sexta-feira, junho 20, 2008

Mais uma do INEM ...

Centro de saúde afirma que o 112 foi chamado por três vezes
Criança atropelada em Beja foi para hospital em carro de médico por falta de ambulância

20.06.2008 - 16h39 Lusa

Uma criança atropelada ontem perto do Centro de Saúde de Beja deu entrada naquela unidade com ferimentos graves, tendo sido determinada a sua transferência para o hospital. Após três contactos com o número de emergência 112 e sem que fosse enviada uma ambulância para o centro de saúde, a criança acabou por ser transportada para a unidade hospitalar no carro de um médico.

A criança, de três anos, foi atropelada cerca das 08h40, quando, acompanhada pela mãe, atravessava uma passadeira na Rua José do Patrocínio Dias, perto do centro de saúde, unidade onde foi inicialmente socorrido. Mas devido à gravidade dos ferimentos, foi decidido que a vítima teria que ser transferida para o hospital de Beja, tendo sido solicitada uma ambulância ao 112.

De acordo com a directora em exercício do Centro de Saúde de Beja, Edite Spencer, após "três chamadas" para o número de emergência, a primeira efectuada pela condutora do carro que atropelou a criança e "duas feitas pelo próprio centro de saúde", e de "uma espera de quase meia hora, sem que tenha aparecido qualquer ambulância para deslocar a criança até ao hospital", foi decidido transportar a vítima numa viatura particular.

"O estado da criança estava a agravar-se, não conseguíamos uma ambulância e, sem os meios necessários para actuar no centro, decidimos transportar a criança para o hospital no carro de um médico", contou à Lusa Edite Spencer.

Nas duas chamadas feitas a partir do centro de saúde, uma efectuada por um segurança e outra pela própria directora da unidade, o 112 foi informado que o centro de saúde "tinha uma criança acidentada e que precisava de ser transportada para o hospital".

Por sua vez, o 112, nas duas chamadas, disse que o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) "já tinha conhecimento da ocorrência", referiu a responsável, lamentando que o centro de saúde "não tenha recebido retorno do CODU". "Neste caso, seria normal um médico do CODU contactar o médico do centro de saúde para se informar do estado clínico do doente e, dada a gravidade, activar o transporte, o que não aconteceu", explicou Edite Spencer.

Depois de esperar "quase meia hora" por uma ambulância 112 ou pela Viatura Médica de Emergência e Reanimação de Beja, que "não apareceram", Edite Spencer, "com o consentimento dos pais", ordenou o transporte da criança até ao hospital "no carro particular de um médico do centro de saúde" e no qual seguiu "acompanhada por dois médicos e pela mãe".Segundo o gabinete de comunicação do Centro Hospitalar do Baixo Alentejo, que gere o hospital de Beja, a criança entrou naquela unidade "às 09h13" em "estado considerado grave" e, depois de submetido a vários exames complementares de diagnóstico, foi transferida, às 11h18, para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

INEM nega pedido de transporte inter-hospitalar
Contactado hoje pela Lusa, o porta-voz do INEM, Pedro Coelho, confirmou o registo de três chamadas para o CODU, "uma primeira, às 08h43, feita por um particular", "informando do atropelamento e dando conta que a criança já estava no centro de saúde". Seguiram-se, posteriormente, "às 08h51 e 08h53", outros "dois contactos da central 112 e não do centro de saúde, a perguntar se o CODU tinha conhecimento da situação", acrescentou Pedro Coelho. "Nas duas conversas com o 112, o CODU confirmou que já sabia da situação e que tinha sido informado que a criança já estava no centro de saúde e que aguardaria comunicação" daquela unidade "caso fosse necessária mais alguma intervenção", disse a mesma fonte. O responsável garantiu ainda que, nas três chamadas recebidas no CODU, "não foi feito qualquer pedido de transporte inter-hospitalar, entre o centro de saúde e o hospital de Beja". "Se tivesse havido esse pedido, não o teríamos recusado", frisou. Confrontada pela Lusa com a posição do INEM, Edite Spencer disse que o Centro de Saúde de Beja "não falou directamente com o CODU" porque tal "não faz parte do protocolo". "Tal como está protocolado, ligámos para o 112, que é a entidade que estabelece a ligação com o CODU", à qual, "por sua vez, compete accionar os meios de socorro e emergência necessários", sublinhou Edite Spencer, que disse já ter dado conhecimento do caso, "oralmente e através de ofício escrito", à Administração Regional de Saúde do Alentejo.

13 comentários:

NauCatrineta disse...

"a criança já estava no centro de saúde". Continua a achar-se normal que uma criança acidentada vá para o Centro de Saúde e, portanto, fica tudo parado e tranquilo. Não admira que as Urgências estejam cheias com "falsas" urgências. Se as verdadeiras vão para os centros de saúde, as outras ...

Anónimo disse...

Mais uma trapalhada, mais um caso de má práctica, mas como sempre sacode-se a água do capote.
Até quando andamos a brincar com coisas sérias?

naoseiquenome usar disse...

"(...)o 112 foi informado que o centro de saúde "tinha uma criança acidentada e que precisava de ser transportada para o hospital" - isto na fase em que a criança estava na estrada?!
"(...)"Tal como está protocolado, ligámos para o 112, que é a entidade que estabelece a ligação com o CODU", à qual, "por sua vez, compete accionar os meios de socorro e emergência necessários" - o quê?! Está protocolado onde? Mas afinal o que é o 112 para além de um n.º de emergência?! Está tudo doido. Então a sr.ª não sabia que tinha de transmitir todos os dados? de falar com o operador do CODU? Que é o CODU quem acciona os meios?! ... valha-nos deus. E ainda fazem parangonas com estas desgraças. Bolas!

Anónimo disse...

naoseiquenome usar não leu bem a notícia. A condutora ligou para o 112 e o 112 deveria dizer logo: não transportem a criança para lado nenhum até chegar o INEM ou VMER.

É um crime a investigar, quem levou a criança para um estabelecimento que está fora da rede de urgência, que não tem meios própios para tal e que está vocacionado para assistência a nível de Cuidados de Saúde Primários, onde obviamente os atropelamentos não estão incluídos. E isto passou-se numa capital de distrito com um hospital diferenciado, se fosse num meio rural, vá lá, vá lá.
Já fum um defensor do INEM. Presentemente defendo a extinção do INEM e bombeiros (saúde) e o aparecimento de uma estrutura profissionalizada que englobe TUDO O QUE É URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

naoseiquenome usar disse...

caro anónimo:
o 112 é um n.º de emergência que em Portugal está ligada à PSP e depende do MAI. Só após a transferência da chamada pela PSP para o CODU respectivo, o INEM e o MS tem responsabilidades!

Anónimo disse...

O INEM não está vocacionado nem são suas atribuições, o transporte de doentes entre instituições de saúde...esta a resposta que pode ser ouvida se não houver bom senso do médico(a) do CODU...
Aqui há uns anos, como responsável de um CS e perante um caso de uma doente que foi acometida de doença aguda nas instalações do CS que implicava a prestação de cuidados médicos mais diferenciados a nível hospitalar mas sem necessidade de VMER, perante a indisponibilidade de ambulancias dos bombeiros e a continuada recusa da médica do CODU em accionar o envio de uma ambulancia do INEM, teve que ordenar que a doente fosse colocada no exterior do CS (acompahada por uma médica e uma enfermeira) e chamado o INEM...que emtão fez deslocar uma das suas ambulancias...

naoseiquenome usar disse...

Está enganado.
Leia a leia orgânica do INEM.
O transporte inter-hospitalar é uma das suas atribuições.
Mas nada disso tem a ver com este episódio recambolesco, onde impera a falta de informação, bom-senso, sobranceria e arrogância por parte de quem quer ser herói à força.

Anónimo disse...

Para QNSNU
1) Este episódio recambolesco - sim, mas quem sofre é o puto!
2) onde impera a falta de informação - de acordo, mas a quem compete informar?
3) falta de bom-senso - de acordo.
4) sobranceria - claro, mas de quem?
5) arrogância - esta não comprendi...
só conheci o arrogante Mourinho, mas esse podia sê-lo à vontade
6) por parte de quem quer ser herói à força - compreendi. O palermo do médico que levou a criança no seu carro para o hospita. Mas, era assim, se não levasse e o puto morresse, era crucificado, ele, a directora e provavelmente todo o corpo clinico; levou, o puto não morreu, mas quer ser herói à força. Estou de acordo consigo. Não punha o meu carro ao serviço do Estado, e sujá-lo com sangue, nem pensar. Os médicos não prestam...

naoseiquenome usar disse...

Que pat5r5voíce caro anónimo:
bastaria ter actuado de acordo com o as regras estabelecidas para a emergência hospitalar, bolas! ... Acredite que eu acredito que há bons médicos!
(e até estes o podem ser. a falta grave é de conhecimento de funcionamento das instituições).

Anónimo disse...

De acordo.
Mas quem "bastaria ter actuado de acordo com o as regras estabelecidas para a emergência hospitalar, bolas!"?
Sim, quem? Se o puto foi colocado no CS por alguém, que não os médicos.

Como sabe em Beja o INEM é uma brincadeira.

Também acho que há bons médicos: o meu e os que me têm tratado...

naoseiquenome usar disse...

Quem?
Todos e cada um dos que necessita de accionar o serviço de emerg~encia. Ah: e já agora: uma vez este accionado tem de dar uma boa resposta.
è o velho problema da informação que não pssa, não se assimila - não se entende porquê. É como em relação ao HIV, à gravidez ou outras questões de barbas. As campanhas existem, são boas, mas ... não sei explicar. Neste campo sinto-me absolutamente impotente.

inem disse...

Exmo. Autor,

sobre este post importa informar que o 112 funciona nas centrais de Emergência da PSP, sendo quem atende efectivamente as chamadas e encaminha para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM as chamadas relacionadas com a área da saúde.

Ora, nesta ocorrência, quando a vítima já se encontrava no Centro de Sáude, recebeu o CODU uma chamada do 112 alertando para a situação. Uma vez que a vítima se encontrava aos cuidados de profissionais de saúde, o INEM registou a situação explicando que, caso necessário, alertassem para a necessidade do envio de um socorro mais adequado.

Ou seja, o 112 e o INEM são dois serviços distintos e o INEM não recebeu qualquer pedido do Centro de Saúde. Assim sendo, como poderia actuar? Se o Centro de Saúde pediu socorro ao 112 (Central de Emergência da PSP), não tendo sido encaminhada a chamada para o INEM, como poderia esta Instituição enviar socorro?

Não se tratou assim de negligência por parte do INEM que todos os dias salva vidas e que apenas envia meios para situações concretas. A gestão dos meios de socorro é feita de forma criteriosa, para que estes meios não faltem em situações necessárias, situações essas que infelizmente, ocorrem com alguma frequência. Aquando da chamada recebida no CODU pelo 112, nunca se deu a conhecer a necessidade do socorro do INEM a uma vítima que se encontrava com profissionais de saúde.

Esperamos desta forma ter contribuído para um esclarecimento e apresentamos os melhores cumprimentos,

Ana F. S. Ros
Gabinete de Comunicação e Imagem
Instituto Nacional de Emergência Médica
Rua Almirante Barroso, 36 / 1000-013 Lisboa – Portugal
Tel. + 351 213 508 108 / Fax. + 351 213 508 183
e-mail: ana.ros@inem.pt
Internet: www.inem.pt

Reinaldo Baptista disse...

Não me convence, existiram varias chamadas efectuadas por cidadãos para o 112, algumas o INEM teve conhecimento certamente, era um atropelamento na via pública.

Qual foi o tipo de despacho dessas chamadas por parte do INEM?

Mesmo sabendo que o atropelamento era a frente de um serviço de saúde, é obrigatório mandar meios de socorro, certamente os funcionários do centro de saúde legalmente não podiam virar as costas a situação vivida a frente do seu trabalho, são humanos e claro que todas as ajudas são necessárias nestas situações.

Se o alerta já estava efectuado, o porquê aguardar mais chamadas de alerta do centro de saúde?
Se existia duvidas, porquê é que o INEM não ligou para o centro de saúde se queria saber mais informação sobre a criança?
Os senhores têm o número de lá, e sabiam que a criança estava lá.

Os funcionários do centro de saúde sabiam que alguém tinha ligado para o 112, e esperaram eternamente pelos meios de socorro, é verdade que podiam reforçar o pedido de alerta, erraram em transportar a criança num carro de qualquer maneira.

Qual o papel dos agentes de autoridade, tiveram no local, o porquê é que não alertaram a sua central e o CODU para a situação que estava a decorrer no local?

Normalmente os Bombeiros locais têm conhecimento da situação, não sei se foi informado o corpo de bombeiros do atropelamento, porque legalmente o socorro local é da responsabilidade do comandante do corpo de Bombeiros local, qual foi o papel deles nisso tudo?

Erros a traz de erros, erros que persistem em ser resolvidos, iremos esperar pacificamente até a próxima situação anormal com o socorro nacional.