terça-feira, fevereiro 03, 2004

Ora Aqui Está Uma Bela Notícia!

Só é pena ter saído apenas no Correio da Manhã de 2 de Fevereiro de 2004.

E se a TVI, a SIC e a RTP1 emitissem um simultâneo de alguns minutos sobre este problema?

E posso afirmar que a pressão dos pais é independente do estrato social: desde pais operários a pais intelectuais, todos pressionam para que o médico lhes dê o antibioticosinho, particularmente se a febre não baixa ao segundo dia.
Mas eu explico: a febre, para além de genericamente ter alguns benefícios, só desaparece ao 4/5º dia das infecções respiratórias banais.

E há outra infeliz realidade: na notícia, há afirmações de um pediatra e de um médico de família. O que acontece na prática, é que, muitos pais depois de irem ao Centro de Saúde ou à urgência hospitalar, ao segundo dia telefonam "ao meu pediatra" e o próprio pelo telefone receita o mal-amado antibiótico. Ou o inverso, o pápá depois de ir ao pediatra, vai ao SAP, ao médico de família ou à urgência hospitalar e depois de muito ragatear, lá leva o antibioticosinho. A primeira hipótese (Centro de Saúde --> Pediatria) é a mais frequente, assim o pediatra mostra a sua falsa superioridade nesta questão.

E neste caso quem se lixa não é o mexilhão, somos todos nós, humanos, que lentamente vamos perdendo a batalha entre um organismo superior e elaborado e os vírus e bactérias, seres unicelulares e desprovidos de inteligência (ao que se supõe...)

Diz a notícia da jornalista Cristina Serra:

"Hoje em dia as crianças tomam antibióticos em demasia
“É muito frequente os pais levarem o seu filho ao centro de saúde ou à urgência hospitalar porque tem febre, constipação, gripe ou uma amigdalite e a criança acaba por tomar antibióticos que não fazem nada. Só fazem efeito nos casos de infecção bacteriana e não nestes casos de infecção viral”, afirma ao CM Libério Ribeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria e pediatra no Hospital de Santa Maria.

Este especialista admite, contudo, que os “clínicos gerais prescrevem os antibióticos porque os pais fazem pressão e há uma cultura enraizada no uso indiscriminado deste medicamento. Confrontado com esta situação, Luís Pisco, presidente da Associação dos Clínicos Gerais, reconhece que este problema não é recente.

“Temos alertado contra a utilização excessiva e sem necessidade dos antibióticos, um problema que temos vindo a lutar desde há muito mas muitos pais estão convencidos que os filhos só são bem tratados se tomarem antibióticos. Às vezes vão a um segundo ou terceiro médico ou compram-nos na Internet”, diz.

"TER FEBRE É NATURAL"

“A febre é um mecanismo de defesa do organismo, a elevação da temperatura do corpo é uma reacção natural contra os vírus, o que é perfeitamente natural pois assim os inactiva. Só em situações muito raras é que pode provocar convulsões e os pais não devem ir a correr para o médico sempre que o filho tem uma temperatura mais elevada”, explica ao CM Luís Pisco, presidente da Associação dos Médicos de Clínica Geral.

Este especialista sublinha a necessidade que os pais devem ter no conhecimento de questões da saúde. “As nossas avós sabiam como resolver este ou aquele problema de saúde súbita, mas hoje isso não acontece, os pais correm logo para uma urgência hospitalar. Os pais devem estar mais informados, ter conhecimento sobre as doenças e como as prevenir”, critica.

Os efeitos secundários dos antibióticos são a destruição da flora intestinal e as resistências que o organismo vai ganhando a este medicamento, sendo necessário dosagens cada vez mais fortes para tratar determinada doença infecciosa
."

Sem comentários: