quarta-feira, dezembro 10, 2003

A Pedido do Lápis de Cor

Este simpático blog lá para os lados das terras dos poveiros e vileiros (Póvoa de Varzim e Vila do Conde, respectivamente) questiona-me por e-mail e também no seu blog, sobre o porquê dos silêncios sobre uma notícia do Público. No seu bilhete dá algumas respostas. Concordo com algumas.

Mas tenho um princípio com muitos anos: todas as notícias em jornais generalistas, que envolvam laboratórios de indústria farmacêutica ou simplesmente medicamentos, em geral trazem água no bico.

Isto é, as grandes multinacionais da indústria farmacêutica não procuram assediar só os pobrezitos dos médicos portugueses. Não é o que se vende em Portugal que dá lucro às multinacionais. Quero com isto dizer que os investimentos das multinacionais dos medicamentos são investimentos globais. Mais vale uma frase ou uma notíica cirurgicamente divulgada pelos órgãos da comunicação mundial, do que comprar o médico prescritor ou a farmácia vendedora.

Por isso, para mim, todas estas notícias têm sempre um objectivo oculto, que poderá ser como bem disse o Lápis de Cor a preparação para uma qualquer nova notícia ou divulgação de novos produtos.

Não tenho dúvidas que o futuro está na genética. Estará nos medicamentos que para lá se dirijam. A biotecnologia, a engenharia genética ou outras técnicas semelhantes vão ao encontro do que é dito no blog do lápis: "as declaracoes do vice-presidente da divisao de genetica da GlaxoSmithKline devem ser lidas com incentivo e alento ao desenvolvimento de novas tecnicas de “drug-delivery” com taxas de eficiencia superiores as actuais", .

Que muitos medicamentos não têm o efeito dejesado, já nós, médicos, o sabemos no nosso trabalho diário, caso contrário não morreria ninguém com enfartes, infecções, etc (embora para muita gente, televisões na cabeça do pelotão, o médico e o medicamento têm que curar tudo, da mesma forma inversa, que o tabaco e outros produtos nunca fazem mal).

Confiram a 12ª Model List of Essential Medicines da OMS e se houver coragem política e económivca, apenas se comparticipariam os medicamentos que constassem dessa lista, que é constantemente actualizada.

Mas como é óbvio, se o universo de medicamentos disponíveis se reduzisse assim tanto, quem perderia? Os médicos? As farmácias? Os laboratórios? Pensem e meditem!

Quem lucraria, sei eu: Portugal e os portugueses.

E eu que pago impostos!

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