domingo, maio 04, 2008

As cirurgias estéticas: limites e indicações

As lipoaspirações são a cirurgia plástica estética mais realizada em Portugal, seguidas das intervenções para aumentar os seios. Os homens recorrem sobretudo à rinoplastia para modificar o nariz.
EXPRESSO

Mesmo sem a existência de dados concretos sobre a realidade da cirurgia estética portuguesa, o especialista Vítor Santos Fernandes explicou à agência Lusa numa entrevista recente que a lipoaspiração é, "de longe", a intervenção mais feita em Portugal.
"Isso corresponde à tendência para as coxas largas e barriga grande das mulheres portuguesas", comentou.
Ainda que as mulheres representem cerca de 80 por cento dos casos de plásticas, os homens já começam também a preocupar-se com a imagem e recorrem sobretudo a operações para modificar o nariz.

"As rinoplastias são as mais feitas nos homens. Existe uma carga importante do nariz do homem, talvez tenha a ver com aspectos relacionados com a masculinidade e virilidade", referiu Vítor Santos Fernandes, que é presidente do Colégio de Cirurgia Plástica da Ordem dos Médicos.

O cirurgião considera que os portugueses que recorrem à cirurgia plástica são, de uma forma geral, sensatos e costumam ouvir o conselho do médico.
No entanto, este médico recusa anualmente operar alguns doentes, porque concluiu que a intervenção não trará qualquer benefício ou porque a pessoa se encontra desequilibrada.
"Há aborrecimentos que dinheiro no mundo paga e quando uma pessoa me pergunta o que eu acho que ela deveria mudar ou do que é que precisa eu recuso a operação. Quando uma pessoa não está equilibrada não devemos avançar para a intervenção", explicou.

No entanto, não há grandes limites para a realização de cirurgias estéticas, nem quanto à idade dos pacientes nem em relação à quantidade de intervenções.
Santos Fernandes reconhece que "não é muito simpático fazer cirurgia estética a pessoas muito jovens", uma vez que ainda não foi atingido um grau de maturidade suficiente.
"Para operar uma adolescente tenho de estar intimamente convencido de que é adequado", sustentou.

Relativamente a idade apenas existe doutrina em relação às próteses mamárias, estando definido que não se deve operar antes dos 18 anos. Mas mesmo nestes casos há excepções.
"Uma rapariga de apenas 15 anos pode ter uma situação complicada psicologicamente, estar muito sofrida e necessitar de próteses mamárias. Há situações muito óbvias em que percebemos o sofrimento psicológico de quem está à nossa frente", justificou.

O especialista esclareceu ainda que também não há qualquer limite definido para o número de cirurgias estéticas a que uma pessoa pode submeter-se.
"Clinicamente não há um limite. Apenas depende do estado de saúde de cada pessoas, mas antes de cirurgiões somos médicos e avaliamos essa questão. Convém é que as pessoas tenham bom-senso e sentido estético", defendeu.

Quanto aos perigos das intervenções estéticas, Vítor Santos Fernandes lembrou que no ramo da cirurgia há sempre um grau de risco, acrescentando que são operações complexas, embora com procedimentos muito testados e feitas habitualmente em pessoas saudáveis.

A maioria dos casos de complicações graves em Portugal surge, segundo o médico, em clínicas de bairro ou consultórios que "não têm as condições mínimas para funcionar".
"Há muitos a funcionar sem licenciamento, mas a inspecção não actua", declarou, vincando que são muitas vezes locais que fazem intervenções para as quais não estão preparados ou por profissionais sem habilitações.

"Alguém que é licenciado em medicina e em cirurgia pode fazer o que quiser, mas ética e deontologicamente não deve fazer estética. Eu também não opero estômagos, porque não o sei fazer. Há médicos que não são cirurgiões plásticos", alertou Santos Fernandes.
Por isso, aconselha as pessoas a "não procurarem aquilo de que ouvem falar e o que vêem na televisão".
"Na nossa realidade social não é vulgar procurar uma clínica, as pessoas procuram normalmente um médico, o que é bom. O melhor continua a ser não procurar marcas, mas sim médicos, pessoas", avisou.

Entrevista e declarações a reter a vários níveis e da qual se sublinhou a azul, a nosso ver, as mais importantes e a ter em conta.

Ainda mais agora que se aproxima a época balnear e a altura do ano em que as roupas leves e arejadas merecem corpos mais esbeltos. E em que revistas e pasquins vomitam anúncios e promessas, e em que a publicidade paga na rádio e na TV prometem o céu e a terra para a beleza do corpo, á custa muitas vezes de danos irreversíveis

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