Porquê Meu Deus, Porquê?
Uma notícia do JN de hoje titula com negligência a descrição de um erro médico (em Espanha).
Mas será que os jornalistas ainda não aprenderam a distinção entre erro e negligência? Ou serão os títulos da responsabilidade da redação e esta sabe que negligência vende mais que erro?
O título: "Negligência - Clínicos ignoraram tumor maligno"
O corpo: "...foi feita à paciente uma mamografia, no ambulatório Vicente Soldevilla (Madrid), cuja interpretação indicava não haver alterações relativamente a um exame de 1996."
A conclusão: "... (dojuiz) se a mamografia tivesse sido correctamente interpretada..."
Senhores jornalistas, será necessário mais explicações?
Vou-vos contar, como me ensinaram na cadeira de Medicina Legal, quando ainda era estudante, para ver se com um explicação simples, não voltam enganar-se:
- Doente com dores de barriga:
1) o médico palpa o abdómen e diz: é apendicite! (as análises confirmam, é operado e ao fim de dias está em casa) - boa prática médica.
2) o médico palpao abdómen e diz: é gastroenterite! (as análises confirmam apendicite, é operado tarde de mais e falece) - erro médico.
3) o médico não palpa o abdómen e diz: é gastroenterite! (as análises confirmam apendicite, é operado tarde de mais e falece) - negligência.
Quanto ao resto, estou de acordo. Todo o erro médico tem que ser reparado (e bem!) e todos os erros médicos têm que ser monitorizados para que se não repitam.
Vários artigos têm sido publicados e investigação se tem feito, tendo como objectivo a sua diminuição: uma das conclusões (entre outras) era a informatização da impressão do receituário médico, que como se sabe, em Portugal é uma prática correntíssima...
Sem comentários:
Enviar um comentário