quinta-feira, outubro 23, 2008

Baixa da única médica deixa aldeia alentejana de Albernoa sem cuidados médicos



23.10.2008 - 15h09 Público
"Os quase 900 habitantes de Albernoa, concelho de Beja, estão sem cuidados médicos na aldeia há quase dois meses, porque a única médica do posto de saúde está de baixa, disse hoje fonte autárquica.Após "uma presença irregular este ano, devido a várias baixas", a médica de família do posto de saúde "entrou de férias no início de Setembro e depois meteu baixa por doença", explicou a presidente da Junta de Freguesia de Albernoa, Sandra Margarida. Desde aquela data, "só têm sido prestados cuidados de enfermagem" no posto de saúde de Albernoa e os utentes, em caso de necessidade de cuidados médicos, "têm que se deslocar ao Centro de Saúde de Beja, a 20 quilómetros", lamentou a autarca. Devido ao "imprevisível" regresso ao serviço da médica de baixa e por "indisponibilidade de destacar um médico substituto para dar consultas em Albernoa", a direcção do Centro de Saúde de Beja "disponibilizou consultas diárias para os utentes" nesta unidade e "reforçou os cuidados de enfermagem" no posto de saúde da aldeia, disse Sandra Margarida. "Mas são alternativas que não resolvem as necessidades da população", lamentou, argumentando que os transportes públicos para Beja "são escassos" e "a maioria dos utentes", idosos, "tem dificuldades financeiras e de mobilidade para se deslocar a Beja". "É mais fácil deslocar um médico para dar consultas duas ou três vezes por semana em Albernoa do que obrigar vários utentes, a maioria idosos, a deslocarem-se a Beja", salientou. Grupo de habitantes organiza abaixo-assinado para entregar ao Centro de Saúde de BejaPor outro lado, "os cuidados de enfermagem são importantes, mas não substituem os cuidados de um médico". "A população não aceita as alternativas propostas pela direcção do Centro de Saúde de Beja e exige uma assistência médica em condições compatíveis com a realidade da aldeia", vincou Sandra Margarida. Segundo a autarca, a Junta de Freguesia de Albernoa já pediu uma reunião à direcção do Centro de Saúde de Beja para entregar um abaixo-assinado que, por "iniciativa de um grupo de habitantes", está a circular na aldeia para "reclamar um médico que assegure os cuidados médicos à população no posto de saúde" local. A Lusa contactou hoje o Centro de Saúde de Beja, mas os serviços informaram que as duas médicas responsáveis pela direcção estavam ausentes."






Aqui temos a realidade do meio rural interior, falta de acessibilidades, serviços básicos, enfim um sem nº de coisas.

Por enquanto ainda vai havendo médicos, a maior parte à beira da reforma.

Mas em situações de doença os recursos escasseiam em todo o lado.

Quando a manta é curta, ficam os pés ou a cabeça de fora!

5 comentários:

Anónimo disse...

Este e outros governos teimam em olhar com este problema com toda frontalidade possível, a falta de médicos no interior deve-se claramente ao pagamento de incentivos a médicos, e se não faltam também enfermeiros é simplesmente porque a oferta ultrapassa a procura no país.
Aumentem os salários, ajustem a contagem de tempo para efeitos de reforma para os médicos no interior e verão que estes problemas serão minimizados.
www.hospitalportugal.blog.com

Anónimo disse...

Pelos vistos o problema já se arrasta há tempos.
Enquanto ninguém falou nisso (excepto os utentes da terra) não foi preciso arranjar soluções.
Quando salta para a comunicação social, a solução (uma qualquer) aparece de imediato.
Alguém quer apostar???

Anónimo disse...

Caro anónimo,

o que diz é verdade, mas não posso estar mais em desacordo com o expediente.
A solução não devia passar pela notícia em letra de jornal.
O Hospitalportugal, também põe o dedo na ferida ao falar dos incentivos, que pelos vistos não passam de uma cenoura presa a uma guita.
Eu quero ver o que irá acontecer quando estes médicos se reformarem, isto se o governo deixar!

Anónimo disse...

Caro Hospital Portugal:
Lamento, mas não posso concordar consigo! Não é a falta de incentivos dados aos médicos para irem para o interior que está em causa! Em 1º lugar é a REAL FALTA de médicos(no interior e no litoral...) neste país à beira mar plantado! Em 2º lugar é existirem CS ou Extensões com apenas UM médico! Se algum adoeçe ou vai de férias lá ficam os utentes sem apoio.E isso é o que mais se vê por esse país fora, até nos Hospitais isso aconteçe! Quantos hospitais funcionam com um numero irrisório de clínicos e se algum se reforma, adoeçe ou até... morre, não há ninguém para o substituir! Como já em tempos aqui escrevi, o problema é essencialmente politico e tem a ver com os numeros clausulos desde a década de 80 para a entrada em medicina e não se ter feito um levantamento das necessidades reais do país, em termos de médicos(de Familia ou Hospitalares). A"desgraça" só não é maior neste momento por causa da nova lei da reforma. Existe um grande grupo de médicos que se poderia reformar muito em breve( 2 a 3 anos) e que com a nova reforma só lá para 2015 é que podem pensar em ir embora, e nessa altura vamos a ver se há médicos para todos os utentes.
Quanto ao Anónimo: tem toda a razão, as entidades competentes estão-se borrifando para se há médicos, enfermeiros ou outro pessoal da saúde em quantidade suficiente, os doentes vão sendo vistos (aqui ou além...) e enquanto não vem o jornal ou a TV pouca atenção se dá às reclamações dos utentes. Só mesmo quando passa para os média é que a coisa pia fino!
E então já todos falam em arranjar maneira de solucionar o problema que até à data não tinha solução possivel!!!
Maria Papoila

Anónimo disse...

Não querendo fazer desta uma conversa de anónimos, deixe que lhe diga que mais que um expediente se me afigura um recurso.
Recurso que resulta (posso dar exemplos). E que demonstra o desnorte da política de saúde neste país.
Incentivos? Para trabalhar?
E porque não pagar decentemente a quem trabalha (todos, do médico ao auxiliar) e penalizar quem não trabalha?
Acha que é a treta dos Agrupamentos de Centros de Saúde que vai resolver o problema?
Só resolve o problema de marketing, que de uma penada limpa os utentes sem médico de família (de que muita gente se queixa e, lá está, aparece na comunicação social).
E de imediato, serve para alimentar os cofres do INA (cujo director é o ex-ministro Correia de Campos) onde os futuros directores dos ACEs irão fazer formação a partir de Novembro. Se virem o preço de um encontro de 2 dias a realizar brevemente pelo INA (500 €) calcule-se quanto não custará esta formação dos futuros directores, cujos nomes estão no segredo dos deuses.
Estes deuses devem estar loucos, e nós ainda mais, por outras razões - porque diariamente nos esforçamos por dar o melhor de nós, no meio da bagunça em que se tornou (tornaram) a saúde em Portugal.

Anonimous (para distinguir do 2º anónimo)