sábado, janeiro 31, 2009

Os poços de virtudes

Este intitulado jornalista ( deve ter uma dessas carteiras), bem conhecido aliás por ser um poço de virtudes e lisura enquanto coronel na SIC, esmera-se na ode laudatória ao nosso Primeiro...

Já vi dar graxa mas assim desta não se vê muitas vezes!

E lá resvala para o seu ódiozinho de estimação aos médicos, esses malandros...


31 Janeiro 2009 - 09h00
Coisas do Circo
Sr. PGR, despache-se


Em boa verdade, ninguém de boa-fé pode hoje acusar Sócrates de ter praticado tráfico de influências, de ter recebido um euro de um ‘comercial’ esperto de Londres, de ter violado princípios de honra que são fundamentais no exercício da vida, sobretudo quando se desempenha funções de primeiro-ministro.

Ainda não vi nem ouvi ninguém com responsabilidades produzir quaisquer acusações ou ter mostrado qualquer prova indiciadora de ter sido praticado qualquer dos crimes atrás referidos.


Claro que andam à solta alguns cães raivosos que vão aproveitando todas as deixas para adensar as críticas, para insinuar um ou outro aspecto, que, com ar angelical, pretendem fazer passar como determinante para ferir Sócrates. Nada a fazer.
Numa democracia, até os cães raivosos podem andar à solta a envenenar tudo aquilo que os rodeia, em especial quando o visado é um primeiro-ministro que teve a coragem e a lucidez para lutar contra os lobbies instalados que impedem Portugal de crescer, para contrariar os interesses egoístas dos que não gostam de ver-se desapossados dos seus privilégios.


Vem-me à memória o preço pago por Leonor Beleza quando resolveu pôr ordem no Ministério da Saúde. Médicos relapsos, negócios escuros no mundo dos medicamentos, a medicina privada sem regras. Eu vi-a destroçada por este lobby poderoso, que usou todos os meios para desfazê-la junto da opinião pública (já havia as tão famosas agências de comunicação). E conseguiram. Leonor Beleza abandonou o ministério como se fosse uma condenada à morte.


Lembro-me de Sá Carneiro, um homem íntegro, que viu o seu nome estampado nas primeiras páginas associado a actos de corrupção. Uma campanha negra que aparecia todos os dias sob formas diferentes.


Agora é Sócrates. Não sei se tem ou não razão. O que sei é que o Ministério Público, entidade com poder para deslindar o caso, assume um discurso passivo e arrogante. Acho uma vergonha o seu procedimento. Seis ou sete anos a investigar se houve corrupção e/ou tráfico de influências. Até agora não descobriram nada.


Que interessam as declarações piedosas de Cândida Almeida ou do PGR? Sócrates é inocente ou culpado? Se é inocente, esses magistrados, que estão a fazer render o peixe desde 2005, deviam pagar na mesma moeda os elevados prejuízos causados a Sócrates e ao País. Se é culpado, é preciso acabar com esta agonia, rapidamente. Hitchcock deixou-nos boas lições de ‘suspense’ – mas é só para usar no cinema.


Emídio Rangel, jornalista

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