É Uma Família Portuguesa
Comentários para quê?
"Maria José e Manuel (na imagem, sentado), pais de Rui Gonçalves, já não estão casados, mas mantêm-se unidos pela dor da perda do filho. A eles junta-se José Sim Sim, actual marido de Maria José, também inconformado com o resultado do processo" (legenda do Correio da Manhã)
Dizem os jornalistas:
“Sei que não me podem devolver o meu filho, mas pelo menos que se faça justiça.” A Procuradoria da Justiça, não é Justiça?
"O olhar volta a cair sobre as 13 páginas do despacho de arquivamento, onde relê, pela enésima vez, os dados referentes à morte do filho."
Não acredito que esta senhora tenha lido as 13 páginas, nem uma vez, quanto mais, pela enésima vez!
8 comentários:
Que mau gosto SUPOR algo que não sabe. Daqui a culpa é da família, quer ver?!
Onde está o suposto mau gosto, sr Boldão? Atão o sr não sabia que estas peças jornalísticas são feitas pelos jornalistas e por 1 minuto de pose para uma fotografia? O que eu sei, é que a merda dos jornais que temos, destruiram a carreira a uma jovem anestesista, traumatizaram-na para o resto da sua vida, com a ajuda do ministro de então e da sua IGS, e agora a própria Procuradoria vem arquivar, referindo que não houve crime ou má prática. Não vem dizer que não aconteceu nada, pois como é óbvio houve algo, senão não tinham morrido num acto operatório duas inocentes pessoas. Mas o que a Procuradoria concluiu é que não houve CRIME OU DOLO OU NEGLIGÊNCIA. Eu sei que se algum familiar seu morrer, será sempre por culpa dos médicos. Isso já eu percebi...
Viu agora qual o perigo de fazer SUPOSIÇÕES? Se partir de cada um de nós (incluindo o sr.), um "princípio da não-suposição-sem-ter-acesso-aos-factos-previsamente", muita coisa seria evitável.
Em relação à culpabilidade médica...bem... poderíamos, se quiser, aplicar a teoria da relatividade (até porque 2005 é o ano de Einstein) ao problema. Se um médico não cumprir mínimamente os horários, se obtiver exclusividade e respectivos dividendos monetários, mesmo trabalhando noutros locais (o que é proibido por lei, como sabe...) ao mesmo tempo, mesmo não cumprindo o horário da excluividade, mesmo obtendo "prémios" por SUPOSTO bom rendimento, etc, etc, E CUIDAR bem de mim ou outro familiar, não lhe coloco qualquer culpa, MAS se tiver a infelicidade de me tratar mal a mim, ou amigo/familiar, então irá ser perseguido. Daí, eu referir que é relativo, pois se o observador (neste caso eu), estiver em pontos de observação diferentes (neste caso dois cenários diferentes que atrás descrevi), a sequência de acontecimentos irá variar.
Nos EUA, onde os médicos são perseguidos por advogados como cães, porque como sabe a indústria da advocacia americana montou um valente negócio à volta da saúde (se o sr. for a um hospital americano, à saída poderá ter o prazer de encontrar um advogado que lhe dará um cartão e dizer-lhe-à que se quiser fazer queixa sobre alguém poderá contactá-lo...), aí sim, aí os médicos, até têm medo do que dizem ou como falam... Mas também é porque ainda não tiveram o prazer de conhecer os jornais portugueses, não é caro doutor? Parece-me que sim.
p.s. Fico à espera que me explique a tal questão da rupatadina. Desculpe lá a insistência. Desde já obrigado.
p.s. Mais uma vez reitero que, uma classe não é passível de ser colocado dentro do mesmo "saco", logo, penso eu de que, haverá bons exemplos em cada classe.
Sou médica, muito no inicio da carreira, interna ..
É muito complicado ser-se medico, não é nada daquilo que pensamos quando entramos na faculdade...O médico nao é o Deus que eu imaginava, nao sabe tudo. Na maioria dos casos os medicos sao pessoas que se esforçam por fazer o melhor, que trabalham horas seguidas em urgencias, com os doentes a pressionar, com as fichas a cair mas...olha o espanto...so tem um cerebro e duas maos...nao podem fazer mais...e as vezes as coisas correm mal...as vezes as pessoas morrem...porquê?isso também eu gostava de saber...é triste...é muito triste, ja me aconteceu a mim, estando dos dois lados da barricada...mas é a vida...
Imagino como a colega interna de anestesia se deve sentir...Espero que consiga ultrapassar, mas imagino o quao dificil deve estar a ser...
(Não quero com isto dizer que menosprezo a dor dos que perderam os familiares, apenas estou a dar a conhecer outro ponto de vista... é muito mais confortavel quando este é ignorado e o médico é que é o mau...)
Na América, que é onde está tudo o que é bom, a anestestista seria culpada de certeza....
Mais uma vez, Exmo. MEMI, acabe lá com esse diálogo. A não ser que ainda lhe sobre paciência, claro.
Alfredo Vieira
Sr. Alfredo,
o caro amigo, tem umas opiniões um pouco reveladoras neste blog. É conselheiro particular do MEMI? Se o autor do blog, não quiser opiniões, pode muito bem desactivar essa opção. Ou então, se quiser que eu, em particular, não comente mais neste blog, só precisa de me pedir que eu civilizadamente atenderei o seu pedido. É simples. MAS coloco uma condição se tal me for pedido: quero saber o mistério da Rupatadina!!
Na américa, os médicos são tão humanos como no resto do mundo, e a medicina por lá é uma ciência tão "imperfeita" como qualquer outra ciência em qualquer outra parte do mundo.
Acho que já referi aqui noutro comentário há algum tempo - se não foi aqui foi noutro qualquer blog ligado à prática da medicina - que acho que faria muito bem à população ler um determinado livro. Devia até ser de leitura obrigatória nas escolas, talvez os nossos adolescentes evoluissem para adultos mais conscientes, mais tolerantes e com menos mitos na cabeça no que toca à medicina.
O livro chama-se "Complications: A surgeon's notes on an imperfect science" da autoria de Atul Gawande, edições Picador, ISBN 0-312-42170-2 e está disponível na Amazon.com.
Não, não tenho quaisquer direitos sobre o livro. Não, não conheço o autor. Não, a amazon não me dá comissões. E não, não é nenhuma obra prima nem nenhum best seller. É apenas um livro tremendamente honesto e imensamente esclarecedor, capaz de dar uma boa panoramica interna da realidade da medicina e de tirar aos leitores uma data de mitos patetas da suas cabeças. Escrito, quase em tom de desabafo, por um médico, numa linguagem simples e acessível.
À médica em inicio de carreira que comentou aqui, bem como a todos os médicos, parabéns pela coragem que demonstraram e demonstram em terem escolhido e praticarem a vossa profissão. E lembrem-se que ao cimo deste planeta, para cada "raul boldão" existente, existem umas centenas de "Sandras Feliciano". E se os seres da tipologia do primeiro não conseguem ver-vos como menos do que deuses criados pela sua própria imaginação ignorante e por isso não conseguem tolerar-vos um comportamento menos perfeito do que o auto-atribuido às suas divindades, os seres da tipologia a que pertenço e que ainda vão sendo em bem maior número, têm amplitude mental suficiente para vos ver como seres humanos, tão passíveis de errar como todos os outros, mas que evidenciam uma coragem maior do que a maioria, ao abraçar a profissão médica. É aí que são maiores: Na coragem e na dedicação. No resto, são seres humanos como todos os outros. E merecedores do mesmo respeito e tolerância. Mesmo quando erram.
ó sandra, deves andar a comer algum médico, não?
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