Médicos Especialistas Para Quê? Isto Está tudo obnubilado, há muito!
De um blogue médico, contra-a-corrente, anti-situacionista, anti-establishment, no fundo escrevendo as verdades que ninguém quer acreditar. Mas é disto que a blogosfera precisa...
E sobre um assunto já aqui escrevinhado nestes anos de existência deste blogue: os perigos de se recorrer aos "bancos de urgência" portugueses...
Com a devida vénia, pois não solicitei autorização, leiam e meditem...
"Dentistas nesta Escandinávia à Beira-Mar Plantada
Houve um certo sururu quanto a um Sr. Dr., por sinal aposentado, militar de carreira, que seria Estomatologista e que, para pasmo da Sociedade distraída que é a nossa, prestaria serviços de Urgência/Emergência num posto de saúde qualquer do Alentejo.
Demorei algum tempo, confesso, a perceber a natureza do problema.
Afinal, eu, médico diferenciado numa especialidade hospitalar, clínico com formação em Intensivismo, certificado com os cursos de Suporte Avançado de Vida, de Advanced Trauma Life Support, de Sepsia Severa, de Fundamental Critical Care Support, entre outros menos "badalados", passei a minha vida, de instituição em instituição, a constatar o que vai sucedendo pelas Urgência por esse país fora.
E estou cansado de saber que tudo vai parar às Urgências, tanto nos pequenos "postos" como também nas grandes Urgências, dos Hospitais Centrais, e nas das instituições privadas mais publicitadas também.
Sim, meus senhores, desde Estomatologistas, ou nem sequer isso, médicos que acabaram o curso (tal como aqueles) e que depois não se especializaram em nada (nem sequer em Estomatologia...), fazendo carreira de "banqueiros" (pagos, em geral, a peso de ouro, estratosfericamente acima de todos os demais pertencentes aos quadros das instituições, e das várias especialidades), e até internos que estão em formação nesta ou naquela especialidade, para descanso dos mais graduados que assim se esquivam muitas vezes aos seus deveres, delegando nos mais novos a troco de gratidão, formação e uma nota melhor no final do ano.
Mas agora já sei qual é o problema. O "povo" não sabia. Não sabia que a esmagadora maioria dos médicos que os atendem nas Urgências não tem qualquer formação, nem sequer vocação, em Medicina de Urgência, ou em Emergência médica.
E agora já sabe.
Mas não bastava terem perguntado?"
57 comentários:
Pois... E isto reflecte-se no atendimento, como é óbvio. Relato o meu caso: tinha o que me parecia ser uma amigdalite. Como farmacêutico que sou não me é difícil arranjar uma caixinha de amoxi+clav que já cá tinha em casa. Mas como, lá está, não sou médico, ditou-me a minha consciência que passasse antes pelo médico. Optei pelo H. Curry Cabral, visto não ser de Lx e não ter cá médico de família (já agora, caro MEMAI ou outros, sugerem-me algum médico de MGF para "adoptar como meu", em Lx?). Calhou-me uma sra dra - que estava a fz triagem - q mal me observou a garganta e me passa uma receitinha... Vi depois na receita q a dra era Internista. Eu segui a minha vidinha e só no carro é que reparei no que vinha prescrito. Era, de facto amoxiclav, pelo menos nisso acertei! Mas depois era uma embalagem com uma quantidade de cps maior que a suposta. Eu, que já há algum tempo não trabalhava em farmácia, pensei que talvez fosse alguma nova apresentação, de duração mais prolongada para situações mais difíceis (as dores que tinha eram más mm) e então lá fui à farmácia de serviço. O medicamento prescrito não existia, nem nenhum que tivesse aquela quantidade de cps. Eu lá comecei a tomar o amoxiclav que lá tinha já, mas ao fim de 4 dias, melhoras, nenhumas. Fui ao H. Sta. Maria. Atendido por uma médica+2estudantes de medicina (que pareciam estar mais interessados em mim do q a dita dra), fui enviado para o ORL de serviço. Ao qual perguntei - a sua simpatia incentivava a isso - se haveria alguma razão clínica para me ter sido prescrita no HCC aquela qte de cps de amoxiclav. A resposta foi clara: foi mal prescrito e não traria qualquer melhoria ao meu estado de saúde. (coisa que é raro um médico dizer de um colega). Lá tive de levar a dita injecção de penicilina e passado 24h estava quase fino. Esta história longa para quê? Eu explico: provavelmente outra pessoa compraria duas caixas de amoxiclav, e faria as tomas todas indicadas pela dra do HCC. Posteriormente indaguei (sou chato nestas coisas) e era uma apresentação que houve há tempos atrás, mas foi descontinuada por falta de evidência clínica. Seria a dra do HCC uma "mercenária de urgências a horas"? Talvez devesse actualizar-se... Isto foi com uma simples amigdalite... imagine-se situações sérias. Medo, muito medo!
não ter MF não significa que por uma amigdalite se deve recorrer a um SU hospitalar. os SU deviam ter a coragem de devolver casos como o seu aos cuidados primários (os pediatras têm esta coragem mas os médicos de adultos parece que não a arranjam). numa situação como a que indicou o adequado era recorrer ao CS da sua área de residência que é obrigado a ter uma resposta (no próprio CS ou, se ao fds ou fora de horas) num CS próximo para situações agudas como a sua, mesmo aos pacientes sem MF. esta resposta não tem que ser imediata: por exemplo, se lhe doi a garganta às 3 da manhã, é uma situação que pode e deve esperar pela abertura do CS na manhã seguinte.
quanto à prescrição da amox/clav para uma amigadlite purulenta, é uma prática comum sem razão de ser visto que a associação de ac. clavulânico à amoxicilina não tem, vantagem na cobertura contra o estreptocos, agente mais provável da amigdalite, acrescentando-lhe efeitos laterais desagradáveis e não possibiltando uma recuperação tão rápida como a que oferece a penicilina. se o paciente não aceita o injectável, a melhor alternativa é a amoxicilina isolada, em doses superiores aos 875 (1g de 12/12 ou mesmo 8/8 nos casos mais avançados).
Cara mónica (em campanhã), confesso que não percebi muito bem o seu comentário. Melhor, não percebi a pertinência relativamente ao assunto em discussão. Mas cá vai. A mim ensinaram-me que o ácido clavulânico tem de facto uma função, nomeadamente a de servir de "isco suicida", se me permite a metáfora, para as beta-lactamases, havendo assim uma menor destruição do anel beta-lactâmico constituinte das penicilinas, logo um aumento da actividade das mesmas. Quanto ao aceitar o injectável... Prefiro sempre que assim não seja. Fiquei bem dorido desta injecção de penicilina.
Quanto ao facto de ir a um CS, a verdade é que, como bem deve saber, os serviços de saúde em Portugal são a miséria que se vê e eu - estupidamente - em vez de estar a ganhar >2000 euros como a maior parte dos meus colegas, achei por bem ir fazer investigação... em laboratório público. Onde o dinheiro não abunda. Assim, custa-me muito ir a um hospital/clínica privada. E também não tenho posso estar um dia inteiro à espera de uma consulta num centro de saúde. É pouco, mas preciso de ganhar o meu dinheiro.
Dou-lhe, contudo, razão: num mundo ideal eu n deveria ir a um SU, mas deveria ter um médico que, em tempo útil, me pudesse tratar.
enfim a realidade é que não precisa de esperar um dia inteiro. de ver o meu caso: não tenho médico de familia, por me encontrar deslocada da minha área de residência, desloco-me por isso ao SAP (ainda se chama assim?) mais próximo, se tenho uma amigdalite sou vista em 2 ou 3h, por um médico atento, que mesmo não sendo o que me segue habitualmente me trata com eficácia. Tenho tido sorte? Não sei...Sempre que recorri ao SAP não tive problemas, claro que quando pedi para ser seguida por um médico de familia cá, me foi dito que passaria a ser "sem médico", que havia 5000pessoas naquele centro de saúde há espera de um. A enorme desvantagem é que logicamente para fazer um check up e ser atendida só para ver se estou bem de saúde é um escandâlo capaz de enfurecer um médico de boa vontade. Tirando isso, vou-me "automonitorizando" e esperando continuar saudável até não haver 5000 pessoas na lista por um médico...
É a saúde que temos, e sim, isto não tem nada a ver com o post apresentado pelo MEMAI, mas a vossa discussão fez-me algum sentido. Saudações
Pois, infelizmente, pelo que me diz quem vive na minha zona desde sempre, as coisas são muito demoradas.
caro na: a mim ensinaram-me que na antibioterapia devemos usar o fármaco de menor espectro possível e que as beta-lactamases não são um problema com o estrepto das amigdalites.
o 3º comentário ilustra bem o que eu queria dizer quanto ao melhor sítio para se dirigir na maioria das situações de doença aguda.
Cara mónica, a mim também me ensinaram o mesmo, mas a verdade é que não se pode excluir a produção de beta-lactamases pelas bactérias patogénicas ou outras. Foi como me ensinaram e, pelos vistos, a muitos médicos também. ;)
As 2 caixas, se está a querer dizer amoxicilina/clavulanato 875/125mg, com 16cp em cada caixa, e numa posologia de 8/8h (para 10 dias), foram mto bem prescritas.
E se era internista, teve sorte.
Por outro lado, não há razão nenhuma para que tenha melhorado com outra penicilina, de menor espectro, não tendo melhorado com a posologia adequada de amoxi/clav.
Ou seja: ou não estava a tomar amoxi/clav na posologia adequada. Ou não a tomou tempo suficiente, e teria melhorado de qq maneira se tivesse mantido a terapêutica original.
Qto à adequação daquela posologia (regendo-se por dados epidemiológicos espanhóis, à falta de dados portugueses), e ao início da Tx c/ espectro relativamente amplo, se a colega teve estes princípios em mente na prescrição, estava muito "à frente". Faltou alguma explicação se calhar, mas não disse que aquilo era uma Urgência?
Não há milagres....
Concordo em pleno com o que este anónimo afirma. Não compreendi bem o que o/a NA tinha dito.
Aliás, que me desculpe, mas no seu comentário deixou transparecer a iliteracia científica de muitos intelectuais, mesmo como o amigo comentador, com altos índices de investigação. E como diria a nossa jovem enfermeira com nome de Deusa, pensar só nos tubos de ensaio pode ser negativo, quando falámos de prática. Então o colega da Ciência acredita mesmo que as suas melhoras instantâneas se deveram à administração da penicilina? Então e o seu organismo não se foi preparando nos dias anteriores para resolver s situação, através do seu sistema imunitário? E a toma da amoxicilina mais ácido clavulânico não estava já a resolver também o seu problema? Essas doenças infecciosas minor são auto-limitadas? Têm um período clínico de cerca de 5 dias, com ou sem antibiótico. Aliás o uso do antibiótico será mais para prevenir as potenciais complicações do eventual Strepto, pois até poderia ter sido um virus o causador. É muito frequente os doentes, nas sua compreensível iliteracia científica retornarem aos SAPS e similares ao quarto ou quinto dia da doença (os mais ansiosos vão no dia seguinte dizendo que ainda têm febre...) e melhorarem espectacularmente no dia seguinte com qualquer coisa que o médico lhe prescreva. E aí funciona a ética do médico: ou explica e não faz nada, ou prescreve um placebo, ou, investe noutro antibiótoco, ficando os três satisfeitos - o doente, o médico não-ético e o laboratório que o vendeu.
Caro MEMAI, atenção! Eu nunca disse que tinha ou fazia altos índices de investigação. Disse que outros o faziam. Como já referi, não sou uma mente brilhante, nem pretendo passar por tal. Quanto à clínica, a verdade é que não sei avaliar como V., não sou médico. (E mesmo que fosse, não sei até que ponto seria "imparcial" a avaliar-me/tratar-me a mim mesmo.) Mas o s/ colega médico, especialista em ORL, afirmou-me que sem a administração de penicilina não ia lá nem que continuasse a fazer amoxiclav durante mais n sei qts dias (como aliás a médica do HCC preconizou, prescrevendo inclusive uma dose inexistente), até porque a situação clínica se agravara (as dores, suores nocturnos e febre que não cedia). E a verdade é que, qd estamos doentes, não há ciência ou sapiência que nos safe e somos doentes iguais a qualquer outros: com dores, mal-estar, ansiosos, etc. Digo eu. Mas o ORL identificou a minha "doença" como bacteriana, daí ter prescrito o atb. Agora, se alguém foi incompetente ou iletrado cientificamente, não fui com certeza eu... Talvez houvesse mais razões para dizer isso acerca da médica que prescreve um medicamento que não existe, não? (Mas ainda estou para ver um médico que contrarie um colega, pelo menos em público. Cá está uma coisa que os farmacêuticos deviam aprender com os médicos!) Eu fiz, como qualquer doente que tivesse dores imensas na garganta - que pioravam e impediam a deglutição - e passou a ter febre q n cedia com paracetamol e acordava a meio da noite completamente transpirado, faria e dirigi-me ao médico. Não acha? E até pode ter sido viral ou a ira de Deus (justificada, aliás)sobre a minha pessoa, não sei... Mas a verdade é que após esse reforço terapêutico melhorei substancialmente... Placebo? Cumprimentos, NA
bem anyway, (suponho que um dos :P MEMAI se referia a mim no comentário anterior)tenho a certeza que uma boa injecção de penicilina dada ao caro Na não lhe fez mal nenhum ;)espero que a minha/meu colega tenha sido competente e rápida/o na administração do fármaco..e a verdade é que daquilo que tenho visto (e sentido) em caso de amigdalite é a boa da penicilina numa dose grandinha para matar qualquer possível bicharoco que por lá se passeie (é isso ou acabar com o problema de uma vez por todas e proceder à sacrossanta amigdalectomia dos milagres, já que não acredito que haja orgão mais inútil e problemático que este :p)
quanto a ter sido a ira divina (justificada como diz, aliás) quem sabe? se o caro o diz :P
quanto à sua questão dos paliativos gostava que me respondesse, já que não percebi bem o sentido de ter colocado aquela noticia...
Cara sahaisis, fez bem e de que maneira. Mas a ira de Deus se desvaneceu, é q apesar da sua cara colega me ter dado a injecção de modo indolor, andei 3 dias em q me sentar era um sacrifício. Mas olhe, mais vale ter sido por causa da penicilina! Quanto à notícia, foi noutro post, e já lá disse que não mais o iria comentar. Cumprimentos, NA
Pois então faz muito bem, que eu também não o voltarei a comentar, de qualquer das formas perdeu-se o sentido daquilo que me queria dizer com a notícia dos paliativos...enfim...como sabe esse tipo de reacção na penicilina é normal, fruto da ira divina como se sabe e não da irritabilidade do fármaco...decerto que mereceu ;)
Epá! Não tinha visto o que o anónimo disse acima acerca das posologias. Mas não, não foi assim que ela me prescreveu. Prescreveu-me uma caixa com um maior número de comprimidos que já não sei precisar que era suposto tomar bid, após acabar de tomar a que já tinha iniciado. A dose, essa sim, era de 875/125. Ou seja, seguindo o que ela prescreveu eu acabava por estar a tomar amoxiclav durante mais de meio mês... Para uma amigdalite. Isto é boa prática clínica? Portanto, tive foi azar na internista, não? Ou a culpa foi minha? Abençoado ORL de Sta. Mª.! E a sua competente enfermeira. Mas lá está, isto é como em todas as profissões (excepto nos farmacêuticos, que somos todos perfeitos! :p), há bons e maus. Não concordo é que haja tanto proteccionismo na classe, quando se sabe que toda a gente erra e os médicos não estão isentos. Já dizia o outro: "só não erra quem não faz". Cumprimentos, NA
ERRATA: no 5º comentário que aqui fiz onde escrevi "dose inexistente" deve ler-se "apresentação inexistente".
Caro/a NA. A questão do tamanho das embalagens, é um bico de obra. Conhece porventura o programa SAM, presumo que foi através deste programa que o fármaco lhe foi prescrito. Se assim é, aparecem várias apresentações desse antibiótico, a começar na de 16 até 24 ou 32 presumo. Se aparecem no SAM é porque estão licenciadas. Pode ter acontecido que a internista tenha "clicado" na linha errada, pois se de facto pretendia que tomasse o antibiótico 10 a 12 dias, uma única caixa de 18 não seria suficiente. o que eu já não percebo é a constante alteração do tamanho das embalagens. Agora foi o sulfato de glucosamina em carteiras que voltou a ter uma aprsentação de 60 unidades (VOLTOU!) em vez das 20 até aqui. Mas quem percebe isto?
Caro MEMAI, tem toda a razão nisso que diz, há mudanças atrás de mudanças em tamanhos, apresentações, nomes e isto para já nem falar na desgraça que é o sistema de comparticipações... Também não percebo porquê. Quem perceber e me conseguir explicar... Agradeço. Por acaso não conheço o SAM, aliás, conheço-o de nome, porque em f. hospitalar trabalhei com o CPC. Quanto ao estarem licenciados os produtos que lá aparecem, não sei como é feita a actualização, mas por vezes há produtos que têm a sua AIM revogada pelo Infarmed e talvez o programa não seja actualizado rapidamente... não sei. De qualquer maneira isso não justifica a atitude da médica que, caso tenho cometido erro ao clicar, devê-lo-ia ter detectado e corrigido, mais não fosse ao assinar a receita. Não concorda? É que no meu caso, mesmo que fosse um medicamento que existisse e eu o tomasse e etc.. as consequências não seriam muito graves, mas noutra situação poderiam sê-lo muitíssimo. Cumprimentos, NA
Obviamente que foi um erro de prescrição, da duração de tratamento, por excesso. Todos os erros têm que ter uma explicação, estava a tentar encontrar uma. Só assim se podem corrigir.
E acho muito bem que se procurem explicações caro MEMAI. Não só isso, como acho que os responsáveis devem ser chamados "à pedra". E a explicação até pode ser bem mais simples: a médica não estar com atenção ao que estava a fazer, por exemplo (grave!!). Mas, tal como critico essa médica, teço os maiores elogios ao ORL que, posteriormente, me examinou: cometente, atencioso, simpático e disponível. Cumprimentos, NA
competente, digo
Oh meu caro/a NA: nós, os médicos, sabemos que a forma de agradarmos ao doente, é descobrirmos o que eles esperam e, se não houver contraindicações, dar-mos-lhe de mão beijada a sua expectação. Fica a consulta mais rápida, tb mais cara, e ficam todos amigos. O seu caso é paradigmático. Até tenho quase a certeza de que quem primeiro falou na penicilina foi o NA?
Caro MEMAI, parabéns! Deve ter bastante sorte ao amor, porque ao jogo... ;) Como já disse, quando estou doente (e penso que talvez seja assim a maioria das pessoas) "esqueço" o que sei e sou apenas mais um doente, com dores, assustado, indisposto, que se põe nas mãos de quem o trata. Ou seja, não sugiro diagnósticos nem medicação. E, se o fizesse, a penicilina - como diria Mº. Lino, do duo Pino e Lino, segundo Chavez - "jámé!". Tenho uma certa aversão a levar picas, como dizem os mais pequenitos. Eu, dos médicos, não espero mais nem menos que esperará o cidadão comum: que sejam competentes, corteses e, claro, que me curem. Se para esse fim tiver de se utilizar um meio que não me agrade, não ficarei a gostar menos de um médico por causa disso. Creio ainda ter a inteligência suficiente para perceber que nem sempre o melhor é o mais agradável. Aliás, se assim fosse, muito mais preferia ter seguido o caminho da médica do HCC, com medicação po. Pelo menos safava-me das piadas de mau gosto por ter dificuldade em sentar-me. Mas não me julgue (já) tão oco que apenas gosto de alguém se a pessoa fizer o que eu quero. Cumprimentos, NA
Caro farmacêutico NA, claro que não é oco, senão não estaria aqui a defender a sua dama da melhor forma. Mas como disse, quando está doente, fica diferente e consequentemente pode o seu raciocínio ralentar-se. E sabe que a entidade "amigdalite aguda" é a situação mais frequente nas nossas urgências, embora como "urgência" na expectativa do doente...
Caro MEMAI, farmacêutico NA é que não, sff. NA chega e sobra. Concerteza que ao estar doente não estou a racionar muito nem bem, mas acho que não estupidifico completamente. E olhe que apesar da veia hipocondríaca que, admitidamente, tenho, muito raramente me vejo num médico, mas às vezes tem mesmo que ser. E sei perfeitamente que a amigdalite não é uma urgência mas como já disse atrás - e penso ser esta a essência da questão deste post - não há em Portugal uma verdadeira rede de cuidados primários. E, estando eu a sentir-me do modo que estava que sabia que se esperasse pela manhã seguinte para ir ao CS da minha área de residência (que confesso não saber nem onde é, nem qual é), corria o sério risco de perder mais um dia, não ser visto por um médico e continuar num estado que não me matava mas moía e de que maneira. E acho que aqui ninguém tem razão. Porque percebo as duas partes. Percebo os médicos que estão nas urgências e lhes aparecem amigdalites que de urgência, enfim... E as verdadeiras urgências não são vistas de modo tão célere como deveriam. Mas também percebo os doentes que estão a sofrer, às vezes com situações que se classificam como menores, mas que acabam por causar sofrimento e ansiedade significativa. Talvez façam falta mais médicos (ou melhor distribuídos, segundo argumentam alguns) para assegurar uns cuidados primários realmente eficazes e melhores condições para os fixar no SNS. Não sei se se corresponde à realidade, mas a ideia que tenho é que um médico do quadro de um hospital (do SNS) não ganha por aí além, confirma-se? Nos CS (ou USF, que nem sei ao certo o que são), a situação dos ordenados, qual é? Cumprimentos, NA.
eu chamo-lhes médicos multibanco...
não sabem o que estão a fazer. as pessoas não recebem os cuidados de saúde que merecem. pagam impostos e a garantia de segurança dos cuidados médicos é zero. e trabalhar com estes gajos? o silencio à volta desta situação é incompreensível, inclusivamente o meu
Acho que a questão essencial é que a maioria das pessoas considera que a urgência hospitalar é o local mais central e mais "eficaz" onde se dirigir. Como já disse por aqui, as pessoas não têm noção mas o SAP funciona melhor para estes casos do que uma urgência hospitalar (e na minha óptica apresenta menos riscos para o utente, também) só que a maioria das pessoas pensa que não vai ser observada adequadamente, que não vai ser bem vista, que vão escacear meios para fazer um diagnóstico adequado, o que não é necessariamente verdade. Claro que quando estamos em sofrimento, como NA disse não pensamos muito nisso, e uma amigdalite é uma situação bastante dolorosa, como aliás todos (pelo menos os que já as tivemos) sabemos. Não sei se a questão é de organização, de meios (a questão dos médicos e da sua distribuição é um pouco mais complexa, porque aparentemente Portugal tem um rácio médico/utente superior aos parametros exigidos pela UE, só que depois a distribuição especialista/utente deve ser assimétrica e de que maneira)sei que como doente (e na altura quase profissional de saúde) já passei por uma situações semelhantes, na amigdalite recorri ao SAP, mas quando suspeitei de uma possível microfractura óssea recorri à urgência hospitalar. deveria tê-lo feito? provavelmente não...possivelmente no SAP teria tido o mesmo atendimento, mas tive medo, queria ser vista por um ortopedista (queria, o que não queria dizer que tivesse necessidade de ser observada por um outro especialista que não o de MGF. Lá está presunção e água benta cada um toma a que quer...mas quando nos toca no pêlo é como disse NA somos mais um assustado, com medo, sem saber o que fazer, que só quer ser tratado..e o sistema não funciona bem, mas vai funcionando e nós vamo-nos acomodando...
NA, foi apanhado: não sabe qual nem onde é o CS da sua área de residência, mas qd tem uma aligdalite prefere ir a uma urgência hospitalar pois tem a certeza que se fosse a esse CS (que nem sabe qual é nem onde fica) perderia um dia inteiro.
Fui apanhado porquê? Não ando a fugir de ninguém. Ou esqueci-me de pagar alguma taxa moderadora?
perdão quando disse UE, queria dizer OMS...
e muita razão tem mónica em campanhã, como se pode saber que se vai ficar um dia inteiro num centro de saúde se nem se sabe onde ele fica?
Talvez falando com os vizinhos, muitos deles idosos e frequentadores assíduos do dito CS. Mas pronto, nem todos podemos ser cidadãos exemplares como são, certamente, a mónica (em campanhã) e a sahaisis. Já agora, recuperou bem da microfractura?
não...para além da fractura que efectivamente existia, tive um hematoma que acabou por ter de ser drenado a sangue frio e em silêncio (temos sempre vergonha de gritar em frente a pessoas que conhecemos)e o ortopedista sendo naturalmente uma pessoa muito "óssea" foi aquilo que pode ser descrito de uma besta...ah e a terapêutica...diclofenac...injectável...como pode ver a ira divina também tratou bem de mim...
e de facto os idosos são habitualmente frequentadores assíduos do centro de saúde por todos os motivos do mundo...e não só a doença...mas habitualmente são doentes "impecáveis" (não que haja maus doentes, isso é um mito) no sentido de que nos ouvem pacientemente (mesmo que não façam nada do que lhes é dito) e têm sempre uma coisa simpática a dizer-nos...pelo menos comigo é assim...por isso pergunte que decerto eles conhecem o caminho e quem é o melhor médico, a melhor enfermeira, aquela auxiliar simpática, etc., etc....
Como vê a ira divina atinge todos os que a provocam. Espero que tenha recuperado a 100%. E conhecerão eles uma maneira de fazer os serviços funcionar melhor? Isso é que eu queria, porque médicos e enfermeiros bons e simpáticos conheço eu muitos... Daí a haver disponibilidade...
infelizmente ficarei para sempre marcada pela ira divina, para aprender a não pôr o pé em buraco errado...questão de somenos importância... quanto à sua é bem mais complexa...eu não sei se conhecem ou não, mas sei que reclamam muito (com e sem razão) e às vezes cometem alguns erros, mas que com a idade se podem perfeitamente perdoar e aceitar com alguma resignação nossa, enquanto profissionais de saúde. É que a partir de uma certa idade as pessoas só aprendem se observarem benefícios na realização da aprendizagem, assim sendo é complicado pedir a alguém de uma certa idade que sempre foi à urgência x ou y porque tinha por exemplo uma amigdalite como a sua que não o faça. mas como diria o michael moore "no country for old men", apesar de serem eles o grosso dos utentes do SNS, verdade?
Creio ter percebido bem. Deixe-me que lhe diga, cara sahaisis, que não lhe admito a sua crítica (mais ou menos encapotada), porque desconhece quais os meus hábitos de recurso a SUs ou outros serviços de saúde. Já viu como era fácil eu agora chegar aqui e dizer: "é pena que as enfªs, visto trabalharem em unidades de saúde, se aproveitem desse facto para passarem à frente de muitas pessoas -em grande sofrimento- que aguardam exames, consultas, etc." Obviamente não diria uma coisa destas (porque creio não ser verdade), mas tal como é fácil criticar os outros sem conhecer, de facto, o que se critica, também podemos ser alvos de críticas fáceis. Cumprimentos, NA
pois acredite que não teria por onde criticar porque não se tratava de critica, por isso acredite ou não, não tem por onde admitir ou não...
"é pena que as enfªs, visto trabalharem em unidades de saúde, se aproveitem desse facto para passarem à frente de muitas pessoas -em grande sofrimento- que aguardam exames, consultas, etc." , nem teria mesmo que quisesse como me fazer esta crítica, velada ou às claras, esperei como toda a gente, na mesma sala de espera que qualquer outro utente, com uma única vantagem a de saber com grande margem de segurança o tempo que ia esperar, visto conhecer bem a dinâmica de uma urgência que me é familiar e onde já passei...espante-se 16h ao acompanhar uma colega, amiga e estudante de medicina na referida instituição...como vê... quanto ao restante concordo plenamente consigo...apesar de não entender onde poderia ter ferido a sua susceptibilidade. pelo que passo a tentar explicar-me novamente, porque creio que o foco da sua questão é este "É que a partir de uma certa idade as pessoas só aprendem se observarem benefícios na realização da aprendizagem, assim sendo é complicado pedir a alguém de uma certa idade que sempre foi à urgência x ou y porque tinha por exemplo uma amigdalite como a sua que não o faça." o que queria dizer é que temos hábitos em relação à saúde, como em relação a outras coisas aliás, que se encontram profundamente enraízados, possuímos igualmente representações sociais relativas a determinadas coisas que nos impulsionam a agir de uma determinada forma (como por exemplo imagine: é seguido num centro de saúde pelo enfermeiro x ou y, em quem confia profundamente. se lhe apresentarem um novo enfermeiro o provável é lhe causar alguma confusão no inicio, mas acaba por se adaptar a ser seguido por este. no entanto (e sei-o por experiencia própria) para as pessoas mais idosas é mais complexo que lhe alterem assim o contacto com alguém a quem estão habituados, pelo que são regra geral, mais resistentes à mudança, se sentem confortáveis na sua situação actual. aplica-se às pessoas como às normas estabelecidas. Imagine um senhor de 90 anos (não sendo a regra para todos os senhores de 90 anos, logicamente) a quem dizem que agora não vai poder de ser seguido pelo seu médico de sempre e pela enfermeira que sempre lhe fez o penso e que o conhece muito bem, porque agora o CS passou a ser uma USF e o seu médico passa a ser outro, deixa de se dirigir ao balcão x, à sala de tratamento y e por aí a diante. complicado. gera descontentamento. é um empecilho à mudança.
Esclareci? O meu argumento não faz sentido? Continua a achar que quis fazer uma crítica velada? Quando lhe digo que nunca abusei do meu "poder" passando à frente de outrém falo muito a sério, sou o tipo de pessoa que é incapaz de pedir a seja quem for que me meta em primeiro na fila, ou que me veja primeiro, ou, enfim...pense o que quiser, não tenho que me justificar afinal de contas...
mas já agora a pessoa em questão a que me referia no comentário acima era...a minha melhor amiga..como vê...
Farto de estar aqui a ler algo que já me chateia, somente li na diagonal o que escreveu e apenas retive uma expressão que, com a sua permissão, utilizo para dizer também o que me vai na alma, quando V. ou a mónica (na campanhã) atiram "postas de pescada" acerca do que eu faço ou deixo de fazer: não tenho que me justificar. Cumprimentos, NA
pois não, nem tem de ficar chateado por uma coisa sem razão, o que seria absurdo numa discussão deste cariz...portanto...sinta-se à vontade para respirar fundo, olhar pela janela e slow down, que não acredito que alguém pense mal de si pelo que diz ou deixe de dizer..não seja persecutório...sinta-se livre para responder ou não, como bem entender... (pobre MEMAI que já deve estar farto de nos ler) cumprimentos, sahaisis
Olhe que não cara sahaisis, o MEMAI até já me contactou para me oferecer um lugar no painel de comentadores residentes. Parece que isto lhe tem aumentado os hits no site. 2000€/mês com um mínimo obrigatório de 5 comentários (mín. 100 palavras)/post. E V., já foi contactada tb? Cumprimentos, NA
não não foi...nem tenho pretensões a ser...visto que já tenho um blog próprio para me ocupar e não tenho pretensões a escrever na base em que se escreve neste blog, sou mais do tipo de escrever: fútil e inútil... coisas mais pesadas só quando me ocorre alguma sinapse excêntrica... ou quando o tema me interessa...o que resulta na perfeição...mas deixe que lhe diga caro NA que fará sem dúvida um bom negócio... visto que por estas bandas raramente leio algo que não seja profundo e útil à reflexão (não estou a utilizar o sarcasmo, falo em tom sério) gosto de ler este blog porque nos dá um ponto de vista acerca do que se vai passando na nossa saúde, sem grandes rodeios ou papas na língua..gosto da escrita directa e certeira, já que não é habitualmente o meu género literário.
*foi=fui, logicamente
caro NA não diga isso pois até podem acreditar. Quantos aos euros, era bom que assim fosse. Ainda falta muito para atingir os 100 dólares . Só pagam a partir daí
Caro MEMAI! Então não me diga que tenho de ir devolver a bicicleta que já comprei a contar com o dinheiro do contrato fictício? ;) Obrigado pelo espaço. Cumprimentos, NA
Não sou intelectual mas gostaria que me dissessem se isto é normal:Uma pessoa vai a uma consulta de urgência onde são pedidos vários exames.À saída pergunta à funcionária quando pode apresentar os resultados dos mesmos e esta responde que é preciso marcar uma consulta para daí um mês.
Depois admiram-se que existam muitas pessoas nas urgências.
Tenho outra gira.
Enquanto grávida fui acompanhada pela obstetra Dr.ª X. Escolhi ser acompanhada por esta senhora e fui pagando as consultas na clinica privada onde esta as dava porque foi me dito que trabalhava num dos melhores apetrechados hospitais públicos, (vamos aqui chamar de hospital Y). Na terceira consulta já estava arrependida da escolha. Falava com outras grávidas acompanhadas por outros médicos e via que não era tão bem acompanhada. Por exemplo, nunca sequer examinou os meus seios e quando não fiz um exame que segundo percebi só era feito num laboratório do Porto, porque era caro e segundo a minha médica de familia desnecessário (pois não se tratava de gravidez de risco nem tinha casos de mongolismo na familia) assustou-me dizendo que "só assim saberia e que se mais tarde se descobrisse alguma coisa não poderia abortar". Mais tarde vim a saber que todas as grávidas nessa clinica o fazem como "segurança suplementar" pagando cerca de 100€ por um exame que, no meu leigo entender, realmente não se justifica. No entanto sempre que lhe dizia que o bebé se mexia pouco (passava dias inteiros no final da gravidez sem que o sentisse) ela dizia que era normal. Na verdade só se mexia com "soluços". POntapés e outro tipo de movimentos era coisa que não se via. Anda preocupada mas pensei que seria melhor não mudar de médico pois caso acontecesse alguma coisa haviam de se acusar mutuamente e nenhum assumiria responsabilidades. No dia 2 (segundo as minhas contas o bebé nasceria a 4 mas segundo as dela - pelo q anotou no boletim de gávida- a 9) 10 horas após sair o "rolhão" começei a sentir dores.Não me pareciam contracções porque apesar de serem ritmadas e chegarem de 10em 10m não pareciam fortes. Fosse como fosse por pressão da minha familia quando passaram a ser de 5 em 5 minutos lá fui para o tal hospital. Alí tenho a apontar desde inicío a falta de humanidade dos serviços. Fiz um CTG que nada acusou. Mas o mais engraçado é que durante 48horas tive dores e o CTG nunca acusou nada. Na verdade estava a dilatar um dedo por dia e começava a sucumbir ao cansaço, não dormia, não comia, começei a vomitar com as dores. Cheguei a ser vista pela Dr.X que me disse "volte na segunda feira" ainda só tem dois dedos(dia 9!! e antes de mais um CTG foi-se embora sem me dizer nada. Pouco depois fui novamante vista por outro médico que me disse que tinha contracções de Braxton e que não ía parir alí porque não tinham camas e aquele não era o hospital da minha residência. Ao que respondi "já podiam ter dito". Fui para casa. Desesperada já não queria ir a nenhum lado mas passadas outras horas, a minha mãe e o meu marido vendo o meu estado levaram para a maternidade Alfredo da Costa onde fui muito bem tratada. Inicialmente o médico quando viu o CTG também disse "Vc ainda não está em trabalho de parto" mas aí eu gritei "Que se dane a máquina. Eu tenho dores.Passa-se algo de errado e eu exijo ser observada". Já tinha 3 dedos de dilatação sem que alguma vez tivesse sido acusada alguma contracção no CTG. Duas horas depois tinha 5 e aceitei a Epidural de bom grato (Pela atenção e pelo profissionalismo devo dizer q todo o pessoal da maternidade foi formidável). Pelo que percebi foi me ministrado soro com açucar e qualquer coisa ...xtina (para induzir). Ainda assim parecia que não chegava a hora da expusão. Quando a médica decidiu rebentar ás águas disse-lhe isto deveria ser qualquer coisa de hereditário porque ninguém da familia da minha mãe nasceu sem que arrebentassem as àguas (desconheço se se trata de alguma característica especifica mas acho que os obstetras deveriam ter essas particularidades em consideração). Passado nem meia hora já estava pronta para explusão só que a bébé estava enrrolada e recuava. Na verdade estava de tal modo que não podia fazer pressão para sair. A parteira conseguiu desenrola-la, fez um cortezinho e à terceira ( e ultima) tentativa, usei a força que me restava (preocupada porque mais não tinha e porque a bebé já estava em stress), a outra enfermeira empurrou a barriga para baixo, ela nasceu.
Desconheço se os procedimentos do primeiro hospital foram normais. Se foram agradecia que me esclarecessem pois fiquei com muito má impressão de todo o pessoal. Em relação à maternidade: Bem Hajam. Por tudo. Pelo atendimento, pela atenção, pela simpatia, pelo profissionalismo. No primeiro fizeram-me sentir a ultima das mulheres, desesperada com dores e sem saída. Na maternidade fizeram-me sentir cuidada. Obrigada.
Mia... se lhe deram alta da urgencia e podem ver os resultados dali a um mês... é porque não devia ser muito urgente...
Esta eterna discussão entre classes da área da saude é infrutifera... os não médicos acham sempre que os medicos é que têm culpa do sistema estar como está.. pior.. acham que sabem avaliar a competencia dos médicos! Esboço sempre um sorriso e acen afirmativamente "sim, pois" (para não desatar a rir) qdo ouço alguém dizer... este médico é que foi muito competente porque me resolveu o problema!! O ORL é que foi o máximo! Como se eles fizessem a mínima ideia do que é a Medicina e de como se devem tratar as doenças!! Nem os medicos concordam entre eles em relação às abordagens e terapeuticas...há guidelines diferentes... é ir a meia dúzia de médicos e recebe-se meia duzia de abordagens diferentes... o problema é que podem estar todas correctas... ora para o doente que não sabe, vai considerar correcta aquela que mais lhe convier, para o médico é correcta a sua abordagem ou a da sua experiencia,para o farmaceutico é aquela que prescreve o medicamento que ele conhece... para o enfermeiro é a aquela que viu fazer ao medico do seu serviço...
Agora... imaginem-se todos voces a argumentar com um mecanico ou engenheiro... acham que conseguiriam dizer se este é mais ou menos competente, tirando o grosseiramente obvio?
E já agora... perguntou na maternidade sobre os procedimentos no primeiro hospital? Pelos vistos eles concrodaram com a avaliação...Eles é que deviam esclarece-la!! Os doentes têm a mania de pedir esclarecimentos para o ar, sempre que se julgam mal atendidos... mas nunca perguntam aos médicos que os atenderam ou aos seguintes... vão pedir ao amigo do amigo do primo que tem uma amigo medico no mesmo hospital para ver se lhe estão a esconder alguma coisa monstruosa e não lhe dizem... porque simplesmente nunca perguntou!
O que eu quero saber é muito simples: é ou não normal que o CTG não acuse nada?E nestas situações em que a dilatação é feita de modo de tal modo vagoroso e doloroso manda-se para casa? Alguma vez aquilo podiam ser contracções de Braxton? Deviam ter em conta ou não que na familia da mãe todos os partos só aconteceram após furarem às águas?
E não peço a amigos do primo. Peço a médica de familia que é a melhor amiga da minha familia e vice versa ( a minha mãe também é médica mas de outra especialidade). No entanto, poderia haver alguém aqui que soubesse, quisesse e não temesse esclarecer-me. São perguntas simples, não?
Mais, não acho que me esconderam nada de monstruoso mas que podiam ter actuado de outro modo. De vez enquanto deviam ouvir as queixas dos pacientes. Ouvi-las mesmo. Mesmo que passem certificado de ignorancia às pessoas, porque as queixas são reais, existem, e se não as levamn a sério não podem trata-las.
Cara mia:
Este blog tem sido muita coisa desde o início. Li atentamente o seu comentário, e deci não responder, apenas porque "Este blog não é um consultório médico". Está escrito logo à entrada. Foi uma opção editorial. Acredite que clientes não faltariam. Para responder à sua pergunta, seria necessário fazer-lhe n outras perguntas. Neste seu último comentário, afirma duas coisas muito importantes: que tem uma óptima relação com a sua médica de família, que a sua mãe é médica. Ora então, essas duas pessoas não a poderão esclarecer convenientemente sobre tudo o que se passou? No seu primeiro comentário, só houve uma situação que me desiludiu: você, como milhares de pessoas, seguiu o ditado popular: "Maria vai com as outras." Essa médica onde foi e todas as outras onde foram as suas amigas, estavam sentadinhas à sua espera. Não andaram a angariar clientes. A privada de consultório ou pequenas clínicas é eticamente preocupante. Aconselho os meus doentes que preferem um atendimento privado a dirigirem-se aos grande hospitais privados. Aí, eticamente serão atendidos de acordo com as guidelines actuais, pois não podem colocar o seu bom nome nas páginas dos jornais ou nos tribunais.
Por outro lado, quem< também estava sentadinha à sua espera era as ua médica de família, que se tiver de facto essa especialidade, tem competência para seguir uma gravidez de não risco.
Felicidades para si e para seu rebento...
Caro médico:
Peço desculpa não ter percebido o objectivo deste blogue e ter requisitado uma consulta on line. Esclareço apenas que estava a morar a 80km da minha médica de familia. ESta, como médica que é não teceu nenhum juizo sobre os procedimentos adoptados no primeiro hospital. (Eu na minha profissão também não posso fazê-lo e portanto compreendo que não façam)Pensei que sob o anonimato alguém pudesse satisfazer a minha curiosidade. Agora (com grande pena minha) já mudei para um médico da minha actual residência. O meu rebento já tem ano e meio e a curiosidade sobre aquelas questões mantem-se. Quero ter outro filho mas enquanto não perceber o que aconteceu não vou te-lo. Seja como for, obrigada por ter respondido.
Se a especialidade da minha mãe tivesse algo a ver com obstetricía eu não andava aqui a remoer nestas questões e ela certamente teria-me indicado outra obstetra. E tem razão, a Sr.ºª Dr.ªY não andava a angriar clientes mas o seu cartão de visita (para consulta privada) é "trabalho no hospital x" (o tal onde depois atendem de maugrado quem não pertence aquela àrea de residência). Acho que é natural uma grávida querer ser acompanhada por quem supôe que fará o parto.E escolhi (pensei que podia escolher) que este teria lugar num hospital bem apetrechado. Sim,fui "Maria vai com as outras". Nisso tem razão. Queria alguém com referências. POsto isto, acrescento que quem as deu também não ficou contente. Mas essa já é outra história. Minhas não terá de certeza.
Não tem que pedir desculpa.
Eu apenas falei na sua mãe, independentemente da sua especialidade, saberá fazer-lhe algumas perguntas e responder genericamente ao problema que a aflige e ao quer perece de forma intensa.
As pessoas têm uma série de ideias erradas sobre os médicos e sobre a Medicina. Já se interrogaram por que é que os médicos não costumam nem gostam de dar "bitaites" à família? Ou responder no corredor? Ou não se pronunciam muito sobre uma especialidade que não é a sua? Um médico de uma especialidade não percebe muito de outra especialidade e não sabe avaliar se os procedimentos são correctos, se é assim que se faz actualmente, se as novas recomendações são essas, etc... por isso é que me arrepia qdo as pessoas avaliam a competencia de um médico se nem os próprios medicos sabem avaliar a competencia de um colega que não seja da sua area! e mesmo sendo da área, um médico nunca responde qdo não conhece o caso, a doente, a situação clinica... e aprendam uma coisa... os médicos nunca confiam no que os doentes ou as pessoas dizem sobre o que se passou... porque geralmente não é verdade, não que elas estejam a mentir mas porque não sabem avaliar a situação do ponto de vista médico e apresentam uma visão completamente distorcida! Por isso MIA, nenhum obstetra lhe vai aqui responder sem conhecer o que se passou, por maior que seja o anonimato, porque estas situações e respostas não são matematicas... não é sempre da mesma maneira... não se pode nunca dizer que deviam ter agido assim ou assado consigo e que fizeram bem ou mal...as unicas pessoas que lhe conseguem responder são os obstetras que vieram a seguir e conheceram o seu caso... e mesmo esses terao dificuldade em avaliar o que deveria ter sido feito, porque não a viram antes,,, não é porque queiram defender os amigos como as pessoas acreditam! É simplesmente porque na medicina não há regras rígidas, nem todos actuam da mesma maneira e a forma de proceder depende do doente, da situação, do caso, de uma serie de aspectos... por isso duvidem do médico que vos fornece as respostas sem nenhuma dúvida ou que diz com a maior das certezas que o outro fez mal.. sobretudo se vos responde pela internet sem ter a minima ideia do caso... ou sobretudo se se baseia apenas no que os doentes dizem!! Lembrem-se das vossas crianças... um bebé evolui da mesma forma que os irmãos, come exactamente o mesmo, teve exactamente as mesmas doenças, e se teve apresentou os mesmos sintomas? Chora da mesma maneira e pelos mesmos motivos? O pediatra disse-lhe exactamente o que disse aos outros? Você ensina e faz tudo exactamente da mesma maneira? Claro que não... ajusta a cada bebé e a cada situação em particular e vai aprendendo com a experiencia! Ainda assim, cada febre é uma situação diferente... ou qdo os bebes têm febre têm sempre a mesma coisa?
Se a Medicina fosse assim tão fácil, eramos todos médicos!
Acreditem que os medicos podem cometer erros como toda a gente, mas não o fazem por querer, antes porque acreditam que naquele momento o melhor para o doente era aquela decisão... podem errar, podem ter avaliado mal a situação, podem ter previsto mal, pode acontecer uma série de coisas imprevistas. Claro que para o doente a culpa vai ser sempre do médico... que tal começar a pensar se deve mesmo ser assim?
Dra Ana
Enviar um comentário