexplicamedicinaaintelectuais.blogspot.com/2009/03/pais-negligentes-ou-pouco-informados-ou.html

.

Esses comentários, relacionados com o atraso no atendimento ao meu filho na urgência pediátrica do Hospital São João, são o exemplo eloquente daqueles que gostam de falar sem conhecerem a realidade.

O problema do meu filho foi parar aos jornais porque se fosse parar ao livro de reclamações cairia em saco roto... No entanto, o senhor é demasiado leviano ao chamar maldoso ao jornalista e ao insinuar que a notícia até poderia ter sido comprada... Deplorável! Veja lá se o jornalista não se lembra de lhe meter com um processo em cima.

O senhor diz que pretende explicar medicina a intelectuais, mas o senhor não é intelectual, caso contrário estava caladinho, pois primeiro tentava conhecer o que se passou.

O senhor diz que identifica as mentiras na notícia. O Senhor até parece um bruxo. Coitados dos seus pacientes!

O senhor apresenta-se como médico, e acha-se o supra-sumo... Já agora, quem é que o procurou para escrever disparates?

O senhor nem conhece o percurso entre Vila Verde e Porto, caso contrário não falava no hospital de Barcelos.

O meu filho veio directo para o S. João, porque um profissional de saúde no local do atropelamento assim nos sugeriu. Os problemas na urgência do hospital São Marcos (Braga) são maiores do que os do São João, por isso resolvemos não parar lá.

O que está escrito na notícia é tudo verdade e o que me é imputado foi fielmente transcrito pelo jornalista.

Eu recorri-me dos meios de comunicação social para expor o problema, mas outros pais recorreram-se do livro de reclamações, que no meu ponto de vista é menos eficaz.

Outras crianças com problemas igualmente graves esperaram horas na urgência, tendo esperado tanto ou mais do que o meu filho para serem vistos pela primeira vez por um médico.

O problema não é dos médicos. O problema é da gestão ou do ministério da saúde que não disponibiliza médicos para a urgência em número suficiente. Depois de se passar a urgência, mais no interior do hospital, as coisas já funcionam relativamente bem.

O meu filho esperou mais de quatro horas para ser visto pela primeira vez por um médico, depois de muito sofrimento, quer dele quer dos pais, porque as triagens deveriam ser realizadas por médicos e não por enfermeiros, de forma que pudessem prescrever logo os exames que qualquer cidadão sabe que são necessários efectuar. No caso do meu filho, raios-X e tac à cabeça.

Para terminar, deixe-me dizer-lhe que todos os vermelhos colocados sobre a notícia são, efectivamente, mentiras, mas suas! Espero que o senhor não tenha de passar quase 5h numa urgência, com a uma perna partida (sem gesso) e cabeça amassada, para o senhor perceber que não se brinca com problemas de saúde (sérios!) dos outros nem se chama incompetente, mentiroso e mal intencionado a um jornalista, sem qualquer razão.

Fique bem.

Manuel Reis.

PS: Segue com CC para o jornalista Pedro Sales Dias

13 comentários:

Anónimo disse...

"Os problemas na urgência do hospital São Marcos (Braga) são maiores do que os do São João, por isso resolvemos não parar lá."

Bora lá todos para a porta do S.João... e quando lá chegarmos queremos ser atendidos todos no mesmo minuto!! Mesmo que não sejamos da área e tenhamos mais hospitais bem mais perto! mas eu quero o S. João e tenho direito ao S. joão, e eu é que mando porque sou cidadão e pago impostos e pago os salários dos médicos!!! E se não me atendem em 5 minutos chamo a TVI e vou para os jornais. E quero ser atendido e fazer um Rx e um TACo à cabeça e tudo mais a que tenho direito!! Porque eu estou doentinho e que é que mando!

E assim vai a nossa Saúde!...

NA disse...

Basta ler os comentários a alguns posts deste blog, para saber que se há pessoa que critica os médicos sou eu, mas... Não raras vezes, os doentes também não têm razão. Os familiares, neste caso.
Então a criança estava assim tão grave e não se aguarda a chegada do INEM? Mas, e eu não sou médico, parece-me do senso comum que se deveria aguardar a chegada do INEM. Mais, acho que num hospital central como o S. João, os médicos hão-de ter coisas "melhores" para fazer do que pernas partidas... É que há emergências que, essas sim, têm de ser tratadas imediatamente e num hospital com valências como terá o S. João e não se pode dar prioridade a um caso que, obviamente é menor em gravidade. E quanto a dores, também já parti ossos, também já esperei muitas horas em hospitais com ossos partidos. Mói, mas não mata. E há casos que estão a matar, atendam-se a esses primeiro. NA

Manuel disse...

Sobre o primeiro comentário, mais um caramelo (a) que tem a mania de falar sem conhecer a realidade. O atropelamento foi em Vila Verde, mas nós residimos em Rio Tinto, a dois Kms do Hospital São João.

Também estava bem caladinho(a) ou a fazer crochet...

Unknown disse...

Para o sr. Manuel Reis:

Se acha tão importante a sua área de residência então sugiro que se alguma vez estiver de férias no Algarve, e se tiver necessidade de recorrer a 1 serviço de urgência, venha de lá para o S. João!!! Pode ser que quando chegar, o problema já se tenha resolvido.

Reitero a opinião do bloguista, que considera que, a haver notícia neste caso do atropelamento, é a negligência cometida pelos pais. (à luz do que me é dado a conhecer pelo que li)

Anónimo disse...

Oh Migbra, deixe de ter a mania de que é mais inteligente do que os outros...

Acha normal num país que se diz desenvolvido, alguém com uma perna partida estar cerca de 5h numa urgência para ser observado por um médico?

Provavelmente o senhor está habituado a morar em Angola, Moçambique ou países ainda menos desenvolvidos, caso contrário teria vergonha naquilo que vai dizendo por aqui.

Meta-se na sua vida!...

Anónimo disse...

"O meu filho esperou mais de quatro horas para ser visto pela primeira vez por um médico, depois de muito sofrimento, quer dele quer dos pais, porque as triagens deveriam ser realizadas por médicos e não por enfermeiros, de forma que pudessem prescrever logo os exames que qualquer cidadão sabe que são necessários efectuar. No caso do meu filho, raios-X e tac à cabeça"


Em relação ao que citou de serem médicos e não enfermeiros, na triagem, desculpe, mas tenho de discordar, como o sr refere "...qualquer cidadão sabe que são necessários efectuar. No caso do meu filho, raios-X e tac à cabeça", o enfermeiro também sabe tem conhecimentos, a solução não será colocar médicos na triagem mas sim optimizar o trabalho dos enfermeiros, isto é, ser possivel o enfermeiro pedir esses exames, pois os médicos têm imensas situações urgentes e emergentes, e não podem ser omnipresentes..... O livro de reclamações não serve apenas para reclamar, mas sim para fazer sugestões.....

Em relação á sua deslocação não posso por em causa, pois só quem é pai e passa por uma situação como a sua deve ser terrivel, no entanto deveria ter chamado o inem, felizmente teve um final feliz....

As melhoras para o seu filho.

Cumps.

Anónimo disse...

E afinal, a perna estava mesmo partida???

Anónimo disse...

O Anónimo desconta para pagarem o salário dos Médicos... e eu Médico desconto para o CARALH....

Anónimo disse...

E tu, médico, descontas, mas queres que os teus filhos recebam boa formação. Então tu e o teu hospital tentem tratar os doentes como se fossem vossos alunos. Não fazem mais do que a vossa obrigação.

Para mim não descontas nada. Não sou funcionário público como tu. Trabalha no público como fazes no privado, onde produzes mais em 2h neste último do que em 8h no primeiro.

Anónimo disse...

Não percebo a excitação toda sobre estes factos.

1) Obviamente que a criança deveria ter sido encaminhada pelo INEM;

2) Obviamente que, dada a aflição do progenitor, percebe-se que o tenha levado em pânico para um Hospital, mas que deveria ter ficado logo em Braga, até pelo mesmo "pânico" (que fica a 10' de Vila Verde, ao contrário do H.S.João, que fica a uns bons 45' de distância, e a andar depressa);

3) Obviamente que, numa situação de Urgência, vai-se ao Hospital mais próximo com condições para atender o caso (como é o de Braga), e não ao Hospital da área de residência;

4) Obviamente que, existindo uma triagem (boa ou má), os doentes devem ser vistos por ordem, e nunca algum triado como estando "menos mal" passar à frente dos que foram triados "menos bem"; isso sim, seria eticamente duvidoso;

5) Obviamente que qualquer um pode saber que exames se podem pedir numa determinada situação clínica; basta ler, a informação está disponível; obviamente que o pai, apesar do tempo decorrido, não se deu ao trabalho de ver as indicações da TAC CE;

6) Obviamente que se deve escrever no livro de reclamações; obviamente que se pode denunciar o caso à comunicação social, de preferência depois de bem digerida a situação, para evitar a série de trapalhadas que surgem depois nos relatos, como este caso bem ilustra;

7) Obviamente que o pai sabe qual é o tratamento diferenciado efectuado a uma "fractura do perónio";

8) Obviamente que a analgesia atempada nos Serviços de Urgência ainda tem muito para evoluir em Portugal;

9) Obviamente que a culpa é dos médicos "que nem viram o filho em 5 horas", e não do "ministério da saúde" que só lá pôs 2 a trabalhar naquela noite, obrigando ao tempo de espera que ele descreve; Estariam a dormir? A jogar às copas? Ou estavam, pasme-se, a trabalhar com essa pressão de doentes à espera às tantas da noite?

10) Obviamente que o Pai teve uma atitude sem mácula, denunciando o caso à saciedade pelos métodos que ele escolheu, não merecendo de todo qualquer crítica por parte da mesma saciedade com a qual decidiu partilhar toda a situação;

11) Obviamente que eu, como qualquer médico crítico, tenho uma mente desviada pelo corporativismo universal da classe, e apenas acabei de discorrer o monte de patetices que já se esperava de uma criatura dessas.

O "Placebo"

Anónimo disse...

Passem por uma situação como esse pai viveu com o seu filho e depois comentem.

Anónimo disse...

«Não percebo a excitação toda sobre estes factos.»

Obviamente que também eu (não sendo médica, mas docente) estou de acordo com o autor do post e com o anónimo cujo excerto transcrevi acima. Também não percebo como um docente age desta forma, quando em qualquer escola, aquando de um qualquer acidente grave (quedas; atropelamentos, etc...) com crianças/jovens, a norma é chamar de imediato o INEM ou Bombeiros. Ninguém pode pegar numa criança e por moto próprio levá-la a um qualquer hospital.

Fica bem evidente nestes comentários como faz falta a tolerância e o bom senso na nossa sociedade. Se há problemas, porque os há e muitos (em centros de saúde/hospitais, nas escolas, nos tribunais, nas esquadras, nas câmaras e tantas outras instituições nacionais) é à comunidade política que se devem colocar. Não percebo porque se teima em acusar profissionais só porque são.
Porque não exigimos da comunidade política aquilo a que temos direito?
Porque continuamente nos deixamos dividir?
Já repararam que o objectivo tem sido sempre - dividir para reinar?

É cansativo, para não qualificar de deprimente, ver/ler diariamente acusações entre cidadãos/profissionais que mais não fazem do que cumprir regras, ordens superiores e que na maior parte das vezes, desenvolvem enormes esforços apesar dos imensos obstáculos com que se defrontam!

É verdadeiramente lamentável o individualismo que grassa neste país. Enfim, seríamos tão mais felizes e completos se prestássemos mais atenção aos outros.

Bom fds! :)

Anónimo disse...

UM MENTIROSO É UM CHULO E O QUE ES ...