terça-feira, fevereiro 15, 2005

Os Médicos Não São Carcereiros...

De um longo e-mail que o colega Alfredo Vieira enviou, respigo os dois últimos parágrafos:

"Quanto à queixa do senhor do artigo, era o que faltava que uma pessoa não se pudesse atirar de uma janela de uma instituição hospitalar. Ou sair quando quisesse. Ou recusar tratamento. Mas devem ser as emoções a falar, inconformadas pela perda de um ente querido.

Já que não acredito que, uma vez internado o próprio numa instituição hospitalar (não psiquiátrica), ele aceitasse que o obrigassem a tratar-se, a ficar coercivamente internado, a ser vigiado entre grades como um presidiário até nos momentos mais íntimos da sua higiene, etc.... Dê-se por isso o desconto à inconsciência secundária à dor natural do luto.
Claro que com o jornalista "abutre", é outra conversa, mas... adiante."


"Em suma:
o Hospital não é uma prisão;
os funcionários de um hospital não são carcereiros;
ninguém é obrigado a submeter-se a um tratamento;
ninguém é obrigado a submeter-se a um internamento;
o Hospital não é um lar;
o melhor sítio para se morrer é, sempre, junto dos seus.

A morte é uma inevitabilidade comum a todos nós, e só devíamos ter esperança em ser tratados pelos nossos filhos da forma que tratamos os nossos pais; a mais, obviamente, eles não estarão moralmente obrigados, e seria por isso sensato transmitir um bom exemplo. A questão é: e tu, onde, e com quem gostarias de estar aquando da tua última agonia?

Obrigado pelo serviço público continuado."

Sem comentários: