quarta-feira, julho 30, 2003

Estou Exausto II

Já devia estar a dormir!

Terça-feira é o meu dia fixo na semana, de "plantão, banco, urgências".
Hoje não fugiu à regra habitual.
Muitos "doentes" que se julgam doentes e não o são (somaticamente falando), mas que necessitam de especial atenção, e alguns utentes, que não se julgam doentes e estão doentes, sendo necessário convencê-los de que aquela hematúria franca, mas indolor, pode ser o sinal de que algo não está bem.

As "urgências" não são só aquelas correrias e atropelos de que os media tanto gostam. Também têm trabalho anónimo, de sapa*. Mas os papéis podem inverter-se no dia seguinte.
O dia foi estenuante.
Bloguei e postei até às 3,5 horas. Às 5.30 sou acordado telefonicamente por causa de um paciente que tinha falecido. A morte é sempre morte! Era uma morte quase anunciada, dois dias antes, após 84 anos de vida. Tentei elucidar os familiares sobre o que fazer, se ocorresse durante a noite. Mesmo assim telefonam-me a comunicar o acontecimento e a perguntar o que fazer. Morte é sempre morte. É uma ruptura na vida dos que ficam. Por isso compreendi o telefonema. Às 7 horas, telefona-me a agência funerária (este considerei um abuso!). Às nove já estava a tratar dos vivos.
Vou descansar.
P.S.: Meti-me onde não devia!
O meu tempo disponível, quase só chega para uns bilhetes diários. Para blogar não chega. Sei que têm feito referência ao meu blog, o que agradeço.
*sapa | s. f.
sapa
do Lat. *sappa, enxada
s. f.,
pá com que se ergue a terra escavada;
abertura de fossos, trincheiras e galerias subterrâneas.
de sapo
s. f.,
fêmea do sapo;
prov.,
mulher atarracada;
testo ou tampa de panela, etc..
trabalho de —: trabalho lento mas persistente e ardiloso para não transparecer.


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