sexta-feira, janeiro 02, 2009

Ingenuidade jornalística inadmissivel !

Isso mesmo!
Inadmissivel como uma jornalista de créditos firmados na área da Saúde, como o é a Alexandra Campos do jornal Público, tira da cartola estas afirmações e conclusões!
Salva-se a análise lapalissiana de alguns dos comentários reproduzidos...

Número de médicos diminuiu em 2007, mas aumentou o de enfermeiros
SAP com menos 619 mil consultas em 2007

02.01.2009 - 08h37 Alexandra Campos

Os portugueses continuam a recorrer muito aos serviços de urgência dos hospitais, mas os centros de saúde fazem cada vez menos atendimentos não programados.
Em 2007, enquanto as urgências hospitalares voltaram a aumentar, ainda que a um ritmo moderado, o número de consultas em Serviços de Atendimento Permanente (SAP) dos centros de saúde diminuiu perto de 11 por cento em comparação com 2006. No total, durante 2007 os SAP fizeram menos 619 mil consultas de recurso, as chamadas "urgências" dos centros de saúde, enquanto nos hospitais o número de episódios de urgência ficou perto de 6,6 milhões, mais 124 mil do que em 2006, revelam as estatísticas sobre os recursos e a produção das instituições do SNS que acabam de ser divulgadas pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O fenómeno do crescimento da procura dos serviços de urgência hospitalares em Portugal já tinha sido admitido pelo ex-ministro da Saúde, Correia de Campos, no seu livro Reformas da Saúde - O fio Condutor publicado em Setembro. "O acesso à urgência aumentou quase cinco por cento no período [entre 2004 e 2007], com mais 293 mil pessoas atendidas em 2007 do que em 2004", constata o ex-ministro. Este aumento contraria um dos objectivos do polémico processo de reorganização da rede de urgências - que desencadeou uma grande contestação popular e esteve na base da sua saída do Governo, no início deste ano.

Durante o seu mandato, Correia de Campos mandou encerrar vários SAP durante o período nocturno, para além de ter ordenado o fecho de uma série de serviços de urgência hospitalares. Mas foi sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo e no Centro que aumentaram as urgências hospitalares; no Norte, onde encerraram vários SAP, aconteceu o contrário.

Os especialistas que delineram a reforma defendem que o aumento do número de urgências não é um bom indicador para o sistema de saúde, até porque os portugueses recorrem de uma forma excessiva a estes serviços (calcula-se que cerca de 40 por cento são falsas urgências). E um dos objectivos da reforma era justamente o de conter a procura inadequada.

Em entrevista ao PÚBLICO, Correia de Campos desdramatizou este crescimento que, acentuou, é contrabalançado pelo aumento "muito mais rápido das consultas hospitalares". E defendeu que o impacto da reforma, com a abertura de Unidades de Saúde Familiar e a linha telefónica Saúde 24, demorará algum tempo a fazer-se sentir.

Nos centros de saúde os resultados já são visíveis: graças ao prolongamento de horários [que prolongamento ? ? ], há cada vez mais consultas no horário normal (28,9 milhões em 2007, contra 28,3 milhões em 2006, portanto mais cerca de 600 mil), uma alteração positiva do padrão de resposta dos serviços, segundo os especialistas.

As estatísticas agora divulgadas pela DGS permitem ainda constatar um outro fenómeno: os hospitais e os centros de saúde públicos perderam médicos mas ganharam enfermeiros em 2007, comparativamente com o ano anterior. A entrada de novos médicos (internos) não terá compensado a saída de clínicos no Serviço Nacional de Saúde (em 2007 havia menos 119 médicos nos hospitais e centros de saúde do que em 2006). Em contrapartida, de um ano para o outro o número de enfermeiros cresceu 965, com o aumento a verificar-se sobretudo nos hospitais. As especialidades mais afectadas pela diminuição de médicos nos hospitais são as de ginecologia/obstetrícia, oftalmologia, urologia e ortopedia. Também o número de partos diminuiu de um ano para outro: em 2007 os hospitais públicos fizeram 85.377 partos, menos três mil do que em 2006.


comentários
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02.01.2009 - 14h15 - MAROCHA, LISBOA
Há menos atendimento nos SAP porque fecham ao início da noite e quem trabalha, porque não pode faltar ao trabalho durante o dia, prefere ir à noite às urgências dos hospitais!!!! Será que é difícil chegar a esta trista conclusão????


02.01.2009 - 14h04 - albino sampaio, lisboa
mas o que é que esperavam? com o fecho desenfreado de SAP's por esse pais fora, com a retirada de qualidade de atendimento aos poucos que ficaram abertos,querem que as pessoas para lá se dirijam? as pessoas procuram onde, à partida,pensam ver o seu problema de saúde urgente,rsolvido. Hoje os SAP's, quase (é com tristeza que se diz isto) que podiam ser substituídos por mero "call-center". Este governo deve estar MUITO SATISFEITO pelo maneira como tem "tratado da saúde" dos cidadãos que não têm dinherio para instituições privadas de saúde. Como se diz na minha aldeia, devia borrar a cara com m...a.

02.01.2009 - 14h01 - Ana Gomes, Parede, Portugal
HAP de Carcavelos como eu o percebo! Leia o meu comentário (Ana Gomes). Sou uma das tais que às vezes tem médico e outras não, do Centro de Saúde da Parede. Já houve alturas de me mandarem fazer análises, RX , Ecografias e outros exames complementares que eram deixados, posteriormente, no serviço dos sem médico a aguardar que algum cliníco os visse. Um dia perguntei se alguma vez iriam conhecer o corpo a quem pertenciam os exames!

02.01.2009 - 13h49 - Ana Gomes, Parede, Portugal
O seu comentário reflecte bem o cerne da questão. Aliás, a noticia que a Lusa hoje divulga sobre o encerramento do atedimento das 00H00 às 08H00 numa extensa lista de postos de saúde vem validar o seu comentário e, subsequentemente, os números que o sistema irá difundir em Janeiro de 2010. Teremos, nessa data, certamente mais recurso às urgências e menos nos postos de saude. Eu então nem tenho alternativa, já que tão depressa tenho médico de família, como não (suspendem-lhe o contrato, sabe-se lá porquê se a Ministra diz que fecha os SAP para reforçar as consultas diurnas) e sou relegada para o grupo dos "sem médico" que, passo devido respeito por quem vive na rua, parece os grupo dos "sem abrigo". Lá fico eu e os outros com um papelito na mão e uma senha de atendimento na outra, para justificar o porquê de estarmos doentes e se nos deixam ser consultados. Já agora, desculpe lá senhora ministra o mau jeito, mas com tanto imposto que pago não me parece mal que possa estar doente. Até porque se for uma doença que não me permita trabalhar não tenho outra forma de o justificar na empresa onde trabalho. E se for ao hospital ainda corro o risco de me perguntarem o que estou lá a fazer.

02.01.2009 - 11h57 - Nuno Lagoa, Porto
O Jerúndio tem razão. A comparação de números totais é totalmente enganadora. Se fecharam SAPs, há que comparar o número de visitas apenas nos que ainda estão abertos. É que se assim não for feito, dá a impressão que, com o aumento de visitas às urgências dos hospitais a não ultrapassar a diminuição das visitas aos SAPs, 1) os portugueses estão mais saudáveis 2) estão a visitar menos as urgências 3) estão a automedicar-se 4) estão a recorrer aos serviços de saúde privados. Não me admiraria aliás que esta última conclusão fosse verdadeira: em 2008 houve um aumento enorme da utilização dos serviços de saúde privados, talvez decorrente do aumento enorme dos custos do SNS aos sub-sistemas de saúde públicos e privados, tornando-os menos competitivos face aos serviços privados

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo nos CS que se mantiveram abertos durante o dia, as "consultas de urgência" transitaram para "consulta aberta" e são contabilizadas como consultas normais na estatística.

O que a senhora jornalista tem que comparar é a globalidade assistencial nos CS.