domingo, novembro 07, 2004

Particularmente sensibilisado

Poderia listar as dezenas de e-mails e dos seus correspondendes emissores que me sensibilizaram com a sua preocupação quanto ao estado de saúde de quem não conhecem.

É engraçado. Desejarem melhoras a uma figura anónima desta interessante atmosfera, difícil de definir.

Eu sou anónimo. E quero continuar a sê-lo.
Isto é, não sou ninguém para quem me lê. Mas eu sei quem sou.

Como sei quem sou, é interessante receber e-mails do João, do Armando, da Catarina, da Isabel, do Joaquim, do Al, do Manuel, do Mário, do Alexandre, do Marco, da Carla, do Francisco e de muitos outros, anónimos e não anónimos.

Mas posso confirmar que não estive doente, mas senti-me doente. E quando um médico se sente doente tem muitas doenças por onde escolher. O catálogo é inesgotável.

Deve ser o doente mais chato para os outros médicos.

Lá tive que me sujeitar a acareações, intervenções, manipulações e outras investigações e o raio dos médicos não me encontraram nada.

Fica aqui escrito: se daqui a 5 anos tiver um cancro qualquer, solicitarei uma indmenização por má prática clínica.

Com tantas queixas que eu tinha, com tantos tubos que me introduziram, com tantos exames que me obrigaram a fazer, não encontraram nada. Nada que eu pudesse vender à TVI.

Mas senti-me na obrigação de convalescer!
Ninguém acreditou em mim: eu estava doente!
Como me augurava uma leitora: "deram-me uma palmadinha nas costas e disseram que não era nada."

Até acredito.
A mente por vezes não acompanha o corpo.
E a minha mente, depois de tanta desgraça observar, depois de tanta injustiça acompanhar, depois de tanto cadáver espiar e de tanta vida socorrer, depois de tanta vida ver desaparecer, depois de tanta morte tentar impedir, faliu. A minha mente faliu, fraquejou, ressentiu-se. Foi-se...

Só espero depois de tanto procurar uma doença sentida, não venha a morrer na estrada, como ainda hoje um cadáver me passou pelas mãos... Paz na Estrada! Bolas. Vou adoecer outra vez!

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