sábado, outubro 09, 2004

Vioxx: Um Caso de Azinojornalismo, Ou Talvez Não

A retirada do VIOXX do mercado é um escândalo!


Qual a razão porque uma empresa como a Merck retira só agora um fármaco do qual se suspeitava há muito que não era tão inócuo como se afirmava e nem era mais eficaz que os anteriores AINES.

Apenas uma diferença em relação aos AINES tradicionais: menos agressivo para o estômago, em linguagem de leigo para que se compreenda.

Mas porquê retirar só agora e de repente, sem ninguém publicamente se ter queixado previamente, sem nenhum advogado, mesmo norte-americano se ter queixado, sem a TVI ter feito qualquer reportagem com um elemento do povo referindo que morreu depois de ter ingerido o VIOXX. Porquê?

O VIOXX foi muito bem promovido. Foi um êxito de mercado. A Merck ganhou milhões e mais milhões iria ganhar. Foram mais de 2,5 biliões de dólares.
Será um dos maiores escândalos da história do medicamento a nível mundial, da história das multinacionais e da sua seriedade perante a classe médica e os doentes. Porquê só agora?
E porquê o silêncio dos media e dos jornalistas, tão lestos a denunciar médicos e instituições públicas por dá cá aquela palha, por dez reis de mel coado, por reportagens que nem valem um caracol, e agora que poderiam desafiar uma multinacional, fazer investigações sérias. Nada.

Eu que ainda sou independente (talvez por isso me mantenha anónimo), que não sofro pressões, nem tenho negócios com o Estado, proponho aos senhores jornalistas que investiguem. Poderão ganhar um prémio Pulitzer!
O maior embuste do Mundo da Saúde, passa por vocês, jornalistas e nada dizem?
Como se silenciou a nível mundial rapidamente este problema. Até parece que os media fizeram um favor à multinacional Merck avisando a população mundial, mesmo antes dos médicos, da retirada do mercado.

Porque não foram utilizadas as vias científicas para o fazer? Porque não deixaram apenas de produzir e esgotar o stock? Porquê esta rapidez?
Outros laboratórios com medicamentos da mesma classe estão apreensivos. A própria Merck já tem um outro coxib comercializado e que mais tarde ou mais cedo também será retirado.

Um conselho: não utilizem coxibes, pelo menos para já!

Leiam jornais científicos como o New England Journal of Medicine (e as acusações que faz!) ou a revista Prescribe. Jornais à partida não dependentes dos anúncios dos laboratórios.

Algumas dicas para os senhores jornalistas:
Há quanto tempo se suspeitava dos riscos cardiovasculares?

Quantas pessoas faleceram devido ao Vioxx?

Quem se calou?

Quem conluiou?

Qual o papel do INFARMED?

Quem nos defende das poderosas multinacionais?

Há laboratórios éticos?

Os profissionais médicos podem confiar nas multinacionais do medicamento?

Se as autoridades reguladoras que já sabiam e sabem dos riscos do grupo dos coxibes, porque não actuaram?

É verdade que a "democracia" nos EUA é melhor que a nossa e já está a pedir intervenção dos políticos?

Não perceberam (vocês jornalistas!) que os vossos patrões se calaram no dia seguinte?

Eu não prescreverei mais coxibes.

Prontooooooooosssssss.

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