Conversas de doentes
(Este post estava em draft no Blogger desde 13 de Outubro. Chegou a hora de ver a luz do dia!)
Os doentes são os primeiros a criticar os médicos pelos seus erros. E ainda bem,
mostram espírito crítico, excluindo o aproveitamento dos media e os minutos de glória que proporcionam, a verborreia que debitam e o ódio que destilam.
Mas não aceito as críticas de associações de doentes quando são feitas de forma superficial e leviana e muitas vezes com objectivos ocultos, pois muitas associações de doentes estão enfeudadas à indústria farmacêutica (sim, não são só alguns médicos. Também há doentes a receber da indústria. Era mais uma boa investigação jornalística...) ou a lobies médicos (que também os há!).
Regra geral as críticas são dirigidas ao elo mais fraco da cadeia assistencial: os médicos que labutam nos cuidados primários e que tanto geram ódio, como amor.
Tanto se lê nos jornais que "não percebem nada do assunto", como se lê que se fazem manifestações para impedir a sua retirada de um determinado local.
Isto vem a propósito de umas críticas já antigas de uma associação de doentes diabéticos (Não a APDP!) que se insurgia contra o tratamento dos diabéticos nos centros de saúde ou qualquer idiotice semelhante.
Estas conversas ouvi na sala de espera, hoje:
Uma: Ah! Esqueci-me da levar a insulina.
Outra: Hoje tenho 400, ainda bem, quanto mais alto melhor!
Outro: Remédios, quantos menos melhor! Quero é para o cérebro!
Ainda outra: Andar? Que andem eles!
Isto reflecte a iliteracia dos doentes portugueses.
Essas associações poderiam investir no ensino directo com os seus doentes, poderiam investir em reuniões no Portugal profundo, em vez de se reunirem em hotéis, em vez de organizar grandes campanhas de publicidade que muitas vezes têm como objectivo apenas o consumo de medicamentos...
______________________________________________________
Ontem foi um dia qualquer ligado à diabetes. Pela notícia da SIC deveria ser o dia dos Adolescentes Diabéticos Que Praticam Equitação.
Após 12 horas dominicais de trabalho, nada melhor que ligar a TV e ouvir as notícias fresquinhas: e ouvi, mais doenças, doenças, doenças, doentes, queixas.
Preferi ver os golos do Sporting, não sem antes ter ouvido a SIC a falar dos tais doentes diabéticos tipo 1, que são pouquíssimos quando se fala de epidemia da diabetes, pois é uma referência à diabetes tipo 2.
Mas dizia a jornalista do alto do seu saber: vejam lá como os médicos são uns incompetentes, atém proibiram esta jovem diabética de fazer hipismo, (palavras minhas). Jovem da classe alta, com uma mãe toda loiroca, com as mãos calejadas pelo trabalho de agarrrar as rédeas de um lindo cavalo, com o hipódromo ao fundo.
Mais um golo do Sporting...
Os doentes são os primeiros a criticar os médicos pelos seus erros. E ainda bem,
mostram espírito crítico, excluindo o aproveitamento dos media e os minutos de glória que proporcionam, a verborreia que debitam e o ódio que destilam.
Mas não aceito as críticas de associações de doentes quando são feitas de forma superficial e leviana e muitas vezes com objectivos ocultos, pois muitas associações de doentes estão enfeudadas à indústria farmacêutica (sim, não são só alguns médicos. Também há doentes a receber da indústria. Era mais uma boa investigação jornalística...) ou a lobies médicos (que também os há!).
Regra geral as críticas são dirigidas ao elo mais fraco da cadeia assistencial: os médicos que labutam nos cuidados primários e que tanto geram ódio, como amor.
Tanto se lê nos jornais que "não percebem nada do assunto", como se lê que se fazem manifestações para impedir a sua retirada de um determinado local.
Isto vem a propósito de umas críticas já antigas de uma associação de doentes diabéticos (Não a APDP!) que se insurgia contra o tratamento dos diabéticos nos centros de saúde ou qualquer idiotice semelhante.
Estas conversas ouvi na sala de espera, hoje:
Uma: Ah! Esqueci-me da levar a insulina.
Outra: Hoje tenho 400, ainda bem, quanto mais alto melhor!
Outro: Remédios, quantos menos melhor! Quero é para o cérebro!
Ainda outra: Andar? Que andem eles!
Isto reflecte a iliteracia dos doentes portugueses.
Essas associações poderiam investir no ensino directo com os seus doentes, poderiam investir em reuniões no Portugal profundo, em vez de se reunirem em hotéis, em vez de organizar grandes campanhas de publicidade que muitas vezes têm como objectivo apenas o consumo de medicamentos...
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Ontem foi um dia qualquer ligado à diabetes. Pela notícia da SIC deveria ser o dia dos Adolescentes Diabéticos Que Praticam Equitação.
Após 12 horas dominicais de trabalho, nada melhor que ligar a TV e ouvir as notícias fresquinhas: e ouvi, mais doenças, doenças, doenças, doentes, queixas.
Preferi ver os golos do Sporting, não sem antes ter ouvido a SIC a falar dos tais doentes diabéticos tipo 1, que são pouquíssimos quando se fala de epidemia da diabetes, pois é uma referência à diabetes tipo 2.
Mas dizia a jornalista do alto do seu saber: vejam lá como os médicos são uns incompetentes, atém proibiram esta jovem diabética de fazer hipismo, (palavras minhas). Jovem da classe alta, com uma mãe toda loiroca, com as mãos calejadas pelo trabalho de agarrrar as rédeas de um lindo cavalo, com o hipódromo ao fundo.
Mais um golo do Sporting...
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