"Esconder erros é pecado mortal"
Isa Alves, no Diário de Notícias de 13/12/03:
"O erro médico é «inevitável». Os médicos consideram-no resultado das contingências da prática clínica moderna. Para os advogados, é «incrementado» se os pacientes não forem informados até ao seu esclarecimento. O frente-a-frente entre as duas ordens profissionais decorreu durante o congresso «Erros, Negligência e Responsabilidade Civil e Penal dos Médicos» e promoveu o debate sobre as situações-limite entre o erro e a negligência da actividade médica e as suas consequências jurídicas.
«Os erros são inevitáveis, mas tratáveis. É necessário identificá-los e revelá-los. Esconder os erros é um pecado mortal, em ciência», defendeu o neurocirurgião João Lobo Antunes.
A questão da relação médico-paciente focou o imperativo de uma actuação médica baseada no «consentimento informado» do doente. Para isso, «os médicos têm que cuidar da sua retórica» e utilizar uma linguagem comum, defendeu o advogado João Vaz Rodrigues. Mas adiantou: «O dever de informar o paciente tem de se cruzar com o dever de informar do próprio paciente, um dever de colaboração.» Para o clínico António Vaz Carneiro, «a prática clínica é complexa, arriscada e incerta e, por isso, marcada por um risco elevado». Comunicar o risco aos doentes «é difícil». E as contingências «atrapalham e invalidam o acto da comunicação», rematou."
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